sábado, março 31, 2007

novos impostos sobre a doença

................................................................................. Goya - "Doença e crise"

Os impostos sobre os doentes, como o prometido, entram em vigor no dia primeiro de Abril.
Não é partida do “Dia das Mentiras” até porque a portaria (
395-A/2007) que actualiza o valor das “taxas moderadoras” e cria dois outros impostos sobre os “internamentos” e as “cirurgias de ambulatório”, foi publicada hoje em DR entrando em vigor precisamente no dia 1 de Abril.

Refere no seu preâmbulo, ser necessária a revisão das taxas tendo em atenção a taxa de inflação verificada em 2006, corrigindo assim os valores praticados até à data. (portaria nº219/2006)

E quais foram os aumentos?

Consultas Externas (aumento médio) – 2,8%
Serviço domiciliário – 4,7%
Urgência (aumento médio) – 3,0%
Análises de rotina (18 análises) – 8,5%
ECG (12 derivações)– 43% ???
Rx simples – 0%
TAC – 2,9%
RMN – 3,0%
Ecografia – 3%
Endoscopia – 3,2%
Etc, etc, etc…

Com raras excepções, pela positiva e pela negativa, os aumentos foram bem aproximados da taxa de inflação de 2006 (3,1%). Mas que dizer dos salários que aumentaram 1,5%?

É que, é com este aumento salarial que os trabalhadores têm que suportar um superior aumento do custo de bens que deveriam ser considerados essenciais (ou de saúde não se estivesse a falar).
Não “alivia” ninguém ouvir dizer-se que “as novas taxas, bem como as que estão em vigor, deverão ser gratuitas para os utentes isentos, o que representa mais de metade dos utilizadores do serviço”, quando ao mesmo tempo se comunica que estes aumentos representam um acréscimo de 1,5 milhões de Euros que entram nos cofres do SNS, à custa dos doentes.

E se de um internamento hospitalar a uma cirurgia, de umas análises a um ECG está o Ministério da Saúde a falar, porque insiste Correia de Campos e a sua equipe em falar de taxas moderadoras quando a dita moderação, ou falta dela, a outros (aos requisitantes) diz respeito?

Bom senso e consideração, por quem de cuidados médicos necessita, deveriam existir. E se tais sentimentos não existem, em particular por parte de quem tem obrigação social de os ter, então apelos à solidariedade ou à compreensão para sacrifícios pedidos, porque necessários, não poderão ter entendimento e aceitabilidade.

Com estes aumentos e estes “novos impostos sobre o internamento e sobre as cirurgias, sub-repticiamente, ano após ano, com a ameaça da “sustentabilidade do SNS”, o princípio consagrado na Constituição da República que determina que o SNS é tendencialmente gratuito, a bem curto prazo será substituído, na próxima revisão Constitucional, por “tendencialmente pago”, sempre e sempre com os mesmos argumentos.

E um aviso mais é feito em “Memórias para esquecer” sobre este tema e sobre o encerramento de serviços de saúde:

"Coincidência?!?
Ainda acreditam nisso?!
E acham o quê?
Que é também coincidência os aumentos das TAXAS MODERADORAS que entram hoje em vigor?
Meus amigos, as taxas aumentam, simplesmente para que fiquem mais próximas dos valores dos PRIVADOS, para que vocês pensem duas vezes entre fazer os 30 ou 40 ou mais Quilómetros que AGORA os separam do hospital mais próximo ou irem ao privado que nasceu, caído do céu mesmo no meio da vossa Vila ou Cidade...
Abram os OLHOS!!!"

E bem é preciso abrir os olhos.

quinta-feira, março 29, 2007

quem protege os ratos do SNS?

Erro ou realidade?

Na página do JN de hoje (edição online) referente à notícia “Ministro da Saúde em diálogo com municípios” aparece em maiúsculas e a vermelho no topo dessa mesma página:

"É INACEITÁVEL QUE SE PROTEJA UM RATO E SE VIOLE AQUILO QUE ESTÁ CONSTITUCIONALMENTE CONSAGRADO" aqui

Sobre a violação do que está constitucionalmente consagrado, no que ao Serviço Nacional de Saúde diz respeito, já muitos se têm apercebido de que se trata.

Agora, qual será o “rato” que estão a proteger e quem o está a proteger?

Mas afinal o rato é outro… É o rato-de-cabrera.
“O rato-de-cabrera está a ser usado como desculpa para impedir o avanço da ligação viária entre Outeiro e Vimioso, distrito de Bragança.” JN
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a "efervescente" importância dos cuidados materno-infantis

O Colega Vladimiro, do O efervescente, a dissertar sobre os custos das cesarianas, na SIC. Muito bem.



quarta-feira, março 28, 2007

a pressão financeira e a qualidade dos cuidados de saúde


Retiro, do texto publicado pelo TMOnline de 27.03.07 que resume o que se passou num debate sobre “Sistemas de Saúde e qualidade dos cuidados oferecidos aos cidadãos” realizado na Ordem dos Médicos do Norte aquando da apresentação do “nascimento” da Sociedade Portuguesa para a Qualidade em Cuidados de Saúde, a preocupação da Drª Susana Parente (Anestesiologista do Hospital de S.Francisco Xavier) quando confrontada com a análise feita por Maggie Somekh sobre o “Passado, Presente e Futuro do NHS” link
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"Precursor de algumas medidas agora espelhadas no Serviço Nacional de Saúde português, o National Health Service (NHS), do Reino Unido, debate-se actualmente com alguns problemas que, acreditam os especialistas, deverão vir a fazer-se sentir em Portugal nos próximos anos.
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Daí que as explicações de Maggie Somekh sobre o «Passado, Presente e Futuro» do NHS tenham deixado algo inquietos os parceiros portugueses.

Desde logo, a falência do modelo dos Primary Care Trusts, que estão a ser reduzidos para metade, e a competitividade entre hospitais potenciada pela abertura do mercado à iniciativa privada chamaram a atenção dos clínicos nacionais.

«Alguns hospitais não sobreviveram», contou Maggie Somekh, que falou ainda da dificuldade da partilha de experiências profissionais entre instituições concorrentes.
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Positivo no que toca à redução de custos, o outsourcing de serviços de limpeza e de catering poderá ter contribuído para a disseminação da infecção hospitalar.
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De resto, as preocupações para o futuro anotadas pela representante britânica não divergiram muito das entretanto enumeradas por Susana Parente no que toca ao sistema português. A especialista mostrou-se preocupada com a possibilidade de as pressões financeiras levarem à redução de pessoal e, consequentemente, ao encerramento de camas e ao aumento das listas de espera, conduzindo assim a uma pressão para altas precoces e a maiores possibilidades de reinternamento, bem como com a fragmentação entre serviços da esfera pública e privada e a possibilidade de o sector privado vir a tomar conta dos serviços de saúde comunitários."

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terça-feira, março 27, 2007

bloco operatório da Unidade de Fafe do CHAA




"O bloco operatório do Hospital de Fafe está encerrado há uma semana devido a uma avaria no sistema de ar condicionado. Na última terça-feira foi detectada uma instabilidade na temperatura ambiente do bloco e a direcção clínica entendeu suspender todas as cirurgias que estavam agendadas até que a situação se resolva."JN

Na realidade, o BO da agora denominada Unidade de Fafe do Centro Hospitalar do Alto Ave suspendeu a sua actividade no dia 20 de Março em virtude de avaria no compressor do chiller do sistema de ar condicionado, com o consequente descontrolo das temperaturas exigíveis para a prática de cirurgias.

A reparação, a cargo do SUCH e sob a supervisão do Serviço de Instalação e Equipamentos do CHAA, com os inconvenientes óbvios para os doentes dos serviços cirúrgicos desta unidade, tarda a ser realizada.
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"Urgências" e "horas extraordinárias", para outros técnicos que indirectamente interferem no tratamento dos doentes, parece não existirem...

Trata-se dum sistema de ar condicionado, instalado, aquando do “reinado” de Leonor Beleza/Costa Freire, no restaurado Hospital de S.José de Fafe já nos finais da década de 80. Caduco já nesta data, obsoleto nos dias de hoje assim permanece.

Apesar de insistências e pedidos vários para a sua substituição, por parte dos anteriores CA (a candidatura a financiamento através do Programa Operacional Saúde XXI em 2006 - não foi contemplada), assim permaneceu a funcionar deficitariamente, ao longo dos já 17 anos de actividade cirúrgica contínua no Hospital de S.José de Fafe.

Será que a Unidade de Fafe, agora fazendo parte dum Centro Hospitalar, vai ter por parte do actual CA, da ARS do Norte e do MS, uma aposta diferente em termos de investimento na qualidade, na segurança e na modernização das suas instalações?

Porque os doentes e os profissionais desta Unidade o merecem, assim todos esperamos.
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sábado, março 24, 2007

dia do estudante

"Hoje não são muitos os que recordam as razões que identificam o dia 24 de Março com os estudantes. Para as compreendermos temos que recuar à crise académica de 1962 e às causas das lutas estudantis desde o início do século.

(...)De tudo isto ficou a memória e a data: 24 de Março, escolhida pela Assembleia da República quando em 1987 fixou o Dia do Estudante. E que bom que é poder assistir à manifestação livre das reivindicações dos estudantes, quer se concorde ou não com todas elas, num ambiente democrático de respeito pelos seus direitos, liberdades e garantias."Rui Grilo




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sexta-feira, março 23, 2007

ToKyo 84

Keith Jarrett playing. Footage from "Keith Jarrett: Last Solo". Tokyo '84 Encore



Sem palavras.
Só para se ouvir e ver...

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quinta-feira, março 22, 2007

as diferenças

O Bastonário da Ordem dos Médicos rejeita qualquer acusação de incompetência dos médicos de família, depois do estudo da DECO sobre a prescrição desnecessária de antibióticos.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Nunes recusou que se ponha em causa a qualidade dos médicos, ressalvando, porém, que as condições de organização na saúde obrigam ao exercício de uma "medicina mais defensiva".
RFM


O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos quer apurar em detalhe quais as farmácias que têm práticas menos adequadas.
Esta é a reacção de Aranda da Silva ao estudo publicado hoje pela Deco, que revela que algumas farmácias vendem antibióticos sem prescrição médica.
"Naturalmente a Ordem fará uso das suas competências e irá averiguar o que é que se passa", afirmou. RFM


Problemas de "boas práticas" identicos, com posições públicas de Bastonários bem diferentes.

Qual o Bastonário com "boas práticas"?


Já agora, a propósito do relatório enviado esta semana pela ERS ao Ministério da Saúde, sobre as actividades de inspecção e licenciamento de unidades de saúde privadas, vale a pena ler a posição da Ordem dos Farmaceuticos, tornada ontem pública. A ler em A BOTICA.
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quarta-feira, março 21, 2007

para os esquecidos


"O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas reconhece que não se cumpre a lei em matéria de licenciamento das unidades privadas de saúde."RFM

Para os esquecidos (proprietários e agentes fiscalizadores):

"O projecto é da Fikemcasa, uma empresa privada com estatuto de utilidade social, que lança agora uma nova forma de apoio.


"Uma pessoa sai de casa e perde-se ou se cair, após um contacto pode ser enviado um apoio móvel; se o cliente tiver de tomar medicação ou tem uma consulta, pode ser lembrado", este são alguns exemplos dados pela socióloga Gabriela Silva, responsável pelo projecto.

Para ter acesso a estes e outros serviços basta ter um telemóvel especial simplificado só com três botões, quando a bateria estiver a 20% o centro de apoio recebe uma mensagem e depois o cliente recebe uma chamada a avisá-lo de que tem de carregar o telemóvel".
RFM




segunda-feira, março 19, 2007

as contas da Saúde



Às vezes o que parece não é, porque o contraditório não existe.
Ouça-se também a outra parte comentar a afirmação de que "os custos com a saúde têm crescido de uma forma insustentável".

"A saúde e os custos da saúde em Portugal"


A saúde continua a ser um direito garantido a todos os portugueses pela Constituição da República. Apesar disso, o actual governo desencadeou um forte ataque contra esse direito que tem provocado o protesto das populações por todo o País. E o principal argumento utilizado pelo governo na sua campanha contra a saúde dos portugueses é que os custos com o Serviço Nacional de Saúde têm crescido de uma forma insustentável e que é preciso reduzi-los. Por isso, interessa analisar este argumento do governo (os custos) para responder à campanha lançada pelo governo contra este direito fundamental dos portugueses.

Entre 1970 e 2003, portanto num período de 33 anos, as despesas com a saúde em dólares PPC (Paridades Poder de Compra), aumentaram por habitante em Portugal 1.764 dólares, enquanto cresceram na Dinamarca 2.368 dólares, na Alemanha 2.726 dólares e nos Estados Unidos 5.288 dólares por habitante. Durante o mesmo período a mortalidade infantil diminuiu em Portugal 51 pontos; na Dinamarca 9,8; na Alemanha 18,3 e nos Estados Unidos a redução foi de 13 pontos. Também durante o mesmo período, a esperança de vida à nascença aumentou em Portugal 9,8 anos, na Dinamarca 3,9 anos, na Alemanha 8 anos e nos Estados Unidos 6,3 anos. Em resumo, Portugal foi um dos países onde a despesa com a saúde aumentou menos por habitante, mas onde os ganhos em saúde foram maiores. A confirmar isto, está o facto que, também de acordo com a OCDE (OECD Health Data 2006), entre 1995 e 2004, o aumento médio das despesas de saúde foi em Portugal de 3,2% ao ano, enquanto em Espanha atingiu 4,2% ao ano; nos E.U.A. 4,8% ao ano; na Finlândia 4,4%; na França também 4,4% ao ano; na Grécia 4,9% ao ano; na Irlanda 7,4% ao ano; na Itália 3,3%, na Inglaterra 5,4% ao ano, e na Suécia 3,9% ao ano.

Portugal é igualmente um dos países da OCDE onde a comparticipação do Estado na despesa total da saúde é mais baixa. Em percentagem, em Portugal a comparticipação do Estado na despesa total de saúde de cada português (71,9%) é inferior à média dos países da OCDE (80,4%).

Entre 2004 e 2007, as transferências do Orçamento do Estado para o Serviço Nacional de Saúde aumentaram apenas 2,2%, enquanto o PIB, a preços correntes, cresceu 10,7%, o que determinou que a percentagem que essas despesas representam em relação ao PIB tenha diminuído de uma forma continua de 5,2% para apenas 4,8% do PIB. Durante esse período, como os preços aumentaram 8%, portanto o valor da transferência da transferência de 2007 é inferior, em termos reais, em cerca de 5,4% a de 2004.

Os gastos do Estado com a “Função de saúde”, medidos em percentagem do PIB registaram, a partir de 2005, também uma diminuição. Entre 2004 e 2007, o PIB, a preços de mercado, aumentou em 10,7%, enquanto com os gastos suportados pelo Estado com a “Função saúde” cresceram apenas 5,4%, ou seja, praticamente metade do aumento do PIB. No mesmo período os preços subiram 8%, o que determina que o valor atribuído pelo Estado à “Função saúde” seja em 2007, em termos reais, inferior à de 2004.

Entre 2004 e 2007, as Despesas Totais do Estado aumentaram 9,6%, enquanto as despesas do Estado com a Educação e Saúde dos portugueses cresceram apenas 2,2%, ou seja, quatro vezes menos. E entre 2004 e 2007 os preços aumentaram 8%, o que significa que, em termos reais, o valor atribuído pelo Estado à Educação e Saúde seja inferior ao valor de 2004 ( menos 5,4%). Estes dados revelam a pouca importância que este governo dá à saúde e à educação dos portugueses, factores chaves para o desenvolvimento do País e para o bem estar dos portugueses. O défice parece ser para este governo mais importante que os portugueses.
Eugénio Rosa

Resumo dum estudo "A SAÚDE E OS CUSTOS DA SAÚDE EM PORTUGAL" que pode ser consultado aqui na sua totalidade.

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domingo, março 18, 2007

já preparados?


A propósito dos “nossos” futuros SUB, SUMC e SUP, transcrevo “ao natural” o conteúdo dum post publicado por autor brasileiro em “Medicina e Saúde em Piracicaba

Urgência e Emergência - qual médico?
Estava pensando nisso estes dias quando assisti uma reportagem sobre a avaliação dos médicos egressos dos mais variados cursos de medicina. No site www.cfm.org.br pode-se ler mais acerca do assunto, mas o que vem em questão é outro aspecto. Na reportagem dizia que a maioria dos médicos que não consegue passar em um curso de residência médica (o qual ele treina para ser especialista) acaba por ser absorvido pelo mercado de trabalho justamente na área de urgência e emergência como plantonista com remuneração por hora. Interessante isto porque em paises desenvolvidos o médico emergencialista (sim, existe especialidade para isso)é um dos mais capacitados a resolver problemas de saúde em múltiplas áreas do conhecimento médico de forma imediata e eficiênte.É um dos profissionais mais bem remunerados sendo contratado em regime como se fosse um CLT pelo hospital e tem plano de carreira. No Brasil ocorre o inverso onde os profissionais menos habilitados (não que sejam incapazes de exercer o ato médico), quero dizer, recém formados com dificuldades socio-ecônomicas e sem residência médica acabam por atuar nestes locais onde o ideal seria ter um profissional experiente e altamente capacitado, com especialização em medicina de urgência e emergência.
Imagino que este paradigma deva ser modificado com esforço da sociedade e quando os gestores de saúde perceberem que um médico inexperiênte nestes setores acabam por elevar os custos dos atendimentos pois não sendo ele capaz de fechar um diagnóstico ele acaba por internar o paciente ou chamar um especialista para avaliar o mesmo, não antes de pedir inúmeros exames eventualmente desncessários
.”

Se para os Serviços de Urgência Médico-Cirúrgicos (SUMC) e Polivalentes (SUP) a composição das equipes de atendimento seja de mais fácil constituição e coordenação, a pouco mais de um mês de serem implementados a maioria dos protocolos acordados entre o MS e as autarquias (referentes aos Serviços de Urgência Básicos - SUB), continua a incógnita e a indefinição do grau de diferenciação e de preparação dos elementos médicos (mínimo 2) propostos para actuar no seu âmbito, para não falar na criação de infraestruturas, equipamento e atribuições destas novas unidades de urgência.
Não basta dizer-se que a decisão de encerramento deste ou daquele serviço deve ser técnica e/ou política, já que as fundamentações (técnicas e políticas) por muito evidentes que sejam, jamais conduzirão aos resultados pretendidos se não forem acautelados os princípios em que essas decisões se baseiam:

Rentabilização, eficiência, segurança e qualidade dos actos médicos a praticar.

E isto ainda continua por fazer...

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quinta-feira, março 15, 2007

segurança nas maternidades


Dois títulos de notícias publicadas hoje, no jornal Público:


"Inspecção-Geral da Saúde considera que maternidades estão mais seguras"

"Comissão adverte Ministro para falhas na concentração de Blocos de Partos"
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Referente ao primeiro título:
“As maternidades estão hoje mais seguras, principalmente desde que começaram a aplicar medidas preventivas de situações de rapto de recém-nascidos, considera a Inspecção-Geral da Saúde (IGS), que promete visitar as instituições este ano "sem aviso prévio".
Entre 2003 e 2006, a IGS analisou 47 hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) — incluindo o hospital de Penafiel, onde há um ano foi raptada uma criança — com o objectivo de avaliar "o controlo de acessos e circulação de utentes e visitantes" nas instituições com serviços de Obstetrícia e Neonatologia."
(…) A IGS identificou "uma evolução positiva na capítulo das condições de segurança das instituições em apreço". Contudo, este organismo refere que, "independentemente da modernidade ou sofisticação dos meus mecânicos de vigilância, o factor humano é ainda um elemento primordial no garante de pessoas e bens".Público

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Referente ao segundo título:
"A falta de obstetras e de neonatologistas, bem como de equipamentos, é um dos diversos problemas detectados pela Comissão Nacional da Saúde Materno e Neonatal (CNSMN), um ano depois da decisão de Correia de Campos de encerrar um conjunto de bloco de partos. Esta comissão, responsável pelo estudo sobre as condições de segurança dos nascimentos nas unidades públicas e que esteve na origem da controversa decisão do Governo de encerrar maternidades, está a preparar um relatório detalhado para entregar ao ministro da Saúde sobre o funcionamento dos hospitais de apoio perinatal.
"Se este processo, que resulta de um trabalho de muitos anos e de uma planificação devidamente estudada, não tiver continuidade, pode haver o risco de se deitar tudo a perder"
(…) "Empírica e genericamente, a avaliação é positiva, porque não aconteceu nenhuma daquelas desgraças que se previa que pudessem acontecer".Público - edição impressa, pág.14


Tipos diferentes de "segurança", sim.
Mas porquê atitudes diferentes, perante elas, também?


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quarta-feira, março 14, 2007

candidatura a Bastonário da Ordem dos Médicos (2)

Miguel Leão apresentou a 13 de Março de 2007 a sua candidatura a Bastonário da Ordem dos Médicos, cuja eleição decorrerá em Dezembro deste ano.
Publicada em TM ONLINE de 2007.03.13, retiro alguns extratos das suas palavras de apresentação, proferidas na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa.
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“Sou candidato em nome de um projecto de Mudança, para Defender e Unir os Médicos. Não sou, por isso, candidato contra ninguém.”
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“(...) O Presidente da Ordem não é detentor de nenhuma forma de poder absoluto, apenas lhe competindo, o que é muito, se o souber e o quiser fazer, ser a voz nacional da Ordem dos Médicos.
Pelo facto da Ordem dos Médicos ser a única organização médica que, obrigatoriamente, filia todos os médicos, o Presidente da Ordem deve procurar a conciliação de interesses, a união de esforços e a promoção de consensos, identificados pelo mínimo múltiplo comum de todos os médicos.”

“(...) Não quero esconder-lhes que algumas das minhas convicções se encontram à direita do espectro político. Mas quero sublinhar também que, no que se refere ao Serviço Nacional de Saúde, considero inaceitáveis quaisquer transformações que ponham em causa a sua vertente essencialmente pública, universal e não discriminatória ou que destruam, de forma directa ou indirecta, o mais importante factor de coesão social da sociedade portuguesa.”

“(...) Foi este Serviço Nacional de Saúde que garantiu, em boa parte graças a existência de carreiras médicas, resultados em saúde absolutamente extraordinários. É por isso que considero imprescindível a concertação estratégica da Ordem dos Médicos com os Sindicatos e Associações Socio-profissionais.Esta concertação é a formula adequada para garantir a existência de uma estrutura de carreira médica em todos os sectores de actividade, que garanta a evolução e a diferenciação técnica de cada médico, que permita uma estruturação de serviços que assegure a qualidade do exercício profissional e da formação médica durante e após o internato, que salvaguarde a liberdade de circulação entre sectores através da atribuição e reconhecimento de títulos de diferenciação equivalentes e que premeie o mérito e o desempenho.”

“(...) É com base nestas convicções que entendo as relações da Ordem dos Médicos com o poder político, seja qual for a sua cor partidária. Ao Presidente da Ordem cabe-lhe, como porta-voz do governo da Ordem, isto é, do Conselho Nacional Executivo, actuar com clareza, transparência, oportunidade, democraticidade, rigor e, sobretudo, com firmeza. Com clareza, para que os médicos, os poderes e a sociedade percebam o sentido, o alcance e a determinação das posições da Ordem dos Médicos. Com transparência, informando os médicos das propostas que veicula em nome da Ordem ou sobre as quais a Ordem é consultada. Com oportunidade, intervindo por antecipação e em tempo útil. Com democraticidade, negociando apenas aquilo para que está mandatado pelo CNE.”

“(...) Impõe-se, pois, que todos os meios informativos da Ordem dos Médicos, nomeadamente a sua Revista, sejam instrumentos de intervenção socio-profissional. Quero por isso garantir-vos que não utilizarei estes meios nem como instrumentos de propaganda pessoal, nem como livro de crónicas nem tão pouco como álbum fotográfico.”

“(...) As relações com os poderes económicos emergentes na área da saúde devem constituir uma preocupação primeira da Ordem dos Médicos. A ausência de carreiras médicas, a proliferação de contratos de trabalho de natureza individual, o consequente crescimento da precariedade laboral e o aparecimento de novos modelos de financiamento dos cuidados de saúde, tem vindo a confrontar e, em variados casos, a afrontar os médicos, com modelos de assalariamento degradantes e condições mais ou menos restritivas de exercício profissional.”

“(...) Perante quaisquer modelos que não assegurem a equidade e a qualidade a que os doentes tem direito nem a liberdade de exercício profissional, torna-se indispensável uma intervenção firme da Ordem dos Médicos que garanta o cumprimento de regras assistenciais que preservem a qualidade da medicina e da assistência aos doentes e que sejam universalmente aplicadas a todos os serviços de saúde, seja qual for a sua natureza jurídica ou o respectivo modelo de gestão.”
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Com estas palavras terá Miguel Leão o meu apoio...
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E a propósito deste novo trabalho dos Ala dos Namorados (que também tem o meu apoio) que dizer do título do CD?
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Mentiroso Normal - "Caçador de Sóis" - Ala dos Namorados


A novidade surge rodeada de novos factores: saiu um elemento, a editora é nova, o vocalista Nuno Guerreiro estreia-se na escrita. Corte imensamente radical com o passado ou uma evolução relativamente normal? (Disco Digital)

«Não leio este trabalho como um corte. Este disco é a consequência natural de todo o percurso da Ala dos Namorados, do nosso amadurecimento enquanto banda. Obviamente que houve um dado novo muito importante – a saída do João – que me deu uma responsabilidade acrescida, já que agora as composições são praticamente todas minhas. Este disco foi feito com muita calma. As gravações em estúdio foram faseadas, não foi um disco gravado de uma só vez, e isso deu-nos a vantagem de ir amadurecendo e ganhando uma nova visão sobre as canções (Manuel Paulo - Ala dos Namorados)

política do medicamento


Excelente este resumo, sobre a política do medicamento do actual Ministério da Saúde, realizado por MSP, publicado no Impressões de um Boticário da Província e que aqui transcrevo na íntegra.

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"Programa do XVII Governo: Factos

Volvidos dois anos de Governação impõe-se uma análise ao Programa do XVII Governo Constitucional na área do medicamento.
O texto a azul é de Pinto de Sousa e Correia de Campos; a negro a minha sucinta análise:

Um importante sector do SNS exige cuidadosa calibragem das medidas de política. Elas têm implicações financeiras conhecidas, mas repercutem-se em todo o sistema de saúde e sobretudo afectam o doente. A acção será orientada para os seguintes objectivos e medidas:

Acelerar a revisão do actual sistema de comparticipação no preço do medicamento com ênfase na evidência sobre a eficácia de princípios activos;

Revisão tem significado descomparticipação; a ênfase na evidência da eficácia é a mesma de sempre.

Alargar, progressivamente, a prescrição por DCI a todos os medicamentos comparticipados pelo SNS;
Nada se fez.

Rever o sistema de comparticipação por preços de referência em função da experiência acumulada;
Nada se fez.

Em colaboração com o Ministério da Economia e com o apoio da autoridade reguladora da concorrência, reanalisar as regras de comercialização;
Nada se fez. Talvez se referiram às ParaVazias – um fracasso.

Negociar um protocolo entre o Estado e a Indústria Farmacêutica para o controlo do crescimento do mercado do medicamento comparticipado pelo SNS;
O protocolo não é inédito. No entanto o crescimento do mercado foi sustido, embora à custa da diminuição de margens e preços – uma medida conjuntural, irrepetível, que simplesmente adia o problema.

Adoptar a prescrição electrónica de medicamentos (e meios complementares de diagnóstico), com auxiliares de decisão clínica e informação sobre custos de dose média diária e sucedâneos;
Nada se fez.

Criar o Formulário Nacional de Medicamentos para Ambulatório;
Nada se fez.

Restabelecer a vigilância sobre as acções de promoção do medicamento, junto de médicos e farmácias de oficina;
Nada se fez.

Lançar um programa de melhoria da qualidade da prescrição;
Nada se fez.

Tornar a indústria farmacêutica nacional uma área estratégica no interface entre a economia e a saúde, objecto de atenção e medidas específicas.
Nada se fez.

Concluindo, se o Programa era fraquinho, a sua implementação é uma miragem."


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terça-feira, março 13, 2007

o PRACE e o entregador de Pizas


"A legislação que vai permitir as rescisões por mútuo acordo para os funcionários públicos nomeados (vinculação que não permitia o despedimento) ainda não entrou em vigor, e, para a colocar em prática, o Estado vai ter de desembolsar uma verba significativa para o pagamento das indemnizações." JN

Uma Empresa entendeu que estava no momento de mudar o estilo de gestão e contratou um novo director geral.
Este veio determinado a agitar as bases e tornar a Empresa mais produtiva.
No primeiro dia, acompanhado dos dois principais assessores, fez uma inspecção-geral à empresa.
No armazém todos estavam a trabalhar, mas um rapaz novo estava encostado na parede com as mãos nos bolsos.
Vendo uma boa oportunidade de demonstrar a sua filosofia de trabalho, o director perguntou ao rapaz:
- Quanto é que ganhas por mês?
- Trezentos euros, porquê?
Respondeu o rapaz sem saber de que se tratava.
O administrador tirou 300,00 euros do bolso e deu ao rapaz, dizendo:
- Aqui está o teu salário do mês.
- Agora, desaparece e não voltes, nunca mais!!!
O rapaz guardou o dinheiro e saiu conforme as ordens recebidas.
O gerente, então, enchendo o peito, pergunta a um grupo de operários:
Algum de vocês sabe o que este tipo fazia aqui?
- Sim, senhor! Veio entregar Pizas.
Responderam os operários...


“Existem pessoas que desejam tanto mandar, que se esquecem de pensar”


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segunda-feira, março 12, 2007

coincidências

................................................................. iguales ó diferentes? Foto de Piluca

Decorreu durante 9 dias, um inquérito disponibilizado pelos quatro blogues constituintes da Frente de Blogues de Saúde que pretendia avaliar a opinião dos seus visitantes e comentadores sobre o trabalho de Correia de Campos como Ministro da Saúde.

A votação final ficou registada.

Porque foi a opinião de cerca de 400 “avaliadores”, interessados na política de saúde e/ou profissionais da saúde, tem o valor que cada um dos participantes na votação, cada leitor ou comentador quiser dar.

O sentido da qualidade do voto (de Excelente a Mau) que esta população de votantes lhe deu, em termos individuais, só o próprio votante o pode definir.

Desde o Mau por “por ser pouco ambicioso na Requalificação da Rede de Serviços de Urgência” ou por estar, com a sua política, a “destruir o SNS”, ao Excelente, por estar a “liberalizar a propriedade das Farmácias” ou por ter “reduzido a taxa de lucro sobre os medicamentos”…

Tudo é possível de ser interpretado.

Mas a minha interpretação é consubstanciada pela sondagem hoje publicada pelo Correio da Manhã:

CORREIA DE CAMPOS É O PIOR MINISTRO
De acordo com uma sondagem CM/Aximage, 42,2 por cento dos portugueses considera que o Executivo está a governar pior do que esperava.
(...) Correia de Campos mereceu a nota mais baixa de sempre atribuída pelos portugueses aos ministros: 5,4. Com notas negativas ficaram também Manuel Pinho, com a pasta da Economia (9,9), e Maria de Lurdes Rodrigues, da Educação (9,4). Já o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, mantém-se na liderança da tabela de popularidade com 12 valores. A segunda nota mais alta, 10,8, foi atribuída ao ministro da Justiça, Alberto Costa"
. Correio da Manhã

Vá-se lá saber também o porquê, desta população inquirida assim o ter considerado.

Coincidências?
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Inquérito

Resultados do inquérito realizado pela Frente de Blogues de Saúde, entre os dias 3 e 11 de Março de 2007, à pergunta:

Considera o desempenho de Correia de Campos como Ministro da Saúde:

Esta sondagem só permitiu um voto por IP

Vale esta sondagem o que cada um quiser que ela valha.

Tirem-se ou não dela, as conclusões que se queiram tirar.

Questione-se ou não o "universo" dos votantes nela participantes.

Mas os seus resultados estão aqui.

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domingo, março 11, 2007

11 de Março – três anos depois


"O Canto dos Pássaros" de Pau Casals



Monumento em Atocha - Foto de Bernardo Rodriguez/EPA/Lusa

"Os reis de Espanha depositaram uma coroa de flores no novo monumento de homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Março de 2004, numa cerimónia solene em frente à estação de Atocha, em Madrid.

Juan Carlos e Sofia presidiram à cerimónia, sem discursos, marcada pela presença de diversas individualidades, que recordaram os 191 mortos e cerca de dois mil feridos causados pelas explosões na estação de comboios.
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A cerimónia, de menos de 10 minutos e dominada pelo silêncio, ficou ainda marcada pela interpretação da composição de Pau Casals, «Cant dels Ocells» (O Canto dos Pássaros), um tema que já foi usado noutras cerimónias de homenagem às vítimas e que ecoou em Atocha ao som de um único violoncelo."

Portugal Diário

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sábado, março 10, 2007

revisão das Carreiras Médicas


Não... ainda não é o novo diploma das Carreiras Médicas!!!
Mas vale a pena ler e analisar o documento divulgado pela Comissão Executiva da FNAM, sobre:
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A REVISÃO DAS CARREIRAS MÉDICAS
As Carreiras Médicas como garantia da qualidade dos Serviços de Saúde


Com data de 27 de Fevereiro de 2007 e publicado no site da FNAM a 5 de Março, esta organização sindical “decidiu proceder à elaboração deste documento face à necessidade de estabelecer um enquadramento global da discussão em torno da revisão das Carreiras Médicas, surgida na sequência dos seguintes factos: negociação do ACT para os hospitais EPE; anúncio, por parte do Ministério da Saúde, da abertura futura de negociações para a revisão global do D.L. n.º 73/90; e a necessidade de perspectivar uma actualização do D.L. n.º 73/90 à luz das novas realidades e após 17 anos da sua vigência legal.”

Nele, faz a defesa da necessidade desta revisão/actualização ao analisar o contributo que as Carreiras Médicas tiveram para que o SNS pudesse ter adquirido “inquestionáveis ganhos, de que o seu índice de desempenho global é uma realidade objectiva, com a sua colocação em 12.º lugar mundial, na última classificação dos sistemas de saúde elaborada pela OMS” e ao considerar as mudanças que em termos organizativos e estruturais se processaram no SNS nos últimos 25 anos com a institucionalização das Carreiras Médicas e em particular nos últimos 17 anos de vigência do actual DL nº73/90.

E porque a revisão das Carreiras médicas irá ter por base negocial o Relatório da Comissão de Revisão do Sistema de Carreiras e Remunerações, elaborado pela Comissão Governamental presidida pelo Prof.Luís Fábrica e a Proposta Governamental sobre “Reforma dos Regimes de Vinculação, de Carreiras e de Remunerações na Administração Pública” (Janeiro 2007)
, neste documento da FNAM, são analisados os pressupostos em que este relatório e proposta se fundamentam para definirem os princípios gerais de reforma e a sua correcta ou incorrecta aplicabilidade às carreiras dos profissionais da saúde, no que respeita a:

Contratos de trabalho (individual/colectivo)
Progressão (horizontal e vertical)
Remunerações (base, suplementos, por desempenho, RRE, CRI, leque salarial)
Vinculação (nomeação/contrato)
Tipos de Carreiras (geral/especial, conteúdos, deveres e ingressos)


Termina este Documento com um resumo das Directivas do Conselho e Parlamento Europeu referente a estes mesmos temas.

Documento importante para servir de base à análise e discussão em torno da Revisão das Carreiras Médicas, de Enfermagem e da Administração Pública da saúde em geral já que "o trabalho na saúde abandonou o âmbito individual e passou a processar-se na base de equipas, reunindo um universo crescente de trabalhadores que produzem em cooperação".
link

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sexta-feira, março 09, 2007

candidatura a Bastonário da Ordem dos Médicos


"As coisas que não são iguais a nenhuma outra, são iguais umas às outras." Primeiro Postulado do Iso-Murphysmo -Leis de Murphy

Segundo o Sindicato Independente dos Médicos, Miguel Leão candidata-se a Bastonário da Ordem dos Médicos.


“Depois de dois anos de “ameaças” e de picardias públicas com o actual Bastonário, o nosso colega Miguel Leão vai finalmente formalizar a sua candidatura a Presidente da Ordem dos Médicos. A cerimónia de lançamento terá lugar em Lisboa, na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa/Hospital de Santa Maria, no dia 13 de Março, pelas 12 horas.” SIM
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quinta-feira, março 08, 2007

o "gestor de pessoas" onde está?


Considerei no Post anterior que a metodologia adoptada pelo, ainda hoje, oficialmente desconhecido CA do Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA), não está a ser a mais aconselhada para clarificar os objectivos que se pretendem com a criação destes Centros Hospitalares:

"uma melhor prestação de cuidados de saúde à população através duma optimização dos recursos existentes nas duas unidades a integrar (Hospital da Senhora da Oliveira de Guimarães e Hospital de S.José de Fafe)".

A congregação de esforços para atingir estes objectivos pressupõe motivação dos profissionais de ambas as instituições. E esta preocupação ainda mais se exige nos dias de hoje, numa altura em que na especialidade, o Governo dá a conhecer as suas propostas do PRACE com incidência directa sobre os trabalhadores da FP, fazendo perspectivar instabilidade, descontentamento e insatisfação, com a consequente desmotivação dos profissionais.

A ausência total de informação, para já não falar de diálogo, nunca é o melhor caminho, particularmente nesta altura de mudança.

Vale a pena ler o que Pedro S. Guerreiro escreveu em "A esquerda moderna e a função pública", no Jornal de Negócios, sobre a responsabilidade que deve ter um gestor (de “orçamento” e de “pessoas”) no que à motivação dos profissionais se refere, quando analisa o impacto desta reforma sobre os despedimentos, os processos disciplinares, as remunerações, as progressões, os contratos individuais de trabalho ou os supranumerários e o papel do Sistema Integrado de Avaliação da Administração Pública (SIADAP) em todo este processo.

"A responsabilização do dirigente como gestor de uma dotação orçamental é um mérito em si, pois só dando poder se pode responsabilizar. Mas o director-geral não pode ser apenas o gestor do orçamento, tem de ser também o gestor das pessoas. Porque não se pode ter a autoridade de premiar, promover, contratar mas demitir-se de motivar, orientar, potenciar equipas, melhorar a produtividade. Daí que a avaliação deva começar nos próprios dirigentes. E nem sequer espantaria que, ao fim de dois anos, fosse nessa camada hierárquica que se encontrassem os primeiros indigentes intelectuais que violam grave e reiteradamente os seus deveres funcionais".

Utilizando as palavras de Pedro S.Guerreiro, está o CA do CHAA a dar prioridade à sua função de “gestor de orçamento” esquecendo-se de que é também com a contribuição das "pessoas" que a sua gestão orçamental terá saldos positivos.

Só com a complementaridade e a sinergia destas duas funções se conseguirá oferecer melhores cuidados de saúde à população da área de referência do Centro Hospitalar do Alto Ave.

E é isto que está a faltar.

quarta-feira, março 07, 2007

metodologia a não seguir!


Terá já iniciado funções o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Alto Ave que integra os Hospitais da Senhora de Oliveira de Guimarães e S.José de Fafe.

Em que data, desconhece-se.

Apesar de oficiosamente já se conhecer a sua composição, os responsáveis da Unidade de Fafe bem como os seus profissionais ainda não foram informados da calendarização e da metodologia a adoptar para a integração das duas unidades no Centro Hospitalar, nem tão pouco foram oficializados de tal início de funções.

Mas entretanto já foram informados, através de Comunicação Interna do CHAA, com data de 5 de Março, de que “o pagamento dos vencimentos a partir do mês de Março (inclusive) será realizado no penúltimo dia útil de cada mês” alterando assim a data de 21 de cada mês, que vinha sendo utilizada para o referido processamento de vencimentos.
E esta Comunicação (única) Interna, mais não disse.

De forma verbal, foi também dada indicação ao responsável do Serviço de Aprovisionamento para não dar seguimento a pedidos de fornecimento de produtos e serviços ao exterior (com implicações nos serviços farmacêuticos, laboratório, banco de sangue e armazém geral) sem lhe terem sido comunicadas alternativas.

Processo complexo é sem dúvida este (sob o ponto de vista financeiro, administrativo e clínico) durante esta fase de integração.

Mas, o que escrevi há três meses atrás em “Centro Hospitalar Guimarães-Fafe”, permanece actual e aqui o volto a transcrever:

“E tudo isto se passa ou se vai passando sem que "ninguém saiba".
Os "ninguém" que mais deveriam e necessitariam saber, por forma a se sentirem estimulados e motivados para os desafios da mudança que se pretende para melhor.
Já chega de secretismo, de alarmismo da população, de fomento quase que "deliberado" da desmotivação dos profissionais da saúde de ambas as unidades Hospitalares, da falta de diálogo e de clareza de objectivos.”
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Desta vez, como de algumas outras, a "culpa" não é de Correia de Campos...
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segunda-feira, março 05, 2007

em tempo de sondagens


A Ysaúde-Aximage link entre os dias 14 e 17 de Fevereiro, inquiriu uma população de 504 cidadãos com mais de 18 anos, sobre a qualidade do atendimento nos Serviços de Saúde, tendo revelado:

Serviços de Urgência:
Boa – 22,4%
Sofrível – 44%
Má – 30%

Consultas de Especialidade:
Boa – 43%
Má – 12%

Intervenções cirúrgicas:
Boa -44%
Má- 7%

Análises Clínicas:
Boa – 70%

Confiança nos Hospitais Públicos – 37%
Confiança nos Hospitais Privados – 33%

Sobre o trabalho dos Enfermeiros:
Bom – 55,5%
Mau – 1,7%

Sobre o trabalho dos médicos:
Bom – 46,6%
Sofrível – 44,7%
Mau – 6,3%

Onde se encontram os melhores profissionais:
Consultórios – 43,7%
Hospitais – 25%
Centros de Saúde – 4,9%

Qualidade dos Centros de Saúde:
Boa – 29,5%
Sofrível – 46,5%
Má – 21%

Qualidade das Farmácias:
Boa – 85%
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Valoriza assim, o trabalho dos Enfermeiros e das Farmácias bem como a qualidade das Análises Clínicas, das Cirurgias e das Consultas de Especialidade.

É uma sondagem que “vale o que vale” mas parece reflectir o que de mal está na Saúde neste nosso país:

O atendimento nos Serviços de Urgência e Centros de Saúde assim como o trabalho dos Médicos em geral.
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E já agora... porque se encontrarão os melhores profissionais nos consultórios privados?
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sábado, março 03, 2007

em dia de eclipse lunar



Brain Damage (Roger Waters)

The lunatic is on the grass.
The lunatic is on the grass.
Remembering games and daisy chains and laughs.
Got to keep the loonies on the path.
The lunatic is in the hall.
The lunatics are in my hall.
The paper holds their folded faces to the floor
And every day the paper boy brings more.
And if the dam breaks open many years too soon
And if there is no room upon the hill
And if your head explodes with dark forebodings too
I'll see you on the dark side of the moon.
The lunatic is in my head.
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You re-arrange me 'til I'm sane.
You lock the door
And throw away the key
There's someone in my head but it's not me.
And if the cloud bursts, thunder in your ear
You shout and no one seems to hear.
And if the band you're in starts playing different tunes
I'll see you on the dark side of the moon.
"I can't think of anything to say except...
I think it's marvelous!
HaHaHa!"
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Eclipse (Roger Waters)
All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel.
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy, beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
And everyone you meet
All that you slight
And everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All that's to come and everything under the sun is in tune but the sun is eclipsed by the moon.
"There is no dark side of the moon really.
Matter of fact it's all dark."

sexta-feira, março 02, 2007

INEM - via verde para a Vida

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Instituto Nacional de Emergência Médica:



............................................. Foto: INEM - Newsletter nº18 - Dezembro 2006

Treinados?

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quinta-feira, março 01, 2007

mais achegas...

....................................................... "Apelo aos políticos" foto de BibianaX

Pedro Nunes no Congresso Nacional de Medicina:

"Não aceitamos ver encerrar um serviço útil e insubstituível para uma população abandonada no interior, pelo único critério de só realizar três ou quatro atendimentos numa noite, porque um desses atendimentos pode ser o filho único de alguém que fica sozinho, ou pode ser o velho que não consegue ir mais longe. Não somos capazes de nos calar quando assistimos a decisões tomadas em subordinação ao critério de qual é o mais forte e de quem detém o maior interesse. Pedro Nunes


Arlindo de Carvalho no Congresso “Gerir em Saúde”:

“não é tolerável que em Portugal, num futuro próximo, por degradação dos serviços de saúde, se assista ao aparecimento de beneficiários de serviços de qualidade que podem deslocar-se a outros países e os que, por impossibilidade de o fazerem, deixarem de dispor no país de serviços de igual qualidade”
“o desejável crescimento de um sector não público na área da saúde, não poderá significar a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), deixando largos núcleos de cidadãos sem a assistência conforme os padrões de superior qualidade”
“ao Estado não cabe outra solução que não seja a garantia da prestação pública dos cuidados de saúde não havendo espaço para definição de outra solução que signifique fuga às responsabilidades”. Arlindo de Carvalho



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o futuro dos Serviços de Urgência Básicos


“Considerando ou não considerando ter havido “recuo”, o que interessa é que alguma coisa aparentemente terá mudado.”

Escrevi isto há dois dias atrás, quando me referia aos protocolos assinados entre as ARS e alguns Presidentes de Câmara de autarquias afectadas pela proposta de encerramentos dos seus Serviços de Urgência.
E se aparentemente alguma coisa parecia ter mudado, essa mudança assumia-se pelo menos, na intenção de dialogar com as populações, através dos seus autarcas, já que com as direcções das instituições de saúde (Hospitais e Centros de Saúde) tal intenção nunca foi manifestada.

Mas depois do programa “Prós e Contra” de 2ª feira, na RTP1, Correia de Campos e os membros da Comissão Técnica tiveram razão para festejar o terem alcançado os objectivos pretendidos:

Acalmar a contestação da população;
Convencer (com contrapartidas) os autarcas “resistentes” de que o que pretende o MS, é uma melhoria da qualidade assistencial dos cidadãos;
Mostrar a disponibilidade e apelar ao diálogo, mas sem contestação a acompanhá-lo.

No fim do debate assim parece ter acontecido.

Mas na realidade, terá mudado alguma coisa?
Parece-me que não.

O que se verificou foi uma vez mais uma declaração de intenções, por parte do MS, com base em argumentos de qualidade, de igualdade e de equidade e nunca em argumentos “economicistas”, em manter o mesmo princípio de centralização dos serviços de saúde, em passar (democrática mas demagogicamente) a responsabilidade decisória da aplicação das orientações definidas no Relatório para os futuros Centros Hospitalares, sem contudo deixar de definir o mês de Outubro, como altura em que essa aplicação deverá ter início.

Preocuparam-se os membros da Comissão Técnica em definir o que se deve entender por “emergência” (eminente ou já instalada falência de funções vitais) e por “urgência” (risco de falência de funções vitais) sendo que só as situações clínicas enquadradas nestas definições é que deverão dar entrada nos pontos de rede propostos.

Todas as outras, as “agudas” (de aparecimento recente) não sendo consideradas “emergentes” nem “urgentes”, deverão ser resolvidas no mesmo dia ou em horas, não nos pontos de rede de urgência mas em “consulta aberta” nos Centros de Saúde locais.

Repetidamente fazem os técnicos da comissão, referência à rede actual de serviços de urgência, considerando que muitos dos actuais postos de atendimento são “clandestinos” por não fazerem parte do plano definido em 2001.

Mas ao cidadão comum não interessam as definições técnicas dadas aos conceitos “emergência”, “urgência” e “todas as outras situações agudas” referentes à tipificação da patologia e sua gravidade.
Não lhe interessa se ao serviço de atendimento urgente actualmente existente na sua cidade ou vila, lhe chamam indevidamente “Serviço de Urgência”, Serviço de Atendimento Permanente ou SASU.
Não lhe interessa se o Serviço de Urgência a encerrar, faz ou não faz parte do plano de rede de referenciação de urgência/emergência elaborado em 2001 e que nunca terá sido aplicado, mas que efectivamente existia e funcionava.

Tudo isto interessou sim, aos técnicos e aos responsáveis pela estruturação dos serviços.

Mas será correcto utilizar estes argumentos de “clandestinidade” e de necessidade de limitar (tão estritamente) o atendimento em serviços de urgência só dos casos em que as funções vitais estão ou se prevê virem a entrar em falência?

Penso que não.

E parece-me ser esta uma das fraquezas deste relatório:
Vocacionar, quase que em exclusividade, esta rede para estas situações clínicas extremas.

E todas as outras?
As que “não sendo urgências nem emergências, mas que carecem de resolução rápida (no mesmo dia ou horas)”, onde e em tempo útil, vão ser tratadas? Por quem e como?

E isto também deve preocupar a população.
Mas o que interessa também ao cidadão preocupado é o poder vir a ser retirado um Serviço de Saúde que lhe tem dado resposta em tempo útil à “sua urgência”, seja ele considerado SU (clandestino), SAP ou SASU.

Que a “sua urgência”, quando considerada emergente ou urgente, seja correctamente triada, estabilizada, referenciada e tratada no seu devido local, sim, mas que também as outras “suas urgências” (por técnicos consideradas “agudas”), sejam também correcta e atempadamente diagnosticadas e tratadas.

O que a comissão técnica oculta, (porque tais dados nunca foram divulgados - se é que alguma vez foram estatisticamente apurados) é o papel desempenhado por estes SU que se pretendem converter em SUBs ou encerrar.

Não chega só definir o número de atendimentos mas a sua qualidade também.

O que deveria ser dito à população e aos autarcas (e não é dito) é que os 42 SUB consignados na proposta de rede, não vão ser mais do que serviços de atendimento, de triagem, abertos 24 horas (com o apoio de Rx e Laboratório de análises), com dois enfermeiros e dois médicos indiferenciados que por muito bem preparados venham a estar em SBV ou SAV (Suporte Básico/Avançado de Vida) não vão responder à maioria das solicitações a que vão ser chamados para dar resposta.

Rapidamente se transformarão estes pontos de urgência em postos de transferência de doentes para um SUMC de referência, quando até à data, na grande maioria das situações, tal não tem sucedido.

Ao pretender converter em SUBs 16 SU, juntamente com o encerramento de outros 15 (actualmente todos eles com especialistas da Carreira Hospitalar), estará como certo um significativo aumento do número de doentes transferidos, com o consequente aumento de afluência aos SUMC e ao atraso no início e fim do seu tratamento.
E não é por acaso que se "inventa" e disponibiliza uma ambulância SIV (Suporte Imediato de Vida) jundo dos Serviços de Urgência Básicos...

Sendo certo que um dos parâmetros que a Comissão Técnica ponderou para justificar o encerramento destas unidades de urgência foi o número de intervenções cirúrgicas realizadas, tal avaliação é errada já que parte do pressuposto de que o movimento de doentes do foro cirúrgico observado se limita ao número de grandes e médias cirurgias realizadas e nunca aos actos de diagnóstico e de tratamentos médicos e cirúrgicos (pequenas cirurgias, tratamento de fracturas ou luxações, etc.) realizados e não contabilizados como tal e que superam largamente os primeiros.

O mesmo se deverá inferir da actividade praticada pelas especialidades médicas que juntamente com as cirúrgicas também prestam apoio às dezenas de doentes internados nos Hospitais locais e que continuarão a ter necessidade deste mesmo apoio, durante as 24 horas, das especialidades respectivas.

Ou será que também os doentes internados, quando necessitarem duma observação e tratamento pela especialidade respectiva, vão ter que ser transferidos numa ambulância SIV para o SUMC mais próximo, sempre que o enfermeiro do serviço ou o médico do SUB assim o entendam?



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