- O ministro da Saúde diz que está a salvar o Serviço Nacional de Saúde. A Ordem e os médicos dizem que as reformas estão a arrasar o Serviço Nacional de Saúde. Quem tem razão? Quem fala verdade? .
JMS: Não seria de esperar que, de qualquer Governo, viesse uma afirmação no sentido de destruir o serviço Nacional de Saúde. Aquilo que o Governo diz di-lo por razões políticas e quase por obrigação política. Não pode dizer que está a fazer as coisas erradas. Tem de dizer que está a fazer as coisas certas. Quem está no terreno, quem conhece os problemas da Saúde, quem se preocupa e analisa as coisas para além da demagogia política, não tem quaisquer dúvidas que o Serviço Nacional de Saúde está a ser progressivamente destruído. E mais. Eu considero até que existe neste momento um perigoso pacto de regime na área da Saúde.
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- Pacto de regime entre PS e PSD? Secreto?
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JMS: Repare. Se nós assistimos ao facto dos grandes grupos económicos estarem a investir milhares de milhões de euros na área da Saúde e esperam naturalmente ter o mesmo nível de retribuição que em qualquer outro sector da economia há uma coisa que têm de ter a certeza. Na área da Saúde não vai haver ciclos políticos. Ou seja, não vai aparecer no futuro nenhum Governo que altere esta política.CM .
Haverá dúvidas?
- Costuma dar exemplos da área da educação. Acha que é tão fácil fazê-lo na área da saúde? LFM: Não defendo a privatização de tudo, defendo é que haja um equilíbrio entre o sector público e o privado nas áreas sociais. O que quero é acabar com a ideia de que o prestador privado não pode fornecer um serviço público.
Mas voltando às críticas ao ministro da Saúde, entendo que se tem de racionalizar o sector, mas deve haver alguma prudência. Não questiono todos os serviços que fecham, questiono aqueles que me parece terem sido fechados de forma precipitada. Não pode haver lógica de política de terra queimada. Mais: em certas circunstâncias podia justificar-se alguma discriminação positiva, pois há zonas do país que estão a ficar desertificadas e despovoadas. Manter aí um determinado serviço público pode ajudar a manter uma povoação no limiar que lhe permite resistir à desertificação e abandono.
- Voltando à saúde. Como é que aplicava nesse sector a "receita" que expôs para a educação?
LFM: Posso dar um exemplo: o da projectada construção de um novo hospital na Póvoa do Varzim, onde já existe um excelente hospital privado. Por que é que não se contratualiza com esse hospital a prestação de serviço público? Talvez por um preconceito ideológico sobre o que é o papel do Estado na prestação de serviços públicos. JP-Destaque
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