sábado, fevereiro 17, 2007

tríade de perguntas


.......................... "Elogio del Horizonte" de Eduardo Chillidauno - Gijón, Asturias

Considera Pedro Pita Barros no seu artigo A tríade publicado no DE, não haver soluções perfeitas quando se discute como estruturar a oferta de serviços de urgência.

Duma forma muito economicista, aborda a saúde como de números se tratasse (o que vem sendo hábito nos actuais comentadores, gestores e novos “ideólogos” não dum SNS mas dum Sistema Nacional de Saúde), ou não fosse ele um economista.

Para fundamentar o combate ao desperdício de recursos, no que ao atendimento urgente diz respeito, PPB fala numa tríade:
Necessidades em saúde/racionalização de recursos/incerteza das necessidades.
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Mas como de Serviços de Urgência ele está a falar, esta tríade não existe como tal, mas sim sob a forma duma única relação:
Racionalização de recursos/incerteza das necessidades, já que as necessidades em saúde de atendimento atempado são sempre incertas, sejam elas durante o período diurno ou nocturno, em dias de semana, domingos ou feriados.

E porque incertas são as necessidades, qual deverá ser a actuação para estabelecer “um equilíbrio entre os objectivos de “satisfação cabal de todas as necessidades de cuidados de Saúde (em tempo adequado) e a utilização racional dos recursos”?

Manter tudo como está, ou encerrar os serviços em período de imprevisível menor ou nula necessidade?

Assim não me parece terem que ser adoptadas nenhuma destas tão "extremistas soluções". Assim como também não me parece que a solução venha da resposta à pergunta que PPB formula: “quanto desperdício de recursos estamos dispostos a aceitar para aumentar a capacidade de resposta do Sistema?”, sem que previamente se defina o que é considerado “desperdício”.

Desperdício de meios profissionais, estruturas e equipamentos envolvidos ou do resultante dum atendimento que, sustentado na previsibilidade, origine aumento do tempo de espera para a resolução do problema de saúde e/ou diminuição da qualidade de vida dos doentes que pelos serviços são socorridos?

Penso que necessariamente deverão ser os dois "desperdícios" considerados.

E neste sentido, antes da decisão de “encerrar” deverão ser criadas as novas estruturas (pré-hospitalares e hospitalares devidamente equipadas de meios humanos e técnicos), reforçadas as que permanecem em funcionamento e simultaneamente pensar na “sobrevivência” das instituições que desprovidas de meios abertos ao exterior, necessitam de manter a assistência aos doentes que permanecem internados no seu "interior".

Existe sim, uma tríade, mas de perguntas, para as quais ainda não vi respostas objectivas.

O que se “gasta” com a reestruturação, o que se poupa com o encerramento e o que o cidadão tem a ganhar com a reestruturação (e nunca a perder) em termos de qualidade.



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1 comentário:

naoseiquenome usar disse...

Só com uma Avaliação de Necessidades se fica de posse de informação necessária para planificar uma resposta.
É através deste estudo que se pode considerar o impacto e fazer recomendações sobre a continuidade, modificação ou interrupção de um projecto, programa ou política.
É através da avaliação de necessidades que se procura dar resposta, por ex a estas questões mais que estudadas:
"# Qual é a natureza e a dimensão do problema?
# Quanto tempo vai durar?
# Quem são os grupos mais vulneráveis?
# O que, e quanto é preciso; qual é a melhor resposta? "

A Avaliação das necessidades de pessoal, por ex, "face à missão, objectivos e actividades dos serviços públicos e gestão de carreiras" é um imperativo legal (D.L. 25/2007 de 07/02).