Embora Pedro Gomes (coordenador do SIGIC desde 2004) considere que “a inversão da tendência de crescimento do tempo de espera e do número de inscritos na lista evidencie o sucesso do SIGIC” ( o que ainda não foi provado), nem tudo vai bem neste programa de resolução e controlo das listas de espera para cirurgia.link
E para resolver o problema o MS terá decidido investir 2,5 milhões de Euros só para dar continuidade ao investimento nas ferramentas informáticas que foram adquiridas em 2004 e 2005.
E mais 2,5 milhões de Euros só para que o projecto tenha um “impacto mais célere e eficaz” para no fim do ano não haver doentes prioritários em lista mais de quatro meses, doentes oncológicos à espera há mais de dois meses e doentes não prioritários a aguardar há mais de um ano.
E porque as ferramentas informáticas só por si não resolvem todos os problemas, mais investimento será disponibilizado pela Secretária Adjunta do MS para que a tabela de preços de algumas áreas «críticas» seja revista de modo a tornar os preços «mais atractivos»…
“Desde 2005 até 31 de Março passado, o número de doentes à espera de uma cirurgia passou de 241 425 para 222 094, o que equivale a uma redução de 8%.“
Pouco?
Não o terá sido, na opinião de Pedro Gomes.
Assim como pouco não terá sido o que está a ser “gasto” com o pagamento atempado (que tem sido e é bom que assim seja) às instituições públicas e privadas e aos profissionais envolvidos nos actos cirúrgicos, relembrando o que em Outubro aqui, a propósito eu demonstrei:
"Pela consulta da tabela de preços relativa à produção adicional no âmbito do SIGIC e tomando por base o valor de 5.928,50 Euros, referente a uma Prótese Total da Anca realizada neste âmbito(GDH 209) , 45% deste valor (2667,83 Euros) é adjudicado à equipa cirúrgica interveniente revertendo os restantes 55% para os cofres do Hospital.Em média poderão ser realizadas em 6 horas de funcionamento contínuo dum Bloco Operatório, 3 artroplastias totais a que corresponde um pagamento de 8.003,75 Euros (2667,83 x3) atribuído à equipa cirúrgica.Intervindo por equipa, 8 profissionais de saúde (2 Cirurgiões, 1 Anestesiologista, 4 Enfermeiros e 1 Auxiliar de Acção Médica) corresponde em média a cada um 1000 Euros por 6 horas de trabalho efectivo, o equivalente aproximado a 6000 Euros semanais ou 24.000 Euros mensais !!!"
(só para termo de comparação, o vencimento médio dum Assistente Hospitalar Graduado da Carreira Hospitalar é de 2500 Euros ilíquidos, no regime de 35 horas semanais).
Mas se fizermos bem as contas de Outubro de 2006 a 31 de Março de 2007 (6 meses), foram abatidos à lista de espera 5.049 doentes o que a este ritmo de 10.000/ano fará com que sejam necessários 5 anos para atingir a meta definida de 178.000 para que se possa cumprir (segundo Pedro Gomes) o delineado para o fim de 2008 pela sua equipa, em termos de tempos de espera ditos “aceitáveis ou bons”.
E se atentarmos nisto…
"As extensas listas de espera para consultas da especialidade são outra realidade. Pedro Gomes explicou que, para já, a gestão deste problema está a ser feita por uma equipa própria, ao nível do Ministério da Saúde e sob a coordenação de Carmen Pignatelli. Se, no futuro, a gestão destas duas listas de espera vai ser conjunta, o coordenador não sabe, sublinhando que isso é uma decisão política. Mas reconhece que seria útil que o SIGIC tivesse uma intervenção mais abrangente. «Há aqui uma correlação importante que queríamos estabelecer, uma vez que neste momento conhecemos os tempos de espera entre a proposta cirúrgica e o tratamento, mas gostaríamos de poder trabalhar os tempos de espera entre a requisição pelo médico de família e o tratamento, de modo a perceber quanto tempo o doente ficou à espera da consulta que lhe dá acesso à cirurgia»."
É bom e necessário que esta informação seja recolhida e surpresas não serão por certo reveladas quando se apurar o tempo de espera entre o pedido de consulta dos Cuidados de Saúde Primários e o agendamento do tratamento na Unidade Hospitalar.
E como se prevê, na tentativa lógica e correcta de diminuir este tempo, lá irá aumentar a lista de espera para tratamentos cirúrgicos e assim ainda mais “estragar as contas” ao coordenador do já "reforçado" SIGIC em termos informáticos.
Então estamos num caminho que não me parece estar a ser o mais correcto… já que, pese embora o esforço, a modestia dos resultados de forma alguma está a ser proporcional ao tão grande investimento já realizado e disponibilizado.
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1 comentário:
Vale a pena relembrar a conclusão de António Serrano, na recente conferência sobre Sistemas de Informação em saúde (ver site do ACS):
"Conclusão
•CUIDADO:
Sistemas e TIC são meros instrumentos auxiliares. Se mal usados sósofisticam a natureza dos disparates organizacionais
•A informação sóéútil se soubermoso que fazer com ela.
•Caso contrário, os custos incorridos para a sua obtenção são puro DESPERDÍCIO"
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