"Criámos a noção de que o interior não tinha médicos de família, mas é precisamente o contrário; é no litoral que há carência."
Disse isto, Correia de Campos na Comissão Parlamentar da Saúde, quando explicava algumas das suas das medidas "controversas", como fecho de maternidades, dos Serviços de Urgência e dos SAPs.
E para resolver esta situação de deficiente cobertura de médicos de MGF no litoral, porque os incentivos à admissão de licenciados na Carreira de Medicina Geral e Familiar tardam a dar os seus frutos, apostar-se-à na "passagem de médicos para o regime de mobilidade especial da Função Pública”, deslocando-os assim do interior para o litoral do território…
“Nivelar por baixo” a relação médico/doente é do que se trata.
Estica-se a manta para cobrir a cabeça e ficam os pés a descoberto, tentando-se arranjar um bom par de meias de lã (porque não remendadas) para os aquecer durante o inverno, já que no interior do país esta estação do ano costuma ser bem fria.
Espera-se que a História, mais tarde, não venha a considerar como tendo sido penalizante para o país (do interior ao litoral) esta política de “medidas avulsas”, descoordenadas e sem uma visão global e integrada, deste Ministério da Saúde.
Entretanto, para a ajudar a toda esta “baralhada” a Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental vem lançar mais achas para esta fogueira ao concluir no seu Relatório perliminar que:
"A actual rede de cuidados psiquiátricos funciona mal e tem graves problemas de acessibilidade". A comissão propõe que se criem "unidades de internamento em todos os hospitais centrais, ou, pelo menos, uma por distrito (...) e ainda em todos os novos hospitais a construir, de parceria com os privados". Dá conselhos à tutela: "que a grande maioria dos cuidados se faça a partir das Unidades de Saúde Familiar (USF) e dos “novos” centros de saúde.” Semanário
E já agora, como que para “compor” um pouco toda esta trapalhada, o Conselho de Ministros na sua ultima reunião de 5 de Abril, aprovou um Decreto-Lei onde prevê manter “o regime especial de contratação de pessoal no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (...) nomeadamente no que concerne à prestação dos cuidados de saúde.”Portal do Governo
1 comentário:
Se o interior está FALHO de tantas coisas, e que vão falhar cada vez mais, será que essa "boa" relação utente/médico se vai manter, ou... como prémio de anos de interioridade esses médicos vão ser convidados a vir pró litoral (a afundar nas águas do atlântico) e despovoar cada vez mais e mesmo totalmente o interior até o vender a espanha?
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