segunda-feira, janeiro 14, 2008

Pedro Nunes/Miguel Leão (III)



Eu já enviei o meu voto por correio e penso ter demonstrado, da maneira como o fiz, a minha consternação, que aqui, neste texto publicado no TM online, tão bem é retratada…


"Consternação "
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Estamos a dois dias de saber quem será o novo presidente da Ordem dos Médicos para o próximo triénio.
Acompanha-nos expectativa, porventura alguma emoção?
Infelizmente, aproximamo-nos consternados da contagem dos votos, que desejamos sejam em elevado número, porque é importante saudar a possibilidade de escolher, escolhendo — embora o essencial esteja decidido.
De facto, as recentes alterações ao formato das eleições na OM deixam para a segunda volta «apenas» a escolha do bastonário da instituição; na primeira, foi eleito o governo da Ordem, que tem 10 membros. Falta, pois, encontrar o décimo, o presidente do CNE, um entre os demais, embora primus inter pares, porque representa todos os médicos.
Segue-se que agora optaremos por personalidades, maneiras de ser, carácteres, já que o programa de governação está aprovado desde o passado dia 12.
Nestas circunstâncias, restava aos protagonistas apresentarem-se como cidadãos de pensamento elaborado e discurso polido, ou caírem na tentação da pequena, porque baixa, política; infelizmente, a forma como tem decorrido a campanha mostra que cederam à facilidade do ataque pessoal, não raro indecoroso, e lesivo da imagem que a Ordem dos Médicos deve preservar na opinião pública, que não é seguramente a da querela gratuita ou a de uma instituição onde o engalfinhamento sobreleva o debate elevado.
Desejamos que aquilo que agora nos entristece termine logo após a contagem dos votos e não se prolongue por impugnações e outros expedientes que só agravarão a deslustrada ideia, fomentada entre os portugueses atentos, de uma Ordem profissional decerto maioritariamente constituída por pessoas dignas, a quem compete assegurar a qualidade de um dos mais importantes direitos, o direito à saúde.
Que os resultados do escrutínio sejam aceites democraticamente é o que se exige aos candidatos. Nenhum deles se dignificou nesta contenda que deveria ser um período de esclarecimento, e que deixou entre os que os não conhecem a ideia, errada, de que são indivíduos com pouco a oferecer e de questionável formação.
«TM»

TM 1.º CADERNO de 2008.01.140812741C22108JPO02A

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A minha consternação permanece, mesmo a dois dias das eleições, quando recebo na minha caixa de correio vários envelopes, de ambas candidaturas e de órgãos oficiais da OM, com cerca de 20 folhas de textos, cujos conteúdos, lidas as palavras iniciais dos seus muitos parágrafos, me fizeram quase que de imediato colocá-las directamente (desculpem) no cesto dos papéis.


Mas uma destas páginas reteve a minha atenção.


A que me foi enviada pela candidatura de Pedro Nunes com o título:


“Carta de João Semedo endereçada a Miguel Leão”


Não sei que motivação teve João Semedo, para redigir agora, nas vésperas da votação para a 2ªvolta da eleição para bastonário da OM, uma carta dirigida a Miguel Leão, particularmente quando nela refere que “por decisão própria resolvi não me empenhar nem apoiar nenhuma candidatura na 1ª volta”.


De acordo estou com João Semedo quando critica a atitude perfeitamente sectária, abusiva e de maus modos, demonstrada pelo Conselho Regional do Norte, quando, na tentativa de apoiar o candidato Miguel Leão o faz “como se a OM fosse um qualquer clube de futebol cuja SAD fosse a votos. O que o CRN fez é tão só e apenas terrorismo verbal, ao pior estilo dos autos de fé dos tribunais da Inquisição”.


Mas não chega a João Semedo, com a responsabilidade que lhe é reconhecida como deputado e principalmente como médico publicamente conhecido, dizer que, por esses motivos, “o melhor para a OM é a derrota de Miguel Leão”, declarando assim o seu apoio à candidatura de Pedro Nunes.


Exigir-se-ia que nesta carta, que “aberta” parece ser, João Semedo quebrasse o “silêncio” por forma a não gerar “equívocos” e mostrar uma “posição clara” (como ele diz) sobre ambos os candidatos, não se limitando a dizer não valer a pena, agora, estar a enumerar as várias razões que ditaram a sua opção em não apoiar nenhum deles durante a 1ª volta.


Deveria expor, isso sim, de forma “clara” e “inequívoca” a todos os colegas a quem esta carta chegou, também, o que de bem fez, no seu mandato anterior e se propõe fazer o candidato Pedro Nunes, pela classe médica e pelo SNS, que ele, João Semedo, defende, e que o obriga a publicamente agora nele depositar o seu voto de confiança e aconselhar os indecisos, da mesma forma em Pedro Nunes votar.

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