segunda-feira, janeiro 29, 2007

o exagero de receituário médico

"Médico com média de 50 consultas por dia trabalha mais de 200 horas por mês."

"É possível que um médico de família dê em média 50 consultas por dia?

É possível e até é "plausível", defende o director do Centro de Saúde de Mafra, Henrique Santos, onde trabalha um dos médicos visados no recente relatório da Inspecção-Geral de Saúde (IGS) por ter realizado, em 2005, um número muito elevado de consultas (10.698).

Apesar de ter um horário de 35 horas semanais, este médico tem um ficheiro de utentes que ultrapassa em quase mil o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sublinha Henrique Santos.
"Lido a frio", o total de consultas parece excessivo, mas tem "uma explicação plausível": "É perfeitamente normal".

Dada a escassez de médicos na região - além da sede, o Centro de Saúde de Mafra tem 12 extensões e 25 clínicos para dar resposta a cerca de 65 mil pessoas -, estes são obrigados a trabalhar bem mais do que o seu horário normal, justifica.

É o caso deste médico, que faz muitas horas extraordinárias: atende doentes no Serviço de Atendimento Permanente (SAP), trabalha de dois em dois fins-de-semana e ainda tem horas atribuídas para combater a lista de pessoas sem médico de família na região (cerca de 12 mil).

O seu ficheiro ascende a perto de 2500 utentes, quando a OMS preconiza 1500; e, tudo contabilizado, trabalha mais de 200 horas por mês, explica Henrique Santos." Público

Quer haja ou não haja justificação para tão elevado número de receitas médicas prescritas por este ou por qualquer um dos outros médicos visados no relatório da IGS, quer seja ou não seja correcta a permissividade de tão intensa actividade por parte de um clínico do SNS, uma coisa é certa:

O IGIF deu hoje instruções aos serviços de informática dos HH públicos para procederem a uma actualização do software do SAM (Serviço de Apoio ao Médico) no sentido de impedir que a receita electrónica, produzida por este serviço, possa ser duplicada.

No caso da necessidade de correcção por erro ou omissão, o sistema da mesma forma impedirá que esta seja feita de modo electrónico, devendo para tal, o médico prescrever a nova receita em formato de papel.
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P.S. Correcção à informação por mim dada

Transcrição do Aviso enviado por mail aos Serviços de Informática das Instituições de Saúde Pública pelo IGIF com data de 19 de Janeiro de 2006:

"Avisa-se que na próxima actualização da aplicação SAM o fórum da receita sofrerá algumas alterações, das quais destaca-se o facto de não ser permitida a impressão para ecrã e a eliminação de “re-impressão” da receita
Recebemos ordens superiores para que esta alteração fosse realizada na aplicação, em virtude do aparecimento em conferência de facturas de cópias de receitas aviadas nas farmácias.
Tendo em conta esta situação foram feitas as seguintes alterações:
- ao clicar no botão de impressão da receita esta apenas dá possibilidade de impressão directa para a impressora. Deixando de haver possibilidade de visualização.
- na visualização das receitas anteriores já não será possível imprimir novas vias das receitas.
- no caso da receita não sair na impressora, ou a impressão sair incorrectamente, o médico deverá criar uma nova receita tendo em conta a anterior, e posteriormente anular a receita que não saiu correctamente. Tendo para isso que inserir o motivo dessa anulação.
- a receita terá um novo código de barras que não será necessário instalar nos PCs clientes

Atenciosamente
AL"


2 comentários:

lisboa dakar disse...

Em formato de papel? à antiga? Nessa altura não havia as coisas de se faz alarido agora? ou já pretendem acabar com a informatização do receituário?
Mas...
Giro, giro é a guerra (consequente) entre a OM e os mandachuvas dos MF - a que transcrevi em http://lisboaadakar.blogspot.com/2007/01/carta-aberta-do-bastonrio-aos-mdicos-de.html

naoseiquenome usar disse...

Apenas uma questão de maior cuidado e rigor, no caso.