... e bem a propósito este Post retirado do SaúdeSA escrito por É-Pá:
A situação das maternidades é um problema relevante a nível nacional, ou melhor, uma daquelas questões que ficam pelas "meias tintas".
No sector privado, a situação é próxima da calamidade. Todos (ou quase todos) os argumentos que fundamentaram, no serviço público, a concentração dos blocos de partos, servem para alimentar os ditos "centros privados de nascimento". Desde a casuística anual por unidade até a aberrante percentagem de partos por cesariana (2/3!), levantam uma questão muito sensível na área médica. Esta é o emergente conflito entre altas produtividades e boas práticas médicas. As cesarianas são um meio expedito de resolver (melhor diria, abreviar) um parto, nem sempre com respeito da saúde da mãe e do neófito. Mas permite, como se diz no texto, "trabalhar à peça", ultrapassar o, por vezes, longo periodo expulsivo de um parto eutócito, liberta o obstetra para outros actos e reduz o tempo de utilização da sala de partos. Tudo ganhos de produtividade sem equivalentes na qualidade.
A ERS detectou o problema. Vamos esperar pelas consequências.
Outra questão diz respeito às maternidades públicas. Octávio Cunha, membro da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal, citado no post, diz que no Norte o processo "não está a correr bem".
Trata-se de um credenciado médico neonatologista, insuspeito, já que publicamente apoiou a decisão do MS no encerramento de salas de parto que não reuniam requisitos míninos de segurança. Segundo se depreende o encerramento foi processado à pressa, sem acautelar os recursos humanos e os equipamentos das maternidades que - uma vez depuradas as situações inadequadas em termos de segurança e qualidade - integram a actual rede em funcionamento. A atitude apressada, subsidiária de razões político-económicas, acabou por se revelar, em algumas situações, inadequada.
Problemas na referenciação da rede subsistem, p. exº., em Trás-os-Montes. As gravidas da área de Mirandela deveriam ser referenciadas para Bragança. Não se verifica isso na prática porque, as grávidas a termo, "sabem" que o H de Bragança não está (ainda) devidamente preparado, e optam por dirigir-se a Vila Real. Octávio Cunha conclui, com alguma sagacidade, que "quando estão grávidas as mulheres ficam ainda mais inteligentes"...
As reorganizações, as reestruturações tão necessárias ao SNS, não podem desguarnecer os flancos.
Nada do que se faz apressadamente em Saúde, é bom e muito menos seguro.
A questão das maternidades é um processo em vias de sedimentação, todavia, ainda com muitos buracos que urge colmatar.
O processo da reestruturação das urgências está em marcha, mas devia colher ensinamentos da questão das maternidades.
Mesmo para aqueles que apoiam os princípios dessa reforma, tem sido notória a pressa em fechar SAP's, sem que as alternativas aos mesmos estejam consolidadas e testadas, nomeadamente, no que diz respeito à rede de urgência pré-hospitalar.
À rapidez em encerrar deverá corresponder a prontidão em estruturar, viabilizar, adequar e operacionalizar as soluções alternativas (da nova rede). Os hiatos são fatais em Saúde.
Dizia Gregório Marañon, insigne médico e cientista espanhol:
"A rapidez, que é uma virtude, gera um vício, que é a pressa".
É-Pá
No sector privado, a situação é próxima da calamidade. Todos (ou quase todos) os argumentos que fundamentaram, no serviço público, a concentração dos blocos de partos, servem para alimentar os ditos "centros privados de nascimento". Desde a casuística anual por unidade até a aberrante percentagem de partos por cesariana (2/3!), levantam uma questão muito sensível na área médica. Esta é o emergente conflito entre altas produtividades e boas práticas médicas. As cesarianas são um meio expedito de resolver (melhor diria, abreviar) um parto, nem sempre com respeito da saúde da mãe e do neófito. Mas permite, como se diz no texto, "trabalhar à peça", ultrapassar o, por vezes, longo periodo expulsivo de um parto eutócito, liberta o obstetra para outros actos e reduz o tempo de utilização da sala de partos. Tudo ganhos de produtividade sem equivalentes na qualidade.
A ERS detectou o problema. Vamos esperar pelas consequências.
Outra questão diz respeito às maternidades públicas. Octávio Cunha, membro da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal, citado no post, diz que no Norte o processo "não está a correr bem".
Trata-se de um credenciado médico neonatologista, insuspeito, já que publicamente apoiou a decisão do MS no encerramento de salas de parto que não reuniam requisitos míninos de segurança. Segundo se depreende o encerramento foi processado à pressa, sem acautelar os recursos humanos e os equipamentos das maternidades que - uma vez depuradas as situações inadequadas em termos de segurança e qualidade - integram a actual rede em funcionamento. A atitude apressada, subsidiária de razões político-económicas, acabou por se revelar, em algumas situações, inadequada.
Problemas na referenciação da rede subsistem, p. exº., em Trás-os-Montes. As gravidas da área de Mirandela deveriam ser referenciadas para Bragança. Não se verifica isso na prática porque, as grávidas a termo, "sabem" que o H de Bragança não está (ainda) devidamente preparado, e optam por dirigir-se a Vila Real. Octávio Cunha conclui, com alguma sagacidade, que "quando estão grávidas as mulheres ficam ainda mais inteligentes"...
As reorganizações, as reestruturações tão necessárias ao SNS, não podem desguarnecer os flancos.
Nada do que se faz apressadamente em Saúde, é bom e muito menos seguro.
A questão das maternidades é um processo em vias de sedimentação, todavia, ainda com muitos buracos que urge colmatar.
O processo da reestruturação das urgências está em marcha, mas devia colher ensinamentos da questão das maternidades.
Mesmo para aqueles que apoiam os princípios dessa reforma, tem sido notória a pressa em fechar SAP's, sem que as alternativas aos mesmos estejam consolidadas e testadas, nomeadamente, no que diz respeito à rede de urgência pré-hospitalar.
À rapidez em encerrar deverá corresponder a prontidão em estruturar, viabilizar, adequar e operacionalizar as soluções alternativas (da nova rede). Os hiatos são fatais em Saúde.
Dizia Gregório Marañon, insigne médico e cientista espanhol:
"A rapidez, que é uma virtude, gera um vício, que é a pressa".
É-Pá
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