quarta-feira, agosto 29, 2007

desabafos


Decorridos já 7 meses da constituição do Centro Hospitalar do Alto Ave (1 de Março de 2007) continua a Unidade de Fafe a ser considerada o parente pobre do Centro Hospitalar.

Preocupação imediata da sua Administração (durante o mês de Março de 2007) foi dirigida para um melhor (aparente) aproveitamento dos seus funcionários administrativos (do quadro e em regime de contrato), consubstanciado na sua mobilização voluntária/compulsiva, do Hospital de S.José de Fafe para o Hospital Senhora da Oliveira, agora entendidos como Unidades de Fafe e de Guimarães do Centro Hospitalar.

De louvar seria se esta rentabilização dos efectivos, decorrente da necessária centralização de alguns serviços administrativos outrora pertencentes a instituições autónomas, tivesse sido fundamentada em estudos prévios de avaliação das necessidades numa e noutra Unidade.

Tais estudos, a terem sido realizados, revelaram-se, com a sua aplicação, através da tentativa (nalgumas situações consumada) de fazer deslocar para Guimarães os mais competentes, os mais “bem queridos” de entre os profissionais da Unidade de Fafe colocando assim em perigo a qualidade dos serviços nesta Unidade.

A esta transferência associou-se o expurgo de equipamento informático e de apoio administrativo para a sede do Centro Hospitalar (Unidade de Guimarães) realizada de forma prepotente, autoritária e desrespeitosa, da responsabilidade de quadros intermédios de direcção nomeados (e ainda em funções de gestão corrente) pela Administração do então Hospital Senhora da Oliveira de Guimarães, equipamento este que se mostrava importante para suprir carências em outros serviços da Unidade de Fafe.

Este clima de “quero, posso e mando” pressentido pelos profissionais da Unidade de Fafe, em nada contribuía na altura, para uma boa integração das duas Unidades, tendo sido “acalmada” esta ânsia de “tudo levar para Guimarães” e este modo de assim proceder com um reparo dum elemento do Conselho de Administração alertado que foi pelos profissionais da Unidade dos acontecimentos ocorridos.

Passada esta fase administrativa inicial (de má memória) de estruturação do CHAA, esperava-se que a este clima de ausência de dialogo e de clarificação de procedimentos se seguisse um diálogo aberto e concertado alicerçado na disponibilidade demonstrada em Maio pelos responsáveis das áreas clínicas da Unidade de Fafe, com a apresentação dos seus planos de acção individuais e colectivos, propondo um aumento da produtividade e medidas organizacionais conducentes a um aumento da qualidade assistencial aos doentes da área de influência da Unidade.

Em consonância com o desejo do CA, superaram, no primeiro semestre de 2007 a produtividade (já elevada) do mesmo período do ano anterior.
Criaram novas valências assistenciais na Unidade (dor crónica, cuidados paliativos, controlo de coagulação).
Pugnaram pela melhoria da qualidade assistencial documentada pela redução das readmissões, taxa de infecção hospitalar, ausência de lista de espera para cirurgia, demora média e número de doentes tratados por médico/enfermeiro.
Propuseram medidas de fácil aplicabilidade que conduzissem, sem aumento de custos, a uma melhor interligação entre os Cuidados Primários e Hospitalares.
Mobilizaram-se e apresentaram colectivamente propostas de alteração ao projecto de Regulamento Interno do Centro Hospitalar colocado à discussão de todos os profissionais.

Mostraram em suma, os profissionais da Unidade de Fafe do CHAA, nestes 7 meses, a sua vontade de continuar com o mesmo profissionalismo, a mesma dedicação e o mesmo interesse que sempre demonstraram enquanto profissionais do extinto Hospital de S.José de Fafe.

E hoje, decorridos 7 meses, o que se constata?

Ainda permanecem em gestão corrente todos os cargos de direcção dos serviços das instituições que deram origem ao CHAA.
Um desinteresse/alheamento notório do CA (ou parte dele) pelo que a Unidade de Fafe tem produzido ou se propõe produzir.
Uma abordagem completamente diferente em termos resolutivos dos problemas da Unidade de Guimarães quando comparada com os da Unidade de Fafe.
Uma diferença marcada pela negativa dos critérios de contratação de profissionais médicos em áreas deles carenciadas no que à Unidade de Fafe diz respeito, quando comparada com o que está a ser realizado na sua homologa de Guimarães.
Um desrespeito pelas mais elementares regras laborais no que ao processamento de vencimentos diz respeito.
Um desinvestimento na melhoria das instalações e de equipamento na Unidade de Fafe.
Um fugir (recusa) ao dialogo quando assuntos importantes como os Planos de Acção dos Serviços Clínicos, o Regulamento Interno do Centro Hospitalar ou “processo de contratualização e orçamentação para o ano de 2008” (solicitado pelo Conselho Directivo da ARS do Norte já neste mês de Agosto) eram merecedores, na opinião do Adjunto do Director Clínico para a Unidade de Fafe, de reuniões prévias com os membros do CA responsáveis para com eles analisar o que aos serviços clínicos da Unidade de Fafe diz respeito.

E a par disto (e não menos importante), uma vez mais a prepotência de um quadro de direcção intermédia da Unidade de Guimarães novamente se manifesta com a sua deslocação hoje à Unidade de Fafe, demonstrando com a sua atitude a persistência no desrespeito e na falta de educação para com os profissionais da Unidade que se encontravam no desempenho das suas actividades.

Não é assim que se criam sinergismos nem se estimula a motivação dos profissionais.

Eu começo a ficar cansado, mas não desisti ainda (também é difícil).
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sexta-feira, agosto 24, 2007

a Unidadezinha de Saúde Familiar do Shopping

Depois dos Mello, Espírito Santo e Seguradoras os empresários e médicos José Vila Nova (Grupo Hospital da Trofa), Teófilo Leite (Casa de Saúde de Guimarães), Albano Mendonça (Hospital Internacional do Algarve) e Germano de Sousa (ex bastonário da OM), coordenados pelo ex-deputado do PSD Nuno Delerue, associam-se no Grupo Sanusquali para assim poderem melhor medir forças com aqueles grandes Grupos com a intenção de poderem ocupar os lugares onde o SNS se mostra deficitário.
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Enquanto um diz “MATA”
“O coordenador da Missão para a Reforma dos Cuidados Primários (MRCP), Luís Pisco, afirma que estas USF (privadas) têm como objectivo colmatar a falta de médicos de família nos locais em que estes são em número insuficiente para as necessidades. Estima-se que existam ainda 500 mil portugueses sem médico de família, em particular em Lisboa, Porto, Braga e Setúbal. E será nestas regiões que avançarão as USF não públicas. A sua criação segue os moldes das actuais USF - partem das candidaturas dos interessados.” DN
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O outro diz “ESFOLA”
“Fazer análises clínicas, uma radiografia, ir a uma consulta de oftalmologia ou clínica geral no mesmo dia e no mesmo espaço onde pode ir ao restaurante, ao banco, à lavandaria ou ao ginásio poderá ser possível num dos 25 "centros comerciais da saúde" que um grupo privado quer criar em Portugal nos próximos anos. Pelo menos um por distrito.” Público

Rapariguinha do Shopping - Rui Veloso

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a gestão do Centro Hospitalar do Alto Ave


Conhecendo eu bem de perto as dificuldades que o Centro Hospitalar do Alto Ave tem demonstrado em dar resposta às solicitações da extensa área populacional que atende, particularmente nas especialidades de Anestesiologia, Oftalmologia, Medicina Interna, Ortopedia, Oncologia Médica, Imunohemoterapia, Medicina Física e Reabilitação, Urologia e Pneumologia, estranho que o Despacho nº 15 895-A/2007 publicado em 23 de Julho deste ano não contemple este Centro Hospitalar com uma única vaga destas especialidade médicas, comummente denominadas de “carenciadas”, entre as mais de 170 atribuídas a nível nacional.


Não se deve ter “esquecido” a administração do CHAA de fazer sentir, junto da ARS do Norte estas suas dificuldades e candidatar-se, com estes remendos, a minorará-las…


Mas como com o recente
Decreto-Lei n.º 276-A/2007 grandes dificuldades são colocadas à contratação de pessoal “para satisfação de necessidades urgentes de pessoal que possam comprometer a regular prestação de cuidados de saúde”, recruta o CA do CHAA para o efeito, Anestesiologistas pagos a 75€/hora…

E nem a propósito:

"O Ministério da Saúde está preocupado com os gastos dos hospitais-empresa, que no fim do primeiro semestre têm já um prejuízo de 160 milhões de euros.

Ao que o Diário Económico apurou, na reunião de ontem com os administradores dos hospitais, o secretário de Estado, Francisco Ramos, foi duro com os hospitais com desvios no Orçamento e deixou recomendações para o próximo semestre. Francisco Ramos quer que os gastos dos hospitais com pessoal sejam controlados" DE

domingo, agosto 19, 2007

assim "serve" a PT Comunicações




A fuga às rotinas que exijo de mim durante as férias e o acréscimo de energia exigível para a cíclica “readaptação” ao trabalho ainda me fazem manter algo afastado deste sítio e da Internet também.

Mas não serão só estes os motivos responsáveis por tal afastamento.

É que também se tornou desesperante esperar tanto tempo para aceder a um site, abrir uma página da internet ou fazer um download através do equipamento informático da minha residência.

Isto há mais de um mês vem sucedendo, já que a qualidade da Banda Larga que serve a zona onde resido mais parece a de um antigo aerograma.
E malgrado as minhas múltiplas insistências junto da PT e da SAPO ADSL, ainda continuo mal servido e obrigado (por impossibilidades técnicas criadas pela própria PT) a ter que abandonar este tipo de acesso que já detinha há anos.

Condena-me assim esta empresa agora privada (com a sua posição dominante) e sem qualquer culpa minha, a ter que realizar um outro contrato com um servidor que não utilize a sua própria rede fixa.

E como rede fixa só há uma (a da PT Comunicações) só me restam os servidores da rede de telemóveis ou a rede satélite bidireccional (esta, fora dos meus planos) já que a rede por cabo está ainda (até quando) indisponível na zona onde resido.

Mas aqui deixo o aviso:
O servidor de internet TMN também não!
Porque o serviço que me prestou quando a eles recorri (como alternativa possível) também foi péssimo.

Vou assim optar pela Vodafone, pela Optimus, pela Zapp ou qualquer outra…

Pela do Grupo PT é que não!!!

Faz assim todo o sentido que a Autoridade da Concorrência tenha multado a PT Comunicações em 38 milhões de euros por abuso de posição dominante já que esta empresa e também as suas subsidiárias SAPO ADSL e TMN não só servem mal (mas muito mal) os seus clientes como também não permitem que outros possam melhor servir.

É assim a qualidade dos serviços prestados por algumas empresas privadas, que outrora eram públicas e que tão maus serviços diziam estar a oferecer aos seus clientes...
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domingo, agosto 12, 2007

depoimento


Depoimento
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Deponho no processo do meu crime.
Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz

Juro que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz
MERDA! – lembro-me bem.
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– Crianças...
Disse alguém que ia a passar.

Mas voltei novamente a soletrar
O vocábulo indecente.
E de repente,
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente
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Vi que a letra era minha...
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sexta-feira, agosto 10, 2007

manta de retalhos


"O Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo (Beja) vai recorrer a uma empresa privada para contratar médicos externos para assegurar os cuidados clínicos à população, a partir de segunda-feira e até final do mês." RTP

E assim, por este país fora, dos Hospitais aos Centros de Saúde, se vai cuidando da saúde dos portugueses.

Com remendos, sem programação, sem política a médio e longo prazo, com aprovação de diplomas como o DL 276-A/2007, que perpetuam e agravam ainda mais os problemas que há muito já se perspectivavam.

É esta a solução encontrada como que "in extremis":

A já conhecida "salvadora" privatização da prestação de serviços (agora até em "serviços part-time") com gastos que contradizem a tão necessária contenção dos mesmos.

Depois logo se verá ao que esta mercantilização da medicina vai conduzir em termos de custos e de qualidade dos serviços prestados.

Infelizmente alguns sinais vão já aparecendo...


segunda-feira, agosto 06, 2007

liberalização das farmácias



Retirei do Diário Diário as Beiras Online este artigo de opinião de Mário Frota (Presidente da APDC - Associação Portuguesa de Direito do Consumo) sobre a liberalização da propriedade da Farmácia de Oficina e Comunitária.


A liberalização da farmácia de oficina ou comunitária
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O Parlamento concedeu pela Lei n.º 20/2007, de 12 de Junho, autorização ao Governo para legislar em matéria de propriedade da farmácia de oficina.A Lei n.º 2125, de 20 de Março de 1965, cometera na sua BASE III a propriedade em regime de exclusividade ao farmacêutico – e só ao farmacêutico ou a uma sociedade de farmacêuticos, se e enquanto os sócios forem farmacêuticos. E só se é farmacêutico se, após a licenciatura e o estágio profissional, a admissão à Ordem dos Farmacêuticos ocorrer.

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A farmácia de oficina tem uma função social manifesta.
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A propriedade, de harmonia com o modelo da Europa Continental, é na generalidade do farmacêutico. Que é seu director-técnico. Dessa forma, evita-se a cisão propriedade/direcção técnica, já que aos apetites do proprietário devem sobrepor-se, em tese de princípio, as coordenadas deontológicas que delimitam o exercício profissional.
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Paplowsky, professor emérito, Papa do Direito Farmacêutico francês, afirmava que a "época de ouro do charlatanismo" coincidiu sempre que a propriedade esteve nas mãos de comerciantes. A experiência, em Portugal, mostra à saciedade que nos conflitos de interesse entre o lucro e a deontologia, o lucro leva sempre a sua avante porque é o capital que manda, é a ética e a deontologia que cedem.
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Portugal – ou uma certa casta de políticos – parece não haver ainda percebido isto, razão por que se vai legislar agora de forma errónea.
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O que os alemães fizeram, em obediência à liberdade económica, à liberdade de iniciativa e a uma salutar competitividade, foi abrir as farmácias (que têm condicionantes geográficas de antanho) à concorrência (desde que a propriedade não saia das mãos dos farmacêuticos).O que permitiria instalar uma farmácia junto de qualquer outra, e que a concorrência fizesse o resto...
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"Quem tem unhas que toque viola!". Mas nas mãos do farmacêutico, sempre e só no quadro de um rigoroso e controlável exercício profissional.
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"Em equipa que ganha não se mexe"!
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Se as farmácias funcionam bem, que não haja perturbações que se introduzam nos equilíbrios.
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Já o Tribunal Constitucional (ou o seu predecessor) havia considerado constitucional a Lei de 20 de Março de 1965.
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O "ataque" à propriedade perpetrado logo no discurso de posse do chefe do governo tem o sabor não se sabe bem de quê!
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Que a política sirva só nobres objectivos que a salus publica é algo de sério em que importa atentar permanentemente!


Corroboro plenamente com esta opinião de Mário Frota.
Não só no sector das Farmácias esta problemática do lucro sem olhar à deontologia e à ética está a ser fomentada.
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quinta-feira, agosto 02, 2007

porque há momentos inesquecíveis...




a mesma cor
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a mesma origem.
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o mesmo sentir...


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Quando me perco

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Luis Represas
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