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"Não vou enjeitar liminarmente que possa haver alguma responsabilidade dos profissionais de saúde na alta incidência de infecções hospitalares em alguns hospitais. Porém, é fundamental denunciar a incrível falta de condições para uma mais efectiva prevenção destas infecções, situação agravada pela cega determinação em colocar os hospitais a dar lucro, sem que se perceba muito bem o que isso quer dizer, não obstante os impressionantes cortes orçamentais.
Frequentemente, até o papel descartável para limpar as mãos já falta nos hospitais, o que obriga os profissionais de saúde a secar as mãos a toalhas que ficam rapidamente encharcadas e se transformam em verdadeiros meios de cultura e reprodução de bactérias, o que pode tornar ainda mais perigoso para os doentes o acto de lavar as mãos dos profissionais de saúde!
Esta é a indesmentível realidade actual.
Para prevenir as infecções deveria existir um lavatório adequado à entrada de cada enfermaria e quarto de hospital, mas não existe.
Seria necessário existir uma embalagem com spray antisséptico acoplado à cama de cada doente, mas não existe.
Seria necessário aprimorar a higiene e limpeza hospitalares, mas o ministro propõe-se despedir milhares de funcionários.
Seria necessário restringir, controlar e educar os visitantes dos doentes, que também deveriam lavar as mãos, mas à hora das visitas os hospitais parecem verdadeiras feiras.
Seria necessário que o papel descartável nunca acabasse, mas ele esgota!
Etc., etc., etc.
Isto para já não falar das instalações envelhecidas, desadequadas e degradadas e da sobrelotação de camas (onde há três deveria haver apenas duas, onde há seis deveria haver apenas quatro…)."
Prof. Dr. José Manuel Silva
TM ONLINE 2007-10-31
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1 comentário:
Sim, este discurso nada tem de demagógico. É mesmo verdade. Infizmente.
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