quinta-feira, janeiro 31, 2008

o Serviço de Urgência de Fafe


Ainda se ouvem, na blogosfera, alguns ecos da exoneração de Correia de Campos e do que Ana Jorge poderá vir a fazer, de diferente, no Ministério da Saúde.

Mas, assim como “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”, também (não digo “nunca”), “difícil” será de endireitar muitas das coisas que foram “entortadas” pela política do exonerado Ministro da Saúde e sua equipa…

Refiro-me em particular ao Serviço de Urgência da Unidade de Fafe do Centro Hospitalar do Alto Ave, condenado a ser encerrado pela Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências (CTAPRU) em Janeiro de 2007 e posteriormente proposto para ser reconvertido em SUB através de um protocolo assinado com a autarquia de Fafe, em Março de 2007.

Até a sua inauguração como SUB, esteve já prevista para o dia 25 de Abril de 2007…!!!

Mas não terá havido coragem política para tal fazer.

Por um lado, pelo excelente trabalho que os profissionais de todos os sectores, desde 1990, oferecem aos doentes que recorrem a este Serviço de Urgência nas especialidades de Medicina Interna, Ortopedia e Cirurgia, e por outro, pela elevada afluência diária de doentes que actualmente se verifica (cerca de 140 atendimentos), malgrado os esforços entretanto desenvolvidos pela ARS do Norte para a sua redução, através de indicações dadas ao CA do CHAA para se proceder ao encaminhamento administrativo de doentes triados como “azuis”, para os CS e USF, e aos Directores dos CS de Fafe, Cabeceiras e Celorico de Basto no sentido de referenciarem os doentes destes concelhos, directamente para o SU da Unidade de Guimarães), com a clara intenção de assim conseguirem o esvaziamento deste Serviço de Urgência, quiçá até, conseguido esse objectivo, assim dar razão à proposta da CTAPRU, do desnecessário que seria de em Fafe “existir” qualquer tipo de Serviço de Urgência.

E agora o que se passa?

Arrisca-se a ARS do Norte a ter que contrariar as palavras de José Sócrates proferidas aquando da tomada de posse da nova Ministra da Saúde: “Não encerraremos mais urgências antes de existirem alternativas.”

É que, se com um quadro médico de Medicina Interna extremamente reduzido (4), já grandes dificuldades existiam para assegurar a presença de um Internista durante 24 horas ao longo da semana (colmatando estas dificuldades com a contratação de médicos tarefeiros, externos ao Centro Hospitalar, alguns deles sem a competência técnico-profissional exigida), a partir do dia 1 de Fevereiro deste ano, com a dispensa de realização de Serviço de Urgência de dois Internistas do quadro (por razões de idade), a situação tornou-se agora insustentável ao ponto de a única solução parecer vir a ser a do encerramento do SU com as tês especialidades (Medicina, Ortopedia e Cirurgia) a nele prestarem serviço, e a sua transformação num SUB.
Um Serviço que mais não será que um SAP com apoio de laboratório de análises e de RX (ou não soubéssemos nós, que qualidade de serviços irão prestar 2 médicos indiferenciados, nestes apelidados Serviços de “Urgência” Básicos).

Não terá sido por falta de avisos atempados por parte dos Directores de Serviço da Unidade de Fafe, que o CA do CHAA e a ARS do Norte foram apanhados de surpresa, já que através de vários documentos e de reuniões havidas, desde Março de 2007, os avisavam para esta eventualidade.

E o que fez (e ainda faz), o Conselho de Administração do CHAA?

Nada…
Não fecha as portas a novas contratações, não!
Mas propõe, ainda nos dias de hoje, aos vários Internistas que vão aparecendo, contratos de vencimento “chorudos”, substancialmente inferiores aos oferecidos pelos HH EPE vizinhos (Vale de Sousa e CH do Médio Ave) que assim, preferencialmente, vão garantindo o seu futuro como Centros Hospitalares em termos de criação de novas valências e de um assegurar, com qualidade, dos serviços essenciais que lhe são exigidos.

Demarca-se o CA do CHAA da responsabilidade de assegurar a continuidade da prestação de cuidados de Urgência na “sua Unidade” da cidade de Fafe (que a ele competia, como Unidade do CH), fazendo com que a ARS do Norte, a partir de Outubro de 2007, tomasse nas suas mãos a resolução do problema do SU de Fafe, sem que até à data, nada de diferente esta tivesse proposto que não fosse o alheamento e a falta de atenção para com uma população de cerca de 120.000 habitantes que são encaminhados, desde 1990, para o SU de Fafe.

Surpresa terá sido para ARS do Norte a exoneração, nesta altura, do Ministro Correia de Campos, que a título de crítica da sua actuação motivaram as palavras do senhor Primeiro Ministro, de que não iriam ser encerrados mais Serviços de Urgência, sem que alternativas não tenham sido previamente asseguradas.

Mas quando este SU de Fafe corre o sério risco de a partir do dia 6 de Fevereiro encerrar por falta de Internistas, não só as alternativas aos 140 doentes que diariamente são observados no SU foram asseguradas, como também assegurado não está o apoio permanente e diário, desta especialidade médica imprescindível, aos mais de 100 doentes internados nos serviços de Medicina, Cirurgia e Ortopedia da Unidade de Fafe do CHAA.

E muito têm feito os profissionais médicos da Unidade para que isto não viesse a suceder…

E hoje, 31 de Janeiro, os profissionais da Unidade de Fafe, os doentes e a população que dela tem tido assistência, ainda aguardam, do CHAA e da ARS do Norte, o que esta política, deste governo dito socialista, estão a preparar para lhes “oferecer”.

Retrato triste dum SNS que a tantos orgulhou, mas que com a esperança de mudança, a muitos como eu, ainda continuará (estou certo) a orgulhar!
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Mas se dúvidas ou certezas existirem aqui poderão ser encontradas..
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quarta-feira, janeiro 30, 2008

a força que nunca seca

Chico César e Maria Bethânia

De José Sócrates, já muito sei.
"Ninguém vai voltar atrás em nada. O que nós queremos é ter um novo método, mas cumprir os mesmos objectivos"
"Não encerraremos mais urgências antes de existirem alternativas."

De Ana Jorge, ainda vou saber.
"Vamos trabalhar em conjunto para dar mais segurança aos cidadãos e reforçar o Serviço Nacional de Saúde."

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terça-feira, janeiro 29, 2008

quase 34 anos depois...


Hoje, quando pelas 17.30h, um colega sugeriu, à enfermeira circulante do Bloco Operatório da sala onde me encontrava a operar um doente, que me transmitisse a notícia de que o Ministro da Saúde tinha pedido a demissão e que esta tinha sido aceite pelo Primeiro-ministro, veio-me de imediato à lembrança uma grata e já longínqua notícia, também recebida através de colega de curso, à entrada da sala onde, com a ansiedade e o nervosismo naturais, me ia preparando para iniciar uma prova oral da cadeira de Radiologia…

Isto passou-se no dia 25 de Abril de 1974 pelas 8:30h.
E agora estamos no dia 29 de Janeiro de 2009.

Estranha associação esta, de lembranças minhas…
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segunda-feira, janeiro 28, 2008

apelo às Câmaras de Fafe, Santo Tirso e Macedo de Cavaleiros



Se a Câmara de S.Pedro do Sul, de maioria PSD, decidiu agraciar Correia de Campos com tal distinção, por ter aceite a proposta da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências (CTAPRU) em contemplar esta cidade com um SUB, é altura de outras edilidades fazerem o mesmo, particularmente as que não tendo sido contempladas pela mesma CTAPRU, em Janeiro de 2007, com tais Serviços de Urgência , têm já assegurada a sua instalação, nestes casos sim, fruto de “elevada postura institucional” do Sr. Ministro Correia de Campos.

Sendo assim, apelo à região Norte, particularmente às Câmaras de Fafe, Santo Tirso e Macedo de Cavaleiros, para que tal "postura institucional", da mesma forma seja reconhecida condignamente.
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É que de mal agradecidos está o inferno cheio…
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domingo, janeiro 27, 2008

Galiza aqui tão perto


Alguém no Boticário sugeriu que se fizesse chegar este excelente texto, às mãos de Correia de Campos.

Com os agradecimentos ao Besugo pela autoria e ao MSP pela descoberta, não resisto a replicá-lo aqui, para, desta modesta forma, contribuir para um melhor esclarecimento dos nossos zelosos governantes.


Vive gente em Ourense. Ourense tem um Hospital com uma Unidade de Cuidados Intensivos e mais merdas.
Chaves não tem, Bragança e Mirandela não têm, Macedo de Cavaleiros e Moncorvo não têm, Régua e Lamego não possuem. Tem isso, apenas, essas merdas, Vila Real.

E vamos agora acelerar, que a minha vida não é esta e tenho de me levantar cedo. São precisos dados? Muito bem.

A Província de Trás-os-Montes e Alto Douro tem 2 distritos, Vila Real e Bragança. Trás-os-Montes e Alto Douro tem, portanto, cerca de 400.000 habitantes, mais ou menos. A Província de Ourense tem à volta de 345.000 habitantes. Pode comparar-se assim? Penso que assim se pode.
A província de Trás-os-Montes e Alto Douro tem uma área de 11.000 Km2, enquanto a de Ourense tem, por alto, 7.300 Km2. Pode comparar-se: as pobrezas comparam-se em todas as dimensões.
Em Trás-os-Montes e Alto Douro é como se sabe. Posso fazer um desenho um dia destes, mas por hoje passo. Vamos à Província de Ourense, à Galiza interior. Vamos?

Bom. A Província de Ourense tem 92 concelhos. Vão de Avion a A Peroxa, Monterrá a Maside, Verin a O Barco de Valdeoros, de Ourense a Castrelo de Miño. São 92 concelhos. O curioso é que tirando Ourense (110.000 habitantes), o resto são pequenos povos. Tirando Verín (13.500), Barco de Valdeorras (13.300), O Carballiño (12.800) e, vá lá, Xinzo de Limia (10.000), o resto tem entre 600 e 4000 almas viventes. A Teixeira tem, mesmo, só 569 pessoas, sendo de referir que os concelhos de O Bolo e de A Bola, juntos, perfazem 2900 seres humanos. É assim, não vale a pena inventar.

Ora bem. Então e nestes 92 concelhos quantos Centros de Saúde há? Há 110. Porquê? Porque sim. Porque há 14 concelhos que têm mais que um. Ourense tem 5. E Castrelo de Miño, por exemplo, tem 3. Palavra de honra: tem 3, e tem 2095 habitantes. Deve ser, talvez, terra de pouca gente e muito ancha, não?
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Desses Centros de Saúde, 15 têm Serviços de Urgências permanentes. Falo de Ourense, de Verín, mas também de Viana de Bolo, Xinzo de Limia, O Carballiño, O Barco de Valdeorras, Bande, Ribadavia, são 15. Ribadavia tem 5500 habitantes, por exemplo.
Os Centros de Saúde que não têm urgência "drenam" (detesto esta palavra, mas, como disse, não me pagam para escrever - quanto mais para escrever bem), num critério que não é outro senão o da proximidade, para o Centro de Saúde - com urgência - mais próximo.
Os Centros de Saúde com Urgência permanente têm, em mais de 60% dos casos, além de clínicos gerais (habilitados a fazer suporte básico de vida, que é fundamental pelos motivos que se prendem com aquela parte de o coração bater e de a gente respirar), pediatras, e enfermeiras de Obstretrícia. Em 25% deles há dentistas - cá, nem nos hospitais. Há Fisioterapia, em cerca de 10% dos Centros.
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Nesses 110 Centros de Saúde trabalham, ao todo, salvo óbitos recentes ou intervenções externas de Correia de Campos, 275 médicos generalistas, 45 pediatras, 15 dentistas, um porradão de enfermeiras e enfermeiros, variadíssimos técnicos, assistentes sociais. Muitos desses Centros têm possibilidade de fazer análises clínicas e radiografias.
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Ora bom, encurtando distâncias que ainda tenho de ir mandar um e-mail ao Paulo Bento: além destes Centros de Saúde, a Província de Ourense tem que mais?
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Bom.
Tem o Centro Hospitalar de Ourense, com tudo, mas tudo mesmo (mesmo as merdas que não há em Vila Real, sim, a Cirurgia Vascular, a Neurocirurgia, a Radioterapia, os Cuidados Intensivos Pediátricos, a Unidade de Transplantes, a Endocrinologia, a Reumatologia, a Geriatria, a Oncologia Médica e Cirúrgica, a Angiografia, a RMN, a TC helicoidal, o caralho. Tem mesmo tudo, galegos dum raio). E tem 505 médicos e 811 camas.
E que mais? Bom, há o Hospital Comarcal de Valdeorras, com Medicina Interna, Cirurgia, Nefrologia com hemodiálise, Fisioterapia, Anestesiologia e Reanimação - pudera, têm todos, eu sei - Unidade de Dor e a puta que os pariu; pois é. E são 100 camas de internamento, e são 52 médicos.
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E agora uma pausa educativa. Escutei assim uma pergunta, há bocadinho: "isso de Verín, com 13.000 habitantes, é preciso ver até que ponto vai o quase...".
Vai até aqui: 80 camas, 42 médicos, Medicina Interna, Cirurgia, Anestesiologia, Reanimação, Dermatologia, Unidade de Dor, Fisioterapia, Otorrino, Oftalmologia, Urologia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Psiquiatria... por aí fora. A Régua, a cidade, tem 11.000 habitantes. E não tem quase nada.
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Os cuidados de saúde são como o resto. Devem relacionar-se entre si da mesma maneira que se relacionam as pessoas: ou há relações - e têm de ser próximas, daí a importância dos lugares, porque os lugares são as pessoas em espaços pequenos, médios, do tamanho que tiverem - ou não as há e, nesse caso, que se foda a Bwin Liga.
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Se é assim na Galiza Pobre, pensem como será na Galiza Rica. Na Catalunha, na Comunitat Valenciana, no País Basco, na Andaluzia, no caralho!
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Eu é que misturei tudo? Muito bem, então desmisturem, a ver o cheiro das tintas!
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Repito: pode haver coisas boas nos lugares e haver, na mesma, estradas que nos transportem entre lugares.

Nota de rodapé: já agora, entre o Tronco (Chaves) e Vila Real, são 99 Km. Ou seja, 1h13m, segundo o Via Michelin. Mulheres que estais de "interessâncias", apertai bem a vulva no caminho.

sábado, janeiro 26, 2008

verdades do INEM


Algumas das muitas verdades, que a alguns custa a admitir, são ditas pela Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH)


A ANTEPH, em comunicado enviado à Agência Lusa, pediu ao Governo que suspenda de "imediato" as actuais medidas e referiu que, situações como as que têm ocorrido no distrito de Vila Real, demonstram a "clara falta de apoios que o INEM e a Autoridade Nacional de Protecção Civil têm dado às corporações de bombeiros, uma vez que são do conhecimento de todos e nada foi feito para serem corrigidas".

Para a ANTEPH, a actual situação que se vive na emergência pré-hospitalar deve-se à "política de desintegração do socorro, utilizada pelo INEM, através da megalomania de ter uma rede de ambulâncias próprias, desapoiando as estruturas já existentes".

A ANTEPH concluiu que "não houve a preocupação de reforço dos meios nas áreas onde este eram deficitários, uma vez que foram colocadas em zonas onde o socorro na maioria dos casos já estava garantido pelas corporações de bombeiros, que já possuíam equipas profissionais durante 24 horas por dia, exemplo disso diz que é o caso de Anadia e Odemira.

A ANTEPH diz ainda não compreender "como já não se avançou para centrais integradas ao nível distrital, uma vez que estão mais próximas das populações e com maior capacidade de gestão de meios. Se existissem, os casos de Alijó e Favaios não tinham ocorrido".

A ANTEPH considera ser de lamentar que uma chamada de socorro, "que é confidencial, e que devia estar protegida, tenha vindo para os órgão de comunicação social" e diz que se tratou de uma "medida clara de desvalorizar o serviço efectuado pelos corpos de bombeiros, passando uma realidade que não é nacional e que cria insegurança onde não existe".

A ANTEPH responsabiliza o INEM por criar uma "falta sensação de segurança nas populações resultado da implementação de ambulâncias que são tripuladas por profissionais sem qualquer experiência em pré-hospitalar e com uma formação insuficiente para ocorrer as diversas situações" RTP


Serão estas, e muitas outras, as verdades que Correia de Campos e o Presidente do INEM deveriam ouvir, responder e corrigir e só depois, com todo o direito que a razão lhes conferirá, poderão “pedir aos portugueses e aos meios de comunicação social para não descredibilizarem uma instituição que custou tanto tempo a criar” e que de uma maneira correcta e responsável estará, nessa altura, já a actuar.

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sexta-feira, janeiro 25, 2008

o autoritarismo implacável de ... (II)


Afinal não é só Correia de Campos ...


«As pessoas têm direito a ter expectativas, mas não têm direito a ter opinião» Maciel Barbosa, médico, Presidente da ARS do Norte
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Como é possível?
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o autoritarismo implacável de Correia de Campos


Vale a pena ler aqui a carta aberta enviada ao Ministro da Saúde pelo distinto Ortopedista, Dr. José de Mesquita Montes, recentemente jubilado decorridos que foram 45 anos dedicados à Medicina e à Ortopedia, particularmente no Norte do País, reconhecido nacional e internacionalmente, na qual expõe a sua mágoa sobre a forma como Correia de Campos está a “impor as suas medidas com um determinismo e autoritarismo implacáveis” e que subscrevo na íntegra.


(…) Mas notícias, as mais diversas relacionadas com a saúde dos portugueses, que entretanto começaram a surgir nos jornais, na televisão e na rádio, vieram incomodar o cidadão (Mesquita Montes), que sempre viveu dedicado a este sector.

Nos primeiros tempos foram as alterações relacionadas com a organização dos hospitais, a reestruturação dos serviços de Urgência, o encerramento das maternidades, as fusões hospitalares e toda uma série de determinações que atingiram negativamente o pessoal da Saúde.Porque ao longo da minha vida perfilhei muitas ideias, que visavam a racionalização da distribuição de meios nos serviços, nos hospitais, com o objectivo de criar unidades tecnicamente válidas, aptas a um melhor desempenho, tendo em conta a redução dos custos, foi com estranheza que assisti à apresentação destes problemas, dando a imagem de uma marcada inabilidade na condução destas transformações, em que foi patente a falta de capacidade de comunicar e informar correctamente, o que levou inevitavelmente a avanços e recuos, a justificações inconsistentes, a cedência a pressões de toda a ordem e ao resvalar para um autoritarismo inaceitável no século XXI.

No fundo, um somatório de procedimentos pouco transparentes, em que sobressaía uma insuficiente e pouco esclarecida informação, o que irritou fortemente a generalidade da população, sobretudo aquela que se viu privada dos parcos meios assistenciais de que dispunha e ainda porque as escassas justificações apresentadas estavam eivadas de razões economicistas, que de uma maneira geral não respeitavam a «paridade da prestação de serviços», que devia abranger por igual todos os contribuintes portugueses, qualquer que fosse o seu local de residência.

Apesar de tantas reclamações dos mais diversos sectores da População, o sr. ministro da Saúde conseguiu (e vai conseguindo) impor as suas medidas com um determinismo e autoritarismo implacáveis.O descontentamento do País é grande, sendo a desmotivação dos trabalhadores da saúde ainda maior, e o que sentirá o «velho lutador de 45 anos», que discutiu e contribuiu para a melhoria do sector da Saúde, como V. Exa. afirmou no seu louvor -- mais desiludido ficou, sobretudo quando viu parte do seu trabalho remetido para os «arquivos da História».Terá havido efectivamente melhoria das condições de prestação de cuidados? Questiono-me se tal aconteceu, ao ler, ainda que transversalmente, os jornais e as notícias dos últimos meses. Continuam a surgir as antigas insuficiências e outras que o novo sistema criou!Mas, Sr. Ministro, se a grande maioria das medidas e o modo como foram implementadas me desgostou profundamente, teve V. Exa., o condão de, no passado mês de Setembro, me chocar e desiludir ainda mais:

-- Ao anunciar o encerramento nocturno do Serviço de Urgência do Hospital de D. Luís I do Peso da Régua (minha terra natal) -- hospital onde trabalhei 12 anos como director do Serviço de Ortopedia -- 1972 a 1984;
-- Ao anunciar também o encerramento do Serviço de Ortopedia do Hospital de Lamego, por mim criado em 1968;
-- Ao assinar o documento que estabelece o Centro Hospitalar do Porto, extinguindo o Hospital de Maria Pia como entidade autónoma. Foi a este hospital que dediquei 30 anos da minha actividade, como ortopedista infantil.

Como pode calcular, foi com profunda mágoa e desgosto que vi surgir tais medidas, que põem termo, volvidos tantos anos, a unidades em que estive profundamente empenhado.Foi por esse empenhamento que V. Exa. entendeu, bem recentemente, louvar-me.Por mais razões que V. Exa. possa apresentar para justificar estas decisões, e nisso é V. Exa. perito, jamais conseguirá atenuar o meu sentimento de agressão e de delapidação do meu acervo histórico, que ficou assim privado dos seus pilares mais emblemáticos e ferido na sua integridade.Mas o que mais lamento não é tanto a agressão à minha integridade histórica, mas sim a agressão a todos aqueles que vão ficar privados dos serviços, agora extintos ou a extinguir, sobretudo porque neste momento já não disponho de meios para, a partir do estádio zero, reconstruir, como antigamente e com outros dirigentes, as obras agora banidas. Mas porque estou do outro lado da barreira, como afirmei em Março de 2007, continuarei a defender os doentes carenciados de assistência.

Esta a verdadeira razão da mensagem e creia, Sr. Ministro, que apesar de me sentir profundamente magoado, manterei a minha disponibilidade para contribuir activamente para a discussão e organização do sector, em que o primado da justiça, da paridade e da proximidade presidam às medidas que venham a assegurar o bem-estar das populações, através de cuidados de saúde de elevado nível técnico e científico, apanágio do século XXI.

Dr. José de Mesquita Montes
Médico Ortopedista

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quinta-feira, janeiro 24, 2008

omoletas sem ovos


o que aqui é transcrito não terá sido ficção.

É a preocupante realidade dum país no qual se teima, à pressa, aplicar conceitos e métodos teórica e cientificamente correctos, sem o conhecimento da sua realidade e sem a preocupação de assumir a verdade do provérbio popular de que “não se fazem omoletas sem ovos”…

E neste caso, os ovos são não só os CODU, os helicópteros, as VMER, as SIV, as ambulâncias dos Bombeiros, os profissionais do INEM e dos Bombeiros, as acessibilidades rodoviárias e de uma Rede de SU definida por círculos traçados no mapa, mas também uma população instruída em como informar e receber a informação, em como se comportar perante a doença ou o acidente, em como, com responsabilidade, saber utilizar bem os serviços públicos que lhe são oferecidos.

E isto demora tempo, quase uma geração, no pressuposto de que desde pequenos todos sejamos “ensinados” e motivados a respeitar os princípios da solidariedade e da responsabilidade individual e colectiva.

Há mesmo razão para se dizer:
“Valha-nos Deus, estamos lixados”.
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quarta-feira, janeiro 23, 2008

unidose


Sendo apologista, desde sempre, duma prescrição médica “personalizada” à patologia e ao doente, replico aqui o Post do Boticário, sobre a dispensa de medicamentos em unidose, com o qual, nas suas ideias gerais eu estou de acordo.


Unidose

A principal razão porque detesto os políticos e as políticas do XVII Governo é porque não me parecem ter a honestidade intelectual que os portugueses merecem e deviam exigir. São mentirosos e manhosas, para ser mais directo.

Isto da dispensa dos medicamentos em unidose é um dos muitos bons exemplos disto mesmo: a unidose é um assunto antigo, sobre o qual já se acordou, protocolou e legislou há mais que muito tempo. No entanto, hoje, ninguém sabe o que o Governo entende por unidose (eu nem concordo, por motivos de segurança e higiene, com o retrocesso que representa a unidose "tira do frascão, mete no frasquinho") e ninguém sabe quando estará disponível nas farmácias de Portugal (As farmácias nos hospitais iniciariam uma fase experimental, mas quando é que abre uma, uma que seja, para iniciara a dita experiência?).

Porquê tanta demora, tanta manha, tanta curva e contra-curva? Talvez porque a indústria farmacêutica não deixa. MSP

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Compreendo a preocupação de MSP ao considerar poder este método de dispensa de medicamentos vir a fomentar ou a permitir uma mais fácil adulteração da qualidade do princípio activo, do seu prazo de validade, ou da sua identificação perante o consumidor (perda de segurança).

Reconheço poder vir a exigir aos profissionais das Farmácias e às suas Direcções Técnicas uma adequada preparação e um maior investimento em equipamentos dispensadores destes medicamentos por forma a minimizarem os riscos de quebra de higiene com o manuseamento dos mesmos.

Mas não restará mais que exigir a essas direcções técnicas o cumprimento rigoroso das normas de segurança e de higiene (haja vontade superior da sua definição) por forma a garantir ao consumidor a qualidade máxima que, no caso particular do medicamento (mais ainda do que em qualquer outro produto), lhe deve ser exigida.
E a ASAE, recentemente criada, que faça o resto que lhe compete…


Ao que o Peliteiro questiona e responde,

"Porquê tanta demora, tanta manha, tanta curva e contra-curva? Talvez porque a indústria farmacêutica não deixa."

eu acrescentaria:

... e porque o nosso Governo (ainda) não quer.
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Vá-se lá saber porquê.




23 de Janeiro de 2005



In memoriam

Dr. António Antão

1954 - 2005

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terça-feira, janeiro 22, 2008



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A actual política de saúde, em especial o encerramento de serviços e o corte de despesas necessárias ao seu bom funcionamento, tem degradado o Serviço Nacional de Saúde: o acesso é mais difícil e a qualidade da assistência está ameaçada.

O SNS é a razão do progresso verificado nas últimas décadas na saúde dos portugueses.
Ao serviço de todos, tem sido um factor de igualdade e coesão social.

Os impostos dos portugueses garantem o orçamento do SNS e permitem que a sua assistência seja gratuita.

Não é legítimo nem justificado exigir mais pagamentos.

Os signatários, reclamam da Assembleia da República o debate e as decisões políticas necessárias ao reforço da responsabilidade do Estado no financiamento, na gestão e na prestação de cuidados de saúde, através do SNS geral, universal e gratuito.

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Eu já assinei

Assina aqui
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segunda-feira, janeiro 21, 2008

encerramento de serviços de saúde




Agora percebo porque Correia de Campos, tantos serviços anda a encerrar pelo interior do país…


“O ministro da Saúde, Correia de Campos, afirmou hoje que as piores situações de saúde no país localizam-se no litoral e à volta das grandes cidades e anunciou a construção dos novos hospital de Faro e de Sintra.”
DD
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domingo, janeiro 20, 2008

para memória futura





Li com atenção a entrevista dada por Pedro Nunes, logo após a sua reeleição como Bastonário da Ordem dos Médicos, publicada pelo jornal Expresso.

Confesso não ter ficado admirado com a sua reeleição nem tão pouco com o teor das respostas que, ao longo da entrevista, foi dando às perguntas do jornalista do Expresso.


Gostei de o ler, sim…
Porque gosta-se sempre de ouvir dizer a um qualquer presidente eleito duma Ordem profissional, ser sua intenção:

i. pugnar pela unidade da classe médica, ultrapassando a já não recente clivagem regionalista fomentada e aprofundada por Miguel Leão durante a recente campanha eleitoral.
ii. saber ouvir e entender as vozes contributivas com novas ideias respeitantes à política de saúde ou à organização e dignificação da classe médica bem como as que mais ou menos frontalmente se mostram discordantes com a sua opinião pessoal que não poderá ser entendida como a opinião maioritária dos médicos, quando esta é desconhecida.
iii. alargar a discussão e análise dos problemas que à classe médica dizem respeito e vigiar internamente pela aplicação das orientações definidas pela própria classe.
iv. exigir ser a OM “consultora” dos órgãos do poder político (sob o ponto de vista técnico/profissional e independente da côr político-partidária) e ao mesmo tempo ser o transmissor “denunciante” perante o Estado e um firme opositor de forma construtiva às políticas de Saúde pelos Governos definidas, quando interpretadas como inconsequentes ou desfasadas da realidade do país.

Mas na política (da saúde), como em tudo na vida, a teoria tem de ser confirmada pela prática.

E a prática dos últimos três anos, falou por ela.

Que a história saiba julgar a memória destas palavras:

Expresso:
Até 2010, carreiras médicas. Há mais objectivos a conquistar?

Pedro Nunes:
Eu não vejo a vida numa lógica de conquistas. Penso que é imprescindível, e as carreiras médicas integram-se nisso, a luta pela defesa do Serviço Nacional Saúde. Há um adquirido social em Portugal que é o de todos os portugueses poderem fazer a sua vida sem estarem preocupados com o que lhes acontece se ficarem doentes. É isto que permite que os portugueses não tenham que pôr dinheiro debaixo do colchão para se um dia tiverem uma doença. É um direito social que não pode ser posto em causa. É uma obrigação da OM em que eu não transigirei em caso algum." Pedro Nunes
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sábado, janeiro 19, 2008

inesquecível

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sexta-feira, janeiro 18, 2008

dificuldades na comunicação


"ó sr jornalista, se as suas avózinhas ainda não tivessem morrido, estavam vivas" Correia de Campos - RTP1
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quinta-feira, janeiro 17, 2008

demagogia...


Vale a pena alertar, sim....
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"Eu faço um alerta bem visível a todos os promotores privados. Não podem estar convencidos de que, só porque são privados, vão abrir unidades que não tenham os mínimos requisitos de qualidade e segurança que nós oferecemos hoje no sector público" Correia de Campos
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Mas quais são estes requisitos mínimos de qualidade e segurança?
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Explique-se melhor, senhor Ministro da Saúde!
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... e claramente, diga o que disse, particularmente quanto ao número de partos exigíveis por ano, para que uma Maternidade pública (como a do Hospital de Chaves, recentemente encerrada) tenha razão para ter actividade com qualidade e segurança...
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Mas por favor...
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Sr. Ministro, deixe lá que os privados portugueses possam assistir as parturientes no seu país, bem mais perto das suas terras, dos seus familiares, com uma melhor qualidade, estou certo, mas bem mais onerosa, que a que lhe é oferecida com a deslocação pela A24 a muitos quilómetros de distância de Vila Real ou de uma qualquer clínica privada galega. qualquer outra clínica privada em terras

... mas depois não diga que:

"Pertenço a um partido socialista, que tem inscrito no seu código genético o SNS".
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quarta-feira, janeiro 16, 2008

diário íntimo de Correia de Campos



Excertos do diário íntimo de Correia de Campos
José Vítor Malheiros no PÚBLICO:


«Há pessoas muito estúpidas.

Há pessoas tão estúpidas que nem sequer percebem que, quando se fecha o serviço de urgência do hospital da sua terra, isso é para o seu bem.

Há pessoas tão estúpidas que nem sequer percebem que muitos dos serviços de urgência que se fecham nem sequer são verdadeiros serviços de urgência e que o facto de estar lá um médico que os ouve, os examina, os atende e os trata é secundário quando se compara isso com a racionalidade da rede de urgência nacional e pode até ser mais prejudicial do que benéfico.

Mais: há pessoas tão estúpidas que são capazes de confundir "emergência médica" com "urgência médica" ou mesmo com um simples caso agudo. Apesar de isto até já ter sido explicado na televisão!

Mas não é tudo: há pessoas que são tão, tão estúpidas que levam a sua estupidez ao ponto de levar uma criança a uma urgência hospitalar durante a noite e lá passar cinco horas com a criança embrulhada numa manta nos joelhos só porque têm medo de que se trate de uma coisa grave que exija uma rápida intervenção médica, quando qualquer médico percebe que não é nada grave e que tudo o que é necessário é baixar a febre e fazer inalações de vapor. É gentalha como esta que entope o sistema.

E há mais: há pessoas tão supinamente estúpidas que nem percebem a diferença entre Serviços de Urgência Básica, Serviços de Urgência Polivalente e Serviços de Urgência Médico-Cirúrgica (como se eu já não tivesse explicado o que significam estes conceitos) e que dizem que tudo o que querem é poder ter acesso rápido a cuidados médicos em caso de necessidade. Uma tristeza.

Há pessoas tão estúpidas que acham que quando lhes dizemos que a intervenção precoce é fundamental em casos de AVC ou ataque cardíaco ou coisa semelhante acham que isso quer dizer que devem ter acesso a cuidados médicos ali ao pé de casa e não percebem que uma hora ou duas a mais ou menos (ou três ou quatro) no fundo não tem importância nenhuma.

Há pessoas tão estúpidas (e tão egoístas) que não percebem que na política de saúde se trata antes de mais de estatísticas e que a importância do seu caso pessoal empalidece ao pé de mil outros.
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Mas isto ainda não é tudo: há pessoas que são tão estúpidas que nem percebem que não tem a mínima importância terem de se deslocar umas dezenas de quilómetros até ao SUB ou SUP ou SUMC, conforme o caso, porque podem apanhar um táxi ou uma ambulância ou mesmo um helicóptero. Algumas destas pessoas são tão indiferentes às prioridades da organização da rede de urgência que levam o seu egoísmo ao ponto de se queixarem da despesa e do incómodo que essas deslocações lhes causam. O que são 200 ou 300 euros quando é a saúde que está em causa?
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Outras pessoas levam a estupidez ao ponto de se queixarem de passar horas à espera nas urgências, sem perceber que isso significa que devem estar num hospital central com todas as valências, o que só por si lhes devia agradar.

Outras pessoas são tão estúpidas que se queixam de que houve serviços que foram fechados antes de terem sido abertos os serviços alternativos. Há até quem se queixe por haver 650.000 pessoas sem médico de família.

E até há pessoas tão estúpidas (algumas delas altamente colocadas) que acham que os portugueses têm razões para se perguntarem para onde vai o país em matéria de cuidados de saúde e que consideram que a reforma não foi suficientemente explicada.

Há outras pessoas que são tão estúpidas (incluindo pessoas que fazem parte de comissões técnicas que até deviam perceber destas coisas) que acham que as intervenções na rede de urgências começaram a ser feitas antes de se ter pensado no quadro global e que se está a pôr o carro à frente dos bois e a tomar decisões avulsas conforme as pressões locais.

Há tantas pessoas tão estúpidas que acho que a única solução é mesmo dissolver o povo. Ia reduzir o acesso às urgências.»


(retirado do Boticário)

terça-feira, janeiro 15, 2008

a alternativa é possível...



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Movimento da Candidatura
Alternativa para a Ordem dos Médicos
Prof. Doutor Carlos da Silva Santos

a Bastonário da OM

Comunicado de Imprensa

Declaração

Esta campanha da segunda volta é a melhor prova
de que é mesmo necessária uma Alternativa


No momento em que está a aproximar-se do fim a campanha da segunda volta para a eleição do Bastonário da Ordem dos Médicos, cumpre ao Movimento da Alternativa para a OM afirmar publicamente o seguinte:
1. O nosso Movimento não se revê na forma como a campanha tem decorrido nem no modo de estar dos seus protagonistas
2. Os dois candidatos em presença estão a desacreditar a OM perante os jovens médicos que mais alheados se sentem hoje.
3. O estendal público de ataques pessoais, vazio de conteúdo sério e longe do nível do debate que devia ter sido continuado, desacredita os Médicos perante os cidadãos e a classe.
4. Esta situação é a melhor prova de que o Movimento da Alternativa para a Ordem dos Médicos é necessário aos Médicos e à sociedade portuguesa, pelo que é um imperativo que ele continue e se alargue.
5. Assim vai acontecer: o Movimento decide pela sua própria continuidade e aprofundamento, qualquer que seja o resultado das eleições e o que se lhes seguir.

Objectivos imediatos do Movimento
da Alternativa para a OM (MAOM)

Os passos imediatos que o MAOM vai dar passam pelos seguintes objectivos:
1. Reclamar e concretizar o direito de oposição e de pluralidade dentro da Ordem.
2. Promover debates e participar nos trabalhos de revisão do Estatuto.
3. Exigir o debate sobre o Código Deontológico e participar nos trabalhos de revisão.
4. Continuar a defender a renovação em progresso do SNS discutindo e divulgando propostas para o seu aprofundamento e sustentabilidade.
5. Organizar espaços de encontro e de reflexão regulares para mobilizar os médicos em torno dos problemas mais gravosos para a classe nomeadamente das carreiras médicas
6. Criar de imediato um núcleo de trabalho específico para mobilização e esclarecimento dos jovens médicos sobre a sua realidade profissional, a curto e médio prazo.

No dia 18 de Janeiro próximo, pelas 20.30, em Coimbra, em local a anunciar, o Movimento vai realizar um encontro convívio nacional de balanço da campanha e dos seus resultados.

11 de Janeiro de 2008




E para quem quiser estar presente, o Jantar / Reunião Nacional do Movimento Alternativa para a O.M., realiza-se pelas 20:30h do dia 18/01/2008 em Coimbra, no restaurante "Rui dos Leitões".


Contactos até, quarta-feira, 16/01/2008.
Carlos Silva Santos – 964440677

Marlicia Solas - 966056417



Eu vou tentar lá estar.
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segunda-feira, janeiro 14, 2008

Pedro Nunes/Miguel Leão (III)



Eu já enviei o meu voto por correio e penso ter demonstrado, da maneira como o fiz, a minha consternação, que aqui, neste texto publicado no TM online, tão bem é retratada…


"Consternação "
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Estamos a dois dias de saber quem será o novo presidente da Ordem dos Médicos para o próximo triénio.
Acompanha-nos expectativa, porventura alguma emoção?
Infelizmente, aproximamo-nos consternados da contagem dos votos, que desejamos sejam em elevado número, porque é importante saudar a possibilidade de escolher, escolhendo — embora o essencial esteja decidido.
De facto, as recentes alterações ao formato das eleições na OM deixam para a segunda volta «apenas» a escolha do bastonário da instituição; na primeira, foi eleito o governo da Ordem, que tem 10 membros. Falta, pois, encontrar o décimo, o presidente do CNE, um entre os demais, embora primus inter pares, porque representa todos os médicos.
Segue-se que agora optaremos por personalidades, maneiras de ser, carácteres, já que o programa de governação está aprovado desde o passado dia 12.
Nestas circunstâncias, restava aos protagonistas apresentarem-se como cidadãos de pensamento elaborado e discurso polido, ou caírem na tentação da pequena, porque baixa, política; infelizmente, a forma como tem decorrido a campanha mostra que cederam à facilidade do ataque pessoal, não raro indecoroso, e lesivo da imagem que a Ordem dos Médicos deve preservar na opinião pública, que não é seguramente a da querela gratuita ou a de uma instituição onde o engalfinhamento sobreleva o debate elevado.
Desejamos que aquilo que agora nos entristece termine logo após a contagem dos votos e não se prolongue por impugnações e outros expedientes que só agravarão a deslustrada ideia, fomentada entre os portugueses atentos, de uma Ordem profissional decerto maioritariamente constituída por pessoas dignas, a quem compete assegurar a qualidade de um dos mais importantes direitos, o direito à saúde.
Que os resultados do escrutínio sejam aceites democraticamente é o que se exige aos candidatos. Nenhum deles se dignificou nesta contenda que deveria ser um período de esclarecimento, e que deixou entre os que os não conhecem a ideia, errada, de que são indivíduos com pouco a oferecer e de questionável formação.
«TM»

TM 1.º CADERNO de 2008.01.140812741C22108JPO02A

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A minha consternação permanece, mesmo a dois dias das eleições, quando recebo na minha caixa de correio vários envelopes, de ambas candidaturas e de órgãos oficiais da OM, com cerca de 20 folhas de textos, cujos conteúdos, lidas as palavras iniciais dos seus muitos parágrafos, me fizeram quase que de imediato colocá-las directamente (desculpem) no cesto dos papéis.


Mas uma destas páginas reteve a minha atenção.


A que me foi enviada pela candidatura de Pedro Nunes com o título:


“Carta de João Semedo endereçada a Miguel Leão”


Não sei que motivação teve João Semedo, para redigir agora, nas vésperas da votação para a 2ªvolta da eleição para bastonário da OM, uma carta dirigida a Miguel Leão, particularmente quando nela refere que “por decisão própria resolvi não me empenhar nem apoiar nenhuma candidatura na 1ª volta”.


De acordo estou com João Semedo quando critica a atitude perfeitamente sectária, abusiva e de maus modos, demonstrada pelo Conselho Regional do Norte, quando, na tentativa de apoiar o candidato Miguel Leão o faz “como se a OM fosse um qualquer clube de futebol cuja SAD fosse a votos. O que o CRN fez é tão só e apenas terrorismo verbal, ao pior estilo dos autos de fé dos tribunais da Inquisição”.


Mas não chega a João Semedo, com a responsabilidade que lhe é reconhecida como deputado e principalmente como médico publicamente conhecido, dizer que, por esses motivos, “o melhor para a OM é a derrota de Miguel Leão”, declarando assim o seu apoio à candidatura de Pedro Nunes.


Exigir-se-ia que nesta carta, que “aberta” parece ser, João Semedo quebrasse o “silêncio” por forma a não gerar “equívocos” e mostrar uma “posição clara” (como ele diz) sobre ambos os candidatos, não se limitando a dizer não valer a pena, agora, estar a enumerar as várias razões que ditaram a sua opção em não apoiar nenhum deles durante a 1ª volta.


Deveria expor, isso sim, de forma “clara” e “inequívoca” a todos os colegas a quem esta carta chegou, também, o que de bem fez, no seu mandato anterior e se propõe fazer o candidato Pedro Nunes, pela classe médica e pelo SNS, que ele, João Semedo, defende, e que o obriga a publicamente agora nele depositar o seu voto de confiança e aconselhar os indecisos, da mesma forma em Pedro Nunes votar.

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sábado, janeiro 12, 2008

pensar "só" no perigo de vida


JP - A vossa proposta não contemplou o problema das situações agudas...
J. M. A. - Tivemos o cuidado de aferir o conceito que resolve isto: o da consulta aberta. Acordámos isto com a Unidade de Missão dos Cuidados de Saúde Primários. Do ponto de vista do cidadão, urgência é ter que ir ao médico depressa. Mas a rede de urgências foi pensada para os que estão em perigo de vida.
José Manuel Almeida em entrevista publicada no JP de 12-01.2007

Efectivamente, a verdade é dita nesta resposta:
Realço: “a rede de urgências foi pensada para os que estão em perigo de vida”.

Esta resposta de JMA já por demais repetida, realça uma vez mais a verdade dos fundamentos que presidiram à elaboração desta rede de urgências. A necessidade dos “doentes que estão em perigo de vida”, serem socorridos em tempo útil nos SUB, nos SUMC e nos SUP após uma correcta referenciação pelo CODU e um atempado atendimento de proximidade com VMERs ou SIVs.

E os outros?

... os que com uma luxação do ombro, com uma suspeita de fractura do punho ou com um derrame articular de grande volume; com uma simples dor abdominal ou com uma ferida extensa na coxa; com uma aparente e inofensiva dor torácica ou com uma temporária alteração do ritmo cardíaco, uma tosse com expectoração hemoptoica ou uma ascite de grande volume?
… os que não estando em perigo de vida sofrem e necessitam, não tanto como os outros, é certo, de um atempado diagnóstico e tratamento das suas doenças agudas, a serem realizados por profissionais com a diferenciação necessária que não de MGF, apontados que estão estes, para actuarem no âmbito dos CSP em consultas abertas.


Para estes doentes, deverão os membros da CTAPRU e o Ministro da Saúde, retirar os perto de 40 SUBs, espalhados de norte a sul, como locais de atendimento.
Isto porque nestes serviços irão estar profissionais médicos indiferenciados (com a não prometida mas esperada formação em suporte avançado de vida), que sem preparação para tratar as patologias agudas destes doentes, se verão na obrigação de os encaminhar, depois de devidamente estabilizados e documentados em termos analíticos, radiológicos ou electrocardiográficos, para os 27 SUMCs e 14 SUPs distribuídos pelo país.


... e aí depois, engrossarão a lista dos verdes, amarelos e laranjas à espera de serem tratados.

É que o tempo do "saudoso" Dr.João Semana já lá vai.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Pedro Nunes ou Miguel Leão? (II)

O Dr. Jaime Teixeira Mendes (candidato nas eleições de 2007 a presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos; chefe de serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Santa Maria - Lisboa), neste artigo publicado pelo TM, dá a resposta, também por mim já há muito assumida, de em quem não votar:

"O movimento «Alternativa para a Ordem dos Médicos» distancia-se dos dois candidatos à presidência da Ordem e repudia a forma de baixo nível como tem decorrido a campanha."
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Eleições à porta...
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Os médicos habituaram-se, durante anos, a ter como bastonários colegas no topo da carreira, muitas vezes já jubilados e sempre possuidores de substrato científico de nível nacional ou mesmo internacional.

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Infelizmente, nos últimos 10 a 15 anos, este cargo tem sido exercido por médicos/funcionários do «campus medicus» da Gago Coutinho (já lá vão três vivendas), sem provas dadas no campo profissional e muito menos académico.Vários artigos escritos e intervenções em debates públicos (infelizmente muito pouco divulgados) do candidato prof. doutor Silva Santos e de outros membros da lista «Alternativa para a Ordem dos Médicos» já alertavam os colegas para o fraco nível da produção de documentos dos candidatos e apoiantes de Pedro Nunes e Miguel Leão.
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O nível do debate entre os dois candidatos a presidente da Ordem dos Médicos, drs. Pedro Nunes e Miguel Leão, chegou mais baixo do que aquele que se previa, agudizando-se agora na segunda volta das eleições. Acusações de eleições fraudulentas, de mentirosos, etc. chegam-nos por parte dos dois candidatos, parecendo mais a eleição para presidente de um clube de futebol - com todo o respeito para com os dirigentes clubistas -, do que para a nossa associação profissional.
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Espantam-me os nomes que apoiam qualquer dos candidatos, que tenho em conta de pessoas que estão muito acima deste nível de discussão, e penso que não foram certamente devidamente elucidadas quando anuíram com o seu apoio, esquecendo o velho ditado: «Diz-me com quem andas...»
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Nada disto teria importância se não estivesse em curso a destruição do Serviço Nacional de Saúde e das carreiras médicas, perante a inoperância da Ordem.
- Fraude com os votos de 42 colegas espanhóis;
- O actual presidente retira-se amuado com os resultados, num ataque súbito de isenção aguda e nomeia um interino, que gosta e apoia-o;
- A mudança de regras entre a primeira e segunda voltas, decididas pelo presidente (auto)suspenso;
- A intervenção na corrida eleitoral dos órgãos eleitos da OM , sem nenhum sentido ético - basta ler os últimos boletins (até no discurso de despedida por aposentação do director de serviços da SRS da OM, numa retrospectiva de 42 anos ao serviço da Ordem, distingue como factos relevantes, entre o período da censura, Ordem com funções sindicais e greve dos médicos em 1979, pasme-se, a eleição da dr.ª Isabel Caixeiro... Não há pachorra!!!);
- O baixo nível de confronto entre os candidatos.
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Triste exemplo para os jovens médicos e todo o País que assiste atónito.
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A abstenção vai de certeza aumentar e cada vez haverá menor participação dos médicos na vida da Ordem, e isto por culpa dos seus actuais corpos gerentes.
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Que é que interessa à maioria dos médicos se o dr. Miguel Leão não vai ao seu serviço há três anos ou se o dr. Pedro Nunes anda a passear à custa das nossas cotizações em permanente campanha eleitoral?
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Interessava, sim, sabermos quais são as propostas para enfrentarmos unidos e com dignidade o momento actual.Uma das propostas da candidatura «Alternativa para a Ordem dos Médicos» residia na dignificação da profissão, tão maltratada e que atitudes como estas a colocam ainda mais em baixo.
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Como disse num artigo recente em que anunciava as razões da minha candidatura a presidente do Conselho Regional do Sul, entre a atitude da maioria dos médicos de cruzarem os braços e taparem a cara de vergonha perante este espectáculo, prefiro ir ao combate e dizer que estes senhores não nos representam e que unidos conseguiremos afastar da direcção da Ordem os médico-funcionários que tomaram conta dela.
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O movimento «Alternativa para a Ordem dos Médicos» distancia-se dos dois candidatos à presidência da Ordem e repudia a forma de baixo nível como tem decorrido a campanha.

O movimento «alternativo» vai continuar e impor-se como a solução da ruptura com a actual situação na Ordem.
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Jaime Teixeira Mendes
Candidato nas eleições de 2007 a presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos; chefe de serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Santa Maria (Lisboa).
TM ONLINE de 2008.01.100802PUB6F0307JMA02B.
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quarta-feira, janeiro 09, 2008

duas perguntas só


Depois dos demasiados “Contra” e dos poucos “Prós” manifestados na 2ªfeira passada na RTP1, aqui poder-se-á fazer um balanço do que num ano foi feito e ainda falta fazer em termos de encerramentos e de requalificações de SUB, SUMC e SUP. .
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Tudo parece já ter sido dito e esgrimido a favor e contra, mas só mais duas perguntas:
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Irão os SUB previstos, equipados com técnicas de laboratório e de radiologia, assegurados que vão ter o seu funcionamento nas 24 horas, por 2 médicos não diferenciados, 2 tecnicos, 2 enfermeiros, um ou dois auxiliares e um administrativo, contribuir para a melhoria dos cuidados de urgência?
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Ou ir-se-ão rapidamente transformar em Serviços de Atendimento Permanente (SAP), um pouco mais "sofisticados” dos que até à data, os extintos, os condenados ou os ainda existentes têm sido?

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segunda-feira, janeiro 07, 2008

para onde vai a saúde?



PARA ONDE VAI A SAÚDE?

hoje na RTP1


O Centro Hospitalar de Torres Vedras está a recrutar pediatras através de empresas como forma de assegurar o serviço de urgência pediátrica o qual, por falta de médicos, já esteve para encerrar na última semana do ano.


A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta Sousa, criticou hoje o ministro da Saúde «por ter um discurso a favor da qualidade e segurança dos cuidados prestados e não disponibilizar os meios» necessários aos hospitais.


Um parto aconteceu ontem no Hospital de Santa Maria Maior, em Barcelos, unidade cujo bloco de partos foi encerrado há cerca de um ano e meio pelo Ministério da Saúde.

Segundo informações avançadas por Teresa Bugalho, chefe da equipa de urgências, por dia chegam a ser atendidas 600 pessoas nas urgências. "Fazemos o melhor que podemos. Tanto em espaço como em número de médicos, não conseguimos fazer mais".

VOU VER!!!





domingo, janeiro 06, 2008

pacto de regime PS/PSD na saúde

- O ministro da Saúde diz que está a salvar o Serviço Nacional de Saúde. A Ordem e os médicos dizem que as reformas estão a arrasar o Serviço Nacional de Saúde. Quem tem razão? Quem fala verdade?
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JMS: Não seria de esperar que, de qualquer Governo, viesse uma afirmação no sentido de destruir o serviço Nacional de Saúde. Aquilo que o Governo diz di-lo por razões políticas e quase por obrigação política. Não pode dizer que está a fazer as coisas erradas. Tem de dizer que está a fazer as coisas certas. Quem está no terreno, quem conhece os problemas da Saúde, quem se preocupa e analisa as coisas para além da demagogia política, não tem quaisquer dúvidas que o Serviço Nacional de Saúde está a ser progressivamente destruído. E mais. Eu considero até que existe neste momento um perigoso pacto de regime na área da Saúde.
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- Pacto de regime entre PS e PSD? Secreto?
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JMS: Repare. Se nós assistimos ao facto dos grandes grupos económicos estarem a investir milhares de milhões de euros na área da Saúde e esperam naturalmente ter o mesmo nível de retribuição que em qualquer outro sector da economia há uma coisa que têm de ter a certeza. Na área da Saúde não vai haver ciclos políticos. Ou seja, não vai aparecer no futuro nenhum Governo que altere esta política.CM
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Haverá dúvidas?

- Costuma dar exemplos da área da educação. Acha que é tão fácil fazê-lo na área da saúde?

LFM: Não defendo a privatização de tudo, defendo é que haja um equilíbrio entre o sector público e o privado nas áreas sociais. O que quero é acabar com a ideia de que o prestador privado não pode fornecer um serviço público.
Mas voltando às críticas ao ministro da Saúde, entendo que se tem de racionalizar o sector, mas deve haver alguma prudência. Não questiono todos os serviços que fecham, questiono aqueles que me parece terem sido fechados de forma precipitada. Não pode haver lógica de política de terra queimada. Mais: em certas circunstâncias podia justificar-se alguma discriminação positiva, pois há zonas do país que estão a ficar desertificadas e despovoadas. Manter aí um determinado serviço público pode ajudar a manter uma povoação no limiar que lhe permite resistir à desertificação e abandono.

- Voltando à saúde. Como é que aplicava nesse sector a "receita" que expôs para a educação?

LFM: Posso dar um exemplo: o da projectada construção de um novo hospital na Póvoa do Varzim, onde já existe um excelente hospital privado. Por que é que não se contratualiza com esse hospital a prestação de serviço público? Talvez por um preconceito ideológico sobre o que é o papel do Estado na prestação de serviços públicos. JP-Destaque

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