sexta-feira, janeiro 26, 2007

a saúde e a interioridade


Uma das actuais preocupações de CC é a concentração dos médicos nos grandes centros o que mereceu por parte de “Aidenós” uma análise objectiva apresentada no Saúde SA, sob a forma de Post.

Nesta análise, Aidenós critica a posição assumida publicamente pelo Bastonário da Ordem dos Médicos que considera que esta preocupação de CC se insere numa “estratégia de responsabilizar os médicos pelos erros das medidas políticas que têm vindo a ser tomadas” e considerando que “um Organismo Público (OM) que existe para defender a qualidade da saúde bem preocupado deve estar em eliminar este problema, porque aquela concentração tende a prejudicar a qualidade e o acesso á saúde”.

Plenamente de acordo com Aidenós.

De acordo não poderia também deixar de estar com uma série de dados irrefutáveis que demonstram a grande assimetria existente entre os maiores centros populacionais sendo evidente o privilegiado de Coimbra sobre o os demais do país no que respeita aos “volumosos quadros médicos hospitalares” e à capacidade instalada para o internamento de doentes (6,5 camas/1000 habitantes), enquanto que, comparadas as três regiões do país (Norte, Centro e Sul) esta disparidade não é notória em valores absolutos.

Mas a "Canção de Coimbra" não é única no país, embora ela, pelos seu valores possa personificar o exemplo da concentração de médicos e de recursos assistenciais em termos hospitalares nos grandes centros contribuindo assim para que os valores absolutos da região a que pertence (região Centro) se afastem pela negativa, da média nacional.

Será assim também, o distrito de Coimbra em termos de cuidados primários?

Fonte INE

Assim também parece ser já que são equiparáveis os números com os de LVT, Alentejo e Algarve, estando o Norte abaixo da média Nacional juntamente com os Açores e Madeira.

Daí que se entenda a apreensão da Drª Berta Nunes (Sub-região de Saúde de Bragança) a apelar a colaboração das Câmaras do Distrito para a cedência gratuita de casas para alojamento de médicos, facilitando assim a sua estadia e fixação na região mencionando a gravidade (a cinco anos) do envelhecimento dos Médicos de Família da região.
Idêntica atitude terá já sido tomada por outras autarquias da região Norte, confrontadas com a mesma dificuldade em fixar clínicos em zonas do interior do país.

Será que só isto é suficiente?

Será que a extinção de serviços públicos de saúde do interior, no princípio de que o “português deve perder o hábito de ter um médico sempre atrás de cada árvore “ (opinião do Bastonário da OM) ou com o falso argumento de “exigência de segurança do acto médico” que encobrem verdadeiras razões economicistas, não vai ainda mais afastar os profissionais dessas zonas do país e perpetuar o seu envelhecimento?

Não seria uma boa política dar condições de trabalho e oportunidades de progressão mais atractivas e de formação permanente aos jovens profissionais médicos e de outros sectores da saúde para que estes se sintam mais motivados a lá se fixarem?

E se o interior do Continente é tão avesso à fixação da população, o que se faz pela insularidade não deveria ser feito também pela “interioridade”?

Não chega constatar a realidade repetidamente e ao longo das duas últimas décadas - desde que a redução acentuada de licenciados em Medicina se começou a sentir e a diminuição da oferta médica conduziu à diminuição da colocação de profissionais no interior quando no litoral as vagas “chegavam para todos” e os quadros eram sucessivamente alargados.

É preciso agir e apresentar propostas credíveis não só baseadas em pressupostos legais de mobilidade de pessoal da AP mas também que tenham em conta a realidade dos sectores que se pretendem atingir, definidas prioridades e políticas estáveis de instalação e manutenção de estruturas da saúde.

Difícil será, estou certo, mobilizar compulsivamente o sector médico para este desidrato mas como é comum dizer-se “de pequenino se torce o pepino” e antes que todos se habituem a viver junto à praia, há que mostrar o quão bom pode ser viver junto de uma montanha, aproveitando a contribuição e contribuindo para que as Auto-estradas e vias-rápidas deixem de ser meras vias de passagem para serem verdadeiras vias comunicação.

"A CC, que tem as rédeas do poder, como já no passado as teve, em vez de se queixar e distribuir a sua responsabilidade pelos outros arregace as mangas e tome as decisões que se impõem e que são da sua, e só sua, inteira responsabilidade" (Xico do Canto)

Mas ainda não disse Correia Campos como pensa proceder…e acho que o deve fazer.


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4 comentários:

Anónimo disse...

Ai..
Então vamos lá a apresentar propostas aqui neste blog, porque não? Uma ajudinha precisa-se.
Não queira ser considerado como um mau politico que só critica o que os outros fazem. Atrevasse a dar palpites aqueles que faria se tivesse algum poder.
Volto mais tarde com minha aluada sugestão.

naoseiquenome usar disse...

Visto que existe legislação com incentivos para afixação dfe médicos à periferia, há cerca de dez anos; visto que ao parece toda a gente a ignora; visto que é mais fácil culpar determinadfos governantes de determinados governos, do que assumir as nossas responsabilidades passadas
e actuais e, visto que, as auto-o-estradas, em vez de serem consideradas meios de acessibilidade, passaram a ser consideradas "vias" rápidas para os grandes centros;

:)))

proponho uma medida radical, que consiste no seguinte:
Pega-se coercivamente nos médicos necessários e, após a fixação destes no interior, destroem-se as auto-estradas.

:)

Anónimo disse...

atreva-se, sim dei conta do erro.:))))
Ainda não tive tempo para a proposta, o sol deu cabo do meu miolo, mas volto, ai volto volto. Calma, pretendo ser construtiva:)

Abraço e bom fim de semana.


35:)

Anónimo disse...

Ó cara "NSQNU", então! As auto-estradas não foram construidas a pensar só nos médicos. E como ficam os passeios domingueiros? Reparou na linda imagem que J.F nos brinda? Pela auto-estrada este tipo de montanha é admiravelmente impressionante. :))