terça-feira, janeiro 30, 2007

a emergência médica, os médicos e os enfermeiros


O anúncio feito na 4ª feira passada por Correia Campos da intenção de “reforçar” o apoio médico de urgência no Alentejo através da criação/manutenção de quatro Serviços de Urgência Básica (SUB) apoiados por duas viaturas médicas de emergência e reanimação (VMER) e quatro ditas “viaturas médicas de suporte intermédio de vida”, estas quatro viaturas tripuladas por dois enfermeiros dotados de curso do Instituto Nacional de Emergência Médica, mereceu do Bastonário da Ordem dos Médicos e do Presidente da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência comentários de apreensão e crítica.

Pedro Nunes, classifica esta medida de “intolerável ” e “inqualificável, porque passaríamos a ter em Portugal cidadãos de primeira e de segunda no que respeita aos cuidados médicos”, enquanto que Vítor Almeida considera não compreender como é que um doente grave ”pode ser tratado por enfermeiro sem ter um médico presente” e que se assiste a uma “violação sistemática da lei” no que respeita às exigências de tripulação e de equipamento das ambulâncias do INEM. TSF
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A participação dos Enfermeiros neste âmbito de emergência médica estará a ser acordada com a Ordem dos Enfermeiros cuja Bastonária já terá emitido um Enunciado de Posição ouvidos o Conselho Jurisdicional e de Enfermagem, no qual se emitem orientações para as intervenções do enfermeiro no pré-hospitalar:

"Actuar sempre de acordo com o seu enquadramento legal, procurando assegurar, no exercício das suas competências, a estabilização do indivíduo vítima de acidente e/ou doença súbita, no local da ocorrência, garantindo a manutenção das funções vitais por todos os meios à sua disposição;

Garantir o acompanhamento e vigilância durante o transporte primário e/ou secundário do indivíduo (…) assegurando a prestação de cuidados de enfermagem necessários à manutenção/recuperação das funções vitais, durante o transporte;

Assegurar a continuidade dos cuidados de enfermagem e a transmissão da informação pertinente, sustentada em registos adequados, no momento da recepção do indivíduo (…), na unidade hospitalar de referência;

Garantir adequada informação e acompanhamento à família do indivíduo (…) de forma a minimizar o seu sofrimento
”.

E que quaisquer outras atribuições que impeçam a prossecução das enunciadas serão “contrárias ao quadro da responsabilidade profissional decorrente da lei”.

Sendo esta a posição da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, como vai descalçar a bota a comissão que estuda esta metodologia de participação dos enfermeiros nestas viaturas de suporte intermédio de vida, sem presença de um médico na sua equipa?

Mas entretanto, a mesma Bastonária em declarações à TSF terá dito que:
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Se é necessário encontrar, na área da política de emergência, soluções para proteger mais os cidadãos do que hoje estão protegidos, então Ordem dos Enfermeiros estará disponível para encontrar as soluções que forem possíveis encontrar”.

E nada disse sobre a participação dos médicos nestas soluções.
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Pena é que a Ordem dos Médicos assim também não pense e concertadamente tente também encontrar soluções.
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Será que se perspectiva uma posição de protagonismo da Ordem dos Enfermeiros perante a Ordem dos Médicos?

Dividir para reinar, continua a ser o lema.

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5 comentários:

Anónimo disse...

Para além das escolas publicas as escolas de enfermagem vão surgindo a cada esquina. Já são muitos a ficarem procupados com o desemprego. Se há falta de médicos, porque não avançar com os senhores Doutoresenfermeiros para o terreno.:) Cuidem-se cuidem-se Srs. Doutores Médicos, estais aqui estais a receber ordens doutra classe de Doutores. :))))))

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Doutor Enfermeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Doutor Enfermeiro disse...

Caro amigo autor do blog, penso que haverá por aí (na sua cabeça e de alguns) muita confusão. Para ficar mais bem esclarecido aconselho-o a passar pelo doutorenfermeiro.blogspot.com, onde este assunto está dissecado e muito bem explanado. No entanto, aconselho-o a ler a carta aberta ao bastonário da OM, que se encontra no site do sindicato dos enfermeiros do norte (www.sen.pt)


Por outro lado, vejo uma preocupação exacerbada, quase alérgica, às escolas de enfermagem e aos enfermeiros sem colocação. É uma febre para os não-enfermeiros. Existem tantos advogados desempregados, psicólogos, engenheiros, farmacêuticos, biólogos, professores, sociólogos, economistas, etc, etc, etc, e ninguém aparece estar interessado em todos estes profissionais desempregados. Por outro lado, a existência de alguns enfermeiros sem colocação (revela má estratégia formativa e também é consequência de uma atitude política castradora), é quase uma pedra de arremesso para alguns "frustrados-invejosos"!

Mas vejo que muitos não-enfermeiros estão histéricos com os enfermeiros sem colocação. Será contagioso?


p.s. Em Espanha existiam 50 mil médicos desempregados e nem tal número provocou tanta alergia!

Anónimo disse...

Caro amigo doutorenfermeiro, porque deveria um qualquer comentador num blog direccionado pra saude mostrar preocupação do desemprego em geral?! Não é dos problemas do actual sistema de saude que aqui se fala?!

O desemprego dos enfermeiros e tecnicos de diagnostico e terapeutica é uma constatação que se agravou com a criação das escolas privadas, que abrem vagas sem uma pesquisa de mercado. Quer negar o que aqui afirmo? Faça uma pesquisa credivel. Ficarei grata.

J.F disse...

Doutorenfermeiro:
A confusão que pensa existir “na minha cabeça e de outros” deveria ser esclarecida por si e não endossar essa explicação para cartas abertas, textos ou artigos por outros publicados.

No Post em questão apenas transcrevo opiniões expressas por intervenientes nas orientações dos sectores profissionais da saúde em apreço e do representante duma Associação respeitante à emergência médica, daí que não possa ver onde reside a confusão.

Depreende-se, do desvio que fez para a situação do desemprego (sobre a qual nada referi), não revelar qualquer tipo de preocupação com a efectiva realidade do desemprego no sector da enfermagem parecendo ver esta possibilidade da criação de “viaturas médicas de suporte intermédio de vida” como uma tábua de salvação para os excedentes de enfermagem e que outras oportunidades surgirão.

Mal estariam os enfermeiros se de tal dependessem.

É que o seu problema, Doutorenfermeiro, é o mesmo que tanto ousa criticar nos outros.

É o do protagonismo que a toda a força, aproveitando a actual situação e sem olhar a meios pretende a sua classe obter na política da saúde.

É o de ultrapassar as competências que a Bastonária da OE tão bem enumerou no seu “Enunciado de Posição”.

É o de dividir os enfermeiros em Doutores e os que prestam os cuidados de enfermagem.

É o de pensar que a saúde das populações se consegue sem os médicos.

É o de em resumo, querer para si o que os outros, no seu entender, há já demasiado tempo usufruem “indevidamente”.

A “carta aberta ao Bastonário da Ordem dos Médicos” que me aconselhou a ler, é um exemplo disto e de muito mais.

Desculpe-me mais uma vez, mas não acho que deva ser assim.

Acabe-se com o protagonismo de classe nos serviços de saúde que, como já tive oportunidade de lhe dizer (e como assim também diz perfilhar), só conduz a retrocesso, inoperância e à prestação de maus serviços.

Não se reeinvidique a sua transferência para outros ao mesmo tempo que se denigre os males que a ele estão associados.

Tenho imenso e igual respeito pelos médicos, enfermeiros, auxiliares de acção médica, técnicos superiores, administrativos e dos serviços gerais das instituições de saúde pois todos, mas todos, independentemente do seu título académico ou grau literato, são importantes para a prestação de cuidados profiláticos e de tratamento já que como equipa devem ser entendidos.

Assim como existem bons e maus elementos também existem “invejosos” e “frustrados”, modestos e dedicados em todas as profissões dentro e fora da saúde….
Felizmente que os “bons” e estes dois últimos são a grande maioria.