sábado, outubro 14, 2006

já agora porque não encerram também o hospital?

Hospital de S.José de Fafe

A primeira pedra para a construção do hospital de S. José de Fafe foi lançada a 6 de Janeiro de 1859, tendo iniciado a sua actividade a 19 de Março de 1863, embora apenas com uma enfermaria para atendimento de doentes que não tinham possibilidades para serem tratados em casa, vindo posteriormente a alargar as suas instalações e a melhorar os seus serviços.
É nos dias de hoje, um Hospital de nível 1 com as especialidades de Medicina Interna, Ortopedia, Cirurgia, Medicina Física e reabilitação e Hemodiálise, a que se associam em regime de ambulatório as consultas de Pneumologia, Cardiologia, Nefrologia e Diabetes.
Com laboratório de Patologia Clínica e Radiologia, presta assistência nesta área de especialidades a uma população superior a 90.000 habitantes (concelhos de Fafe, Celorico e Cabeceiras de Basto)
No ano de 2005 foram estes alguns dos números assistenciais:
Internamento - 3.357 doentes
Demora média - 6,4 dias
Consulta externa - 14.317 consultas
Bloco Operatório - 1.713 cirurgias
Tratamentos Fisiátricos - 40.282
Serviço de Urgência - 35.717 entradas
Orgulham-se os profissionais que aqui trabalham, neste pequeno hospital com 97 camas de internamento, da actividade que desenvolvem como o comprvam os números e a ausência de lista de espera para cirurgias programadas para a população residente nos concelhos da zona oficial de atracção.
É a este Hospital que o Ministério da Saúde pretende retirar a autonomia financeira e administrativa.
É com este Hospital que o Ministério da Saúde pretende minorar o descalabro financeiro do Hospital de Guimarães.
É com o fim deste Hospital que o Ministério da Saúde subsidiará a criação e manutenção económica dos novos Hospitais privados de Braga e Guimarães.
É com o fim deste Hospital que o Sr.Ministro da Saúde prossegue com o seu objectivo de destruir o Serviço Nacional de Saúde.
.... e agora....
É a este Hospital que o Ministério da Saúde
pretende retirar o seu Serviço de Urgência ! ! !



Mas .... os funcionários do Hospital, fazem valer as suas posições enquanto que os autarcas estão calados, como o sr.ministro lhes pediu....

... é que os funcionários do Hospital de S.José de Fafe, reunidos em 11 de Outubro de 2006, analisaram detalhadamente o relatório da comissão criada para estudar a redefinição dos serviços de urgência hospitalares e as implicações dele decorrentes para a população de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto e para a instituição (Hospital de S.José de Fafe) e alicerçados no conhecimento que têm da instituição, da região a que prestam assistência e em dados oficiais hospitalares e dados demográficos e populacionais da região vocacional deste Hospital, expõem o seguinte:

O Hospital de S.José de Fafe iniciou a sua actividade, como Hospital de nível 1, em 1990 com as valências de Medicina Interna, Cirurgia Geral e Ortopedia e posteriormente com Medicina Física e Reabilitação e Hemodiálise e ambulatório de outras especialidades médicas. Desde esta data, para além das actividades diárias de rotina interna, sempre e duma maneira regular deu cobertura assistencial destas valências iniciais, em regime de escala no Serviço de Urgência com a presença física nas 24 horas de Assistentes Hospitalares de Medicina Interna e das 9 às 24 horas das outras especialidades. Sempre com o apoio nestas 24 horas do Serviço de Radiologia e do Serviço de Patologia Clínica até à 01:00 horas.

Para além da observação, terapêutica e orientação dos doentes chegados ao Serviço de Urgência, prestam estas especialidades assistência aos doentes internados do foro médico e cirúrgico nas 98 camas de internamento.

A área de atendimento correspondente aos concelhos de Fafe, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto comporta uma população de mais de 91.000 habitantes mas tradicionalmente estende-se a cerca de 100.000 com o atendimento de doentes dos concelhos limítrofes (Guimarães, Felgueiras, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho).

Até Maio de 2000 a afluência média diária era de 180 doentes reduzindo-se para 100 doentes quando a partir desta data na cidade de Fafe entrou em funcionamento das 8 às 20 horas um Serviço de Atendimento Urgente no âmbito do Centro de Saúde local. Desde o dia 2 de Outubro do corrente ano, com o encerramento desta Unidade de atendimento urgente na cidade de Fafe que a média diária de atendimento subiu para 130 doentes sendo previsível que rapidamente se atinjam novamente os 180 doentes por dia.

No ano de 2005 dos cerca de 38.000 doentes assistidos no SU somente 2,4% foram transferidos para outras unidades hospitalares mais diferenciadas.

O critério de acessibilidade com base no método utilizado de medição linear no mapa e a sua equivalência à distância real com a correcção de 50% enferma de erro de avaliação das características do terreno da região em apreço. A título de exemplo, a distância entre os centros de Fafe e de Cabeceiras de Basto definidas com a utilização da medida linear no mapa ( 16+8 = 24 km) de forma alguma se aproxima do valor real por estrada que se cifra em 31,7 km, correspondendo não a um acréscimo de 50% mas sim de 100%.

Start address:
FafePortugal
End address:
Cabeceiras de Basto, Portugal
Distance:
31.7 km (about 40 mins)
Fonte: Google.com

Este mesmo critério quando aplicado ao centro da vila de Celorico de Basto é efectivamente correcto (24 km em distância linear e idêntica distancia por estrada), mas devido à sua topografia nunca poderá ser percorrida a uma média de 60 km por hora.

Start address:
FafePortugal
End address:
Celorico de Basto, Portugal
Distance:
24.3 km (about 50 mins)
Fonte: Google.com

Encerrado o Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe, os tempos de percurso bem como as distâncias kilométricas do centro destes dois concelhos à mais próxima SUMC (Hospital de Guimarães) sofrerão agravamentos que ultrapassam largamente os valores definido como mínimos pela comissão de reestruturação proponente (30 minutos / 30 km):

Start address:
GuimarãesPortugal
End address:
Celorico de Basto, Portugal
Distance:
41.5 km (about 1 hour 14 mins)
Fonte: Google.com

Avaliada a população do concelho de Fafe (53.528 habitantes) que só por si justifica a existência dum SUB deve-se adicionar a população de Cabeceiras de Basto (17.775) e de Celorico de Basto (20.128) o que no total perfaz 91.431 habitantes.
Com uma taxa média de 17,6% de jovens com menos de 15 anos, coloca-se esta população numa população privilegiada de potencial crescimento quando comparada com a dos concelhos sede de distrito a norte do Douro (Braga – 18,2%, Guimarães – 18,1%, Porto - 13,2%, Viana do Castelo – 14,9%, Vila Real – 15,7%, Bragança – 13,1%)
Fonte: Associação nacional de Municípios – dados referentes a 2006.

Como o é reconhecido pela comissão são os concelhos de Fafe, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto em virtude da rede rodoviária importante de ligação ao interior Norte do país, sede de sinistralidade importante.

Mas porque:
Se eu estiver doente em casa o INEM leva-me ao Hospital?
O INEM não tem a função de transportar doentes. O INEM só acciona os seus meios, ambulâncias ou Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação sempre que exista perigo de vida. No caso presente, terá que ser chamada uma ambulância dos Bombeiros ou uma ambulância privada que fazem o transporte de doentes para o Hospital desejado
.
Fonte: perguntas frequentes da página do INEM

Não é correcto dizer-se que com a melhoria (diga-se que importante) da assistência urgente/emergente pré-hospitalar se melhora a acessibilidade/qualidade assistencial da população podendo-se assim alargar os tempos e distâncias de transporte/atendimento urgente/emergente, já que:

a) Pensamos não estarem criadas ainda as estruturas necessárias para duma maneira rápida e correcta se prestar atendimento pré-hospitalar na zona de Fafe, Cabeceiras e Celorico de Basto a quem dele precise através das viaturas do INEM com ou sem apoio de VMER,
b) A grande maioria dos atendimentos realizados no SU do Hospital de S.José de Fafe, como na generalidade dos SU do país, de doentes com situações clínicas a necessitar de observação/tratamento urgentes e mesmo internamento hospitalar são transportados ao hospital por veículos privados ou ambulâncias de Bombeiros com ou sem referenciamento médico prévio.

Porque com o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe não se pode, por razões óbvias, excluir o atendimento e vigilância médica das dezenas de doentes internados nos serviços de Medicina, Cirurgia e Ortopedia, (exigindo-se assim a presença física no hospital dos mesmos elementos médicos para atendimento da urgência interna),

Achamos ser dever da Comissão Técnica e do Sr.Ministro da Saúde rever a proposta de encerramento desta Unidade de Serviço de Urgência, fazendo prevê-la como SUB na futura Rede nacional de Serviços de Urgência.
Nota:
Extrato de documento enviado à Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação de Urgências, ARS do Norte, Presidentes das Autarquias e Imprensa

1 comentário:

Peliteiro disse...

muito bem dito.