sexta-feira, novembro 02, 2007

as consultas de especialidade atrasadas

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"Há 380 mil doentes à espera de uma primeira consulta nos hospitais públicos. A TVI divulga, pela primeira vez, um número nacional das listas de espera para consultas. A informação resulta de um inquérito aos hospitais, nunca divulgado, feito pela Inspecção-Geral do Ministério da Saúde em 2006. Somando consultas e cirurgias, há quase seiscentos mil doentes em lista de espera nos hospitais públicos, mais de cinco por cento da população." TVI
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Porque subvalorizará a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Carmen Pignatelli, os números nesta notícia apresentados?
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Por se reportarem ao ano de 2006?
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Diz que “poderão estar certos, ou até serem inferiores”. Superiores é que parecem não poder ser…
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Independentemente de serem 280, 380 ou 480 mil, é de todos conhecido - das ARS, dos Hospitais, dos Centros de Saúde, e acima de tudo dos doentes – o elevado tempo de espera para uma primeira consulta de especialidade hospitalar.
E para o Ministério da Saúde também é conhecido não só o atraso como o seu elevado número ou não tivesse já proposto várias medidas para tal atraso e número serem reduzidos (funcionamento dos HH públicos até às 20 horas, consultas abertas de especialidade, valorização do preço das primeiras consultas).
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Só que não interessará, para já, aplicar programa idêntico ao já aplicado para as listas de espera para cirurgia (SIGIC) sem que o programa ALERT P1, recentemente implementado nos CSP e nos Hospitais públicos, entre em velocidade de cruzeiro, tal como o SIGIC já está. Assim a bem dos doentes e do sector privado da saúde (haja para tal a verba necessária), poderão os doentes para este sector serem encaminhados.
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Se para bem dos doentes e dos gastos com saúde, o futuro o dirá.
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É que ainda esta semana, atendi no Serviço de Urgência do Hospital onde trabalho, dois doentes (e muitos infelizmente vão aparecendo) com infecções graves pós-operatórias de cirurgias realizadas em clínicas privadas, no âmbito do SIGIC, complicações estas cujo tratamento é da responsabilidade do Hospital público “de origem” quando decorrido um mês de pós-operatório…
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E estes doentes ficam abandonados à sua sorte. À sorte de não aparecerem estas ou outras complicações.
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E se aparecerem… lá está o SNS a custear as despesas.
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Assim não “custa” tratar doentes, particularmente os que pressupõem uma vigilância periódica no pós-operatório, para além das 4 semanas, meses ou anos a fio.
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Assim como também não custará observar um doente numa primeira consulta, também em regime convencionado, e continuar a sua observação/tratamento no mesmo regime, certo de que garantido estará o pagamento da consulta subsequente ou até quem sabe, o tratamento cirúrgico, ao doente proposto…
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Será que Carmen Pignatelli também não valorizará, a exemplo do que fez Correia de Campos no que ao Relatório do TC sobre o SIGIC diz respeito, o sub-aproveitamento da capacidade e da disponibilidade instalada nos Hospitais públicos?

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