sábado, julho 14, 2007

o futuro da medicina

fonte: Fórum Hospital do Futuro


“Há quem se queixe que a informatização das consultas colocou o maldito PC à frente do contacto directo com o doente e desviou os olhos do médico. Despersonalizou a coisa. Desumanizou-a.” JN – Ivete Carneiro

Preocupação justa da ARS do Norte que lembra “que o computador é um auxiliar precioso, mas não tanto quanto o doente”, que “ todo o atendimento começa por uma saudação e uma postura de atenção personalizada”, que o “PC não pode estar no meio, mas um bocadinho ao lado”

Tudo isto porque "uma boa parte das queixas no livro de reclamações dos centros de saúde e hospitais é precisamente sobre aspectos de relacionamento" mútuo entre o prestador de cuidados e o doente ou o “utente” (como o quiserem).

Enquanto lia este artigo fundamentado numa circular interna sobre "Informática e Humanização" proveniente da ARS do Norte (que através dos circuitos internos da mesma ARS ainda às minhas mãos não chegou, mas à qual a jornalista Ivete Cardoso já teve acesso), ia-me penitenciando dos erros da minha prática clínica, muitos dos quais nesta circular estarão bem referenciados, mas também me ia recordando duma outra notícia já há alguns dias divulgada bem como da prática clínica através da “Tele-medicina”, que talvez tarde ainda a chegar:

“Robots de telemedicina permitem que um médico trate do seu paciente à distância, através de um sistema ligado por Internet.
O robot RP-7, criado pela InTouch Technologies, pode ser controlado remotamente, para que os médicos façam a sua ronda, por exemplo.
A “cabeça” é formada por um monitor de vídeo que apresenta a imagem do médico, enquanto uma câmara transmite o rosto e o corpo do paciente ao médico. O robot é acompanhado de uma enfermeira, pois não tem mãos e precisa desse apoio para tocar e segurar o estetoscópio embutido no RP-7 contra o peito do paciente para que o médico possa ouvir os seus batimentos.
O médico está frente a um computador e com a ajuda de uma câmara e de um microfone visualiza no seu ecrã as imagens enviadas pelo robot, comunicando desta forma com o paciente.” Fórum Hospital do Futuro

Muitas mais circulares, no futuro, as nossas Administrações Regionais de Saúde (se na altura ainda existirem) vão ter que emitir, para que as regras de bom relacionamento entre os doentes e os Robots sejam periodicamente relembradas, por forma a que por parte dos doentes e dos Robots (porque não também) elas sejam cumpridas.

E a confirmar esta real necessidade, atente-se nas palavras de Sollari Allegro, Presidente do Conselho de Administração do Hospital Geral de Santo António (HGSA), no Porto, quando diz que com este robot “os pacientes poderão beneficiar da possibilidade de acederem a um atendimento com apoio de profissionais qualificados em locais remotos sem necessidade de deslocação, sendo que, numa primeira fase, haveria que acautelar a presença “fria” de um “ser” estranho.”
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... e ao invés do título do artigo do JN: “Sorria, é médico e os doentes são pessoas...” dever-se-á, no futuro, escrever:
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“Sorria, é doente e os médicos são pessoas que estão para além do robot...”
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1 comentário:

Unknown disse...

Concordo totalmente com a ideia final:
“Sorria, é doente e os médicos são pessoas que estão para além do robot...”

http://www.cegueiralusa.blogspot.com/