No Semanário Económico desta semana foi publicada uma entrevista com o Dr.Paulo Mendo, ex Secretário da Saúde do Ministério da Saúde à altura liderado pelo Dr.Luís Barbosa nos meados da década de 90.
Médico Neurologista do Hospital Geral de Santo António do Porto, reconhecido a nível nacional e actualmente reformado, faz transparecer das suas palavras a “ideologia” da sua “vocação” , da sua formação médica e da sua prática da medicina que era apanágio nos meados e fins do século passado (não muito distantes, ainda…) duma grande maioria de quem praticava e ainda pratica medicina em Portugal.
PM: “Mas sei bem as grandes dificuldades por que passam os hospitais e sei que há um controle administrativo muito mais intenso sobre os doentes e sobre médicos no sentido de se poupar dinheiro. Ora, isso normalmente traduz-se numa falta de convivialidade e de simpatia em relação ao doente. Eu estou na Liga de Amigos do Hospital de Santo António e sou muitas vezes procurado por vários utilizadores que me falam deste afastamento entre o cidadão e o seu médico, o doente e o seu serviço. Acho que há um prejuízo em saúde com este controle, porque sou daqueles que defende que a clínica não é só uma ciência, mas é sobretudo uma forma de actuação entre duas pessoas, onde não se pode de modo nenhum destruir o aspecto convivial.”
E digo isto porque interpreto das suas palavras uma mágoa de como a medicina, por força duma sociedade egoísta, individualista e “desumana”, se vai transformando, ficando muitas vezes dependente duma burocracia, dum acto administrativo imposto pela máquina administrativa (com objectivos financeiros) na qual o médico muitas vezes se apoia para sua própria defesa… afunda-se assim, cada vez mais a relação médico/doente que era bastante forte em anos atrás.
Esta mudança é também alimentada por uma política economicista que nos últimos anos têm gerido o SNS e o mesmo reconhece o Dr. Paulo Mendo quando diz:
“O objectivo da saúde passa por uma acção política que olhe para o futuro e não se resuma a poupar 4% num ano. Provavelmente, daqui por três ou quatro anos os gastos aumentam 20% ou 30%. A perspectiva de um resultado positivo no SNS não me dá nenhuma tranquilidade, pelo contrário. É uma política economicista e não uma política de saúde.”
Com efeito, é esta definição política que se exige, mas estando ela consagrada na nossa Constituição como:
“Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover”... “através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito” em que esteja garantido “o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação”, com uma garantia duma “racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde” (in Constituição da República Portuguesa)
Há que fazer cumprir o que a Constituição preconiza ou então se o não quiserem, senhores do poder… proponham a sua alteração… e deixem de através de às “pinguinhas” enganar o “povo” . Mais uma vez e sobre isto o Dr.Paulo Mendo tem razão quando responde à pergunta se aumentaria os descontos para a ADSE como está preconizado:
“Os descontos dos funcionários públicos para a ADSE vão aumentar. Tomaria uma medida destas?
Essa medida também não resolve o problema do financiamento. E coloca uma questão um pouco estranha. Temos uma Constituição que, quando foi aprovada em 1976, disse que o governo tomaria a responsabilidade da saúde mediante a criação de um SNS universal geral e gratuito. Pago pelo Orçamento. A partir daí ninguém mais passou a pagar para a saúde, a não ser aqueles que, além dos benefícios do SNS, quiseram ter benefícios da sua corporação profissional e criaram um subsistema, como é o caso dos jornalistas. No caso da ADSE, não foi o funcionário público que pediu e se organizou, foi o Ministério das Finanças que criou e financiou uma Assistência na Doença dos Servidores do Estado, tirando 1% do salário dos funcionários do Estado. O que, até a Constituição ter sido revista e passar a dizer que a saúde é tendencialmente gratuita, na minha opinião, foi uma medida inconstitucional.”
Pena é que O Dr. Paulo Mendo não seja o actual Secretário da Saúde e que pensasse assim como nos diz…pese embora não me ter parecido que assim actuasse quando foi membro do governo há uns anos atrás.
Médico Neurologista do Hospital Geral de Santo António do Porto, reconhecido a nível nacional e actualmente reformado, faz transparecer das suas palavras a “ideologia” da sua “vocação” , da sua formação médica e da sua prática da medicina que era apanágio nos meados e fins do século passado (não muito distantes, ainda…) duma grande maioria de quem praticava e ainda pratica medicina em Portugal.
PM: “Mas sei bem as grandes dificuldades por que passam os hospitais e sei que há um controle administrativo muito mais intenso sobre os doentes e sobre médicos no sentido de se poupar dinheiro. Ora, isso normalmente traduz-se numa falta de convivialidade e de simpatia em relação ao doente. Eu estou na Liga de Amigos do Hospital de Santo António e sou muitas vezes procurado por vários utilizadores que me falam deste afastamento entre o cidadão e o seu médico, o doente e o seu serviço. Acho que há um prejuízo em saúde com este controle, porque sou daqueles que defende que a clínica não é só uma ciência, mas é sobretudo uma forma de actuação entre duas pessoas, onde não se pode de modo nenhum destruir o aspecto convivial.”
E digo isto porque interpreto das suas palavras uma mágoa de como a medicina, por força duma sociedade egoísta, individualista e “desumana”, se vai transformando, ficando muitas vezes dependente duma burocracia, dum acto administrativo imposto pela máquina administrativa (com objectivos financeiros) na qual o médico muitas vezes se apoia para sua própria defesa… afunda-se assim, cada vez mais a relação médico/doente que era bastante forte em anos atrás.
Esta mudança é também alimentada por uma política economicista que nos últimos anos têm gerido o SNS e o mesmo reconhece o Dr. Paulo Mendo quando diz:
“O objectivo da saúde passa por uma acção política que olhe para o futuro e não se resuma a poupar 4% num ano. Provavelmente, daqui por três ou quatro anos os gastos aumentam 20% ou 30%. A perspectiva de um resultado positivo no SNS não me dá nenhuma tranquilidade, pelo contrário. É uma política economicista e não uma política de saúde.”
Com efeito, é esta definição política que se exige, mas estando ela consagrada na nossa Constituição como:
“Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover”... “através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito” em que esteja garantido “o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação”, com uma garantia duma “racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde” (in Constituição da República Portuguesa)
Há que fazer cumprir o que a Constituição preconiza ou então se o não quiserem, senhores do poder… proponham a sua alteração… e deixem de através de às “pinguinhas” enganar o “povo” . Mais uma vez e sobre isto o Dr.Paulo Mendo tem razão quando responde à pergunta se aumentaria os descontos para a ADSE como está preconizado:
“Os descontos dos funcionários públicos para a ADSE vão aumentar. Tomaria uma medida destas?
Essa medida também não resolve o problema do financiamento. E coloca uma questão um pouco estranha. Temos uma Constituição que, quando foi aprovada em 1976, disse que o governo tomaria a responsabilidade da saúde mediante a criação de um SNS universal geral e gratuito. Pago pelo Orçamento. A partir daí ninguém mais passou a pagar para a saúde, a não ser aqueles que, além dos benefícios do SNS, quiseram ter benefícios da sua corporação profissional e criaram um subsistema, como é o caso dos jornalistas. No caso da ADSE, não foi o funcionário público que pediu e se organizou, foi o Ministério das Finanças que criou e financiou uma Assistência na Doença dos Servidores do Estado, tirando 1% do salário dos funcionários do Estado. O que, até a Constituição ter sido revista e passar a dizer que a saúde é tendencialmente gratuita, na minha opinião, foi uma medida inconstitucional.”
Pena é que O Dr. Paulo Mendo não seja o actual Secretário da Saúde e que pensasse assim como nos diz…pese embora não me ter parecido que assim actuasse quando foi membro do governo há uns anos atrás.
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