sexta-feira, outubro 12, 2007

Carreiras Médicas e o Serviço Nacional de Saúde


Quando em Maio/Junho deste ano o Bastonário da Ordem dos Médicos propôs às Direcções da FNAM e do SIM o início da realização de encontros para análise e discussão das Carreiras Médicas, esta proposta encontrou uma recusa por parte do Sindicato Independente dos Médicos que foi aqui por mim foi ironizada.

Saúdo hoje, passado o tempo de descanso estival, a mudança de posição dos dirigentes do SIM que se disponibilizaram para com a Ordem dos Médicos e a FNAM criarem sinergias de pontos de vista na defesa dum assunto que a todos os médicos em particular (públicos, privados e de ambos os sectores) e a todos os cidadãos em geral diz respeito, já que está em causa a garantia da continuação do exercício duma Medicina com qualidade que urge manter.

Estas palavras ditas:

«Embora respeitando a individualidade de cada estrutura, tenho a certeza de que a linguagem dos médicos será uniforme», afirmou. Carlos Arroz
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«Tudo aquilo que puder contribuir para o consenso entre os médicos é muito bem-vindo e saudado» Mário Jorge Neves
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«Houve uma consonância de posições muito significativa com o SIM, como aliás já havia com a Fnam» Pedro Nunes

«As Carreira Médicas não acabaram, há é uma situação nova. A política de recursos humanos do Governo basicamente assenta no fim dos vínculos e é preciso encontrar uma solução. Se o Governo, que tem maioria absoluta, decidiu assim, vai ser difícil reverter esta situação, que já existe hoje. Contudo, admito que é possível manter a estrutura das carreiras mesmo num quadro contratual diferente, isso já existe noutros países. As carreiras são a garantia, para os portugueses, de que os profissionais têm a formação devida. Acho que elas têm tanto mérito que dificilmente serão postas em causa, mesmo que seja necessário adaptá-las a um quadro em que o vínculo profissional seja de outra natureza.» João Semedo

«Temo um pouco pelo futuro das carreiras médicas, embora ache que é imprescindível que continuem. Mesmo com os contratos individuais, nos hospitais EPE, as carreiras podem manter-se. Mas é verdade que num hospital privado o patrão pode nomear o médico que quiser e é a subversão das carreiras. Depende da vontade que houver e acho que o Ministério da Saúde deve ter grande atenção e não permitir desvios das carreiras, que são a trave mestra do SNS. Deixar adulterar as carreiras médicas é um mau caminho para a qualidade da Medicina. Embora as carreiras tenham sido subvertidas, na prática, pelo tipo de concursos, pelos critérios de avaliação, em que houve uma subversão do aspecto clínico pela parte administrativa. Mas isso é fácil de corrigir.» Santana Maia

são palavras que gosto de ouvir já que indiciam a forte possibilidade de serem alcançados significativos pontos de convergência.

Colocados à parte interesses corporativistas ou político/ideológicos, só espero por parte do poder político a mesma seriedade e vontade em dignificar a actividade médica em Portugal por forma a garantir à população uma medicina de qualidade ainda melhor da que actualmente vem sendo praticada no âmbito dum Serviço Nacional de Saúde, nos dias de hoje alvo de tantas críticas, de adulteração dos seus princípios fundamentais e de reformas duvidosas quanto às suas consequências futuras.

O debate parece estar aberto …
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