sábado, janeiro 12, 2008

pensar "só" no perigo de vida


JP - A vossa proposta não contemplou o problema das situações agudas...
J. M. A. - Tivemos o cuidado de aferir o conceito que resolve isto: o da consulta aberta. Acordámos isto com a Unidade de Missão dos Cuidados de Saúde Primários. Do ponto de vista do cidadão, urgência é ter que ir ao médico depressa. Mas a rede de urgências foi pensada para os que estão em perigo de vida.
José Manuel Almeida em entrevista publicada no JP de 12-01.2007

Efectivamente, a verdade é dita nesta resposta:
Realço: “a rede de urgências foi pensada para os que estão em perigo de vida”.

Esta resposta de JMA já por demais repetida, realça uma vez mais a verdade dos fundamentos que presidiram à elaboração desta rede de urgências. A necessidade dos “doentes que estão em perigo de vida”, serem socorridos em tempo útil nos SUB, nos SUMC e nos SUP após uma correcta referenciação pelo CODU e um atempado atendimento de proximidade com VMERs ou SIVs.

E os outros?

... os que com uma luxação do ombro, com uma suspeita de fractura do punho ou com um derrame articular de grande volume; com uma simples dor abdominal ou com uma ferida extensa na coxa; com uma aparente e inofensiva dor torácica ou com uma temporária alteração do ritmo cardíaco, uma tosse com expectoração hemoptoica ou uma ascite de grande volume?
… os que não estando em perigo de vida sofrem e necessitam, não tanto como os outros, é certo, de um atempado diagnóstico e tratamento das suas doenças agudas, a serem realizados por profissionais com a diferenciação necessária que não de MGF, apontados que estão estes, para actuarem no âmbito dos CSP em consultas abertas.


Para estes doentes, deverão os membros da CTAPRU e o Ministro da Saúde, retirar os perto de 40 SUBs, espalhados de norte a sul, como locais de atendimento.
Isto porque nestes serviços irão estar profissionais médicos indiferenciados (com a não prometida mas esperada formação em suporte avançado de vida), que sem preparação para tratar as patologias agudas destes doentes, se verão na obrigação de os encaminhar, depois de devidamente estabilizados e documentados em termos analíticos, radiológicos ou electrocardiográficos, para os 27 SUMCs e 14 SUPs distribuídos pelo país.


... e aí depois, engrossarão a lista dos verdes, amarelos e laranjas à espera de serem tratados.

É que o tempo do "saudoso" Dr.João Semana já lá vai.

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