segunda-feira, outubro 30, 2006

rede nacional de serviços de urgência



Termina amanhã o prazo dado pelo Ministro da Saúde para discussão pública do relatório de requalificação dos serviços de urgência, elaborado pela comissão de técnicos criada para o efeito. Muito timidamente pareceu-me ter ouvido o Sr. Ministro dizer que o prazo foi alargado até meados do mês de Novembro.

Quer tenha sido alargado ou não, esta poderá ter sido a última vez que antes da decisão final aqui escrevo sobre o assunto.

Muitos contributos deverão ter chegado ao Gabinete Ministerial durante este mês de Outubro que a serem tidos em conta poderão melhorar o proposto mapa de requalificação.

Alguns desses contributos, espero, serão tidos em conta e justificada a sua aceitação com a clareza de argumentos que se exige.
Mas outros também serão aceites com uma fundamentação de difícil entendimento ou recusados com base numa justificação que se aceita ou que jamais será dada.
Espero que assim não suceda.

Baseado no Artº64 da Constituição da República Portuguesa:

Exige-se do Sr. Ministro o cumprimento do nº 4. “O serviço nacional de saúde tem gestão descentralizada e participada” dando assim ouvidos a essas opiniões que duma maneira “participada” as expõem, a seu pedido.

Exige-se do Ministro da Saúde uma decisão responsável e coerente com os princípios de equidade que diz defender e que constam nº 3.b) “Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde”.

Exige-se do Sr. Ministro que baseado nº 3d) “Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina, articulando-as com o serviço nacional de saúde, por forma a assegurar, nas instituições de saúde públicas e privadas, adequados padrões de eficiência e de qualidade” defina se pretende manter o regime de comparticipação que o Estado, através do seu Ministério, tem para com as instituições privadas que actualmente prestam assistência médica de urgência em hospitais locais (Misericórdias e Fundações) e não fazem parte da proposta do mapa de requalificação de Serviços de Urgência nacional.

Exige-se do Sr. Ministro uma fundamentação clara e compreensível das decisões que vão ser tomadas, desprovida de pressões político/partidárias, de interesses privados ou pessoais e baseadas não em princípios economicistas (como sempre o afirmou), mas sim no princípio duma igual acessibilidade aos cuidados médicos, independentemente da zona do país em que residem.

Exige-se finalmente do Sr. Ministro que a sua decisão, o faseamento da sua aplicação no tempo, as alternativas já asseguradas e a assegurar sejam dadas a conhecer ao país em geral e em particular aos mais directamente atingidos – as populações locais e instituições públicas de saúde e seus profissionais.

É que já chega de vozes mentirosas e de silêncios hipócritas, de ocultação e de deturpação, de premeditação ou de ignorante intenção.

Já chega de instabilidade e de desmotivação. É que assim ,Sr. Ministro, pode estar a conduzir o SNS para um caminho que não é o que defende:

“Comparando com semestre homólogo do ano anterior, estamos a produzir mais 2,2% de primeiras consultas, mais 13% de cirurgias ambulatórias e até mais 3% de cirurgias regulares e, naturalmente, menos 1,7% de internamentos e a obter a estabilidade nas urgências (+0,4%). Consumimos menos 2,7% em medicamentos mas muito mais em vacinas: mais 33%. Contivemos em 0,4% a factura de meios de diagnóstico comprados ao sector privado, mas ampliámos a sua produção nos hospitais. Realizámos menos 1,5% de consultas nos SAP e mais 1,3% de consultas regulares nos centros de saúde. Menos partos em pequenas maternidades sem as condições necessárias e mais partos nas maternidades com mais recursos e maior garantia de qualidade.” Intervenção do Ministro da Saúde nas Comissões Parlamentares de Economia, Finanças e Saúde a 10 de Outubro de 2006

o do aumento de produção e de diminuição activa, consciente e colaborante dos gastos com a saúde por parte de todos, cidadãos, dirigentes e profissionais da saúde.

sábado, outubro 28, 2006

Nova Unidade de Saúde com S.U. em Cabeceiras de Basto


No site Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto dá-se a conhecer que brevemente, em Junho de 2007 , vão os cabeceirenses ter uma nova Unidade de Saúde com internamento, ambulatório e Serviço de Urgência 24 horas por dia. Segundo o seu Presidente da Câmara esta unidade é fruto dum protocolo que foi assinado aquando duma recente visita do Ministro Correia Campos a Cabeceiras de Basto dando assim autorização para que a obra se iniciasse já em Novembro deste ano de maneira a estar pronta a funcionar dentro de 8 meses.

Optimo...
Numa altura em que o Sr.Ministro CC apergoa a necessidade de contenção de gastos com a saúde, de racionalizar e rentabilizar as estruturas físicas e humanas e se discute publicamente a rede de requalificação de urgências a nível nacional, conseguir o Presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto que o mesmo ministro, assine um acordo para que a nova unidade de saúde disponha dum Serviço de Urgência a funcionar 24 horas, é de louvar.

A concretizar-se o que se afirma, compreende-se o porquê da zona de Basto não ter sido contemplada com uma Urgência Básica pela comissão de peritos, ao propor o encerramento da Urgência de Fafe.
A ser verdade, poderá assim provar-se a isenção, a qualidade técnica e a seriedade do trabalho dos membros da comissão de peritos de requalificação das urgências e o porquê do Presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto não ter tomado publicamente posição sobre a proposta de encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de Fafe que desde 1989 dá assistência aos seus munícipes.

Esperar para ver...

que bom é pagar as taxas...

Segundo o jornal Sol desta semana,
"Correia de Campos explica que a sua medida difere da proposta de Santana Lopes: agora «não se pretende um co-financiamento do SNS». E diz que o valor a pagar pelo doente no internamento não cobre sequer o custo da sua alimentação.
Como justifica a introdução das novas taxas?Trata-se, apenas, do alargamento do actual regime, que aplica taxas moderadoras aos actos e a serviços de saúde, mesmo quando são subsequentes a decisão médica, como segundas consultas, meios complementares de diagnóstico e comparticipação nos medicamentos. A aplicação de taxas, ainda que com valores simbólicos, torna a relação médico/paciente mais exigente, do ponto de vista do utente, e mais responsável do ponto de vista do prestador médico."


pela positiva:

  • medida diferente da proposta por Santana Lopes
  • valor simbólico das taxas
  • não se tratar dum co-financiamento
  • iguais às que já existem (segundas consultas, meios complementares de diagnóstico, comparticipação nos medicamentos)
  • valor nem chega para pagar a alimentação do doente
  • torna a relação médico/doente mais exigente por parte do doente e mais responsável por parte do prestador de cuidados

pela negativa:

  • NADA !

Por isso não há motivos para reclamar.

Temos finalmente um ministro que olha por todos nós (ricos e pobres).

sexta-feira, outubro 27, 2006

que preocupação a do sr. ministro CC


Que coisas estranhas continuam a ser ditas pelo Sr. Ministro da Saúde…

Segundo noticia o jornal Público de hoje em reunião conjunta das comissões parlamentares de Economia, Finanças e Saúde realizada hoje, CC terá afirmado que "Vamos fixar as condições para os médicos que optem por não prestar serviço extraordinário no Serviço Nacional de Saúde tenham impedimento de o prestar através de outras empresas".

Se foi este Ministro que com o mesmo objectivo revogou o despacho que previa que o valor da hora extraordinária fosse igual independentemente do regime de trabalho dos médicos o que fez com que os médicos ameaçassem uma greve às horas extraordinárias,
Se foi este mesmo ministro que como medida de contenção de gastos retirou do quadro legal a ilegalidade da obrigação dos médicos realizarem mais 12 horas semanais de Serviço de Urgência, sempre que necessário,
Se foi este o ministro, quando confrontado com esta revogação, afirmou ter a certeza de que não iria haver falta de médicos para assegurar os Serviços de Urgência Hospitalares,
Se foi este o Ministro que confiou nas declarações de alguns Administradores Hospitalares que corroboraram a mesma opinião de que a qualidade dos serviços de atendimento se manteria sem custos acrescidos,
Se foi este ministro que nomeou ou mantem em funções as Administrações hospitalares que fazem esses contratos “chorudos “ com empresas prestadoras de serviços médicos do SNS e de outros países/continentes.

Porquê só agora é que este mesmo Ministro, depois de ter feito esta caga…, (com as minhas desculpas…) vem dizer que está preocupado com o problema e só agora reconhece as dificuldades que ele próprio criou, quando afirma “não é fácil identificar o que são serviços contratados [a empresas privadas porque não há pessoal médico suficiente para assegurar as urgências] e o que são serviços substitutivos [contratados para colmatar a recusa de alguns clínicos em fazerem horas extra nas urgências]".
Não serão ambos os serviços (contratados e substitutivos) necessários pela mesma razão? Pela falta de médicos?

Será que a preocupação do Sr. Ministro só agora apareceu pelo facto de Bernardino Soares o ter denunciado na reunião parlamentar?

E o Sr. Ministro só agora está preocupado?
É que os contratos “chorudos” que actualmente as administrações fazem com essas empresas já há muito tempo (desde o aparecimento dos primeiros Hospitais modelo SA) os fazem a título individual com médicos que não têm possibilidade de ter acesso à Carreira Hospitalar pelo facto de não serem abertos concursos para preenchimento das vagas do quadro.

Sr. Ministro, não se descarte da responsabilidade do congelamento dessas admissões na função pública, já que é essa a política do seu governo.

Pois é Sr. Ministro… “não se fazem omoletas sem ovos” e o que o Sr. Ministro está a querer impedir, pelo facto de os seus cozinheiros terem que comprar os ovos mais caros, é que as omotetas sejam feitas.

E quem são os prejudicados?
Em primeiro lugar os doentes que sofrem com os tempos de espera, com o aumento dos preços dos serviços assistenciais, com a progressiva degradação dos serviços que lhes é imposta com esta política.
E também os profissionais da saúde que com o seu esforço redobrado continuam a manter vivo e a defender o Serviço Nacional de Saúde.

Basta de demagogia e diga-se claramente ao Povo Português o que realmente se pretende - Acabar com o SNS e dar a essas empresas e a muitas outras, a liderança do sistema de saúde de todos nós ou só de alguns.

quinta-feira, outubro 26, 2006

que Presidente da Câmara de Fafe têm os fafenses...


Ontem à noite, enquanto no Serviço de Urgência do Hospital de S. José de Fafe ia dando a minha contribuição para a observação e tratamento de doentes dos concelhos de Fafe, Cabeceiras e Celorico que a ele recorriam, ia ouvindo nos intervalos, a Rádio local que em directo transmitia um debate sobre "o Serviço de Urgência em Fafe", numa sala de cinema local.
Sabia que a Associação Cívica "Fafe Presente" teria convidado para estarem presentes como apresentadores das suas posições sobre o assunto, para além dos Presidentes dos Conselhos de Administração dos Hospitais de Fafe e Guimarães, o Director do Centro de Saúde local, o Coordenador da Sub-região de Saúde de Braga e o Presidente da Câmara de Fafe.
Estavam de facto reunidas as condições, para os que podiam estar no local do debate ou a ouvir pela rádio (como era o meu caso), passassem 2 horas e meia escutar os argumentos a favor e contra o proposto encerramento desse Serviço na cidade.
Mas... espanto! (talvez só para alguns...)
Quando o Presidente da associação cívica, na abertura do debate, anuncia a ausência do Coordenador da Sub-região de Saúde que se delegou no Director do Centro de Saúde de Fafe, por certo que quem se pôde sentar nas cadeiras do Estúdio Fénix notou mais uma cadeira vaga que estava destinada, na mesa da presidência, ao Sr. Presidente da Câmara (e nada foi dito sobre a sua injustificada ausência excepto um lamento).

Ter-se -à pensado...

"Se calhar foi o que ele fez de melhor..."
"O que é que um presidente da câmara tem a ver com a Saúde ou com as urgências de Fafe se até são clandestinas?"
"Quando os convidados que se vão sentar ao seu lado são todos ligados ao sector da saúde e só ele não, o que iria ele lá dizer?"
“Até porque se lhe tinham dito que esse assunto do "encerramento das Urgências em Fafe", era um assunto que o Ministro da Saúde, que é do seu partido, tinha intenção de levar para a frente…"

Mas enganou-se o Sr. Presidente da Câmara.
Se lá tivesse estado presente, teria como companheiro do "sim" ao encerramento da urgência, o Administrador do Hospital de Guimarães que nas suas primeiras palavras demonstrava que o seu Hospital estava preparado para "aguentar" com os cerca de 5000 doentes por ano, já que era esse o número que pelas suas contas esperaria como acréscimo. Argumentou a favor do "sim" com a expectativa de uma melhor qualidade assistencial que seria prestada aos fafenses e a uma melhor rentabilização do pessoal e das estruturas da saúde, já que a crise actual assim o exigia.

Mas decorridas algumas intervenções dos Directores do Hospital e do Centro de Saúde e de alguns dos presentes no debate, por certo que o Sr. Dr. José Ribeiro (Presidente da Câmara de Fafe) se voltaria a arrepender de lá ter ido...

É que até o Sr. Presidente do Hospital de Guimarães, no fim do debate tinha mudado de opinião, admitindo publicamente sentir-se preocupado com o encerramento do Serviço de Urgência de Fafe, cujas populações de Fafe, Cabeceiras, Celorico e por arrastamento também as de Guimarães e Vizela, a consumar-se o encerramento e sem alternativas, iriam sofrer um agravamento da qualidade da assistência médica de urgência pela sobrecarga de trabalho que iria ser pedida ao seu Hospital.
O Sr. Presidente do Hospital de Guimarães por certo teria feito mal as contas e avaliou mal os concelhos que pretendia arrecadar para melhorar financeiramente o seu Hospital, uma vez que pelos dados demográficos, populacionais e estatísticos oficiais apresentados pelos presentes no debate, bem feitas as contas, não seriam só mais 5.000 mas 35.717 doentes (ou perto de 55.000 como se prevê para o ano de 2007 com o encerramento do SAP em Fafe) que teriam, a ser encerrado o SU de Fafe, de ser socorridos no Serviço de Urgência do Hospital de Guimarães.
Nº entradas no SU Guimarães em 2005: 104.926
Nº entradas no SU Fafe em 2005: 35.717
(Fonte: Business Plan 2007/2009 - Centro Hospitalar Guimarães-Fafe)

E assim o Sr. Dr. José Ribeiro, Presidente da Câmara de Fafe, perdeu uma oportunidade para aprender alguma coisa sobre como vai, como deveria ir e como se propõe que vá a saúde dos seus munícipes.

Saíram da Reunião os fafenses (e não só) com a força da razão pelo lado deles.
Mas a força da razão, infelizmente às vezes só tem valor quando está na mão dos mais poderosos.
E apesar do poder das suas autarquias estar nas mãos dos “súbditos” desse mesmo poder, os fafenses, os cabeceirenses e os celoricenses são abandonados pelos seus presidentes a troco de desconhecidos interesses político/partidários talvez esses sim "interesses corporativos".

E transcrevo palavras de Dr. João Semedo, deputado à AR e presidente do CA do Hospital Joaquim Urbano proferidas hoje em “Saúde SA”:

"O que não pode acontecer é o que Correia de Campos pretende fazer com as urgências: fechar 14 urgências hospitalares (a prazo, fecharão os respectivos hospitais ou passarão a hospitais de retaguarda para cuidados continuados), desclassificar outras 16 e transformar 24 SAPs em mais SAPs, sem medir o impacto que tudo isto vai ter sobre as urgências que continuarão abertas e que já hoje estão a rebentar pelas costuras, com tempos de espera que, na maior parte dos casos, nos envergonham. É uma decisão irresponsável, tanto mais que é tomada num contexto em que o ministério tem vindo a encerrar muitos SAPs e pretende continuar a fechar mais, sabendo nós que para muitos portugueses os SAPs - apesar das suas limitações, são o único e último recurso de que dispõem quando a doença lhe bate à porta."

quarta-feira, outubro 25, 2006

encerramento de serviços de urgência e a posição da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

Por se revelar de extrema correcção a análise sobre o assunto do encerramento das urgências hospitalares. vale a pena ler a exposição enviada ao Ministro da Saúde pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna a17 de Outubro de 2006.

Consulte-a aqui

terça-feira, outubro 24, 2006

encerramento de serviços de urgências


Apesar de CC, com insistência, afirmar que não são princípios "economicistas" que vão determinar o encerramento de Serviços de Urgência mas sim os de "rentabilização de pessoal e de serviços", não deve o Sr. Ministro da Saúde esquecer os gastos indirectos com a saúde que acrescem com esse encerramento.

Só um exemplo:

"O que um ortopedista, sozinho, consegue resolver num Serviço de Urgência que a Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências pretende encerrar, como é o caso do Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe"

1. Os acidentes escolares são, como sempre o foram, frequentes no dia a dia das nossas escolas.
2. Por força da "pressão" dos encarregados de educação por um lado e da "auto-defesa" dos professores e directores das escolas por outro, verifica-se cada vez mais, nos dias de hoje, um afluxo enorme de crianças aos Serviços de Urgência hospitalares durante o período de funcionamento das Escolas.
3. É norma (e o dever obriga) que cada criança seja acompanhada à consulta de urgência por um auxiliar de acção escolar.
4. A maior parte destes traumatismos são de muito pequena ou média gravidade, mas que não invalidam a necessidade de serem diagnosticados e tratados pela especialidade de Ortopedia.
5. A quase totalidade destas crianças é tratada "conservadoramente", isto é, sem necessidade de apoio anestésico ou cirúrgico e com a actuação de um único ortopedista.
6. Pela triagem de Manchester que se encontra em funcionamento na quase totalidade dos Serviços de Urgência Hospitalar, a maioria destas situações traumáticas são passíveis de ter tempos de espera superiores a 2 horas particularmente em Hospitais considerados já nos dias de hoje detentores de Serviços de Urgência Médico-Cirúrgicos.
7. Em Serviços de Urgência como a do Hospital de S. José de Fafe, o acidente escolar depois de triado, observado e tratado, rapidamente liberta o auxiliar e o aluno para regressarem às suas actividades escolares e de acção educativa.

Encerrado um serviço de Urgência numa cidade com população de 53.000 habitantes dos quais 35% tem idades entre os 0 e os 24 anos obrigará a que no futuro, por cada acidente escolar:
a) Tenha que deslocar, pela mesma ordem de razões, a um Hospital com Serviço de Urgência Médico – Cirúrgico mais perto (15 km por exemplo), para além da criança sinistrada, um auxiliar de acção escolar para a acompanhar.
b) Tenha que ser requisitada ambulância para o transporte.
c) Tenham que aguardar depois da triagem, mais de 2 horas para observação, acrescido do tempo para a realização de exames complementares e tratamentos, para além da criança, o auxiliar de acção escolar, os Bombeiros e a ambulância.
d) Tenha que ser contabilizado o tempo de deslocação (ida e volta) dos profissionais e aluno envolvidos.

Assim, por cada acidente escolar devem ser apurados:

· Gastos com os serviços de bombeiros ( kilometragem e tempo de serviço e de espera)
· Tempo dispendido pelos auxiliares de acção educativa (ponderar o pagamento de trabalho extraordinário se o acidente se deu perto do fim do seu horário de trabalho bem como o prejuízo para a Escola fruto da sua ausência prolongada).
· Tempo que o aluno "perdeu" com a ausência da sua actividade escolar com repercussão na sua aprendizagem.
· Tempo de deslocação e gastos do encarregado de educação ou familiar, que avisado do acidente, pondera visitar o aluno no local do atendimento.

Tudo isto multiplique-se por 10 ou 15 que é o número médio diário de acidentes escolares em Fafe… e faça as contas senhor Ministro!

domingo, outubro 22, 2006

ao que podemos chegar...

Concretizada a política e as medidas do nosso Ministério da Saúde todos iremos ficar tão saudáveis, tão saudáveis que alguém vai ter que “fazer pela vida”…

tratar sida, cancro e hepatites nas Farmácias?

  • E assim, as farmácias poderão passar a administrar medicamentos "poderosos, agressivos, essenciais e dispendiosos" para tratamento de HIV, cancro e hepatite.
  • Deixa de haver assim uma "responsabilidade entregue exclusivamente aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde" para esta responsabilidade ser partilhada pela ANF.
  • Não se trata de esvaziar nem de retirar atribuições ao SNS já que as Farmácias são parte "integrante e importante no SNS".
  • Isto "representa uma revolução organizativa com elevado potencial de poupança e que representa economia directa para os cidadãos".

Mais umas tantas de CC que não podem ser verdade...


Mas que assessores terá o Sr.Ministro da Saúde de Portugal? Serão médicos ou economistas?
Por favor, não queiram fazer com as doenças transmissíveis o que fizeram com a Tuberculose em Portugal com a extinção dos SLATs (estruturas que centralizavam o rastreio, a profilaxia e tratamento da tuberculose) e que muito contribuíram para a quase erradicação da doença em Portugal enquanto existentes.

Por idênticos princípios de actuação perante as doenças (Sida, Tuberculose ou Hepatite) exige-se uma organização e responsabilização que só podem existir em estruturas prestadoras de cuidados médicos com profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) com conhecimentos clínicos e epidemiológicos sobre as doenças. Não são por certo as Farmácias, com os Farmacêuticos ou técnicos de Farmácia que melhor darão resposta a esta exigência.


É que nem com objectivo de poupar dinheiro consigo entender esta medida…

Só se for por:

"O Correio da Manhã cita hoje fontes do sector que indicam que esta possibilidade é uma contrapartida negociada com os farmacêuticos para que estes tenham assinado o Compromisso com a Saúde em Maio."(in Publico.pt)

Orçamento do Estado 2007 para a Saúde

Leia aqui e comente o Orçamento para 2007 proposto pelo Governo e a ser aprovado pela Assembleia da República:

Foto: primeira sessão da Assembleia Nacional Constituinte em 1911






http://www.min-saude.pt/NR/rdonlyres/7B781720-A46B-487D-B953-3E16961B70D1/0/Orcamentopara2007_MS.pdf
ou na sua versão mais completa em "Relatório OE2007- Políticas Sectoriais para 2007 e Despesas consolidadas" páginas 213 a 218
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion_impresa/imagenes/2006/PDF/OE2007.pdf


sobre as novas taxas moderadoras

O MUS (Movimento de Utentes da Saúde) deu a conhecer a sua posição sobre o aumento em 5% das taxas moderadoras actuais e a criação de novas taxas sobre o internamento e cirurgias.

Pode consultar esta posição em:



http://convert.neevia.com/prods/e160f469-316d-4439-9345-d837a3bcbf31.cvn/MUScomunicadopdf.pdf



sábado, outubro 21, 2006

na defesa do SNS

No Semanário Económico desta semana foi publicada uma entrevista com o Dr.Paulo Mendo, ex Secretário da Saúde do Ministério da Saúde à altura liderado pelo Dr.Luís Barbosa nos meados da década de 90.
Médico Neurologista do Hospital Geral de Santo António do Porto, reconhecido a nível nacional e actualmente reformado, faz transparecer das suas palavras a “ideologia” da sua “vocação” , da sua formação médica e da sua prática da medicina que era apanágio nos meados e fins do século passado (não muito distantes, ainda…) duma grande maioria de quem praticava e ainda pratica medicina em Portugal.

PM: “Mas sei bem as grandes dificuldades por que passam os hospitais e sei que há um controle administrativo muito mais intenso sobre os doentes e sobre médicos no sentido de se poupar dinheiro. Ora, isso normalmente traduz-se numa falta de convivialidade e de simpatia em relação ao doente. Eu estou na Liga de Amigos do Hospital de Santo António e sou muitas vezes procurado por vários utilizadores que me falam deste afastamento entre o cidadão e o seu médico, o doente e o seu serviço. Acho que há um prejuízo em saúde com este controle, porque sou daqueles que defende que a clínica não é só uma ciência, mas é sobretudo uma forma de actuação entre duas pessoas, onde não se pode de modo nenhum destruir o aspecto convivial.”

E digo isto porque interpreto das suas palavras uma mágoa de como a medicina, por força duma sociedade egoísta, individualista e “desumana”, se vai transformando, ficando muitas vezes dependente duma burocracia, dum acto administrativo imposto pela máquina administrativa (com objectivos financeiros) na qual o médico muitas vezes se apoia para sua própria defesa… afunda-se assim, cada vez mais a relação médico/doente que era bastante forte em anos atrás.
Esta mudança é também alimentada por uma política economicista que nos últimos anos têm gerido o SNS e o mesmo reconhece o Dr. Paulo Mendo quando diz:

“O objectivo da saúde passa por uma acção política que olhe para o futuro e não se resuma a poupar 4% num ano. Provavelmente, daqui por três ou quatro anos os gastos aumentam 20% ou 30%. A perspectiva de um resultado positivo no SNS não me dá nenhuma tranquilidade, pelo contrário. É uma política economicista e não uma política de saúde.”

Com efeito, é esta definição política que se exige, mas estando ela consagrada na nossa Constituição como:

“Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover”... “através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito” em que esteja garantido “o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação”, com uma garantia duma “racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde” (in Constituição da República Portuguesa)

Há que fazer cumprir o que a Constituição preconiza ou então se o não quiserem, senhores do poder… proponham a sua alteração… e deixem de através de às “pinguinhas” enganar o “povo” . Mais uma vez e sobre isto o Dr.Paulo Mendo tem razão quando responde à pergunta se aumentaria os descontos para a ADSE como está preconizado:

“Os descontos dos funcionários públicos para a ADSE vão aumentar. Tomaria uma medida destas?
Essa medida também não resolve o problema do financiamento. E coloca uma questão um pouco estranha. Temos uma Constituição que, quando foi aprovada em 1976, disse que o governo tomaria a responsabilidade da saúde mediante a criação de um SNS universal geral e gratuito. Pago pelo Orçamento. A partir daí ninguém mais passou a pagar para a saúde, a não ser aqueles que, além dos benefícios do SNS, quiseram ter benefícios da sua corporação profissional e criaram um subsistema, como é o caso dos jornalistas. No caso da ADSE, não foi o funcionário público que pediu e se organizou, foi o Ministério das Finanças que criou e financiou uma Assistência na Doença dos Servidores do Estado, tirando 1% do salário dos funcionários do Estado. O que, até a Constituição ter sido revista e passar a dizer que a saúde é tendencialmente gratuita, na minha opinião, foi uma medida inconstitucional.”

Pena é que O Dr. Paulo Mendo não seja o actual Secretário da Saúde e que pensasse assim como nos diz…pese embora não me ter parecido que assim actuasse quando foi membro do governo há uns anos atrás.

sexta-feira, outubro 20, 2006

que pena ...


O Semanário Económico noticiou hoje, que segundo «fontes próximas do primeiro-ministro», o chefe do Governo estaria a preparar uma “grande remodelação” no governo. Os ministérios do Ambiente, Economia, Justiça e Obras Públicas seriam os atingidos.
Longinquamente, na Finlândia.., o primeiro-ministro negou dizendo: “Acho que não devemos perder um minuto com notícias falsas. Não passa de uma fantasia”.
Que pena o Ministério do CC não estar nesta lista, que pelos vistos é “falsa”…

É que “para a mentira ser segura e atingir profundidade tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade”.

Já agora Sr. Primeiro-ministro uma boa estadia nessa terra distante e não tenha pressa em regressar a Portugal uma vez que os seus acessores andam a fazer tudo "muito bem feito"... aproveite sim em trazer para Portugal ideias sobre o serviço de saúde finlandês que é dos top europeu.

quinta-feira, outubro 19, 2006

entrevista de Correia Campos ao DE


Em entrevista hoje publicada no Diário Económico o Sr. Ministro Correia Campos presta à opinião pública um excelente serviço de esclarecimento das suas reais intenções, dos seus pensamentos de antigo gestor privado e dos conhecimentos não só da realidade do país mas também do que os seus acessores andam a fazer por ele.

Senão vejamos:

DE: Que áreas da despesa hospitalar o preocupam mais?
CC: As horas extraordinárias e o descontrolo na aquisição de medicamentos e material de consumo clínico. Havia hospitais onde o reaprovisionamento de materiais de consumo clínico era feito pelos próprios laboratórios. Eram eles que visitavam as dispensas e as prateleiras dos hospitais. No passado recente isso acontecia. Este ano duvido.

De facto os gastos em horas extraordinárias representam uma fatia muito significativa dos vencimentos do pessoal da saúde na sua grande maioria absorvida para pagamento de prestações de actos médicos em Serviços de Urgência. Certamente que há que racionalizar estes gastos, mas esta racionalização não deve ser feita à custa do encerramento de serviços nem através de decretos que alteram o que há bem poucos anos atrás foi considerado como justo (refiro-me ao pagamento por valor/hora idêntico para todos os médicos das carreiras independentemente do seu regime de trabalho).
Também as alterações ao Decreto-Lei 73/90, propostas pelo Ministério da Saúde no que diz respeito à distribuição da carga horária semanal dos médicos, por se poderem considerar limitativas a uma boa prática clínica, a serem promulgadas e postas em prática, irão conduzir a uma desresponsabilização e perda de qualidade do acto médico, nomeadamente a nível hospitalar (possibilidade do horário semanal ser prestado em grande parte senão até a sua totalidade em Serviço de Urgência).
ver proposta governamental de alteração ao Decreto lei 73/90 em: http://www.fnam.pt/ministeriais/ministeriais_files/novaPropAltera73_90.pdf

Com o fim da obrigatoriedade da realização 12 horas extraordinárias semanais por parte dos médicos em regime de 35 horas (e porque não para todos os médicos?) medida que se deve considerar como justa, associada à alteração do regime de pagamento dessas horas, conduziu a uma “indisponibilidade” massiva dos médicos com a consequente dificuldade de estruturação de equipes de urgência em grande parte da área cirúrgica.
E que sucede então?
Algumas Administrações Hospitalares, para que os serviços mínimos sejam assegurados, vêem-se na obrigação de fazer contratos individuais ou com empresas prestadoras de serviços médicos, contratos estes que nalgumas situações correspondem a valor/hora de trabalho 4 a 5 vezes superiores aos anteriormente pagos pelo valor da hora extraordinária.
Por certo que o Sr. Ministro sabe disto. E que diz?
Será desta maneira que se devem gerir os dinheiros públicos?
Será que os seus acessores previram as consequências das medidas que fizeram aprovar?
Claro que sabiam pois tudo indica estarmos perante uma maneira, de passo a passo, elaborada e criteriosamente nos encaminharem paro o fim do Serviço Nacional de Saúde.

DE: Faltam Médicos em Portugal?
CC: Herdámos uma escassez considerável de pessoal médico. É uma situação ameaçadora nos próximos anos, devido ao envelhecimento dos profissionais. Estamos a fazer uma engenharia complexa para termos profissionais colocados nos locais onde a qualidade deve ser acrescentada.

Sim, o Sr. Ministro tem razão quando fala da escassez de pessoal médico e do envelhecimento dos profissionais, mas com o impedimento da colocação a concurso aos das vagas dos quadros Hospitalares (a que poderiam concorrer os assistentes eventuais existentes), perpetua-se o envelhecimento dos profissionais, desrentabiliza-se a assistência médica e permite-se, por óbvia necessidade assistencial, a contratação individual desses médicos por valores nos dias de hoje imensamente superiores aos dos vencimentos da carreira médica.
Também não me parece ser esta a maneira de melhorar a assistência médica e as finanças do Estado e defender o SNS.

Depois de dar resposta às questões das verbas orçamentais para o seu ministério para 2007 (que falta de ambição!!!!) …. Sobre as taxa de internamento diz:

DE: Como se vão aplicar as taxas de internamento?
CC: As pessoas que precisam de uma cirurgia decorrente de uma ida à urgência são normalmente operadas na urgência ou, então, vão para uma lista de espera gerida pelo SIGIC (Sistema Integrado de Gestão dos Inscritos em Cirurgia). Naturalmente, algumas das cirurgias são feitas em internamento e outras em ambulatório [sem pernoita]. No primeiro semestre, o número de cirurgias corrente subiu 2% e em ambulatório subiu 12%. São estas que vão ter a nova taxa. Os especialistas dizem que mais de 80% podem ser feitas em ambulatório, porque há métodos pouco invasivos e há cada vez mais cirurgiões treinados nesta matéria, o que dispensa o internamento, substituindo-o por uma intervenção quase micro-cirúrgica.

DE: É pouco dinheiro. Vale a pena?
CC: É muito pouco, mas é simbólico, porque valoriza o acto, [médico], responsabiliza o paciente e o prestador. É qualquer coisa que torna os hospitais mais interessados na procura das receitas, quer nas taxas moderadoras, quer sobretudo nas receitas vindas de serviços prestados a companhias de seguros e subsistemas, onde tradicionalmente tem havido algum relaxamento, matéria que estamos obviamente a combater. Além disso, lamento que tenha passado despercebido na comunicação social que há uma enorme gama de pessoas isentas das taxas moderadoras: cerca de 55%.

Depreende-se que não é por motivos economicistas que lançou as novas taxas moderadoras mas sim “porque valoriza o acto, [médico], responsabiliza o paciente e o prestador”.
Obrigado Sr. Ministro. Finalmente alguém se preocupa com a valorização do acto médico… Mas então porque faz referência ao estímulo “que torna os hospitais mais interessados na procura das receitas”? Será que as Companhias Seguradoras e os subsistemas só vão passar a pagar ao Estado o valor das taxas? De facto com este sistema não está a pensar em termos econmicistas estatais mas sim em termos econmicistas de gestor privado. Será que se esqueceu de que actualmente não é gestor da Médis? É bom que se lembre...

Que confusões e incongruências devem estar a passar pela sua cabeça…. é que são muitas coisas ao mesmo tempo…

As Cirurgias de Urgência, as Cirurgias inscritas em lista do SIGIC e as Cirurgias de Ambulatório, Sr. Ministro, uma coisa têm em comum para além do nome… Todas estarão sujeitas a taxas… umas de internamento, outras de cirurgia de ambulatório.

Um Serviço de Cirurgia de Ambulatório para prestar com qualidade, cuidados médico/cirúrgicos, pressupõe uma organização bem montada com um investimento importante em estruturas, profissionais e equipamentos e que saiba bem avaliar o apoio e o nível de desenvolvimento sócio-cultural exigido aos doentes propostos para este tipo de cirurgia (zonas urbanas/rurais).
E quando fala em técnicas minimamente invasivas, pressupondo que sabe do que se está a falar, por certo também sabe que às vezes o “fácil” se transforma “difícil” e este “difícil” mesmo que seja numa percentagem bem reduzida, tem que ser tratado não pelo Sr. Ministro mas pelos profissionais da saúde e que estes e os doentes lhe exigem condições para o poderem fazer…. e a criação de unidades só para a prática de Cirurgia de Ambulatório, sem estas condições e distantes fisicamente da Unidade Central, é um erro perigoso e de consequências imprevisíveis (vide proposta para os novos Hospitais de Lamego e Fafe, por exemplo).

E obre os vários modelos de Administração Hospitalar…

DE: Continua a manter o objectivo de empresarializar todos os hospitais até 2009?
CCNão tenho nenhuma jura feita com o modelo. Os hospitais da Universidade de Coimbra, por exemplo, não se tornaram EPE e estão a ter um desempenho financeiro e técnico óptimo. Muito mais importante que os modelos institucionais, que ajudam nas grandes linhas, é o elemento humano, esse é determinante. Pode haver grandes elementos humanos em organizações com uma configuração mais conservadora e que estejam a ter um desempenho absolutamente notável, como é o caso de Coimbra.

Deve o Sr. Ministro ter igual peso e medida para com os Hospitais que mostraram idêntico desempenho financeiro e técnico optimo, como o é o caso do Hospital de S.José de Fafe. Mas não… Está a ARS do Norte, através da política “em moda” no Ministério da Saúde, a destruir este bom desempenho quando prevê ainda para este ano de 2006 a sua “implosão” no Centro Hospitalar de Guimarães/Fafe.

Convem dizer que o Hospital de Guimarães é um dos nove Hospitais SA a que se refere o Sr. Ministro na resposta a:

DE: Já admitiu reverter o modelo.
CC: Quando fizermos o balanço do desempenho e das circunstâncias veremos. Teremos de ver se o que se passou de menos bom tem a ver com o modelo ou com as pessoas, e encontrar soluções para os incumprimentos financeiros que sejam fortemente penalizantes. O meu pessimismo era maior há seis meses. Há seis meses tínhamos sérias preocupações em relação a oito ou nove hospitais, com quem temos trabalhado com muita frequência, submetendo-os a um escrutínio muito directo e a um treino muito forte. As últimas informações vão no sentido de que mesmo esses com maiores problemas estão melhor.

É que os Centros Hospitalares são o futuro (será?), pese embora o reconhecimento da evidência da difícil gestão de grandes unidades independentemente do regime administrativo a que estejam sujeitos.

Mas tenhamos todos a certeza de que a manter-se este Ministro da Saúde todos, mas mesmo todos os Hospitais muito brevemente estarão “na calha da empresarialização”, já que…

DE: Que verba tem para os novos EPE (Entidade Públicas Empresariais) em 2007?
CC: Cerca de 250 milhões de euros, que cobrem boa parte dos hospitais que estão na calha. Nós apostámos numa estratégia de, em primeiro lugar, empresarializar dois hospitais de muito difícil gestão [Santa Maria e S. João] e que têm conseguido um sucesso visível já hoje. Além disso, estamos também a utilizar essa modalidade de gestão para concentrar estabelecimentos que podem, assim, ganhar consideráveis economias de escala e ser complementarizados, acabando com a noção de que cada hospital é uma miniatura progressiva de um grande hospital. Esta mentalidade, que vem do planeamento dos anos 40, foi prevalecendo em Portugal e deixámo-nos ultrapassar nos últimos anos. Não nos informámos das novas modalidades de gestão internacional.



É assim que vai estar o “raio da nossa saúde”…. se assim o quisermos, não?






quarta-feira, outubro 18, 2006

gestão do Santa Maria comparada à de uma pequena cidade

Gestão do Santa Maria comparada à de uma pequena cidade

in "Secção Regional Sul da Ordem dos Médicos" Data: 16/10/2006


O presidente do conselho de administração do maior hospital de Portugal, Santa Maria, em Lisboa, que conta com cinco mil funcionários, Adalberto Fernandes, afirma que aquela unidade de saúde tem todos os problemas de uma pequena cidade, destacando a importância de andar pelos corredores para resolver problemas concretos.Em entrevista ao Diário Económico, o responsável começa por dizer que um dia normal de trabalho tem início às «9 da manhã e tem dez a 12 horas», adiantando que «é muito variado, com dezenas de reuniões» e que «a maior parte, 80%, é passado aqui (no hospital), procurando sentir o hospital, conhecê-lo e estando junto das coisas».Questionado quanto ao facto do hospital de Santa Maria ter cinco mil funcionários, Adalberto Fernandes explica que às segundas-feiras «os membros do conselho» recebem os trabalhadores para tratar de «questões profissionais ou pessoais».Quanto aos serviços de urgência, o responsável diz que «são zonas de grande intensidade psicológica, porque os doentes estão em situações de elevada tensão emocional e os profissionais também», pelo que «é um dos trabalhos mais difíceis que existe» e que o serviço está «sobrecarregado».Por outro lado, o presidente do Santa Maria deu nota que «30% a 40% das pessoas» vão à urgência «sem necessidade», o que «tem um impacto na qualidade assistencial em termos de tempo, mas também em termos de custos».Para Adalberto Campos, gerir o Santa Maria implica «falar verdade, ser leal e nunca fazer nada que não tenha dito que ia fazer, assumir os erros e explicá-lo. E ter uma política de enorme transparência».Quando ao facto de os médicos terem de lavar as mãos, a fim de evitar contaminações nos hospitais, o antigo gestor da Médis salienta «que nem sempre existem as condições físicas para isso. Não se pode fazer uma norma ou um despacho e deliberar isso».O presidente do maior hospital de país diz não estar chocado com o aumento das taxas moderadoras, «porque as pessoas têm de dar valor ao que têm» e defende que «à medida que fossem percebendo a valorização dos cuidados que têm era maior e o empenho em defender o SNS seria maior».
Fonte: Diário Económico

Sr Adalberto Fernandes
Todos devemos louvar o seu acto de andar pelos corredores (ruas) do seu (nosso) Hospital, passear pelas enfermarias (avenidas) e ir até às oficinas (vielas) . Sabemos também que não esquece uma visita aos serviços de Consulta Externa (praças), Meios Complementares de Diagnóstico, Administrativos, Armazens Clínicos e Gerais, Gabinetes e Salas de Tratamento, etc , etc. Ainda conseguiu, às escondidas, comprovar que "os médicos não lavam as mãos"... e depois finalmente, repousa no seu Gabinete (Camara Municipal) e reserva algum tempo para Reuniões no sentido de programar a actividade do seu (nosso) hospital, que sendo o maior hospital do país até se assemelha a uma "pequena cidade"....

Pois se é tão custoso e difícil administrar uma empresa (cidade) como esta, porque não propõe ao Sr.Ministro da Saúde a não insistência em criar Centros Hospitalares, como está agora "na moda"?
É que na decada de 80 já se tinha concluído que a gestão financeira, administrativa e assistencial de "monstros" como o Santa Maria de Lisboa, o S.João do Porto ou os HUC de Coimbra era difícil e com resultados catastróficos, como ainda hoje o são.
Porquê então juntar administrativa e financeiramente pequenas unidades hospitalares (que continuam a dar provas de excelente rentabilidade financeira/administrativa/assistencial) a outras maiores, criando assim mais "monstros" ingovernáveis como o é o Hospital de Santa Maria de Lisboa, por exemplo?

E porque falou no Serviço de Urgência do seu (nosso) Hospital, porque não propõe ao Sr. Ministro CC o não encerramento do S.U. do Curry Cabral já que com isso irá ainda mais "sobrecarregar" o seu (nosso) Serviço de Urgência do Santa Maria? Ou não será que o desgaste psicológico dos profissionais que lá trabalham vai ser maior, bem como dos doentes que verão alargado o seu tempo de espera por consulta/tratamento?

Todos aplaudimos a sua dedicação à administração do seu (nosso) Hospital. De facto trabalhar 12 horas por dia é uma violência.... Por certo que o Sindicato dos Administradores Hospitalares (a existir) não o aplaude nessa sua atitude. Porque não propõe em altura de reformas que os membros do CA tenham um horário de 35 horas/semana , com controle de assiduidade já que as horas extraordinárias devem ser pagas?

Talvez os aumentos das taxas moderadoras (penalização) dêm para compensar esse pagamento extraordinário e se não chegar, Sr. Administrador, estou certo que com a criação duma taxa de punição sobre os médicos que não lavem as mãos acertará "as contas". Deverá ser este o pensamento dum gestor privado com fins lucrativos como é a Medis ou já se esqueceu?

Espero que sim...

Passo a ironia...

terça-feira, outubro 17, 2006

"encerramento de Urgências hospitalares - passo decisivo na implosão do SNS?"

Parabéns Armando Caldas...
Por me parecer uma análise correcta sobre o problema do encerramento dos Serviços de Urgência, exponho aqui a opinião dum leitor do JN, publicada na Secção do Leitor "Desabafe connosco".


Mensagem:
Encerramento de Urgências hospitalares - passo decisivo na implosão do SNS?
Autor: Armando Caldas <aecaldas@kanguru.pt> Data: 04-10-2006

"O plano proposto publicamente pelo Ministério da Saúde - se for aplicado como proposto e de uma forma literal -é o fermento para se conseguir a breve prazo a implosão do SNS. A eliminação de uma parte significativa de urgências hospitalares e a conversão de muitas outras a postos de atendimento com apenas 2 médicos e 2 enfermeiros vai ter sérias implicações na actividade cirúrgica e internamento dessas mesmas Instituições, pois não é aconselhável deixar durante a noite pura e simplesmente os doentes abandonados sem vigilância médica por parte das especialidades que os internaram, o que me parece particularmente assustador no caso das especialidades cirúrgicas.A decisão de encerrar urgências hospitalares implica ou o encerramento de serviços inteiros ou a manutenção de especialistas apenas a fazer consultas, chegando a uma situação que nem nos países do dito 3° mundo existe, que é ter serviços com cirurgiões que não podem operar, ou em alternativa operar os doentes e depois deixa-los à sua sorte. Podendo parecer exagerado esta afirmação, basta consultar os requisitos obrigatórios para a realização da chamada Cirurgia de Ambulatório - que implicam a existência de atendimento urgente durante as 24 horas para dar resposta a possíveis complicações de cirurgias tidas como menos complicadas - para se confirmar que por maioria de razão não é aceitável realizar cirurgias diferenciadas em hospitais que nem sequer reúnem os requisitos para actos cirúrgicos menos agressivos.Poder-se-ia de uma forma ligeira supor que tal afectará apenas as populações que vêm os seus serviços de urgência encerrados e posteriormente os seus serviços hospitalares, mas tal vai traduzir-se numa avalanche de procura dos Serviços de Urgência que os passarão a servir, correndo o risco de asfixiar urgências já perto do colapso. Tal premissa é igualmente válida para a actividade cirúrgica e internamento. Estarão os hospitais destinados a recolher os utentes repatriados das urgências encerradas com condições de os receber e prestar um serviço com um mínimo de qualidade aceitável?Um dos critérios utilizados para definir o encerramento de urgências é a distância medida em tempo... Mas por quem, a que horas e em que condições: não será certamente o mesmo o tempo de uma deslocação de um veículo do INEM em emergência e o de um particular a tentar vencer o congestionamento de trânsito com os piscas ligados em hora de ponta.Concordo ser necessária uma redefinição da rede hospitalar e que o sistema actual não é eficaz, mas – por uma questão de honestidade e respeito pela população, nomeadamente os mais carenciados que não têm posses para recorrer à medicina privada - talvez fosse correcto fazer o percurso ao contrário, ou seja primeiro criar as condições e só depois encerrar os serviços. É o mínimo que se pode esperar de quem se afirma preocupado com a saúde das populações.Se bem que indevidamente, os Serviços de Urgência representam o único acesso eficaz que os utentes têm para resolver os seus problemas de saúde, pois que o acesso a uma consulta atempada e a realização de exames complementares necessários esbarra nos horários de funcionamentos, limitações de funcionários, nomeadamente médicos, enquanto as prometidas USF ainda não passam de uma miragem. Sem querer duvidar da competência técnica da comissão, observo que mais uma vez se atropelam os direitos dos cidadãos e só em segundo plano se pensa na funcionalidade do sistema, o qual deveria ser prioritário; só assim se consegue corrigir de facto e com justiça as disfunções do modelo actual. Faltam ainda alguns meses, oxalá o bom senso prevaleça e sem evitem danos irreversíveis, nomeadamente para os mais desfavorecidos, tradicionalmente ludibriados na altura de pedir o seu voto."

ainda sobre o aborto...

Na sua intervenção na conferência organizada pelos eurodeputados socialistas, que será encerrada pelo secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, Correia de Campos lembrou que a despenalização do aborto através de referendo está incluída no programa do Governo. A diferença entre quem defende o "sim" e o "não", argumentou, é que os últimos estão "dispostos a conviver tranquilamente com o aborto clandestino", enquanto os primeiros querem que o aborto passe "para a espera da legalidade, da assistência e da segurança médica".O ministro da Saúde sustentou, por outro lado, que a lei actual cria uma "gritante desigualdade" entre as mulheres com recursos, que vão realizar abortos ao estrangeiro, e as mulheres sem recursos, que ficam sujeitas ao "vão de escada".
Fonte: Público 16/10/06

Pena é que o Sr.CC assim como se preocupa, e bem, com "as mulheres sem recursos" não se preocupe também com os homens e mulheres sem recursos que vão ter que pagar taxas de punição pela infelicidade de ficarem doentes, de serem submetidos a uma operação ou de terem que se deslocar, pelos próprios meios, a kilometros de distância para serem atendidos num Serviço de Urgência...
Que lágrimas de corcodilo Sr.Ministro!!!

É que as mulheres e homens com recursos bem como os homens e mulheres sem recursos devem ter idênticas oportunidades para terem saúde... ou melhor, as mulheres e homens com poucos recursos devem ter identicas oportunidades às das mulheres e homens com recursos !!!
Parece um trocadilho sim, mas eu acho que o nivelamento deve ser feito "por cima" e não "por baixo"...

domingo, outubro 15, 2006

aborto para uma vez mais ser abortado

"O PS defende a despenalização do aborto através de legislação submetida à Assembleia da República no caso do ‘sim’ vencer um referendo sem o número de votos que torne a consulta vinculativa (mais de 50%), disse o ministro da Administração Interna.
Numa entrevista ao Diário de Notícias e à rádio TSF divulgada hoje, António Costa considera que se o resultado do referendo for pelo 'sim’ mas não for vinculativo, o PS deve legislar mesmo assim, propondo a aprovação da despenalização no Parlamento."
Lusa

Brincam com os referendos, mas acima de tudo, brincam com as mulheres que por razões que só a elas dizem respeito, têm que neste cantinho da Europa, optar por um aborto clandestino, correndo riscos de vida/saúde e por fim irem a julgamento e serem presas...
Sim, porque outras, poderão ir a clínicas privadas neste cantinho ou no canto mais ao lado, bem protegidas pelo seu estatuto social por forma a nada se saber ou lhes poder suceder.

Bem me quer parecer que será na próxima legislatura que de novo este tema será debatido.

a obesidade da juventude e a necessidade de desengordurar o SNS

No Jornal de Notícias de hoje, sob o título: "Governo subsidia má alimentação nas escolas" escreve-se:
"As escolas portuguesas continuam a poder fornecer aos seus alunos dietas que os ministérios da Educação e da Saúde consideram não serem saudáveis, por terem elevados teores de sal, açúcar e gordura. O pior é que o Estado subsidia em 30% os alimentos que se vendem nos estabelecimentos de ensino. Rissóis, croquetes, pasteis, chamuças, maioneses, refrigerantes, rebuçados, batatas fritas, hambúrgueres, tudo se pode continuar a comprar nos bares e nas cantinas escolares.(...)"

E tem o Sr.Ministro da Saúde o desplante de falar há uns dias atrás sobre a obesidade da juventude portuguesa, preocupação que o não deixa dormir.
Ele, que de medicina não sabe nada, para além de ser Ministro da Saúde, agora até se quer fazer passar por Endocrinologista. Sr.Ministro... a juventude está a engordar com a globalização do tipo "fast food" que o senhor permite, com a privatização dos serviços sociais escolares que a Srª.Ministra da Educação defende e com a organização dos horários escolares que obriga muitos dos estudantes a ter que passar grande parte do dia fora do ambiente familiar e a necessitar de se alimentar sabemos nós como.

Por certo que não é a este "desengorduramento" que o Sr.CC se referia aquando da Grande Entrevista na RTP1...

sábado, outubro 14, 2006

a propósito das taxas moderadoras no internamento e cirurgia de ambulatório...

Pode ser que resulte, mas com a política deste ministro e deste governo na generalidade a consulta dos parceiros sociais é um mero "proform".

Petição
Petição contra as taxas moderadoras na Cirurgia e Internamentos: AQUI !

já agora porque não encerram também o hospital?

Hospital de S.José de Fafe

A primeira pedra para a construção do hospital de S. José de Fafe foi lançada a 6 de Janeiro de 1859, tendo iniciado a sua actividade a 19 de Março de 1863, embora apenas com uma enfermaria para atendimento de doentes que não tinham possibilidades para serem tratados em casa, vindo posteriormente a alargar as suas instalações e a melhorar os seus serviços.
É nos dias de hoje, um Hospital de nível 1 com as especialidades de Medicina Interna, Ortopedia, Cirurgia, Medicina Física e reabilitação e Hemodiálise, a que se associam em regime de ambulatório as consultas de Pneumologia, Cardiologia, Nefrologia e Diabetes.
Com laboratório de Patologia Clínica e Radiologia, presta assistência nesta área de especialidades a uma população superior a 90.000 habitantes (concelhos de Fafe, Celorico e Cabeceiras de Basto)
No ano de 2005 foram estes alguns dos números assistenciais:
Internamento - 3.357 doentes
Demora média - 6,4 dias
Consulta externa - 14.317 consultas
Bloco Operatório - 1.713 cirurgias
Tratamentos Fisiátricos - 40.282
Serviço de Urgência - 35.717 entradas
Orgulham-se os profissionais que aqui trabalham, neste pequeno hospital com 97 camas de internamento, da actividade que desenvolvem como o comprvam os números e a ausência de lista de espera para cirurgias programadas para a população residente nos concelhos da zona oficial de atracção.
É a este Hospital que o Ministério da Saúde pretende retirar a autonomia financeira e administrativa.
É com este Hospital que o Ministério da Saúde pretende minorar o descalabro financeiro do Hospital de Guimarães.
É com o fim deste Hospital que o Ministério da Saúde subsidiará a criação e manutenção económica dos novos Hospitais privados de Braga e Guimarães.
É com o fim deste Hospital que o Sr.Ministro da Saúde prossegue com o seu objectivo de destruir o Serviço Nacional de Saúde.
.... e agora....
É a este Hospital que o Ministério da Saúde
pretende retirar o seu Serviço de Urgência ! ! !



Mas .... os funcionários do Hospital, fazem valer as suas posições enquanto que os autarcas estão calados, como o sr.ministro lhes pediu....

... é que os funcionários do Hospital de S.José de Fafe, reunidos em 11 de Outubro de 2006, analisaram detalhadamente o relatório da comissão criada para estudar a redefinição dos serviços de urgência hospitalares e as implicações dele decorrentes para a população de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto e para a instituição (Hospital de S.José de Fafe) e alicerçados no conhecimento que têm da instituição, da região a que prestam assistência e em dados oficiais hospitalares e dados demográficos e populacionais da região vocacional deste Hospital, expõem o seguinte:

O Hospital de S.José de Fafe iniciou a sua actividade, como Hospital de nível 1, em 1990 com as valências de Medicina Interna, Cirurgia Geral e Ortopedia e posteriormente com Medicina Física e Reabilitação e Hemodiálise e ambulatório de outras especialidades médicas. Desde esta data, para além das actividades diárias de rotina interna, sempre e duma maneira regular deu cobertura assistencial destas valências iniciais, em regime de escala no Serviço de Urgência com a presença física nas 24 horas de Assistentes Hospitalares de Medicina Interna e das 9 às 24 horas das outras especialidades. Sempre com o apoio nestas 24 horas do Serviço de Radiologia e do Serviço de Patologia Clínica até à 01:00 horas.

Para além da observação, terapêutica e orientação dos doentes chegados ao Serviço de Urgência, prestam estas especialidades assistência aos doentes internados do foro médico e cirúrgico nas 98 camas de internamento.

A área de atendimento correspondente aos concelhos de Fafe, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto comporta uma população de mais de 91.000 habitantes mas tradicionalmente estende-se a cerca de 100.000 com o atendimento de doentes dos concelhos limítrofes (Guimarães, Felgueiras, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho).

Até Maio de 2000 a afluência média diária era de 180 doentes reduzindo-se para 100 doentes quando a partir desta data na cidade de Fafe entrou em funcionamento das 8 às 20 horas um Serviço de Atendimento Urgente no âmbito do Centro de Saúde local. Desde o dia 2 de Outubro do corrente ano, com o encerramento desta Unidade de atendimento urgente na cidade de Fafe que a média diária de atendimento subiu para 130 doentes sendo previsível que rapidamente se atinjam novamente os 180 doentes por dia.

No ano de 2005 dos cerca de 38.000 doentes assistidos no SU somente 2,4% foram transferidos para outras unidades hospitalares mais diferenciadas.

O critério de acessibilidade com base no método utilizado de medição linear no mapa e a sua equivalência à distância real com a correcção de 50% enferma de erro de avaliação das características do terreno da região em apreço. A título de exemplo, a distância entre os centros de Fafe e de Cabeceiras de Basto definidas com a utilização da medida linear no mapa ( 16+8 = 24 km) de forma alguma se aproxima do valor real por estrada que se cifra em 31,7 km, correspondendo não a um acréscimo de 50% mas sim de 100%.

Start address:
FafePortugal
End address:
Cabeceiras de Basto, Portugal
Distance:
31.7 km (about 40 mins)
Fonte: Google.com

Este mesmo critério quando aplicado ao centro da vila de Celorico de Basto é efectivamente correcto (24 km em distância linear e idêntica distancia por estrada), mas devido à sua topografia nunca poderá ser percorrida a uma média de 60 km por hora.

Start address:
FafePortugal
End address:
Celorico de Basto, Portugal
Distance:
24.3 km (about 50 mins)
Fonte: Google.com

Encerrado o Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe, os tempos de percurso bem como as distâncias kilométricas do centro destes dois concelhos à mais próxima SUMC (Hospital de Guimarães) sofrerão agravamentos que ultrapassam largamente os valores definido como mínimos pela comissão de reestruturação proponente (30 minutos / 30 km):

Start address:
GuimarãesPortugal
End address:
Celorico de Basto, Portugal
Distance:
41.5 km (about 1 hour 14 mins)
Fonte: Google.com

Avaliada a população do concelho de Fafe (53.528 habitantes) que só por si justifica a existência dum SUB deve-se adicionar a população de Cabeceiras de Basto (17.775) e de Celorico de Basto (20.128) o que no total perfaz 91.431 habitantes.
Com uma taxa média de 17,6% de jovens com menos de 15 anos, coloca-se esta população numa população privilegiada de potencial crescimento quando comparada com a dos concelhos sede de distrito a norte do Douro (Braga – 18,2%, Guimarães – 18,1%, Porto - 13,2%, Viana do Castelo – 14,9%, Vila Real – 15,7%, Bragança – 13,1%)
Fonte: Associação nacional de Municípios – dados referentes a 2006.

Como o é reconhecido pela comissão são os concelhos de Fafe, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto em virtude da rede rodoviária importante de ligação ao interior Norte do país, sede de sinistralidade importante.

Mas porque:
Se eu estiver doente em casa o INEM leva-me ao Hospital?
O INEM não tem a função de transportar doentes. O INEM só acciona os seus meios, ambulâncias ou Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação sempre que exista perigo de vida. No caso presente, terá que ser chamada uma ambulância dos Bombeiros ou uma ambulância privada que fazem o transporte de doentes para o Hospital desejado
.
Fonte: perguntas frequentes da página do INEM

Não é correcto dizer-se que com a melhoria (diga-se que importante) da assistência urgente/emergente pré-hospitalar se melhora a acessibilidade/qualidade assistencial da população podendo-se assim alargar os tempos e distâncias de transporte/atendimento urgente/emergente, já que:

a) Pensamos não estarem criadas ainda as estruturas necessárias para duma maneira rápida e correcta se prestar atendimento pré-hospitalar na zona de Fafe, Cabeceiras e Celorico de Basto a quem dele precise através das viaturas do INEM com ou sem apoio de VMER,
b) A grande maioria dos atendimentos realizados no SU do Hospital de S.José de Fafe, como na generalidade dos SU do país, de doentes com situações clínicas a necessitar de observação/tratamento urgentes e mesmo internamento hospitalar são transportados ao hospital por veículos privados ou ambulâncias de Bombeiros com ou sem referenciamento médico prévio.

Porque com o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de S.José de Fafe não se pode, por razões óbvias, excluir o atendimento e vigilância médica das dezenas de doentes internados nos serviços de Medicina, Cirurgia e Ortopedia, (exigindo-se assim a presença física no hospital dos mesmos elementos médicos para atendimento da urgência interna),

Achamos ser dever da Comissão Técnica e do Sr.Ministro da Saúde rever a proposta de encerramento desta Unidade de Serviço de Urgência, fazendo prevê-la como SUB na futura Rede nacional de Serviços de Urgência.
Nota:
Extrato de documento enviado à Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação de Urgências, ARS do Norte, Presidentes das Autarquias e Imprensa

Sr. Ministro da Saúde !!!!



Mais não digo...

Porque o que ontem ouvi dá para ficar sem fala.

Se calhar é isso que CC e seus correlegionários esperam de todos nós. Só que com a Manifestação da CGTP desse mesmo dia à tarde daria só por si para o calar e ter vergonha do que anda a fazer.
Mas não...
Que desplante... "Estamos a cumprir com o programa do PS sufragado pela grande maioria dos portugueses na defesa do SNS"...."PORRA"!!!!
Envergonhe-se Sr.CC que eu não tenho vergonha de dizer "Porra".