quarta-feira, julho 11, 2007

serão assim tantos?

Primeira operação com anestesia pelo éter - 16.10.1846
Robert C. Hincley, 1893 - Boston Medical Library

Será o número de licenciados em Medicina que actualmente exercem actividade no nosso país, exagerado, suficiente ou deficitário?

Há os que consideram haver excesso de médicos, fundamentando esta opinião no ratio de 3.42 médicos/1000 habitantes (segundo dados da
OMS referentes a 2003) que coloca Portugal no topo a nível mundial e que, quando comparado com os restantes países europeus, apenas é ultrapassado na Europa Ocidental, pela Suiça (3.61), Itália (4.20), Grécia (4.38) e Bélgica (4.49) e por alguns países da Europa de Leste, com ratios entre 3.50 e 4.55 referidos à Rússia, Bielo-Rússia, Lituânia, Georgia, República Checa ou Bulgária.
Consideram assim estarmos francamente afastados (por excesso) do valor considerado como ideal pela própria OMS ( 2.50 médicos por mil habitantes), valor este que países como Chipre (2.34), Albânia (1.31), Polónia (2.45), Turquia (1.35), Eslovénia(2.25) e Reino Unido (2.30) não conseguem alcançar.

Há os que consideram ser a população médica suficiente mas estar mal distribuída geograficamente pelo país, alicerçando esta opinião pela constatação (objectiva ou subjectiva) da existência na Carreira Hospitalar de deficit nos Hospitais Públicos do interior (particularmente nalgumas especialidades) e o seu excesso nos Hospitais Centrais (das grandes cidades do litoral) e de uma maneira inversa, no sector dos Cuidados Primários de Saúde, quando analisam o ratio existente (tendo por base os 1500 habitantes por Médico de Família) nas regiões do interior do País quando comparadas com as do litoral.
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Mas também há os que afirmam ser deficitário, apontando como prova as contratações de médicos estrangeiros pelas Administrações Regionais de Saúde e Hospitais EPEs, realizadas para colmatar as deficiências de população médica nos seus serviços.

O que não está suficiente e cabalmente demonstrado é se este ratio é real ou sobrevalorizado baseado em registos desactualizados; qual a sua estabilidade a curto e médio prazo; qual a sua “qualidade”, isto é, a repartição do seu número pelas várias especialidades médicas; a sua relação com a sua distribuição geográfica pelas instituições de saúde e zonas do país; a fase de preparação pós-graduada em que esta população se encontra; a percentagem dos que exercem actividade duma forma activa e contínua, em exclusividade no SNS, em acumulação com actividade privada e em exclusividade na medicina privada e qual o contributo que cada uma destas formas laborais dá para a resolução dos problemas de saúde da população.

Estudo, como o realizado pela Professora Paula Santana do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Coimbra e que o Jornal “O Primeiro de Janeiro” resumidamente apresenta algumas das suas conclusões, poderá dar resposta a algumas destas dúvidas quando afirma que:

"O SNS poderá vir a ter sérios problemas a partir de 2013 devido à idade avançada dos médicos em algumas especialidades".

"Apesar de previsivelmente até 2011 não se verificarem problemas adicionais aos já existentes, relativamente aos médicos de Medicina Geral e Familiar, a partir de 2013, a geração dos 50-54 anos começa a atingir o limite de idade, sendo que este grupo representa hoje 2.729 médicos (40 por cento dos efectivos nesta carreira médica".


Que os Ministérios da Educação e da Saúde, a Ordem e os Sindicatos Médicos se sintam na obrigação de consultar, divulgar e colocar à discussão estudos como este, e porque não também incentivar a realização de outros, por forma a que as políticas de gestão dos recursos humanos, deste ou de qualquer outro sector profissional, possam ser melhor perspectivadas e geridas, definido que seja o modelo de saúde e o papel de intervenção do Estado na condução da política de saúde nacional e na sua regulação e controlo da oferta.


E já agora, porque não começar-se já a pensar que em 2017, a população portuguesa estará reduzida a 7.500.000 habitantes?



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