quinta-feira, outubro 25, 2007

as listas de espera para cirurgia

Fonte: SIGIC - 1ºsemestre 2007
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No jornal Público de hoje e já também publicado (sem demora) no Portal da Saúde, num artigo de opinião, divulgou o cidadão Correia de Campos, assinado Ministro da Saúde, agora por escrito, a sua opinião sobre a Auditoria ao Acesso aos Cuidados de Saúde do SNS – Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia SIGIC - Relatório n.º 25/07 - 2ª. S - Processo n.º 50 /05 – AUDIT, recentemente apresentado pelo Tribunal de Contas.

E é bonito ver o Ministro da Saúde considerar tratar-se este documento dum “bom relatório”.
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Não interessa se o Tribunal de Contas o elaborou fundamentado em “comparações nem sempre escorreitas” e se apresentou uma “fotografia trémula” da actividade do SIGIC durante o ano de 2006.

O Relatório é bom!

Isto porque o Relatório, segundo Correia de Campos, conclui que:
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“diminuíram a média e a mediana dos tempos de espera dos inscritos para cirurgia, face às da data da sua implementação, em quatro regiões, tendo apenas aumentado em Lisboa e Vale do Tejo (a maior e a menos operacionalizável) “ “o peso do número de utentes com mais tempo de espera diminuiu no período analisado”

“o efeito de diminuição nos tempos médios de espera é mais pronunciado nos hospitais que funcionam com o SIGIC há mais tempo”

“a produtividade cirúrgica por médico melhorou nos hospitais de referência, face ao grupo de controlo”.


Mas o que o Relatório também diz é que se conseguiram alcançar estes resultados positivos, não à custa dum aumento de produtividade normal e duma melhor utilização da capacidade instalada, mas à custa da produtividade acrescida, produtividade esta que contribuiu para a diminuição dos tempos médios de espera nos Hospitais que a praticaram (mais que natural) e para o aumento apurado do número de cirurgias por cirurgião (ou não fosse o acto cirúrgico desta actividade acrescida “pago à peça”).

“Razão espúria” (qual avestruz) considera Correia de Campos colocar esta hipótese justificativa de tal acréscimo. Mas sobre isto, mais não digo.

Que o diga, quem os números tem e com eles faça comparações “escorreitas”.

E mais não digo também, para além do que já disse aqui, há um ano atrás, quando me referia ao tão falado na altura “combate ao desperdício no SNS”. É que nem nos Relatórios do SIGIC (não se entendendo porquê) nem no desta Auditoria do TC (por má contabilidade da actividade hospitalar, segundo nos é afirmado no relatório), nos são dados a conhecer os gastos e os orçamentos (extra Orçamento de Estado) atribuídos e já consumidos por este e outros programas, desde a sua implementação.

Vá-se lá saber porquê.

Talvez pela mesma razão que faz com que Correia de Campos não realce neste seu artigo, a importância que teve o enorme investimento em meios humanos, em acções de formação, em material informático e de software que o sistema recebeu e que, em percentagem também significativa, contribui para a “limpeza “das listas de espera, limpeza que outrora não existia tão apurada (por óbito, situação já resolvida, mudança ou desconhecimento da residência, contra-indicação clínica, etc.) e que ainda continua a “limpar” ao obrigar ao regresso à “estaca zero” na contagem do tempo de espera, quando doente por razões pessoais recusa a data da cirurgia proposta assim como o seu encaminhamento (com um “vale de cirurgia”) para uma unidade de saúde distante do seu local de residência.

E este “como” não deve ser escondido para que possamos conscientemente poder concluir se o “copo está meio cheio” ou “meio vazio”, já que todos (e Correia de Campos também) sabemos que “cheio” ainda não está mas, verdade seja dita, “vazio” também não.



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