quinta-feira, novembro 30, 2006

assim se combate o desperdício no SNS


Segundo o Jornal de Notícias, são 227 143 os portugueses inscritos nas listas de espera para cirurgia à data de 15 de Outubro de 2006.
56% destes doentes ainda tem que esperar mais de 6 meses para que a sua situação seja resolvida em termos cirúrgicos, situação idêntica à existente um ano atrás.
Nos últimos 12 meses, 12 138 doentes foram retirados a esta lista pressupondo-se que esta expurga contemple os doentes efectivamente operados (por certo a grande maioria), os que desistiram da cirurgia, os que já entretanto faleceram ou os que por várias razões a indicação para cirurgia foi retirada.

Esperava por este balanço para fundamentar a opinião que perfilho sobre este problema.

De facto, no início desta década declara-se uma preocupação justa dos responsáveis pela política da saúde com a “desconhecida” mas “suspeita” volumosa quantidade de doentes que aguardavam intervenção cirúrgica no âmbito do SNS.
Ministérios da Saúde sucessivos puseram em marcha programas tendentes a contabilizar e dar resposta a esta problemática (PERLE, PECLEC) tendo sido o SIGIC o que mais e melhores resultados apresentou entre todos.
Mas estes bons resultados limitaram-se a um não menos importante dos dois problemas que pretendia resolver.
O da gestão informática a nível nacional e regional:
1. dos novos inscritos, dos expurgados e dos tratados;
2. da monitorização do tempo de espera,
3. da orientação a dar aos doentes para serem submetidos a cirurgia (unidades públicas/privadas).

Mas o segundo objectivo deste Sistema (SIGIC), o da resolução das volumosas e atrasadas listas de espera, não foi concretizado neste ano de actividade do programa como o não tinha sido com os programas que o antecederam.

E porquê?
Porque a prioridade dada à resolução cirúrgica dos casos que apresentavam “tempos de espera de longos meses” desviou a atenção dos responsáveis pelo SIGIC para actividade contratualizada com CA de HHPP ou em regime convencionado, fazendo assim esquecer ou esquecendo-se da necessidade duma exigência de ganhos de produtividade nos Hospitais do SNS para a resolução, em produção normal, dos "novos casos" que entretanto iam aparecendo.

De facto, o que se continua a verificar, é que em produção normal a quantidade e qualidade das intervenções cirúrgicas permanece a mesma e nalguns Hospitais até diminuiu em consequência de persistência dum “status quo” dos Serviços Cirúrgicos Hospitalares ou de atitudes gestionárias questionáveis das entidades superiores da saúde (p. ex. o impedimento por parte da ARS do Norte da colocação a concurso de vagas libertas do quadro de serviços ou o não preenchimento do quadro de serviços deficitários com a consequente diminuição da actividade assistencial programada).

Assiste-se à permanente diferença abissal entre a quantidade de doentes tratados por período operatório em produção normal, produção adicional e produção convencionada com primazia para as duas últimas produções.

E porquê?
Só um exemplo que pode tudo explicar:
Pela consulta da tabela de preços relativa à produção adicional no âmbito do SIGIC e tomando por base o valor de 5.928,50 Euros, referente a uma Prótese Total da Anca realizada neste âmbito(GDH 209) , 45% deste valor (2667,83 Euros) é adjudicado à equipa cirúrgica interveniente revertendo os restantes 55% para os cofres do Hospital.
Em média poderão ser realizadas em 6 horas de funcionamento contínuo dum Bloco Operatório, 3 artroplastias totais a que corresponde um pagamento de 8.003,75 Euros (2667,83 x3) atribuido à equipa cirúrgica.
Intervindo por equipa, 8 profissionais de saúde (2 Cirurgiões, 1 Anestesiologista, 4 Enfermeiros e 1 Auxiliar de Acção Médica) corresponde em média a cada um 1000 Euros por 6 horas de trabalho efectivo, o equivalente aproximado a 6000 Euros semanais ou 24.000 Euros mensais !!!

Assim quem não tem vontade de perpetuar as listas de espera?
Correia Campos que faça as contas e combata o desperdício no SNS!

quarta-feira, novembro 29, 2006

guerra ao modelo




“Se nada se fizer relativamente ao modelo actual, haverá, de forma grave e socialmente inaceitável, uma saúde melhor para os “ricos” e outra pior pobres”. Isabel Vaz

Volta e meia a engenheira Isabel Vaz, presidente da comissão executiva de ESS, sai a terreiro com a cassete da gestão privada. Longe da argúcia e capacidade de intervenção de José Mendes Ribeiro, outro paladino da gestão privada, Isabel Vaz gosta de debitar recortes do “pocket manager”, a deitar abaixo o actual modelo de saúde, "forma grave e socialmente inaceitável, capaz de contribuir, num futuro próximo, para “uma saúde melhor para os ricos e outra pior para os pobres”.

Será que o Hospital do coquepite é vocacionado para atender os pobrezinhos?
A presidente da ESS prossegue o ataque: "o actual modelo não promove a eficiência e a inovação de cuidados", "à beira do colapso financeiro" (Isto quando se conseguiu este ano cumprir o orçamento da saúde e estão em marcha medidas de reforma profundas para salvar o SNS da insolvência), ameaçando o "recurso a soluções radicais como ter de impedir o acesso aos tratamentos mais inovadores e eficazes" (se não for o Estado a garantir a universalidade e equidade do acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde, não será certamente a ESS a fazê-lo!)Enfim, a natural pressão do "pipeline" (quando CC está a conseguir demonstrar que o actual modelo de saúde tem pernas para andar), que, impacientemente, espera à porta do SNS que o Estado (CC) lhe distribua de mão beijada os melhores quinhões deste negócio de milhões. E quem espera, sempre alcança.

Xavier

dinheiro para novos hospitais

"Acredito que a qualidade de vida das cidades portuguesas pode ser um importante factor de competitividade de Portugal no quadro da globalização. É urgente avançar na requalificação das cidades portuguesas".
"A melhoria da qualidade de vida nas cidades deve constituir um objectivo cimeiro da administração central, local e dos cidadãos".
"As cidades, pelas suas capacidades e recursos, são decisivas para o desenvolvimento da nossa economia".
Hospital "coquepite" da Luz

Palavras do Sr. Presidente da República, Cavaco Silva, ditas aquando da visita à cidade de Coimbra, onde presidiu à inauguração de três obras do programa Polis, há dois dias atrás.
E com a actual política de saúde dos responsáveis do Ministério espera-se um importante contributo para esta requalificação das cidades, através da construção de novos Hospitais Ditritais e remodelação de outros, segundo terá sido afirmado hoje Carmen Pignatelli.

“A secretária de Estado mostrou-se ainda convicta de que o Quadro de Referência Estratégica Nacional disponibilizará dinheiro para a construção de novos hospitais distritais e para grandes remodelações de unidades distritais e centrais." Público

É de louvar a colaboração e entendimento inter-institucional.
Bem hajam.
Resta saber onde, como e quando.

terça-feira, novembro 28, 2006

na segurança como na saúde... e não só.












Agora e Depois?

Um estudo encomendado pelo Ministério da Administração Interna aconselha o encerramento de 22% dos postos da Guarda Nacional Republicana (GNR) e 18% das esquadras da Polícia de Segurança Pública (PSP). De acordo com a edição online do «Diário Económico» (DE), as recomendações vão ser levadas à prática, ditando a extinção de cerca de 150 esquadras. Efectuado pela consultora Accenture, o relatório, solicitado com vista a uma reestruturação das forças de segurança, recomenda o fecho de postos da GNR com menos de 12 efectivos e de esquadras da PSP com menos de 20, sendo os efectivos posteriormente integrados em estruturas de segurança de mais dimensão. Como forma de compensação estudo prevê também um acréscimo de patrulhas móveis.

Serão estas patrulhas móveis o equivalente aos VMER(s) e INEM no campo da Saúde?
Como que a propósito:

Será por isto?
"A redução dos efectivos da função pública tem sido apontada pelos dois últimos governos como um objectivo prioritário, de modo a reduzir a despesa pública, em que a componente salarial tem um peso elevado (...)
Os 737 800 funcionários públicos portugueses representavam, de acordo com as mesmas fontes, 14,4% do emprego total e 13,3% da população activa em 2005. Num conjunto de sete países, a Dinamarca é o que apresenta a maior dimensão, com o emprego de funcionários a atingir os 34% do total e 32% da população activa, mais do dobro do verificado em Portugal (dados 2004). Segue-se a Suécia, com 29,3% e 27,8%, respectivamente e a Finlândia, onde a relação é de 23,2% para 21,2%. Com valores mais próximos dos nacionais estão a França, onde os funcionários equivalem a 20,4% do emprego total, a Alemanha e a Itália (16,2%) e o Reino Unido, com 20,7%." DN

o proposto encerramento do S.U.do Hospital de Fafe


Elaborado por personalidades Fafenses, dou a conhecer a parte final dum documento que corroborado por vários subscritores, vai ser enviado à Comissão Técnica de Requalificação da Rede de Serviços de Urgência.
Após uma descrição e análise dos pressupostos que tiveram por base o trabalho da referida comissão, o documento termina com a crítica específica da proposta de encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de Fafe.
(…)
“Conjuntamente com mais treze Urgências Hospitalares em funcionamento, propõe a Comissão Técnica o encerramento da Urgência Hospitalar de SUMC a funcionar no Hospital de S.José de Fafe, considerando que não deve constar na Rede de Urgências (a qualquer título), porque a afluência é inferior a 150 doentes/dia e se encontra demasiado perto de outro SU, devendo constituir o Hospital de Guimarães a Urgência alternativa.
Considerava ainda que 90% da população servida actualmente, se encontra menos de 30 minutos de um SUMC/SUP.
Considera porém que os restantes critérios de capitação para SUB e de Risco Industrial e/ou de sinistralidade acrescidos justificam a manutenção dos Serviços de Urgência do Hospital de Fafe.
As conclusões da Proposta que justificam o encerramento da Urgência do Hospital de Fafe, não tem porém qualquer fundamento.
É um erro grosseiro que não é previsível uma afluência de mais de 150 doentes/dia ao SUMC do Hospital de Fafe.
Durante algum tempo, e por incompreensível decisão do Ministério da Saúde, funcionaram em Fafe duas unidades de urgência. O SU do Hospital e o do Centro de Saúde, tendo este último encerrado no final de Setembro de 2006.
Desde o início do ano à data de encerramento, a média do número de urgências verificada neste Serviço de Urgência do centro de Saúde, foi de 122 doentes/dia.
Com uma sustentabilidade estatística verificada consecutivamente, a média do número de urgências verificada no Serviço de Urgência do Hospital de Fafe no último ano é de 98 doentes/dia.
Verificando-se o encerramento do SU do Centro de Saúde, o número de doentes/dia com ocorrência à urgência é previsivelmente de 220.
Por outro lado, sendo exacto que actualmente mais de 90% da população da área de influência dos serviços de Urgência do Hospital de Fafe (91.431 habitantes) se encontram a menos de 30 minutos de um SUB/SUMC, essa realidade deixaria de existir com o encerramento dos mesmos e a proposta do Hospital de Guimarães como alternativa.
Em rigor, e utilizando a metodologia da Comissão Técnica que elaborou a proposta da Rede de Serviços de Urgência, no que respeita ao tempo de trajecto a SU, sendo que o Hospital de Fafe serve num raio de 20 km 99% das populações dos concelhos de Fafe, Celorico de basto e cabeceiras de basto, o Hospital de Guimarães apenas serve no mesmo raio, 76% das mesmas populações.
Acresce ainda o facto de o Hospital de Guimarães já se mostrar exíguo no que respeita a instalações (ver pá.4 do Relatório e Contas do HSO de 2005). Considerando o seu atendimento médio nos serviços de Urgência de 288 doentes/dia no último ano, é certamente falacioso que se possa constituir uma alternativa para um acréscimo do número de 220 doentes/dia resultantes do pressuposto encerramento do Serviço de Urgência de Fafe.
Apesar das razões objectivas que justificam a manutenção do Serviço de Urgência do Hospital de Fafe, a Proposta da rede de serviços de Urgência elaborada pela Comissão Técnica de Apoio ao processo de Requalificação das Urgências, em manifesto erro de análise das condições actuais e emergentes na sua área de influência, propõe o seu encerramento.
Em sentido contrário, e sem aplicação dos critérios que a própria Comissão estabeleceu, propõe-se a manutenção dos SU em Ponte de Lima sem que se verifique qualquer dos critérios e apenas porque a área geográfica e a população abrangida é superior a 40.000 habitantes; propõe a manutenção de SU no Hospital de Montalegre apenas para manter 90% da população dentro do tempo máximo de 30 minutos, sem a verificação de qualquer dos critérios enunciados; propõe a manutenção do SU do Hospital de Oliveira de Azeméis, sem a verificação de qualquer dos critérios enunciados, mas apenas porque os SU de alternativa não dispõem de capacidade de acolhimento acrescido; etc.
Por todas estas razões que se fundamentam, deve ser repudiada a Proposta da Rede de Serviços de Urgência elaborada pela Comissão Técnica de apoio e Requalificação das Urgências no que respeita ao encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe.
Representa a mesma um grosseiro erro de análise, mesmo à luz dos critérios que a própria Comissão estabeleceu, apesar da sua contestada profundidade, e constitui uma decisiva iniciativa no desmantelamento próximo do Hospital de Fafe e dos serviços que presta às populações de Fafe, Celorico e cabeceiras de basto, proporcionando a sua transformação num serviço minorizado dentro do quadro do Serviço nacional de Saúde.
A população de Fafe não pode assistir com passividade à destruição de Serviços Hospitalares cujo início há mais de 140 anos os próprios Fafenses custearam, porque uma qualquer Comissão, ao produzir uma Proposta com inequívocos erros de análise e nas conclusões, claramente induz em erro de decisão o Governo.”

segunda-feira, novembro 27, 2006

faz-me o favor porque nunca é tarde


Faz-me o favor...
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor, muito melhor!
Do que tu.
Não digas nada.
Sê Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
Mário Cesariny

sábado, novembro 25, 2006

o futuro sistema de saúde sem médicos


Bombeiros aprendem a ser parteiros em terra onde fechou a maternidade Jornal de Notícias

Sempre tive pelos Bombeiros portugueses uma consideração e respeito pelo trabalho que desenvolvem, particularmente os Voluntários.
Nos incêndios ou nas inundações, na prevenção e na segurança, na ajuda e no transporte de doentes, no socorro às vítimas de acidentes ou na remoção dos restos de lata batida, na doença e na morte, na tempestade e na bonança, “onde o ser humano tiver a sua vida em risco”.
Pela dedicação e altruísmo, pela coragem, pela disponibilidade e pelo comportamento emocional que revelam, na sua grande maioria, perante as situações de emergência.

Deixaram há já alguns anos de serem considerados como elementos a quem não se poderia “exigir” mais pelo facto de serem considerados voluntários (a sua grande maioria).
Mas a evolução da sociedade obriga a uma alteração desta exigência não só em termos organizacionais, de formação e de equipamento. E neste campo tiveram e continuam a ter a sua cota parte de importância as populações e associações/empresas locais ou regionais, as Autarquias, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil e o INEN também entre outros.

Sou apologista do princípio do direito à cultura e ao conhecimento em todas as áreas.
A da saúde é uma delas. Ter os conhecimentos necessários para saber como e quando actuar perante uma qualquer situação, dá a todos, necessitados ou não, uma melhor segurança.
Louva-se neste particular a acção, que lhes é exigida, levada a cabo pelo INEM para que os intervenientes possuam as "competências necessárias à correcta abordagem de uma vítima em paragem cárdio-respiratória e um conjunto de técnicas básicas de emergência".


E este caso dos partos é uma emergência… E que emergência, já que poderão estar em causa a vida de pelo menos dois seres.
Para que não aconteçam casos como o de Valongo que podia ter um final infeliz, esta preparação é uma exigência social; "bombeiros e os tripulantes de ambulâncias estão a preparar-se melhor para ajudar a salvar vidas. Uma aprendizagem que inclui, obviamente, a eventualidade de socorrer uma mulher prestes a dar à luz, antes de conseguir percorrer, em muitos casos, cerca de duas horas, até à maternidade mais próxima".


Não quero aqui falar sobre o encerramento de Maternidades ou Serviços de Urgência, sobre a "menor experiência" atribuída aos profissionais da saúde por terem "pouca quantidade de casos para tratar".


Só espero que situações de "emergência obstétrica" como a de Valongo, de há poucos dias, não se multipliquem por este país, e venha a necessitar de apoios (que volto a reputar de importantes) por parte de "bombeiros voluntários" bem formados para os prestarem.
Preferiria que os conhecimentos adquiridos pelos nossos bombeiros não venham a ser necessários colocar à prova.


Mesmo com o "treino" adquirido pelos "poucos casos" que já tenham tido necessidade de socorrer.

Já agora, para os interessados:
Proposta de Tese de doutoramento:
“O futuro sistema de saúde sem médicos – metodologia experimental”

E porque os médicos não são os únicos intervenientes num sistema de saúde, não se esqueçam dos outros profissionais que actualmente nele estão envolvidos...
PS. Hoje, por este e outros motivos, não me apetece mudar a música de ontem...

sexta-feira, novembro 24, 2006

it's time of the turning

OVO - Peter Gabriel 2000


In the big house
Where the sun lives
With the walls so white and blue
In the red soil
All the green grows
And the winds blow across your face, they blow across your heart

It’s time of the turning and there’s something stirring outside
It’s time of the turning and we’d better learn to say our goodbyes
All the earth breaks
Like a stale bread
And the seeds are folded in the soil
Oh, the sun pours
Then the rains fall
While the roots reach right out through the ground, they reach out through the ground

It’s time of the turning and there’s something stirring outside
It’s time of the turning and the old world’s falling
Nothing you can do can stop the next emerging
Time of the turning and we’d better learn to say our goodbyes
If we can stand up
When all else falls down
We will last through the winter
We will last through the storms
We will last through the north winds
That brings down the ice and snow
We will last through the long nights, till the green field’s growing again
Growing again

É a esperança e a certeza que tenho.
Quando "tudo" parece estar a cair, conseguiremos passar o inverno, as tempestades e os ventos frios do norte.
Mantenhamo-nos de pé e os prados verdes voltarão a aparecer.

quinta-feira, novembro 23, 2006

o barato sai caro


Cheguei a casa, liguei o PC e fui dar uma vista de olhos pela caixa de correio.

Enviei um e-mail de resposta a pessoa amiga, li outros mais ou menos interessantes. Eram muitos, mas também eram muitos os que rejeitei quase sem os ler ou abrir por completo.

Entrei no “que raio de saúde a nossa”, fiz o "login" e preparava-me para vos comunicar o que hoje de manhã, no meu trabalho, uma vez mais me chamou à atenção.

Tentava mentalmente organizar-me para o fazer, quando me apareceu bem audível a música que tinha colocado ontem e pensei ser uma boa altura para a retirar e colocar outra. Foi o que fiz escolhi a mais fácil de se ouvir, não sei porquê.

Mas hoje a inspiração não era comigo. Primeiro porque achava estar cansado mentalmente pelas quase 24 horas seguidas de trabalho e depois porque não arranjava maneira de passar para a “net” o que queria dizer.

Para esquecer a falta de inspiração fui navegando pelos Blogues amigos e se calhar ainda mais stressado comecei a ficar pela lentidão da minha ADSL de "aposta governamental" no meu caso falhada, já que me deram a desculpa de estar a residir numa “aldeia” a só 10 km de Braga.

Mas lá fui andando…
Trengices, Chuvafriocaloreseilamaisoque (nuncamaisacaba), Tabemesxisto, Medicoexplicamedicinaaintelectuais, deixava os outros amigos para depois, quando entro no Ordemparanaoreanimar e subitamente a inspiração foi ao de leve estimulada…

Aí está!!!
Obrigado Reanimadora, dizes tu:
“Num época em que se fala cada vez mais em economia (aliás, SÓ se fala em economia!), em gestão hospitalar e como evitar o desperdício, fiquei a pensar....Fiquei a pensar quantas seringas ela teria inutilmente inutilizado...Fiquei a pensar no custo de cada seringa.... (que confessando a minha ignorância (e a dela, pelos vistos) também eu não sabia...)Fiquei a pensar que, uma das formas possíveis de reduzir o gasto e o desperdício hospitalar, seria de, nas requisições de análises clínicas, imagiologia, electrocardiografia, constar o preço de cada exame a requisitar.”

É verdade… tens toda a razão...

Mas na 1ª cirurgia de hoje:
As 10 lâminas de bisturi que gastei.
As 5 luvas cirúrgicas que que tive que calçar,
As 2 ligaduras elásticas que gastei,
As compressas que rejeitei.

Não o foi porque sou exageradamente “cuidadoso” com a assepsia cirúrgica ou extremamente descuidado com a minha técnica, mas tão só porque:

As lâminas de bisturi deixam de cortar à primeira ou segunda passagem pela pele , pela aponevrose ou pelos outros tecidos, até ao “osso”.
Porque as luvas furam ou se rompem à mais pequena tracção ou contacto “mais duro”.
Porque para proteger uma área cirúrgica uma só ligadura elástica não chega.
Porque as compressas libertam “pêlos” e não absorvem os líquidos.

É que todos estes materiais consumíveis são agora, escolha do IGIF.

E na mesma cirurgia, há pouco mais de meio ano atrás, eu só consumia 3 laminas de bisturi, 2 pares de luvas, uma ligadura elástica e metade da quantidade de compressas.

No poupar é que vai o ganho, mas às vezes o mais barato sai caro.

quarta-feira, novembro 22, 2006

toda cura para todo mal

PATU FU

Hoje é 4ª feira, igual a tantas outras.

às vezes não há tempo para transcrever o quanto pensamos no dia a dia duma profissão (e não só).

Hoje é um dia desses.

E que tal amanhã fugir a esta rotina e ouvir e ver dum modo diferente o dia a dia?

Ver e ouvir os Patu Fu e a Manuela Azevedo no Teatro Circo de Braga é uma boa maneira de tentar curar todo mal.

'Toda Cura para Todo Mal' é o nome do novo disco dos brasileiros Pato Fu e do espectáculo que agora estreiam em Portugal. Manuela Azevedo, dos Clã, é a convidada especial da noite. Ela e Fernanda Takai, a vocalista dos Pato Fu, têm um belo dueto contando as peripécias de um mal-humorado apresentador de telejornal. “Boa Noite Brasil”, o tema em questão, será certamente um êxito entre nós. Como eles assinam: “A festa foi boa, que venham muitas mais!”.




terça-feira, novembro 21, 2006

prendinha de Ano Novo para pequena cidade do interior do país?


Hoje o pequeno Hospital duma cidade do interior do país onde trabalho foi contemplado com uma visita inesperada e relâmpago de 3 elementos do CA da ARS (dois Médicos e uma Enfermeira) acompanhados por Coordenador e Assessor da Sub-Região de Saúde local (ambos médicos).

Digo "inesperada" porque ninguém no Hospital sabia do agendamento da referida visita, apesar de ela ter sido avisada por correio electrónico com 2 a 3 dias úteis de antecedência. "Relâmpago" porque ela ocorreu entre as 12 e as 13:30 horas.

Não fosse o facto de temporariamente estar a assumir, por delegação, as funções de elemento do CA do meu Hospital, por certo não me teria apercebido de tal visita.

Mas, "noblesse oblige", tive que tomar parte nela.

Juntamente com a Sr.ª Enfermeira Directora lá fomos quais cicerones a indicar o local, as condições de trabalho e as dificuldades com que doentes e profissionais se debatem, das áreas de Consulta Externa, Serviço de Urgência e Internamento do Serviço de Medicina, já que eram estas áreas que a referida delegação tinha por objectivo conhecer.

Em jeito de aparte, estranho tal interesse específico nestes sectores, já que quando solicitados a visitarem também as outras áreas Hospitalares o desinteresse foi manifesto, escusando-se com a "pressa" na visita. Saliento que nos 19 meses de funções do CA desta ARS bem como da Sub-Região de Saúde local, foi a primeira vez que tiveram a gentileza de nos contemplar com a agradável visita à casa que também é deles, o que da mesma forma não deixa de ser estranho já que eu quando começo a habitar uma nova residência quero conhecer "todos os cantos da casa", mas enfim.

Bom, mas à medida que a visita progredia iam os referidos colegas, constatando as dificuldades por que o Hospital está a passar em termos de instalações, equipamento, quadro médico, movimento assistencial, etc., ao mesmo tempo que as guardavam no "disco duro" da memória, por certo muito pouco sobrecarregado de ficheiros colocado em pasta com o nome "conhecimento da realidade".

Terminada a visita aos locais pretendidos, na Sala do Conselho de Administração, esperava eu e a Srª. Enfermeira Directora que sentados à volta de uma mesa se pudesse "conversar" sobre a visita que tínhamos acabado de realizar, sobre os problemas que afligem o Hospital, as perspectivas relativas ao proposto encerramento do SU local ou à já decidida e secreta integração num Centro Hospitalar.

Mas fomos logo contemplados com um "tirem isso da ideia", já que o que os trazia lá era o conhecer as referidas áreas que visitaram e que a vinda a esta cidade do interior tinha por objectivo melhorar a interligação dos cuidados primários com os Hospitalares, no campo do Serviço de Urgência. O mesmo teria sido conversado com os responsáveis da Unidade de Saúde Familiar recentemente inaugurada e que depois do almoço num restaurante da cidade, com o mesmo objectivo, teriam que se deslocar a outro Centro de Saúde para acertar as agulhas para a "inauguração" duma segunda USF do concelho.

Foram embora da mesma maneira rápida com que chegaram.

Mas ainda houve tempo para dar a conhecer aos distintos membros da ARS a desmotivação pela ausência de apoio, de perspectivas e de diálogo, num tempo de mudança que se aproxima com a integração desta Unidade de Saúde no secreto Centro Hospitalar que vai ser criado dentro de pouco mais que um mês.

Fiquei entretanto a saber que a falta de diálogo sobre a criação deste centro Hospitalar se deveu por um lado a dificuldades que não quiseram revelar (alheias à vontade do CA da ARS) e por outro lado acharam por bem não o promover para não criar alarmismos e falsas expectativas. Uma vez mais, é muito estranho.

Pediram-nos para esperar por esse dia e logo depois saberiam os responsáveis, os serviços os profissionais que aqui trabalham e a população de ... (pequena cidade do interior), o que lhes ia acontecer… poderão ter, quem sabe, uma prendinha de Ano Novo no sapato, a qual este CA está profundamente empenhado em oferecer.

A prenda dum Novo Hospital em ... (pequena cidade do interior).

Que Hospital... depois eu contarei.

segunda-feira, novembro 20, 2006

governo regional dos Açores transforma hospitais em EPE


"O Governo Regional dos Açores decidiu transformar em Entidades Públicas Empresariais (EPE) os três hospitais do arquipélago. A medida visa a introdução de critérios de gestão empresarial na administração das três principais unidades de saúde regionais. O objectivo é reduzir o défice e a sub-orçamentação no sector, que actualmente se cifra em cerca de 40 milhões de euros."

É esta a notícia do DN de hoje.

Pelos vistos o défice orçamental estaria a ser causado por administrações compostas por elementos do corpo clínico dos Hospitais de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta e para resolver o problema, o Governo Regional (que até não é do PSD) decidiu entregar a gestão das EPE a profissionais com formação naquela área.

Diz a notícia também, existirem outras medidas, para além desta, para combater o défice como:

. a emissão de “facturas amigáveis” (só para dar a conhecer ao “cliente” o que o SNS gastou com o seu tratamento),
. a introdução de taxas moderadoras, como aqui no Continente,
. a melhoria da gestão através dum Sistema de Informação da Saúde já adjudicado à empresa multinacional “INDRA” e que representa um investimento de 4,4 milhões de Euros,
. e mais não diz a notícia… mas deve haver mais medidas.

Tal como cá, apesar dos benefícios e ajudas recebidas pela insularidade, também o SNS dos Açores está doente.

E como as doenças são as mesmas… o tratamento proposto é o mesmo.

Boa Saúde, Açores.

E se resultar, avisem o pessoal do Continente.
P.S. Será que o post publicado ontem por SaudeSA, "Hospital c/Coquepite" , deu a ideia?

sobre as alterações ao DL 73/90


FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS

COMUNICADO
CONCLUÍDAS AS NEGOCIAÇÕES COM O MINISTÉRIO DA SAÚDE SOBRE AS ALTERAÇÕES PONTUAIS AO DL 73/90.

Na sequência do processo negocial desencadeado pelo Ministério da Saúde, foram concluídas as negociações, a 17/11/2006, com um resultado global bastante positivo, sendo possível afirmar que as carreiras médicas foram adequadamente salvaguardadas e que a essência do decreto-lei revogado (DL 92/2001) sobre o pagamento do trabalho extraordinário prestado na urgência volta a estar em vigor para parte do universo do número de horas deste tipo de trabalho.
A comparação entre a 1ª versão deste projecto ministerial e o texto final acordado permite verificar as seguintes questões fundamentais:
1- O projecto ministerial apresentou uma redacção sobre a concessão do regime de dedicação exclusiva em que os órgãos de gestão dispunham de poderes arbitrários, sem cumprimento de prazos, sem fundamentação das decisões, limitando-se a referir que seriam aprovadas “ de acordo com as necessidades dos serviços”.
O texto acordado mantém o prazo de 60 dias para a emissão da decisão, esta tem de ser “objectivamente fundamentada” e publicitada, bem como foram mantidos os 2 requisitos anteriormente estabelecidos no DL 412/99.

2- A inclusão de um pedido de dispensa do trabalho extraordinário para os médicos do regime das 35 horas, como suposta compensação pela revogação do DL 92/2001, foi objecto de intensa discussão, dado que as excepções previstas o anulam completamente.
A FNAM continuou a insistir na absoluta necessidade em manter o pagamento do mesmo valor/hora do trabalho extraordinário na urgência, na base das 42 horas semanais, independentemente do regime de trabalho.
Esta matéria manteve-se em discussão até á apresentação da última versão do projecto, tendo a FNAM apresentado várias propostas, incluindo a própria reentrada em vigor do DL 92/2001.
Face á insistência da FNAM na discussão deste assunto, foi encontrada uma solução de compromisso negocial, na base do pagamento das primeiras 7 horas, para os colegas do regime das 35 horas semanais, pelo valor/hora do seu respectivo regime de trabalho e de todas as horas extraordinárias seguintes pelo regime das 42 horas semanais.
A FNAM, na última reunião, ainda insistiu na contraproposta de o pagamento pela tabela máxima se processar a partir das 40 horas.
Esta discordância ficou registada na acta final das negociações
Simultaneamente, a delegação ministerial acabou por aceitar a exigência da FNAM em desencadear, dentro de algumas semanas, a discussão sobre o reconhecimento do serviço de urgência como serviço especial, sujeito a um acrescido desgaste e penosidade, e dotado de um enquadramento remuneratório específico.

3- Na carreira de clínica geral/medicina familiar a modalidade de pagamento do trabalho extraordinário referida anteriormente deixa de estar ligada somente ao trabalho de urgência ( SAPs, CATUS, etc..).
No caso dos colegas do regime das 35 horas semanais, todo o trabalho extraordinário, a partir da 7ª hora, é abrangido pela modalidade de pagamento das 42 horas semanais, tendo em conta a prioridade dada ao horário programado de funcionamento dos Centros de Saúde.
Nos Centros de Saúde onde funcionam SAPs ou serviços idênticos com outras designações, aplicam-se as mesmas regras remuneratórias do trabalho extraordinário previstas para a carreira hospitalar.

4- Na carreira hospitalar, o projecto inicial propunha que as 12 horas semanais de trabalho normal na urgência fossem convertidas em 24 horas de prevenção “ por conveniência de serviço”.
Por outro lado, tinha eliminado a designação de “ período semanal máximo “ quanto a estas 12 horas de trabalho normal, o que permitiria aos órgãos de gestão a arbitrariedade de poder afectar o número de horas semanais que entendessem ao serviço de urgência.
O texto acordado estabelece a manutenção do prévio acordo do médico para que se efectue esta conversão, bem como garante que também se mantenha o período máximo semanal de 12 horas de trabalho normal na urgência.

5- No projecto inicial, tinha sido eliminada a referência expressa ao período semanal máximo de 12 horas de trabalho extraordinário na urgência.
O texto acordado salvaguarda este período semanal máximo.

6- No projecto inicial, os médicos podiam ser obrigados a prestar trabalho extraordinário na urgência em outros estabelecimentos diferentes daquele onde estão colocados, sem qualquer referência a pagamentos de despesas de deslocação e alojamento.
No texto acordado, a prestação deste trabalho depende do acordo do médico e implica o pagamento das referidas despesas.

7- O projecto inicial possuía um ponto onde era prevista expressamente “ a criação de equipas cujo horário de trabalho semanal seja afecto total ou parcialmente ao serviço de urgência”.
No texto acordado este ponto foi eliminado.

Tendo em conta as questões referidas, consideramos que o balanço global deste processo negocial é claramente positivo e demonstra um enorme empenhamento negocial da FNAM na procura de soluções quanto á firme defesa das carreiras médicas.
Relativamente á questão do modelo de pagamento do trabalho extraordinário prestado na urgência, embora tenha sido encontrada uma solução de compromisso negocial, importa sublinhar que se trata de um assinalável êxito conseguir que um diploma revogado, há cerca de 3 meses, por decisão do Conselho de Ministros seja retomado parcialmente na sequência das insistentes e firmes propostas apresentadas pela FNAM.
Aproveitamos para chamar á atenção dos colegas que no princípio do próximo ano irá ser aberto pelo Ministério da Saúde um novo processo negocial em torno da revisão global do actual diploma das carreiras médicas.
Assim, a FNAM irá realizar iniciativas de discussão sobre esta matéria com todos os colegas interessados, tornando-se indispensável uma crescente mobilização em defesa das nossas carreiras.
A mobilização reivindicativa dos médicos irá demonstrar, mais uma vez, que qualquer reforma e melhoria dos serviços públicos de saúde só é possível de concretizar se tiver a participação e o apoio dos respectivos profissionais.
20/11/2006
A Comissão Executiva da FNAM

domingo, novembro 19, 2006

Congresso Nacional dos Hospitais


Francisco Ramos , Secretário de Estado da Saúde, na sessão de abertura do Congresso Nacional dos Hospitais abordou duma forma muito pragmática as preocupações e os objectivos do seu Ministério em relação ao SNS .
Um SNS com muitos "espinhos" mas também com muitas "rosas" propostas umas e já em desenvolvimento outras, para o tornar mais apelativo.

Mas no meio de tantas rosas e espinhos, ficou-me esta rosa com este espinho:
Afirma querer dar aos portugueses o garante da "defesa e o reforço de um sistema de saúde de acesso universal, sustentável no futuro e que garanta maior justiça social" e querer gerir "o equilíbrio orçamental dos hospitais pelo lado da despesa" ( o que se aplaude) mas nada é dito sobre o porquê das recém criadas taxas moderadoras e o agravamento das existentes e se isto também não é gerir pelo lado da receita/doente;

E este espinho com esta rosa:
Nada disse sobre o papel da iniciativa privada e a sua articulação com o SNS mas afirma querer o seu Ministério dar a importância devida à Rede de Cuidados Continuados, aos Cuidados Primários de Saúde com o investimento nas USF, às Vias Verdes, etc.

Antes pelo contrário, até parece que não lhe pretende dar assim tanta importância, já que é intenção "rever o modelo das parcerias público-privado" e "clarificar as ambiguidades que o anterior estatuto de SA (Sociedade Anónima) permitia sobre a eventual privatização dos hospitais".

Bem sei que falava para Administradores Hospitalares e abordava a problemática dos Hospitais Públicos mas enquanto representante de CC que não pôde estar presente (o que se estranha), ficava-lhe bem falar também sobre a importância (ou não importância) do sector privado. E não o fez...

Terá sido esquecimento ou propositado?

Fica talvez para outro Congresso...

Que nome lhe dar?

Aceitam-se propostas.

menos de 1000 mortos na estrada em 2006?

Ano de 2006 poderá ser o primeiro a registar menos de mil mortos na estrada
Comemora-se hoje mais um “Dia Mundial em Memória das Vítimas das Estradas
É de se ficar contente com esta notícia hoje publicada no PÚBLICO

Este ano (até dia 12 de Novembro), os acidentes de viação provocaram 708 mortos. Como a média de vítimas mortais por mês variou entre 60 e 88, é provável que o total anual não chegue às mil vítimas, o que será a primeira vez em Portugal desde que se produz estatística de sinistralidade (1975)

Vários factores foram apontados por Luís Escudeiro, da Associação Nacional de Segurança e Socorro Rodoviário como contributivos para esta redução:
A mediatização do tema da sinistralidade, as melhorias das estradas, o comportamento dos condutores, o fim da IP5 e não tanto a diminuição do numero de condutores…

Mas qual o papel que está a ter o INEM e as VMER na contribuição para a redução do número de mortos nas estradas?
Seria importante, que o INEM pudesse dar a conhecer dados relativos à mortalidade/morbilidade dos sinistrados por eles transportados aos serviços assistenciais já que se verifica pelos dados estatísticos do INEM ter sido a partir do ano de 2000 que este Instituto teve um maior incremento de equipamento, de actividade e formação.

Por certo que contribuíram também para a redução da mortalidade rodoviária e é neste campo que se vê de grande importância o seu reforço e implementação em todo o país.

Mas exige-se do INEM uma melhor articulação com o Serviço Nacional de Bombeiros (em termos de formação e de actuação), uma melhor coordenação interna, uma melhor definição de critérios e do local de actuação (em função dos meios disponíveis e da distância/tempo do local de socorro) e não menos importante, um melhor esclarecimento da população de “O que é e para que serve o INEM”. E agora ainda mais, quando se discute a "nova rede de Serviços de Urgência" nacional.

sábado, novembro 18, 2006

grandes unidades Hospitalares? Que futuro?


Segundo o enfermeiro-director do Hospital S.Teotónio, de Viseu, neste Hospital foi instalado um sistema de segurança único na Europa para todos os bebés e crianças internados nos vários serviços.


Todos os bebés e crianças passam a ser monitorizados nos seus movimentos no interior do Hospital, através de pulseiras electrónicas colocadas nos tornozelos e ligadas via rádio a uma central que comanda o encerramento de passagens para o exterior no caso da criança ultrapassar uma determinada área com a pulseira colocada bem como através de câmaras de vigilância.


Trata-se duma medida de segurança que é de louvar se não se esquecer a humanização que deve co-existir com esta medida.


Mas a necessidade quase que evidente desta e de outras medidas de controlo e de segurança dos doentes internados não deve pôr de lado uma análise, no que respeita aos custos/benefícios, sob o ponto de vista da gestão e assistencial, da concentração de serviços clínicos em grandes unidades hospitalares, como parece ser a actual política do Ministério da Saúde.


Recordo palavras de Adalberto Campos, gestor do maior Hospital do país que há tempos dizia que “gerir o Hospital de Santa Maria se assemelha à gestão de uma pequena cidade”. Poder-se-á dizer agora também que se assemelha à gestão dum grande “Centro Comercial” ou “Hipermercado” com controlo electrónico/informático de stocks, de entradas e saída dos clientes.

planeamento bem feito de Carmen Pignatelli



Negociações entre Carmen Pignatelli e Sindicatos Médicos para acordar alterações ao DL 73/90 sobre as Carreiras Médicas:

Cronologia:
Agosto de 2006 - Carmen Pignatelli promete enviar aos Sindicatos Médicos um Projecto Diploma de alteração ao Decreto-Lei nº 73/90 referente às Carreiras Médicas.
30 de Agosto – os Sindicatos recebem o referido
projecto.
21 se Setembro – FNAM emite parecer sobre o projecto a que se segue reunião inter-pares
03 de Outubro – Cármen Pignatelli apresenta
2ª versão
10 de Outubro –FNAM emite 2º parecer
19 de Outubro –
Reunião da FNAM com o Ministério da Saúde
24 de Outubro – Cármen Pignatelli envia
3ª versão
13 de Novembro – Cármen Pignatelli envia a 4ª e última versão
17 de Novembro – Reunião final e assinatura do documento

Quem ler esta cronologia fica com a sensação de ter sido difícil a negociação, tão vasto e importante é o Decreto-Lei nº 73/90 sobre Carreiras Médicas que se propunha alterar.
Apesar de no preâmbulo do documento se referenciar a necessidade da melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde primários através de vários considerandos, assim como às necessidades de atendimento urgente da população, desde o princípio das negociações se verificou que o que se propunha alterar era o regime de trabalho médico, o regime de “incompatibilidades”, “mobilidade” e a problemática das horas extraordinárias. Tão só.
Com o objectivo de poupar “uns tostões” com as horas extraordinárias dos médicos, essencialmente nos Serviços de Urgência Hospitalares, de pretensamente se aproveitar melhor os recursos humanos e de moralizar aquilo a que foi chamado de “trabalho médico mercenário”.

Mas com uma agravante, é que tudo isto que foi discutido e aprovado foi-o a “titulo transitório” já que o trabalho médico nos Serviços de Urgência “terá de ser objecto de novas regras, enquadradas por um modelo remuneratório que associa ao pagamento pela disponibilidade, uma remuneração adicional por contrapartida do desempenho da equipa médica e da prestação individual e que deve também prever contrapartidas financeiras para as equipas que dediquem a totalidade ou parte do seu horário normal de trabalho ao serviço de urgência” (preambulo do projecto apresentado por CP).

Para quê tanta reunião e tanta proposta de alteração?

Para em resumo se acordar em:
Os médicos em 42 horas semanais (exclusividade) continuam a ser obrigados a realizar, se necessário,12 ou 6 horas semanais extraordinárias (consoante a Carreira de Clínica Geral ou Hospitalar),.
Os médicos em regime de 35 horas semanais poderão pedir dispensa de realizar horas extraordinárias salvo excepções bem (ou mal definidas), mas se as fizerem por obrigação ou voluntariamente só receberão o valor/hora referente aos do regime de exclusividade, a partir da 42ª hora semanal.
Poderão os médicos realizar as 12 horas semanais obrigatórias de SU noutro Hospital, nos termos da lei geral do regime de mobilidade, que se presume ser em concelhos limítrofes do seu local de trabalho, sempre que não colida com a necessidade de o realizar a sua unidade de trabalho.
E por fim, os médicos que mostraram a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias na sua instituição (mesmo que o façam “por obrigação”), ficam “impedidos” de directa ou indirectamente serem contratados para exercer funções no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
Acta Final das Negociações sobre o projecto de alterações ao DL nº 73/90( Diploma das Carreiras Médicas).

E o resto do Diploma sobre as Carreiras Médicas? Isso fica para outra altura já que este planeamento tem que ser "bem feito".
Para o ano, quem sabe.

Não se criticam aqui os Sindicatos Médicos mas sim a metodologia aplicada por Carmen Pignatelli. É que a primeira versão apresentada bem como as que sucessivamente eram apresentadas, como modificações às anteriores, continham pontos reveladores de “má vontade negocial”, já que era evidente, logo à partida, que as modificações propostas não iriam ter a concordância dos sindicatos representativos da classe médica.
É como se costuma dizer “Vamos ver se pega”…

sexta-feira, novembro 17, 2006

a Ordem dos Médicos e a Entidade Reguladora da Saúde

A Ordem dos Médicos teve conhecimento de que a ERS detectou fraudes em 20% da facturação dos Seviços Convencionados e considera que ao divulgar esta fraude, sem identificar os agentes "fraudulentos", a ERS emite um juizo de valor que pode atingir os médicos que exercem Medicina Convencionada nas Misericordias e outras Instituições Particulares de Solidariedade Social.
Lamenta a atitude e requer à ERS que identifique as eventuais infracções e quem as praticou ou pratica por forma a que a generalidade dos médicos convencionados não sejam confundidos, no seu todo, com práticas ilegais.

Não há como clarificar bem as situações, de facto.
Mas também se espera que a Ordem dos Médicos, a confirmarem-se tais infracções praticadas por médicos (o que sinceramente não quero acreditar) actue com a punição que ao abrigo do código deontológico e disciplinar da classe está prevista.

morte de modelo brasileira


A notícia foi dada ontem.

"Modelo brasileira morre em consequencia de magreza"

Quem ouviu ficou chocado.


Não se admite o "culto da magreza" na moda!

Madrid até há semanas atrás proibiu modelos "tão magras" de desfilar!

Anorexia nervosa é uma doença!

Esta modelo deveria ter sido tratada!

A magreza desta modelo falecida (e de muitas outras não falecidas), também deve ser considerada como uma doença!

Trata-se duma doença provocada pela nossa sociedade!


Tudo se disse em relação a esta "morte" relacionada com a "magreza".


Mas ninguém se lembrou de falar sobre a mesma "doença", também causada pela nossa sociedade, bem mais chocante e preocupante, que provoca diáriamente a morte de milhares de homens, mulheres e crianças em África, Ásia e América Latina" e às vezes também neste cantinho da Europa.
Não é "alimentada" por interesses instalados no mundo da moda mas por políticas sociais e económicas hipócritas que da mesma forma são perpetuadas por interesses bem claros e bem mais preocupantes.


A notícia foi dada, sim.

Foi dada para "chocar" a humanidade.

quinta-feira, novembro 16, 2006

a semana dum funcionário público


Ontem foi 4ª feira.


Posso dizer que a 4ª feira é o dia da semana mais gratificante para mim que sou um simples "funcionário público", igual a tantos outros.
E digo ser o mais gratificante porque todas as 4ª feiras entro no meu emprego às 9 horas da manhã, como o faço também nos outros dias da semana, regularmente, com excepção dos Sábados e Domingos, mas com uma diferença: é que nesta 4ª feira só termino o meu trabalho à meia-noite!

Gratificante então porquê? Trabalhar 15 horas seguidas é gratificante?

Então não percebem que este período de trabalho de 15 horas representa mais de 1/3 do meu horário semanal?

É verdade sim, significa que se eu trabalhasse 3 dias com este horário, esgotava a carga horária semanal que é de 42 horas e assim ficava com 4 dias de folga no resto da semana.

Mas infelizmente não é assim.

Mas pronto, também é gratificante porque feitas as contas, se eu ontem "atendi" 42 cidadãos que procuraram os serviços desta instituição pública, e se no atendimento de 3 deles gastei em média 60 minutos e nos restantes 39 "utentes", 10 minutos por cada, cheguei à conclusão que na totalidade dispensei 570 minutos a que correspondem 9,5 horas de trabalho efectivo.
As restantes 5,5 horas dividi-as entre o almoço e o jantar, um café de vez em quando, a ver um ou outro programa da televisão, a conversar com os colegas do trabalho, a ler um livro ou um jornal e porque não, ainda tive tempo para escrever aqui um post (perto da meia-noite) e a fumar um cigarrito de vez em quando, junto da janela aberta para o exterior (sim, porque fumar em estabelecimentos públicos e em ambientes fechados é proibido, e acabei mesmo por me constipar tal era o frio e a chuva que por felicidade começaram ontem a aparecer).

Posso sinceramente dizer também (e contra mim falo) que às 3ª e 5ª feiras chego ao cúmulo de juntamente com mais 7 funcionários da instituição, em 6 horas de trabalho, só atender em média 5 cidadãos, mas em contrapartida, às 2ª em 8 horas, tenho que aturar 40 "seres" que só me põem problemas.

Finalmente reservo a 6ª feira para por ordem em tudo o que fiz ao longo da semana, com reuniões e mais "conversa" sem que tenha que dividir por mais uns não sei quantos funcionários, o atendimento de uns 15 a vinte "chatos" que querem sempre resolver, à nossa custa, os seu próprios problemas.

Ah! Esquecia-me… de vez em quando o meu "chefe" obriga-me a trabalhar, pasme-se! aos Sábados e Domingos. Com as mesmas 15 horas seguidas de trabalho e com os mesmos problemas das 4ª feiras. Neste particular acresce o benefício de não ter que aturar os chatos dos familiares, das visitas dos amigos de fim de semana, dos cães ou das galinhas lá de casa também.

Não é bom ser funcionário público assim?

Razão não falta a JS em querer reestruturar a Administração Pública pelo que me coloco à disposição do Sr. Ministro da tutela para rever com ele a minha actividade e a dos meus colegas de trabalho (quem sabe se não me auto-proponha para o quadro dos excedentários).

Assinado por mim "J.F."

quarta-feira, novembro 15, 2006

afinal os salários do portugueses não são baixos...








Os salários em Portugal não são baixos e não existe nenhum indício de que a economia esteja a caminhar no sentido de remunerar melhor o factor trabalho. Esta dupla negação de duas constatações que se tornaram lugares-comuns no País constitui a principal mensagem do estudo de Pedro Portugal, divulgado ontem no boletim económico do Banco de Portugal.

Segundo este estudo, "o salário é baixo se inferior ao valor da produtividade marginal e alto se superior ao valor da produtividade marginal".

O estudo sustenta ainda que Portugal é "um caso extremo de rigidez nominal dos salários", em grande parte devido à impossibilidade legal de redução destes. Perante isto, e num contexto de baixa inflação, as empresas sentem dificuldades crescentes em "acomodar através dos salários choques negativos sobre a procura do produto", o que acaba por se reflectir na predominância de variações nulas. Assim, resta às empresas a almofada financeira dos suplementos remuneratórios, que podem, estes sim, ser retirados em períodos de crise.
Currículo de PP:
Licenciatura em Economia by the Faculdade de Economia do Porto (1982). Ph.D. in Economics by University of South Carolina. Fields: Industrial Organisation and Public Policy and Human Capital and Labor Economics (1991). Agregação em Economia by the Faculdade de Economia do Porto (1999). Senior researcher at the Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal.Professor of economics at Faculdade de Economia Universidade Nova de Lisboa.
Eu não precebo nada, mas mesmo nada, de economia mas estou quase a acreditar...

terça-feira, novembro 14, 2006

esperem por amanhã

Comunicar aos amigos...

E não vão ter que esperar muito, que amanhã tenho mais notícias.

também na agricultura, como na saúde


Deixando um pouco o tema “saúde” só para dar uma vista de olhos ao que os nossos governantes andam a fazer…


É que hoje não me apetece falar sobre o Centro Materno Infantil do Norte que foi hoje "reanunciado" por CC e que já não vai ser este aqui ao lado que era só um anteprojecto... que custou bem menos que os 37 milhões de euros previstos para o de agora que não vai precisar de projecto sequer...



Segundo o “Público” de hoje, “O deputado comunista questionou o Governo no passado mês de Junho, via ministro dos Assuntos Parlamentares, sobre a execução dos Protocolos assinados desde Janeiro de 2003 entre o Estado e a Casa do Douro. A resposta saiu do gabinete do ministro da Agricultura no passado mês de Setembro, num ofício assinado pela chefe de gabinete do ministro Jaime Silva. Nessa resposta, de 11 páginas, existem longos parágrafos que copiam na íntegra algumas das respostas que o ex-secretário de Estado do Desenvolvimento Rural Bianchi de Aguiar, membro da equipa ministerial de Sevinate Pinto, deu numa entrevista publicada no Semanário Económico a 11 de Julho de 2003.
Plágio?
Não…. Porque "As respostas são iguais porque não pode haver outras respostas. São respostas históricas, que reproduzem o que aconteceu, e retiradas de documentos do ministério", terá afirmado fonte oficial do gabinete do actual Ministro da Agricultura, Jaime Silva.

Reforma-se assim o país na continuidade, mas na continuidade do governo anterior.
Já agora porque não também na Agricultura, se na saúde…?

irracionalidade

será isto irracionalidade?
que irracionais somos nós...

segunda-feira, novembro 13, 2006

baixam os preços dos MCDT e tratamentos de hemodiálise


Acabo de ouvir agora mesmo na TSF mais uma de CC e seu Ministério. Pela calada, de mansinho vai dando uma no cravo e outra na ferradura.
Então não é que agora vai aplicar o princípio de quanto mais se produzir/menos se ganha? (leia-se quanto mais vender/mais baixo poderá ou será o preço do produto, já que assim é que é correcto sob o ponto de vista empresarial)

Assim os gestores de Laboratórios de Patologia Clínica, de Radiologia ou de Clínicas de Hemodiálise privadas podem assumir o papel de gerentes de qual grande centro comercial ou hipermercado.
Só que neste aspecto quem vai definir o abaixamento dos preços de venda não é o vendedor mas sim o fornecedor...
Estranho conceito empresarial de controlar os preços...

a minha dor de barriga


É provavelmente (ou talvez não!) malhar em ferro frio.
Mas o encerramento liminar do serviço de urgência no Hospital de S.José de Fafe não deixa de me provocar... dores de barriga
E não é que não entenda que as "grandes urgências" devem ser reencaminhadas para serviços melhor apetrechados, humana e tecnicamente, após a estabilização possível e, claro está, partindo do princípio (nem sempre verdadeiro) que haverá, para esses casos mais graves capacidade instalada para o efeito e que responde em tempo útil.
Mas, onde levo a minha súbita dor de barriga?
O que faço com a febre do meu filho?
Como vou lidar com a "fraqueza" do pai idoso?
Que resposta para a angústia da avó, que cuida do neto enquanto os pais trabalham, vendo-o empapar o lenço com o sangue que lhe jorra do nariz?
Onde encontrar panaceia para os dedos que o irmão mais novo entalou na velha e pesada porta da cozinha?
Como tranquilizar tantas pessoas que, com pequenos grandes problemas de saúde, sabem que serão os últimos dos últimos num serviço, que inevitavelmente (e isso foi dito alto e bom som!) não vai ter tempo nem espaço para elas?
É que, nisto da saúde, o meu pequeno problema é também, e será sempre, um problema grave!
E tratando-lhe o "linimento", aumenta-lhe a angústia, o desequilíbrio emocional, avaria-se-me o sistema nervoso!
A isto, na minha modesta opinião, chama-se retrocesso.
É como um regresso ao tempo em que o corpo humano se dividia apenas em cabeça, tronco e membros.
Ou calças, casaco e chapéu, para os mais "pudicos".
E a solução, vai ter de ser, de novo, a visita ao velho boticário, que aviará permanganato para as "calças" (um nadinha abaixo do cinto, o bicarbonato para o "casaco" e o borato para o "chapéu" (ligeiramente abaixo da aba!).
E para lancetar o "quisto", lá iremos ao barbeiro!
Que não nos fechará a porta!
E nos acalmará a ansiedade com uma das suas bem-humoradas e intermináveis histórias do quotidiano!
Como o melhor dos psicólogos, de resto!
por José Manuel Domingues em "Povo de Fafe" 03-11-06

Este é o testemunho dum cidadão fafense que em tom irónico diz o que tem a dizer.
É o testemunho idêntico a muitos outros que são expressos por outros tantos cidadãos duma cidade ou região do interior do país, quando são confrontado com a possibilidade de encerramento do Serviço de Urgência a que estavam habituados recorrer há longos anos.
Sim, porque CC prepara-se para dar cumprimento ao desejo do Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos quando já no ano passado, publicamente, chamava à atenção dos portugueses de que estes deveriam perder o hábito de "querer ter sempre um médico atrás de cada árvore".
É um hábito que desde 1974, com o Serviço Médico à Periferia, foi criado nos portugueses e que contribuiu com a posterior implementação do SNS, para uma melhoria dos indicadores sobre a saúde em Portugal. É com este "hábito" que se pretende acabar ao afastar o cidadão dos cuidados de saúde em vez de o aproximar, afastando os serviços das pequenas cidades e aldeias, concentrando-os nas grandes cidades e metrópoles, a exemplo do que se está a fazer com as Escolas, Tribunais, Forças de Segurança e outros Serviços Públicos.
A isto chama-se protecção e incentivo à desertificação do interior do País e já agora plantem muitas árvores para que nem cidadão atrás delas se possa ocultar.
É o que também assim pensa CC e por obrigação também o dizem pensar, os membros da comissão que a pedido do Ministro, elaborou o mapa das despromoções e das requalificações dos SU.
Só que os “competentes e capazes” técnicos de saúde, alguns dos quais já fazendo parte do Grupo de Trabalho das Urgências de quem partiu a adopção do método de triagem de Manchester, são todos eles excelentes profissionais nas suas respectivas áreas de conhecimento e prática (cirúrgica, anestésica e médica) mas também muitos deles (ou todos eles) também desconhecedores, ou conscientes desconhecedores, da realidade dum Serviço de Urgência. Não das Unidades de Cuidados Intensivos, dos Serviços Médicos, Cirúrgicos e de Diagnóstico de ponta, das Salas de Estar dos Blocos Operatórios ou dos Gabinetes Médicos dos SU, mas das salas de triagem e de tratamento, junto dos doentes “menos graves” e de seus familiares (dos grandes e pequenos Hospitais, das grandes e pequenas cidades).
Se não se esquecessem da realidade de quando andavam a “aprender para ser especialistas” ou a “fazer currículo e a estudar para cargos de chefia”, por certo também não esqueceriam “as dores de barriga” que com a sua proposta estão conscientemente a provocar aos seus concidadãos.
Devem os médicos que trabalham nas "grandes unidades" estar conscientes da importância de permanecerem nos seus postos de trabalho, sempre que as situações de doentes “mais graves” lhes vão parar à mão e os tratem com a qualidade que se lhes exige e está ao seu alcance. Mas também devem estar conscientes de que o imenso trabalho que os seus colegas (não técnicos) têm para tratar a “dor de barriga, a febre do bebé, o sangue que jorra do nariz e os dedos entalados” também o fazem, com a mesma responsabilidade e profissionalismo e mais não lhes podem pedir, assim lhes dêem condições e mais meios técnicos e humanos para mais fazerem.
Fale-se em sustentabilidade do SNS mas não se transfira para o cidadão o ónus do problema.
Fale-se em rentabilização dos recursos mas com o aproveitamento não só dos meios humanos mas também dos estruturais.
Fale-se no combate ao desperdício mas poupe-se nos gastos com o atendimento em grandes unidades de saúde, potencialmente mais caras por doente assistido, e nos erros de gestão financeira.
Fale-se em modernização do SNS mas não se retroceda nos direitos à saúde.

misericórdia senhor ministro !


MISERICÓRDIAS

Provedor diz que taxas adicionais nos hospitais são ilegais
O Provedor de Justiça considera ilegal a cobrança de taxas adicionais aos utentes dos estabelecimentos de saúde convencionados com o Estado. Nascimento Rodrigues pede ao ministro da Saúde para resolver o problema.

Em comunicado, Nascimento Rodrigues adianta que «a Provedoria apurou que estabelecimentos de saúde convencionados, nomeadamente os Hospitais das Misericórdias, cobram aos utentes da SNS importâncias adicionais», acrescentado que essa cobrança «é ilegal».O documento refere ainda que o Provedor da Justiça solicitou a Correia de Campos que «proceda de forma célere à resolução do problema» sobre o pagamento de comparticipações adicionais, que não estão previstas nos protocolos entre o Sistema Nacional de Saúde (SNS) e os estabelecimentos convencionados. TSF

Nascimento Rodrigues foi eleito Provedor de Justiça pela Assembleia da República em 18 de Maio de 2000, por 162 votos a favor e 46 contra. Tomou posse em 9 de Junho daquele ano e, em 10 de Julho de 2000, tornou-se Conselheiro de Estado.
Foi reeleito em 17 de Junho de 2004, por 182 votos a favor e 7 contra.

Estranha-se que o Sr.Provedor só agora tenha tomado esta posição sobre esta ilegalidade, por certo por só agora ter recebido alguma denúncia do que as Misericórdias estão a cometer há já muitos anos.

Mas que o Sr.Ministro da Saúde, como arauto defensor da equidade do SNS, não tenha sido informado pelas Administrações Regionais de Saúde do procedimento que estava a ser utilizado pelas Misericórdias e não só, já que inspectores das mesmas há já algum tempo realizam auditorias às contas apresentadas às ARS por estas instituições, Sr. Ministro.... não se admite!

E saiba-se que não é só o respeitante às comparticipações adicionais cobradas aos doentes mas também as comparticipações pagas pelo MS por doente tratado, por medicação gasta e por exames complementares realizados, estes pagos por todos nós com dinheirros do SNS.

E já não falo nas listas de espera para Cirurgia (no ambito do SIGIC).

domingo, novembro 12, 2006

congresso de aplausos


Ministro da Saúde justifica novas regras para viabilizar SNS
O ministro da Saúde, Correia de Campos, justificou hoje no Congresso do PS as novas taxas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) como a única forma para manter viável este modelo público.
«Pequenos sacrifícios imediatos são a melhor garantia do futuro do SNS», afirmou o ministro, que ouviu vários aplausos por parte dos militantes que hoje (Diário Digital 12-11-06)

Mas o aplauso no Congresso do PS não foi surpresa para ninguém assim como o não é a quase unanimidade de apoio à política de JS por parte dos congressistas, ou não fosse este congresso "cheio" de delegados à espera de oportunidades.
Aplausos a CC quando anuncia contar com os 7 a 9 milhões de euros, arrecadados com as taxas ditas moderadoras, para tratar 2000 novos doentes com cancro.Com este anúncio, CC não se furta, demagogicamente, a apelar aos bons sentimentos dos portugueses.
O que CC, demagogicamente também, esconde aos congressistas e à opinião pública é que dos 5.5 milhões de portugueses "isentos de pagar taxa" uma grande maioria deles não está nem irá estar isento de contribuir proporcionalmente, com os seus impostos para o SNS (vide propostas do OE 2007 sobre o IRS de reformados e deficiente).
O que CC, também demagogicamente, não esconde é o argumento "gasto e cansado" do preço das refeições hospitalares já que não consegue arranjar mais argumentos para defender o que é indefensável à luz da actual Constituição.
Não deve CC também esconder, demagogicamente, que conta com as taxas para modernizar o SNS.

Impõe-se sem dúvida uma modernização do SNS.

Mas pede-se a CC que também aqui não seja demagógico e que diga claramente aos portugueses que com esta modernização, ao contrário do que diz, não torne a privatização mais apetecível, como o foi em outras empresas que já foram públicas?

É que o toque está a ser dado: "com a introdução de melhorias é possível prevenir tentações privatizantes".
Esperemos que sim …

sábado, novembro 11, 2006

no Amadora Sintra afinal tudo bem...


Afinal parece que nada se passou.

Mas segundo o DN parece que o "crime" existiu, não económico, mas de erros de fiscalização do que o Grupo Mello e o Estado andam ou andavam a fazer.
"Não haverá dúvidas que a conduta dos arguidos não acautelou devidamente os interesses patrimoniais do Estado" segundo o despacho de arquivamento, tendo havido só "negligência" e não "intenção de prejudicar".

E quais as desculpas?
A adopção de "práticas burocráticas incorrectas que se foram transmitindo de gestão para gestão".
A existência de um único gestor delegado da ARS de Lisboa e Vale do Tejo junto do CA do Amadora Sintra, que lhe ocupava um dia de trabalho por semana.
A grande complexidade do controlo da gestão do Amadora Sintra.
A escassez de meios e conhecimentos técnicos que os gestores delegados dispunham para levar a cabo tal tarefa.
A complexidade do contrato assinado entre o Estado e o Grupo Mello.

Até Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, se congratula com o arquivamento determinado pelo Ministério Público do processo de suspeita de crime económico de que eram acusados Constantino Sakelarides, Ana Teodora Jorge, Maria Pequito, Maria Amaral, Carlos Costa, Luís Névoa, Fernando Alves, Manuel Ligeiro, José Sequeira Andrade e Sandra Silveira (antigos administradores da ARS de Lisboa e Vale do Tejo.

Termina a notíca:

"O Estado nunca fiscalizou a actividade do Hospital e, de acordo com esta auditoria, acabou a pagar por cuidados nunca prestados aos doentes. Em consequência, os ex-gestores da Saúde foram alvo de processos para apurar a sua responsabilidade nos factos."
E estamos nós a debater o desperdício, a sub-produtividade, o caos e a desiguladade no SNS.
O exemplo deve vir "de cima" e não parece que tal esteja a suceder.

Há que aguardar pelo apuramento de responsabilidades ou ficaremos perante mais um caso "Costa Freire".
Será que ficamos?
Só para se saber quais as irregularidades praticadas:
Conclusões da auditoria do Tribunal de Contas ao Hospital Amadora - Sintra:
Falta de provas
Até 2000, a entidade gestora do Amadora-Sintra não enviou quaisquer documentos sobre as suas contas, e os conselhos de administração da ARS, "apesar de ser essa a sua obrigação", nunca os pediram. Assim, os responsáveis permitiram que fossem processadas e pagas despesas indevidas.
Pagamentos indevidos
”A aceitação passiva” dos resultados financeiros apresentados levaram ao pagamento de despesas não previstas no contrato e até mesmo de pagamentos em duplicado, no valor de 69,8 milhões de euros. Foram inclusivamente pagos dois meses de actividade quando hospital não estava ainda a funcionar.
Anuidade
A actualização do preço global pago pelo Estado devia ser feita através do aumento dos actos clínicos nos diferentes serviços, o que devia acontecer a 1 de Novembro de 1996. Contudo, "foi aceite a actualização proposta pelo hospital, com início em Junho de 1995. Por isso, o Estado pagou mais 21 milhões.
Análises ao HIV/Sida
Foram pagos 964 mil euros por análises feitas ao HIV/sida dos utentes, mas que "é ilegal" por não estar previsto no contrato.
Erro de contas
O Estado pagou 1,29 milhões de euros por um erro no fecho de contas de 1997, que imputava despesas de medicamentos, transporte de doentes e meios de diagnóstico que deviam ser arcados pelo próprio hospital.
Urgências privadas
O Amadora-Sintra recebeu do Estado mais 15 mil euros por atendimento em urgência de doentes que pertenciam a subsistemas ou outras entidades privadas, como seguradoras.
Internamentos
Também foram debitados valores por internamento de doentes que não pertenciam ao Serviço Nacional de Saúde, que era transferidos entre serviços dentro do próprio hospital ou colocados em clínicas privadas de retaguarda. Uma contabilidade acrescida que custeou ao Estado 15, 3 milhões de euros.DN/18.11.2005

Ficamos por aqui.

sexta-feira, novembro 10, 2006

como uma ode ao SNS

se ainda há um ideal, ainda há um caminho.
porque ainda há um poema...


Cântico Negro
José Régio

"Vem por aqui"
dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem:
"vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis:
"vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga:
"vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
Sei que não vou por aí.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Saúde poderá exigir mais pagamentos dos cidadãos -JN




"É chegada a altura de perguntar às pessoas o que querem fazer ou pagar mais, ou entrar em políticas de racionamento", diz Manuel Delgado, presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.


Assim se vai preparando a pouco e pouco a opinião pública para o “inevitável”.
Aguarda-se o que José Sócrates vai decidir depois de perguntar também às pessoas, se preferem contribuir com mais alguma coisa para o campeonato do Mundo ou se preferem ver a selecção na cauda do ranking mundial de selecções.

Madail quer candidatura ao Mundial-2018 - JN


"Se em 2018 o campeonato do Mundo regressar à Europa, tal como a Inglaterra se está a preparar, acho que Portugal e a FPF, quem cá estiver, se deve preparar“, diz Gilberto Madail, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

contradições de quem tem dificuldade em assumir responsabilidades

Considero importante dar a conhecer as posições dum médico com reconhecidas responsabilidades na área de Cuidados Primários da cidade de Fafe, sobre a proposta de encerramento do Serviço de Urgência do Hospital local, posições estas que foram expressas no jornal “Correio de Fafe” de 3 de Novembro de 2006.
Para quem não sabe o Dr. Raúl Cunha, é médico há já cerca de três dezenas de anos, natural e residente no Concelho de Fafe, foi durante muitos anos Director do Centro de Saúde de Fafe, é membro da Assembleia Municipal de Fafe pelo Partido Socialista e seu representante eleito para a Comissão de Saúde e é coordenador da única Unidade de Saúde Familiar do concelho, recentemente inaugurada com pompa e circunstância por CC.
Diz ele no referido jornal local que a Comissão criada para a reavaliação da rede de SU é “tão competente” que até merece elogios do bastonário da Ordem dos Médicos já que é composta por elementos “de reconhecida capacidade e competência nesta matéria”.
E pergunta:
Então porque será que a Comissão tão competente propõe para Fafe uma solução (encerramento do SU) que levanta tanta agitação? O que realmente temos no Hospital?” Um SU em que “os doentes poli traumatizados graves são enviados para Guimarães”, “um SUMC que nunca existiu enquanto tal” e que a Comissão pretende encerrar.
Então Fafe deve “ficar sem um local onde se possa recorrer em situações de menor gravidade 24 horas por dia?” Não, Fafe “deverá ter é um Serviço de Urgência Básico que sempre foi.”
Afirmando que no momento ainda nada se tenha modificado ao nível do SACU do Centro de Saúde nem deverá ser modificado, já que “tem que ser dada resposta ao nível dos Centros de Saúde e o hospital deve ser reservado para as situações verdadeiramente urgentes.” Mas ao mesmo tempo revela que o que modificou foi o “horário de funcionamento que foi encurtado”.
Esperando que garantido um SUB no Hospital “este continue a receber os doentes da mesma forma e não vejamos de novo regressarem as lamentações da ineficácia do Centro de Saúde e do abuso dos cidadãos ao recorrerem a serviços vocacionados e montados para prestarem outro tipo de cuidados. Quero acreditar que não estejamos a assistir a uma manipulação inqualificável da população de Fafe o que seria verdadeiramente intolerável. Parece-me que se está a fazer uma agitação em torno duma ameaça que não o é verdadeiramente”
Termina no seu artigo com desejos de esperança de com estas reformas que estão a ser feitas na área da saúde nos torne “num País verdadeiramente desenvolvido e Europeu” e que dê “aos Fafenses mais e melhor saúde que é o que realmente a todos nos deve interessar.”

Foi isto que em resumo se leu no Correio de Fafe de 03 de Novembro de 2006-11-09
Quantas contradições.
Quantas dificuldades em defender o que é indefensável.
Quantas dificuldades em defender o que é defensável.
Quantas dificuldades em assumir responsabilidades.

na defesa do SU em Fafe


Resposta dos médicos do Hospital de S.José de Fafe às contradições, às dificuldades em defender o indefensável e o defensável e de assumir as responsabilidades...

SOBRE O SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL DE S. JOSÉ DE FAFE

Uma Resposta Necessária

Resolveu o Dr. Raul Cunha, em artigo publicado “Jornal Correio de Fafe” de 03/11/2006, dar a sua opinião sobre o assunto que neste momento tem sido objecto de discussão no nosso Concelho, e não só, o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de Fafe.

É de louvar esta participação, não só por ser o Dr. Raul Cunha, um profissional da saúde com largos anos de experiência, como pelo facto de ser o representante eleito da Comissão de Saúde da Assembleia Municipal de Fafe, portanto com a acrescidas responsabilidades quando a Sociedade Fafense se encontra a discutir pelas formas mais diversas este problema que tem levantando fundadas preocupações em sectores amplos do nosso Concelho.

Mas por estas mesmas razões, é pena que só agora o Dr. Raul Cunha traga a público este “Contributo para o Debate” , como lhe chamou, pois a verdade é que os Fafenses se encontram a discutir este assunto à quase um ano, não sendo conhecida nenhuma posição relevante do Dr. Raul Cunha, durante estes meses para esta discussão.

Para fundamentar as posições que defende, o Dr. Raul Cunha socorre-se de argumentos já amplamente ouvidos a outro nível, de que o estudo efectuado propõe o encerramento de várias Urgências, entre os quais a de Fafe, é feito por um leque de pessoas de reconhecida”capacidade e competência” , a que se junta a voz do Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos, que afirmou recentemente que se tivesse que ser ele a escolher uma Comissão para esse efeito, escolheria exactamente essas pessoas por serem as mais competentes, capazes, etc, etc, etc.

Mas o que o Dr. Raul não consegue explicar, “porque é que a solução proposta por uma Comissão tão competente levanta tanta agitação?”, como é que tal estudo que propõe o encerramento de várias Urgências Hospitalares, tem sofrido críticas generalizadas dos mais diversos sectores políticos e profissionais.

E para defender a sua posição, o Dr. Raul Cunha deturpa a realidade em alguns aspectos essenciais.

Como ponto prévio, gostaríamos de dizer que os Médicos do Hospital de S. José de Fafe, porque são pessoas responsáveis, e defensores acérrimos do SNS, estão perfeitamente de acordo com as motivações e o desígnios do estudo sobre a Reestruturação das Urgências feito pela Comissão de Técnicos. O mesmo não podemos dizer do seu conteúdo, que está cheio de omissões e erros de avaliação, situação que já tivemos oportunidade de denunciar no lugar certo e em tempo útil.

Assim sobre a posição do Dr. Raul Cunha poderemos dizer.

Em primeiro lugar, ao analisar a actividade no Serviço de Urgência no Hospital de Fafe diz que, e citamos” no Hospital de Fafe é feita uma primeira avaliação dos casos, e sempre que se trata de uma situação mais grave, é encaminhada para o Hospital de Guimarães”.

Esta afirmação, provinda de um Médico que inclusive já trabalhou na Urgência do Hospital de Fafe, só pode revelar ignorância ou má fé; ignorância se desconhecer (o que nós não acreditamos) que o nosso SU se tratam patologias bem graves, muitas delas verdadeiras emergências médicas, e com essa intervenção se salvando muitas vidas, pois não seria possível que chegássem com vida ao Hospital de Guimarães se não fossem atendidos na Urgência de Fafe; e ignorância (o que também não acreditamos) por desconhecer que a grande maioria desses doentes (96%) não são transferidos depois de tratados em Fafe para Hospital nenhum, mas ficam internados na nossa Instituição com a excepção lógica dos doentes que necessitam de Unidades Especiais, como a Unidade Coronária ou a Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente. Alias, e só a título de exemplo o Hospital de Famalicão, quando tem um doente a necessitar de UCIC ou de UCIP, transfere esses doentes para Guimarães, o que em qualquer caso representa uma pequena percentagem desses casos denominados graves. Diga-se para complemento da informação que em cada 100 doentes que recorrem ao SU do Hospital de Fafe, só são transferidos para outras Unidades Hospitalares, Guimarães, Braga ou S. João no Porto, 4% desses mesmos doentes.

Em segundo lugar, o Dr. Raul Cunha afirma que esta “Comissão pretende encerrar um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgico que nunca existiu enquanto tal” . Falso, Sr. Dr. Raul Cunha, esta Comissão propõe o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de Fafe “tout court”, e não a criação de um Serviço de Urgência com outras características, vulgo SUB na terminologia da referida Comissão, que ninguém sabe na verdade o que seja; quem são os médicos que a compõe? Clínicos Gerais? Médicos indiferenciados? Médicos Hospitalares?, já agora um SUB de um Centro de Saúde como Montalegre que está previsto é igual a um SUB de um Hospital idêntico ao de Fafe como é o caso de Valongo?; O Trabalho da Comissão de Técnicos é completamente omisso quanto a isso.

Com esta solução proposta pela Comissão, acontece que entre Vila Real e Guimarães, não está prevista a criação de nenhum Ponto de Urgência, pelo que uma população de aproximadamente 120 000 pessoas para tratar qualquer problema de saúde por menor que seja, ter-se-à que deslocar a um Hospital Polivalente como Vila Real, ou então a um Hospital Médico-Cirúrgico como o de Guimarães. Em qualquer das situações a maioria dessa população fica a uma distância desses ponto de urgência que ultrapassa largamente o tempo de socorro proposto pelo estudo da Comissão de Técnicos. E querem convencer-nos que isto é lógico, poupa recursos, beneficia as populações e é feito por uma comissão altamente competente!

Em terceiro lugar, o Dr. Raul faz um apelo para que todos os responsáveis (“TODOS”, escreve ele), unam esforços para desfazer equívocos (quais?) e “garantir a Fafe o atendimento que tem desde 1992 com Serviço de Urgência Básico a funcionar 24 horas/dia”.

Desta forma se pretende escamotear a denúncia feita por todos aqueles que têm seguido com preocupação o problema do encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de Fafe, de que, mesmo que ele não seja encerrado, mas sim transformado em Serviço de Urgência Básico, o que representará sempre uma desvalorização dos Cuidados de Saúde prestados à população de Fafe e Concelhos vizinhos, pois muitos dos actos praticados neste momento na Urgência de Fafe, deixam de poder ser realizados, nomeadamente Urgências Médicas, Ortopédicas ou Cirúrgicas, pela falta de Médicos com capacidade técnica para tal.

Em quarto lugar, o Dr. Raul Cunha tem se esquecido, do esforço que esta Instituição e os seus Profissionais têm feito ao longo dos anos, com várias denúncias feitas à Tutela, para garantir um Serviço de Urgência a funcionar 24 horas/dia, o que não tem impedido que este Hospital conforme a Tutela tem reconhecido, mantém indicadores de actividade a que podemos intitular de “excelentes”.

Em quinto lugar, entendemos que a construção de um novo Hospital neste Concelho, que nós Médicos desta Instituição veríamos com bons olhos, possa estar neste momento a ser um mero pretexto para desviar a atenção das pessoas sobre o problema de hoje e mais premente que é a Urgência em Fafe; senão, vejamos o que está a acontecer em Braga com o Hospital Central (esse sim essencial), cuja obra há anos espera o seu início.

Em sexto lugar, as suspeições levantadas pelo Dr. Raul Cunha, sobre “manipulação das populações”, ou “os doentes” continuarem a ser tratados da mesma forma, quando o actual SU se transformar num SUB (para o que parece o Dr. Raul Cunha já terá uma garantia formal!), não merecem de nós qualquer comentário por raiarem os limites da provocação e da falta de ética.

Como aspectos positivos desta contribuição do Dr. Raul Cunha neste Debate, apenas dois factos:

Considerar que o problema do Hospital de Fafe, é um problema polémico, a exigir debate, desta forma e aparentemente, contrariando as posições do Sr. Presidente da Câmara Dr. José Ribeiro.
O facto do Dr. Raul Cunha ter concluído tal como nós, que a Comissão de Técnicos afinal não é tão competente quanto isso, pois enquanto a Comissão propõe o fim da Urgência em Fafe, o Sr. Dr. Raul Cunha propõe a criação de um Serviço de Urgência Básica.

Os Médicos do Hospital de S. José de Fafe,
Hospital S.José de Fafe, 08 de Novembro de 2006
(assinado)