segunda-feira, abril 30, 2007

a desorçamentação da Saúde





















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"atendendo à falta de médicos, o Governo sugeriu aos Municípios que recorram a médicos hospitalares em fim de carreira ou já reformados para que todos os municípios fiquem cobertos". Público
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Isto parece brincadeira.
Mas o resto da notícia, por certo que não o é.
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domingo, abril 29, 2007

o centro Hospitalar Braga/Barcelos

............................... maquete do novo Hospital de Braga (projecto Mello)


Segundo o Presidente do CA do Hospital de S. Marcos de Braga, a criação do Centro Hospitalar Braga/Barcelos está dependente do concurso público do novo Hospital de Braga (PPP) que se encontra em fase final de avaliação das propostas finais, dos dois últimos concorrentes seleccionados (BES e Mello). JN

Pois…
Assim se faz depender do resultado negocial dum concurso público, para uma parceria público-privada, a criação do Centro Hospitalar Braga/Barcelos.

Como dificuldades negociais continuam a existir, para tornar as coisas mais fáceis e já agora, porque não mais claras também, Correia de Campos na sua deslocação a Braga revela ter nomeado o actual Presidente do CA do Hospital de S.Marcos para passar a presidir simultaneamente ao Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria de Barcelos enquanto que o Director Clínco passará a ser um clínco do Hospital de S.Marcos e o Enfermeiro Director o que actualmente faz parte do CA deste mesmo Hospital de Braga.
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Esta metodologia e esta escolha foram “secretamente” delineadas com a ARS do Norte, sem que o CA do Hospital de Barcelos nem membros do actual CA do Hospital de S.Marcos tivessem conhecimento prévio.

E no dia em que tal nomeação foi dada a conhecer numa sessão pública, o “nomeado” Presidente Lino Mesquita Machado afirma que com o seu assumir da presidência dos dois CA, se consegue encontrar um "modelo de articulação" dos dois hospitais.
Estranha metodologia a encontrada para este “baile mandado”.
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Primeiro, escolhe-se o mandante, a preceito.
Depois escolhe-se a música.
E os dançantes estão lá para dançar.
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sábado, abril 28, 2007

a desnatação do SNS


Pelas contas do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), entre 400 a 500 médicos deixaram o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para se dedicarem em exclusivo ao sector privado, em 2006 e 2007.

Sobre este assunto, a opinião de Carlos Costa Almeida, presidente da Associação Portuguesa dos Médicos da Carreira Hospitalar (APMCH):

"Não é, de modo algum, de espantar que o sector público esteja a perder muitos dos seus melhores médicos para o privado. As instituições privadas multiplicam-se a olhos vistos, vindo ocupar o espaço deixado vazio pela recessão economicista imposta aos hospitais públicos. Por outro lado, o que se vai passando em muitos dos hospitais EPE não convida realmente a lá trabalhar."
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"Muitos dos conselhos de administração nomeados pelo Ministério para esses hospitais utilizaram o poder que lhes foi atribuído não em prol da instituição, mas, sim, desbaratando-o em nomeações de amigos sem a qualidade necessária e, pior, afastando dos lugares de chefia, por motivo de retaliações e pequenas vinganças pessoais, profissionais de prestígio, com provas dadas e que vinham fazendo a gestão clínica dos seus serviços o melhor possível, cumprindo e ultrapassando até o que estava contratualizado."
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"A passagem a EPE foi sentida pelos profissionais não como um «incentivo», mas como uma «punição imerecida», fruto da «desierarquização», dos cortes orçamentais constantes e do «administrativismo». A juntar a isto, preconiza-se o fim das carreiras médicas, mais um incentivo à opção pelo sector privado."

A opinião de Carloz Arroz do SIM:

"É só fazer as contas — o Hospital da Luz tem um quadro de cerca de 200 médicos, que estavam, todos eles, no SNS há dois meses. E se a estes juntarmos os quadros fixos das estruturas dos Hospitais Privados de Portugal (HPP), do Grupo Mello (mesmo sem contar com os médicos do Hospital Amadora-Sintra), e outros, percebemos que há um movimento migratório intenso que até há pouco tempo não se verificava"

"Pela natureza oficiosa dos dados, o cálculo pode estar aquém da realidade. Mas o problema maior, é que os grupos privados não se limitam a ir buscar os profissionais do SNS. Estes grupos vão buscar os melhores em cada área."

"Normalmente, os grupos privados tratam melhor os médicos do que o Estado. Aí, a formação é vista como um investimento e não uma despesa e os contratos individuais oferecem muito melhores condições do que os que são feitos no sector público; com estes, sim, temos tido problemas."

"Os grandes grupos privados da Saúde optam cada vez mais por ter quadros fixos, com médicos a tempo inteiro, e a maioria dos profissionais que decidem «dar o salto» pede a exoneração da função pública ou licenças sem vencimento."

"O que acho preocupante é o Estado estar de portas abertas a deixar sair os seus profissionais. Mas, ao encerrar serviços e ao tratar mal os médicos, é isso que o ministro quer."


E da FNAM, no seu programa de acção:
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"Na acção política que vem desenvolvendo (MS), estão presentes múltiplos aspectos reveladores da sua clara animosidade contra o SNS e as carreiras médicas, nomeadamente:

(...)Utilização do argumento justificativo da falta de médicos para o encerramento das maternidades e urgências, enquanto no último concurso de acesso às especialidades deixou cerca de 200 jovens médicos sem vaga.

(...)Tentativa ilegal de estabelecimento de um tipo de incompatibilidades tão desejadas pelos grupos económicos privados e tendentes a uma acelerada “desnatação” no SNS.

(...)Não abertura de concursos para a entrada dos novos médicos especialistas, mesmo na evidência de exaustão de efectivos a nível da generalidade dos serviços, mantendo inúmeros médicos especialistas em CIT, sem nenhum enquadramento de contratação colectiva."

E como resposta a esta realidade da saída e carência de profissionais do SNS, define a FNAM como seus objectivos:

(...) os médicos não podem continuar a ser os parentes pobres do sistema e que, para que eles possam continuar a cumprir as suas funções com dignidade, eficácia, eficiência e com elevados padrões de qualidade na prestação dos cuidados de saúde às populações, terão de estar criadas as condições estruturais, financeiras e de gestão dos recursos humanos, de acordo com padrões de dignidade e de qualidade europeus.
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(..) Defesa e melhoria contínua das Carreiras Médicas, adaptando-as à realidade actual da prestação de cuidados de saúde e do emprego médico, preservando a sua autonomia e independência técnico-científica e procedendo à sua aplicação independentemente do tipo de vínculo laboral e do estatuto jurídico da unidade de saúde.
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Recusa de medidas tendentes à parasitação dos serviços públicos pelo sector privado e da existência de situações de promiscuidade entre sectores prestadores. Nesse sentido, deve existir a definição de uma política que determine uma progressiva delimitação destes sectores.

Adequação dos numerus clausus das Faculdades de Medicina às necessidades de médicos do País.

Aplicação de uma política de recursos humanos que garanta o acesso de todos os médicos jovens à formação nas especialidades e à sua inserção nas carreiras médicas (...)."





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quinta-feira, abril 26, 2007

33 anos e um dia depois do "25 de Abril"


"Ser fiel à memória de Salgueiro Maia é dizer aqui hoje que não se pode desmantelar o Serviço Nacional de Saúde, não se pode abrir a porta a um sistema de saúde privado para ricos e a um sistema público para pobres", disse Manuel Alegre, durante as comemorações do 25 de Abril em Santarém.
Acrescentou que a melhor maneira de recordar Salgueiro Maia é não nos deixarmos «acomodar», sobretudo na defesa da «dimensão ética e social do 25 de Abril».
SOL

Entretanto…

"A população de Valença abandonou os protestos contra a exclusão do concelho da rede nacional de urgências e começou a “tratar da vida”, aderindo ao Cartão Europeu de Seguro de Doença, que lhe permitirá socorrer-se na Galiza.

Para ontem tinha sido convocada, por SMS e através de cartazes anónimos, mais uma manifestação, que seria a quinta, para exigir a instalação de um serviço de urgência básica (SUB), mas ninguém respondeu à chamada. "Eu já comecei mas é a tratar da minha vida. Já tenho o Cartão Europeu de Seguro de Saúde e, se as Urgências de Valença fecharem, vou a Tui, que fica aqui a dois passos". Primeiro de Janeiro
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Assim nos vamos "acomodando" e nos vão ensinando a esquecer a "dimensão ética e social do 25 de Abril".

Mas ainda há quem ache pouco…
Pelo menos um aviso prévio deveria ter havido.


"A comissão de peritos nomeada pelo Ministro da Saúde para fazer a reforma das urgências, não gostou de ouvir Correia de Campos dizer na rádio que vai manter aberta a urgência do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, ao contrário do previsto na proposta técnica, sem nenhum aviso prévio a quem a redigiu.
A comissão das urgências já pediu uma reunião ao ministro, na qual pretende debater este assunto, mas ainda não tem data para ser recebida. Entre os peritos há quem pondere já a possibilidade se de demitir".
TVI

quarta-feira, abril 25, 2007

as batalhas duma guerra...



Enquanto o Director Clínico do Centro Hospitalar do Alto Ave diz nunca ter recebido directivas da ARS do Norte para dar cumprimento ao protocolo assinado entre o Presidente da Câmara de Fafe e o Ministério da Saúde (ARS do Norte) no sentido de transformar o Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe (agora Unidade do CHAA) em Serviço de Urgência Básico (SUB), o Presidente da Câmara afirmou publicamente que esta transformação vai conduzir a uma “melhor qualidade de serviços à população do concelho e não só”. link

Uma certeza:
Hoje, dia 25 de Abril, data prevista para a “reconversão” do clandestino SU de Fafe em SUB, nas mesmas instalações e com os mesmos serviços de apoio (Laboratório e RX), a desempenhar as mesmas funções assistenciais está presente o mesmo número de profissionais, precisamente com o mesmo grau de diferenciação que desde sempre o Hospital disponibilizou para o atendimento urgente às populações de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto, nas áreas de Medicina Interna, Cirurgia e Ortopedia.


Sendo assim, nada de novo neste dia está a ser "oferecido".

Mas para o autarca, não.
Ofereceu-se uma mudança de nome. E com esta mudança assim se “melhora a qualidade dos serviços”.
Assim também se legaliza o desde sempre “ilegal e clandestino Serviço de Urgência” da sua cidade.

“Esta batalha foi ganha”. A importante batalha da mudança de nome.

"Agora que venha a próxima batalha".
A da “distribuição de valências no quadro do centro hospitalar”, terá dito o Presidente esperançoso.
Que se informe bem o senhor Presidente da Câmara, porque ao que parece já está algo atrasado.

É que esta batalha já começou.

E começou sem aviso prévio e bem antes das suas regras serem definidas.


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Síndroma de Estocolmo

Hoje, na terceira e última conferência sobre o Modelo Europeu de Farmácia, a manhã começou com um grupo de economistas da saúde austríacas a apresentarem um trabalho sobre os nefastos efeitos da desregulamentação no mercado europeu de farmácias. Tratava-se de um estudo tecnicamente bem feito e que havia sido publicado em várias revistas internacionais de referência.Seguiram-se as intervenções dos representantes dos grupos parlamentares do PSD, BE e CDU (o CDS disse que vinha mas não veio e o PS recusou o convite):

- O PSD, pela voz do deputado Carlos Miranda, desfez-se em frases redondas para dar a sua opinião sobre o tema em debate e ficou-se com a sensação de que este partido não tem qualquer opinião sobre o assunto, optando pelo "nim" a meio caminho entre a tentação populista de bater nos farmacêuticos e a oportunidade política de aproveitar uma medida pouco fundamentada do governo PS para, mesmo concordando, encontrar qualquer coisita para criticar;

- O BE, representado pelo deputado (e médico) João Semedo teve a coragem de dar o peito às balas e assumir perante uma audiência de centenas de farmacêuticos proprietários de farmácias que considerava a liberalização da propriedade "uma boa ideia". No entanto, talvez por se sentir desconfortável na pele de apoiante de uma medida neoliberal que apenas é seguida por cerca de 30% dos países da UE (precisamente os que têm uma tradição mais liberal, como são os casos da Holanda ou Reino Unido, por exemplo), encontrou uma fórmula simpática ("uma boa ideia mal aplicada") para, mesmo assim, não concordar com o governo;

- A CDU, através de Bernardino Soares, conseguiu a primeira proeza da manhã: o mesmo homem que um dia defendeu que a Coreia do Norte é uma democracia acabou por arrancar um estrondoso aplauso a uma plateia muito pouco proletária, aliás antes pelo contrário... a CDU concorda com a ANF nesta matéria, pois entende que as legislações do tipo da existente em Portugal e na maioria dos países europeus são a única forma de evitar a concentração e verticalização do sector, que de outra forma acabará, mais cedo ou mais tarde, nas mãos das multinacionais. É evidentemente uma posição de coerência com os princípios da esquerda conservadora que o PCP representa (e que neste caso estão absolutamente correctos, como tantas vezes aqui defendi).

João Cordeiro foi regando as diversas intervenções com algumas das suas proverbiais farpas e o povo, obviamente, gostava.

"- Boa, João!" disse mais que uma vez o cavalheiro que se sentou ao meu lado.

Depois do intervalo veio Correia de Campos. A tensão instalou-se na sala e multiplicavam-se os sussurros.

Primeiro falou João Cordeiro, que de uma forma algo decepcionante, limitou-se a repetir a cassete das últimas intervenções. Nada de especialmente novo, a não ser a confrontação directa do Ministro com as queixas da ANF.

Foi a seguir que entrou em cena Correia de Campos. LINK

Ao contrário do que esperava, o MS estava visivelmente nervoso perante a adversidade da enorme audiência. No entanto, depois de ajeitar demoradamente o microfone, CC começou a falar e, de uma forma muito linear, foi directamente ao assunto. Sem rodeios ou falinhas mansas, explicou as suas razões e disse o que iria fazer.

Sob o ponto de vista técnico, o discurso foi de uma enorme fragilidade: sem arrojo para defender a sua originalidade legislativa, CC baseou-se num estudo enviezado (o da Autoridade da Concorrência, que de uma amostra de 6 países apenas analisa 2 com leis semelhantes à portuguesa e portanto inverte a proporcionalidade entre o tipo de leis) e em recomendações da Comissão Europeia (não concretizadas legislativamente e que foram alvo de grande contestação por parte de alguns países) para propor um modelo que não é defendido nem pela Autoridade da Concorrência, nem pela Comissão Europeia. No entanto, CC fê-lo com frontalidade, por cima de reacções por vezes disparatadas da audiência e, há que dizê-lo, com alguma elegância.

Foi nesse momento que senti consideração pelo político que ali estava:

CC não precisava de se ter sujeitado a esta prova, até porque já por várias vezes tinha aparecido em cerimónias públicas perante audiências de farmacêuticos. No entanto, fê-lo em nome da defesa intelectual da sua proposta.

Não creio que tenha tido qualquer sucesso em justificar o injustificável. Se existem razões para defender o modelo agora aprovado, seguramente que não serão as apresentadas pelo MS. Contudo, o simples facto do MS se ter prestado a este frete deve ser valorizado.

Aliás, a forma como João Cordeiro encerrou o debate traduziu isso mesmo: apesar de todas as guerras recentes, notei uma estranha forma de amizade entre o Presidente da ANF e CC.

Vladimiro Jorge Silva

o efervescente

25 de Abril

Algum tempo depois, assim como antes...

Agora também.

Não há bandeira sem luta, não há luta sem batalha, sim.

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quinta-feira, abril 19, 2007

esvaziar de sentido


"A responsabilização do dirigente como gestor de uma dotação orçamental é um mérito em si, pois só dando poder se pode responsabilizar. Mas o director-geral não pode ser apenas o gestor do orçamento, tem de ser também o gestor das pessoas. Porque não se pode ter a autoridade de premiar, promover e contratar e demitir-se de motivar, orientar, potenciar equipas e melhorar a produtividade. .”

Estas foram palavras escritas por Pedro S. Guerreiro no Jornal dos Negócios e que transcrevi aqui no Raio em “o gestor de pessoas onde está?”, em Março deste ano.


Referia-me à necessidade de informação e dialogo que deveria existir, por parte do indigitado e posteriormente empossado CA do CHAA, no pressuposto de que o potenciar de recursos e a melhoria da produtividade do Centro Hospitalar que à data se tinha constituído, passaria pela motivação dos profissionais de ambas as Unidades integradas no Centro Hospitalar (os Hospitais da Senhora da Oliveira e de S.José de Fafe)

Nada disto até aquela data tinha acontecido já que o “sigilo” era a palavra de ordem.
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Passaram entretanto 7 semanas e que foi feito?
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A primeira preocupação de membros do CA ou de seus “delegados responsáveis” foi, no que à Unidade de Fafe diz respeito, o esvaziamento de serviços com a transferência “abusiva” de material de escritório e a mobilização “compulsiva” de funcionários administrativos para a Unidade de Guimarães.
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Como dum parente pobre se estivesse a tratar, mostra o CA a intenção de eliminar ou reduzir ao mínimo a prestação de Serviços Complementares da actividade assistencial (Central de Esterilização, Laboratório de Patologia Clínica, para já) colocando em risco uma actuação segura e com qualidade da mesma actividade assistencial.

E quem dá estes pareceres, fá-lo sem consultar os ainda responsáveis dos serviços da Unidade de Fafe.

Falam, sem qualquer estudo prévio, em controlo de custos, mas esquecem a qualidade e a segurança dos serviços a prestar.

E quem assim decide são os profissionais a quem foi delegada pelo CA do CHAA as funções de coordenação, profissionais estes já a exercer funções no “irmão mais rico”- o ex Hospital da Senhora da Oliveira.

Acenando com a “acreditação total do CHAA” impossível de ser atingida com a anexação do “irmão pobre e velho” Hospital de S.José de Fafe, desinveste-se na Unidade, desmotivam-se os profissionais ao mesmo tempo que se aponta e retoma como solução a promessa de construção dum novo Hospital em Fafe, com 30 camas (contra as 98 actualmente existentes) que reunindo as condições para acreditação, possa contribuir para uma pretensa melhoria dos serviços prestados pela Unidade de Fafe.

Assim os autarcas ficarão contentes.

Esquece-se assim o excelente nível de qualidade assistencial, de rentabilização de recursos humanos e de gestão praticados nos mais de 17 anos de actividade do Hospital de S.José de Fafe tentando desta maneira retirar-lhe a razão da sua existência como Hospital.

Nem com o pedido expresso do corpo clínico da Unidade de Fafe, este método de trabalho incorrecto e desmotivador, prepotente e não dignificante dos profissionais da Unidade de Fafe, foi alterado.

Extracto de documento, aprovado pelos DS da Unidade de Fafe, apresentado ao DC do CHAA a 5 de Abril de 2007:

“(…)foi manifestada pelos Directores de Serviço, preocupação e reparo sobre a metodologia que foi adoptada para a integração da Unidade de Fafe no Centro Hospitalar, no que aos Sectores Administrativos, de apoio aos Serviços Clínicos e de Serviços de Instalação e Equipamento diz respeito.
Compreendendo a dificuldade e complexidade que representa a criação do Centro Hospitalar vêm de extrema importância que, neste período transitório, seja dada particular atenção a uma informação atempada, por parte dos órgãos decisórios, para uma correcta integração dos profissionais nas novas estruturas organizativas do Centro Hospitalar, enquanto o seu Regulamento Interno não for elaborado e aprovado superiormente.

(…) Qualquer proposta de alteração a ser introduzida seja dada a conhecer previamente ao Gestor do Centro de Responsabilidade da Unidade de Fafe que deverá notificar os adjuntos do Director Clínico e de Enfermagem desta Unidade, e deles recolher opinião quando interferirem directa ou indirectamente com as áreas de acção médica e de enfermagem da Unidade.

(…) Vêm como de importância relevante a elaboração dum projecto de Regulamento Interno do CHAA e a sua análise participativa por parte dos sectores profissionais, através das suas Direcções representativas, por forma a ser submetido dentro do prazo legal à aprovação superior e assim contribuir para uma estabilização organizativa interna do Centro Hospitalar. 5 de Abril de 2007".


A prepotência do “mais forte” subsiste.
O método mantém-se.
Guimarães pensa.
Guimarães decide.

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Como alguém em tempos disse:
“a memória da instituição, tantas vezes coincidente com a memória das pessoas que fizeram a instituição, tem, indiscutívelmente de ser, o menos beliscada possível”.

Assim também acho dever ser, mas nem sempre podemos exigir que a memória dos novos/antigos dirigentes, seja igual à dos elefantes.

Como também disse António Lobo Antunes:
"Os leitores são umas putas, amam-nos e depois deixam-nos."



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quarta-feira, abril 18, 2007

afinal o SU do Curry Cabral não fecha


Não fecha, porque:

"O que o Curry tem de muito bom é fazer a chamada “ortopedia a quente”, quer dizer a fractura está ainda recente e em vez de estar a arrefecer o doente e operar só daí a uma semana, faz-se a intervenção logo na hora. E isso é muito bom e isso não se pode destruir."Correia de Campos

Fonte TSF

Correia de Campos


E porque, para Manuel Delgado, "a rentabilidade da urgência e os níveis de eficiência do serviço é demonstrativo da sua qualidade".
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Diz-se o mesmo mas por palavras diferentes.
Rentabilidade para um.
Uma questão de temperatura, para outro.
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Ainda bem que assim vai ser, pelo menos até à abertura do novo Hospital de Loures.

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segunda-feira, abril 16, 2007

privados vendem serviços sem fins lucrativos


O Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) fez um convite a nove unidades de Lisboa e, depois de quase um ano de preparação, nasce hoje formalmente o ACE - Agrupamento Complementar de Empresas, uma entidade empresarial sem fins lucrativos que vai operar como central de compras para os hospitais. aqui e aqui

"A Deloitte Touche Tohmatsu (“Swiss Verein”) é uma associação mundial de sociedades (Sociedades Membro) dedicadas à prestação de serviços profissionais de excelência, concentradas no serviço ao cliente sob uma estratégia global, aplicada localmente em, aproximadamente, 150 países.
Com acesso a um capital intelectual de 135.000 pessoas no mundo, as Sociedades Membro da Deloitte Touche Tohmatsu prestam serviços em quatro áreas profissionais – auditoria, impostos, consultoria e assessoria financeira – a mais de metade das maiores empresas mundiais, assim como às maiores empresas nacionais e instituições públicas, entre outras"
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link

É com esta empresa multinacional que o Centro Hospitalar de Lisboa Central (que inclui hospitais D. Estefânia, Capuchos, S. Marta, S. José e Desterro), o Centro Hospitalar Ocidental (que integra os hospitais Egas Moniz, Santa Cruz e S. Francisco Xavier), o Hospital de Santa Maria e o SUCH-Serviço de Utilização Comum dos Hospitais vão constituir uma Central de Compras e Logística.

Se já o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais é uma pessoa colectiva de direito privado sem fins lucrativos (???), como é que empresas privadas se propõem, associadas a empresas públicas, desenvolver actividade sem fins lucrativos?

O Criador chama o moleiro à sua presença:
Moleiro anda p’ró Céu!
- Senhor não tenho vagar
- Tenho o fole na moenga
- Que está por maquiar

O Criador: Então como fazes a maquia?
Vem a mulher, tira o que quer,
Vem a Maria, tira a maquia,
Vem o patrão, tira o maquião,
Vem o criado, tira mais um bocado,
E ainda há-de dar p’ro vinho e p’ró tabaco
E p’ra ração do burro qu’anda fraco,
Este fole (saco) deita-se p’ra’quele canto.
E se o dono demorar,
Tira-se outro tanto,
E não fora contas a Deus ter que dar,
Nem o fole vazio ao freguês ia parar.

Defunto o moleiro, bate às portas do Céu:
Abre a porta ó S. Pedro,
Abre a porta, deixa-me entrar

Diz-lhe o Santo: tu não entras, sem o padre te confessar
Por isso aqui fica à espera
Enquanto um vou procurar.

Volta o Santo afogueado
Dizendo preocupado:
Procurei bem procurado,
Em todo o céu e mais algum.
Moleiros, ‘inda vi um,
Padres..., é que não vi nenhum.
notícias da aldeia

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já não há pachorra!!!



O Ministro da Saúde, Correia de Campos, publicou (13.04.06) no Jornal de Notícias um artigo de opinião sob o título “Ideias feitas sobre a interioridade”.

Serve a prosa para tentar provar que, em relação a três situações, o interior está beneficiado em relação ao litoral: relação médico de família/população; frequência dos SAP e consultas no período nocturno.

Conclui o ministro: “Poderá este modelo continuar? Será ele sustentável? Será ele justo, equitativo, na comparação com o país todo?”

Pois bem, senhor ministro. O modelo não é justo.

Não se entende se esta prosa, na sequência de outras, indicia uma cruzada contra o Interior. Não se entende porque razão se agitam friamente números para justificar o injustificável. É, ou não, verdade que a desertificação do Interior só pode ser travada com políticas positivas e dinamizadoras de fixação de população? É que se agitamos números à luz da economia, da poupança, das estatísticas, existirão outras áreas em que rapidamente se conclui que não vale a pena!

A política de saúde para o Interior do País tem que ter em conta as características especificas da região. E essa é uma opção política que não pode ser disfarçada com a exibição de números.

Ora, o senhor ministro, ao invés de tentar provar que o Interior é beneficiado, deve afirmar claramente qual a sua política para o Interior. E actuar, sobretudo actuar, coisa que até agora, no que à Beira Interior diz respeito, não fez. Nada.

Onde está o Centro Hospitalar da Beira Interior (hospitais de Castelo Branco, Covilhã, Fundão e Guarda), anunciado há mais de um ano?

Porque não decidiu a questão dos blocos de partos e “passou” a decisão para o CHBI que não criou?

De facto, se existem “ideias feitas sobre a interioridade”, o senhor ministro venha até cá explicar, a quem aqui vive, quais são. E nós responderemos.

Já agora, senhor ministro, porque razão a Beira Interior nunca fez parte do seu roteiro de visitas?
Saude na Beira Interior


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domingo, abril 15, 2007

as palavras irlandesas

Quando a música e a imagem são apelativas, para que servem as palavras?
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"When The Stars Go Blue"
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Dancin' where the stars go blue
Dancin' where the evening fell
Dancin' in your wooden shoes
In a wedding gown
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Dancin' out on 7th street
Dancin' through the underground
Dancin' little marionette
Are you happy now?
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Where do you go when you're lonely
Where do you go when you're blue
Where do you go when you're lonely
I'll follow you
When the stars go blue
.
Laughing with your pretty mouth
Laughing with your broken eyes
Laughing with your lover's tongue
In a lullaby
.
Where do you go when you're lonely
Where do you go when you're blue
Where do you go when you're lonely
I'll follow you
When the stars go blue
The stars go blue, stars go blue
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sábado, abril 14, 2007

recuo de excepção do Ministério da Saúde


“O Ministério da Saúde retrocedeu e criou um regime de excepção para o funcionamento dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) no distrito de Bragança. Ao contrário do resto do país, onde os SAP vão passar a encerrar após as 22 horas, em Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo, Vimioso e Vinhais, aquele serviço vai manter-se aberto entre as 22 e as oito horas, durante a semana, e entre as 20 e as oito, ao fim-de-semana, com um médico de prevenção à chamada e um enfermeiro em presença, para atendimento de casos graves. A nova modalidade entra em vigor no dia 27”JN

Mais um acordo com os autarcas, que mesmo de “gravata preta” e “pressionados” o assinaram.
Mais uma alteração ao previsto.
E mais uma modalidade temporária.
Poder-se-á considerar estarmos perante sinais ténues de “preocupação” pelas consequências duma decisão que já se revelou extemporânea mas que insistentemente se persiste em manter.
Mas o médico de “prevenção à chamada” já existe? Se existe, quais os seu deveres, qual a sua segurança, qual a sua remuneração? Ao abrigo do DL 73/90 no que respeita ao regime de trabalho ou contratado? Foram avaliados os custos-benefícios desta alteração?


E tudo isto mediaticamente é uma vez mais dado a conhecer, ao mesmo tempo que a ARS do Norte ou quem de direito, a 10 dias do prometido dia (25 de Abril) do lançamento de algumas das novas, também temporárias, estruturas de Serviço de Urgência Básico (Fafe e Santo Tirso), nada ainda tenha superiormente definido em termos de competências nem tão pouco dado orientações, aos Centros Hospitalares recém criados, relativas ao garante de meios técnicos (radiologia, análises) e humanos (número e diferenciação) para a sua concretização.
Será que estes protocolos são só para ficar registados como “declarações de intenção”?
Quem terá o poder ou a obrigação de os regulamentar?
Se às ARS compete fazê-lo, então que se apressem sob pena de os foguetes encomendados e as fanfarras contratadas servirem só, quanto mais não seja, para comemorar o dia que para muitos talvez já não fizesse sentido comemorar.

E como tudo parece ir ficar como está…
Ao menos que a memória do 25 de Abril assim seja lembrada.

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quem concorda com a venda de medicamentos fora das Farmácias?

Concorde-se ou não com a política do MS sobre o medicamento e sua comercialização, concorde-se ou não com as posições da ANF, IF, da OF ou da OM sobre esta mesma política, atente-se neste Post retirado do Impressões de um Boticário de Província.
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Progresso
A venda de medicamentos fora da Farmácias é um orgulho para este Governo. Era preciso melhorar a acessibilidade ao medicamento e (em vez de abrirem Farmácias) abriram Parafarmácias.
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Os Angolanos parece que não concordam:

Medicamentos nas FarmáciasMSP - Impressões de um Boticário de Província

Eu também não concordo...

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parabéns ao Saúde SA

Porque aqui sobre "saúde" se desabafa.

Porque o SAÚDE SA é por todos considerado de consulta obrigatória.

Porque, com o Xavier e os seus colaboradores, o Que Raio de Saúde a Nossa muito tem aprendido.

E porque aparentemente simples é esta maneira de fazer história...

History of Drums

"Performed by Jay Webler,at a local Atlanta private school, during a teacher recital. The "History of Drums" is a solo that goes from Baby Dodds to Steve Gadd, with Gene Krupa, Buddy Rich, Elvin Jones, Max Roach, etc. in between. This was a solo that I developed when, at the insistance of Rebecca,(one of my 5 children, who thought it would be a neat, I entered a local contest. I won the contest and have since gone back into full time private teaching."

Parabéns, Xavier, por estes três anos de história do "nosso" Saúde SA.

sexta-feira, abril 13, 2007

confuso ou bem claro?


O Ministro da Saúde disse há dois dias:
“Foi pena não termos integrado a ADSE em 1974 ou 75 no sistema de trabalhadores por conta de outrem. Agora é um pouco mais difícil mas podemos fazer aquilo que fizeram outros países que têm também a ADSE. Em Espanha, por exemplo, a ADSE foi contratualizada a sua gestão, abriu-se um concurso público internacional e houve uma ou duas companhias de seguros de doença que gerem a ADSE espanhola. Isso também se pode fazer em Portugal”.

E no dia seguinte, o Gabinete do Ministro da Saúde:
"esclarece que não tem qualquer conhecimento de que o Ministério das Finanças tenha a intenção de privatizar a ADSE e que o ministro Correia de Campos, na entrevista realizada pela SIC Notícias, apenas se terá limitado a dar exemplos do que acontece com sistemas idênticos de saúde noutros países europeus, nomeadamente na nossa vizinha Espanha".

Pelos vistos, foram só exemplos, mas “isso também se pode fazer em Portugal”.
O Sr. Ministro quer mas…
Só falta os outros quererem.
Está esclarecida a confusão.
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quarta-feira, abril 11, 2007

serão já pérolas da nova assessoria de imprensa?




Retirado do Saúde na Beira Interior , aqui está um excelente Post lá publicado.

As Pérolas do Marketing Comunicacional

O Ministro da Saúde, Correia de Campos, inaugurou uma nova estratégia comunicacional. Em plena época festiva pascal, escreveu uma cartinha (com data de 7 de Abril) “às ARS com informação dirigida aos cidadãos”, lê-se no portal do ministério. Mas, o mais surpreendente, é mesmo a apresentação gráfica da dita carta. Um fundo multicores e um enquadramento de “esguelha”.
Presume-se que esta metodologia não tenha surgido do nada. Certamente obedece a uma estratégia de marketing amplamente estudada, com o objectivo de melhorar a imagem de senhor ministro da saúde.
Se é assim, resta aguardar pelas próximas peças da campanha. Certamente pérolas desperdiçadas. É que as questões da saúde vivem-se no dia a dia, as decisões pesam, as opções têm consequências.
Não se resolvem colorindo a realidade!
Saúde na Beira Interior

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se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé



"As ambulâncias de socorro vão reduzir de três para dois os membros da tripulação, ao abrigo de uma portaria hoje publicada e que pretende adequar a legislação a uma realidade já vigente em Portugal.
Para além de redefinir o número de tripulantes das ambulâncias de socorro, a portaria, determina que um dos elementos seja simultaneamente o condutor e que o outro deve ter, pelo menos, o curso de tripulante de ambulância de transporte." Diário Digital


Esta Portaria nº 402/2007 dos Ministérios da Administração Interna e da Saúde, vem então tornar legal a pratica ilegal denunciada por Vítor Almeida (Presidente da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência) segundo o qual, o INEM violava a lei ao não equipar devidamente as suas 270 ambulâncias, ao mesmo tempo que a tripulação das ambulâncias de socorro que deveriam contar com três técnicos, frequentes vezes eram tripuladas só por dois, contrariando assim o estipulado pela Portaria nº1147/2001 .
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Assim sendo as ambulâncias de socorro terão a partir de agora, segundo a lei, o mesmo número de técnicos que as de transporte, fundamentando o Secretário de Estado da Administração Interna e o Secretário de Estado da Saúde esta redefinição do número de tripulantes, "nas boas práticas, internacionalmente definidas e na análise de custo-benefício."
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sábado, abril 07, 2007

será altura de nivelar? (II)

Transcrevo aqui palavras escritas em de Setembro de 2006 por José António Saraiva, que bem podem responder à pergunta:
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“será altura de nivelar?”
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quando se coloca a hipótese de deslocar médicos de MGF do interior para o litoral.

Por isso, neste momento, o caminho certo não era fechar maternidades, enviando as grávidas para as grandes cidades ou para Badajoz: era, pelo contrário, favorecer a natalidade, procurando inverter a situação actual.
O caminho certo não era fechar serviços na província: era, pelo contrário, fazer tudo para que as pessoas não fugissem do interior, fixando-as nos locais onde vivem, facilitando-lhes a vida, promovendo o emprego.
Tudo isso custa dinheiro? Pois custa.
Mas é preciso saber onde poupar e onde investir – e, nesta altura, o combate à diminuição de nascimentos e a luta contra a desertificação do interior do país são dois objectivos onde é preciso gastar.
O povoamento do território, quando foi feito, custou caro; mas alguém põe em causa o dinheiro gasto?
Acresce que uma das missões do Estado é dar à sociedade os sinais certos.

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Ora dificultar os nascimentos, dificultar a vida no interior, acabar com postos de trabalho nas vilas e pequenas cidades, são tudo sinais errados – que dão a entender que o Governo está resignado com os desequilíbrios que existem e até os favorece e estimula.
É preciso dizer mais?” JAS – Set.2006


Trata-se efectivamente dum problema social, de equidade e de universalidade a que o SNS está obrigado a dar resposta.
Não se trata dum problema financeiro, mas político.
Não se trata de controlar despesas mas de definir uma estratégia.
Trata-se de “dar à sociedade os sinais certos e não os errados”.

Mas no que à Saúde diz respeito, os sinais certos deverão ser dados não somente quantitativamente mas qualitativamente. Deverão ser ponderados os diferentes níveis de acessibilidade e de oferta, de poder económico, de nível educacional e familiar das populações do interior e do litoral.

Os sinais certos deverão ser orientados para um planeamento que impeça a desertificação do interior e evite a progressiva “litoralização” do País.

Isto terá sido feito desde 2001 com os incentivos à fixação de profissionais de saúde no interior deles carenciado, proposto pelo Ministério da Saúde de Manuela Arcanjo.

“O Ministério da Saúde divulgou na quinta feira, 5, o pacote de incentivos para a fixação de médicos nos hospitais, centros de saúde e serviços mais carenciados do País, onde o Interior apresenta os maiores índices.
Subsídios de fixação, residência e deslocação são algumas das regalias a juntar a outras de natureza não pecuniária: garantia de transferência escolar dos filhos, preferência na colocação do cônjuge e prioridade na participação em acções de formação profissional.
Tudo isto, se o médico permanecer no local para onde foi transferido por um período mínimo de cinco anos.
Manuela Arcanjo, ministra da Saúde, refere que a necessidade deste regime decorre de uma constatação óbvia: a deficiente distribuição geográfica dos profissionais de saúde.”

Decorridos 6 anos o que mudou?
Uma coisa é certa.
A política social, do mesmo partido do Governo, essa, sem dúvida alguma que mudou...
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Será preciso dizer mais?
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sexta-feira, abril 06, 2007

será altura de nivelar?


"Criámos a noção de que o interior não tinha médicos de família, mas é precisamente o contrário; é no litoral que há carência."


Disse isto, Correia de Campos na Comissão Parlamentar da Saúde, quando explicava algumas das suas das medidas "controversas", como fecho de maternidades, dos Serviços de Urgência e dos SAPs.


E para resolver esta situação de deficiente cobertura de médicos de MGF no litoral, porque os incentivos à admissão de licenciados na Carreira de Medicina Geral e Familiar tardam a dar os seus frutos, apostar-se-à na "passagem de médicos para o regime de mobilidade especial da Função Pública”, deslocando-os assim do interior para o litoral do território…


“Nivelar por baixo” a relação médico/doente é do que se trata.
Estica-se a manta para cobrir a cabeça e ficam os pés a descoberto, tentando-se arranjar um bom par de meias de lã (porque não remendadas) para os aquecer durante o inverno, já que no interior do país esta estação do ano costuma ser bem fria.

Espera-se que a História, mais tarde, não venha a considerar como tendo sido penalizante para o país (do interior ao litoral) esta política de “medidas avulsas”, descoordenadas e sem uma visão global e integrada, deste Ministério da Saúde.


Entretanto, para a ajudar a toda esta “baralhada” a Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental vem lançar mais achas para esta fogueira ao concluir no seu Relatório perliminar que:
"A actual rede de cuidados psiquiátricos funciona mal e tem graves problemas de acessibilidade". A comissão propõe que se criem "unidades de internamento em todos os hospitais centrais, ou, pelo menos, uma por distrito (...) e ainda em todos os novos hospitais a construir, de parceria com os privados". Dá conselhos à tutela: "que a grande maioria dos cuidados se faça a partir das Unidades de Saúde Familiar (USF) e dos “novos” centros de saúde.” Semanário


E já agora, como que para “compor” um pouco toda esta trapalhada, o Conselho de Ministros na sua ultima reunião de 5 de Abril, aprovou um Decreto-Lei onde prevê manter “o regime especial de contratação de pessoal no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (...) nomeadamente no que concerne à prestação dos cuidados de saúde.”Portal do Governo

quarta-feira, abril 04, 2007

a medicina e o telefone

O ministro confirmou que é a 25 de Abril que vai começar a funcionar o centro de atendimento telefónico destinado a encaminhar os doentes a nível nacional, que acolherá, a 18 de Abril, a linha de saúde pública e, a 21, a linha pediátrica «Dói, dói, trim, trim».

Em Vila do Conde, onde ainda não existe nenhuma USF, o ministro fez um apelo veemente aos médicos: «Organizem-se! Alarguem os vossos horários, dêem os vossos números de telemóvel aos doentes».

em TM 1.º CADERNO de 2007.06.020712381C30507MF13D


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segunda-feira, abril 02, 2007

"taxas moderadoras" então para quem?


Três artigos do DN de hoje, assinados por três jornalistas diferentes, abordam o tema das novas taxas moderadoras que segundo os autores e o conteúdo das notícias as consideram como "co-pagamentos de actos médicos".

De maneira nenhuma. Não se trata de uma taxa moderadora, mas de um co-pagamento. C.Sakellarides

O beirão obstinado que teima em ser rei da impopularidade no Governo
Parece ser sina dele: volta agora a suscitar polémica com a entrada em vigor das novas taxas moderadoras por internamento e cirurgia. Adivinham-se novas quedas nos próximos barómetros de popularidade.
"Quem tem dinheiro, se calhar não faz diferença, mas quem não tem... Já viu bem? É mais uma razão para as pessoas se deixarem ficar doentes em casa"

Difícil para uns é aceitar o termo “co-pagamento”, antes preferindo e defendendo dever continuar a ser considerado como uma “taxa moderadora”.

Numa primeira fase da sua criação considerada moderadora do consumismo, dirigida ao “consumidor” e numa segunda fase (a da sua institucionalização) também dirigida ao “prestador de serviços”.

Contraditória é esta defesa de moderação quando, com a isenção de mais de 50% da população utilizadora do SNS (prevista no Artº.2 do DL 173/2003 e segundo palavras de CC) a ela escapa (precisamente o grupo populacional que em valores absolutos mais recorre aos serviços do SNS - população de baixo poder económico ou portadora de doenças crónicas entre outros), deixando assim a “moderação” para os restantes, que da mesma forma e em valores absolutos, menos utilização fazem dos mesmo serviços.

O que está em causa é uma coisa bem diferente desta pretensa moderação e também não serão as “migalhas” com elas arrecadadas que fundamentam a sua actual existência.

É o que André Macedo no DE através da sua pergunta sugere que se defenda:

“No fim do ano, esta nova taxa permitirá ao Estado recuperar nove milhões de euros. Como é evidente, nove milhões num orçamento de 8,9 mil milhões não resolve nada, são migalhas, mas evidencia o princípio que importa discutir: num sistema de saúde estatizado, com cobertura universal, a pressão do Governo sobre os custos é suficiente para viabilizar o SNS durante quantos mais anos?”

Isto é:

O questionar um SNS “estatizado”, “universal” e geral, tendencialmente gratuito, que garanta o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados de saúde (Constituição da República).

E como que respondendo à questão, vamos sendo preparados através de decisões e atitudes políticas economicistas que subalternizam as políticas sociais, as encaminham para o “esquecimento” e assim vão transformando o SNS num serviço desvirtuado de todos os seus princípios.

Desvalorizando-se o que de bom realiza:
“Há mais e melhores médicos. Há mais e melhores enfermeiros. Há mais tecnologia disponível e melhores equipamentos. Em 2005, realizaram-se 32 milhões de consultas nos centros de saúde. A nossa taxa de mortalidade infantil é das mais baixas da Europa. Há farmácias em todo o país.”

E valorizando-se o que de pior ou menos bem tem gerido:
Os gastos, o desperdício, a produtividade, as listas de espera.

Para estes, como para André Macedo, a manter o SNS com os seus princípios fundamentais “Até pode haver saúde para todos, como diz a Constituição, mas será uma fraca saúde que começará a não dar confiança a ninguém”.
E para que tal não suceda, sugere-se atenção ao esperado relatório da Comissão de Peritos encarregada de estudar alternativas ao actual modelo de financiamento do SNS, que segundo parece aponta para a criação de seguros complementares de saúde e de Fundos destinados à Saúde.

Assim, sim.

Até pode haver o direito à saúde para todos, baseado num “SNS” consagrado numa qualquer Constituição.
Será um fraco “SNS” para todos, que começará a não dar confiança aos mais ricos, mas que só os mais pobres a ele se verão obrigados a ter que recorrer.
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domingo, abril 01, 2007

as palavras e a realidade


Não é mentira do 1º de Abril…

“Um serviço de medicina e enfermagem ao domicílio a preços reduzidos vai estar disponível a partir de segunda-feira na Maia, numa iniciativa pioneira em Portugal promovida por quatro juntas de freguesia daquele concelho dos arredores do Porto,” Portugal Diário

… é pura realidade.


É o reflexo antagónico das palavras de Correia de Campos ainda ontem proferidas na RTPn no programa “Mais Saúde”:

“o sector privado vai continuar a ser complementar do Serviço Nacional de Saúde e não competitivo com ele.”

Olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço.
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