sexta-feira, maio 25, 2007

nem tudo parece continuar a ir bem no CODU


A propósito de duas mortes (pai e filho) ocorridas em Torres Novas há 4 dias:

“As coisas não foram bem feitas, devia ter vindo um médico até para dar apoio à família, pois estava toda a gente aos gritos e com as duas crianças [filhos de José António Silva] a assistir a tudo”, contou João Gonçalves, deixando um desabafo: “Não sei se era possível salvá-los mas o socorro podia ter sido prestado de forma diferente e eu não gostaria que acontecesse com mais alguém, pois é muito sofrimento."Correio da Manhã

Este, e muitos outros casos por certo, diariamente sucedem no nosso País e pelo mundo fora.
Ontem, hoje e no futuro continuarão suceder.

Mas "desculpas" de que:

"a pessoa que telefonou para o 112 não respondeu a uma única pergunta da operadora e desligou".
"As chamadas falsas são um dos maiores problemas do INEM".
"10 mil saídas de ambulâncias para Urgências que não existiam".

A que se podem juntar muitas mais…

De que o local indicado, por quem solicita o apoio, careceu de exactidão.
De que houve dificuldades em encontrar o local exacto.
De que a resposta às perguntas colocadas pela operadora não indiciavam situação de emergência.
De que o INEM se encontrava INOP.
De que os meios são insuficientes.
Etc, etc, etc.

Não. Mais desculpas NÃO.

Assumamos, como cidadãos, as falsas informações, o uso indevido, os nossos egoísmos, os nossos erros.

Assumam também, as estruturas públicas responsáveis pela saúde, os erros resultantes de decisões precipitadas, fundamentadas em análises incorrectas (ou inexistentes) das características da sociedade, das várias regiões do país e das suas estruturas locais de saúde, persistindo na paranóica ideia de que a sociedade portuguesa e o nosso país são iguais a tantos outros em que o exemplo que se pretende seguir já deu provas de eficácia e segurança.

Ninguém contesta a importância dum serviço de apoio médico emergente em todo o país.

Ele deve continuar a ser uma prioridade do Ministério da Saúde.

Mas devem os seus responsáveis directos e indirectos assumir as suas responsabilidades em estudar e adaptá-lo ao local ou região, em formar profissionais e equipar os serviços, em informar e formar a população, e só depois, testado o sistema quanto à sua eficiência, à sua fiabilidade e segurança dos doentes a quem ele se dirige, corrigidos os excessos e os defeitos, o aplicar e substituir por ele, criteriosa e complementarmente, o que actualmente existe e que menos bons serviços estará a prestar à população.

"Nunca é tarde de arrepiar caminho"
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3 comentários:

lisboa dakar disse...

Anda por aí uma crise.
Valores? Qual valores?
Responsabilidade? Qual responsabilidade?
Que moral temos para dizer a um filho para não beber, se estamos frequentemente bêbado?
Porque é que o CODU/INEM/112/ETC há-de assumir a culpa, se os gov's e seus ministros e vice's, directores gerais, seus sub's e directores de região, etc até ao funcionário de guiché, nunca a assumiram?

naoseiquenome usar disse...

LD:
incorre um mais um vício, o último dos víciods no que diz respeito a viciaçõesw (de tudo,: raciocínio, lógica, inteligência...).

Para nós a aparência do essencial tem viciado toda a estrutura social.
Na saúde também.

Mas... mais vale tarde que nunca, diz o ditado.

Anónimo disse...

Não foi só ai que o INEM falhou. Como pode ver em
http://sol.sapo.pt/blogs/contramestre/archive/2007/05/26/N_E300_o-pode-continuar-a-morrer-gente-por-falhas-do-INEM_2D00_Um-apelo--.aspx#comments