Interessante foi a intervenção de Correia de Campos realizada perante os Presidentes de Câmara e das Administrações Regionais de Saúde, aquando da assinatura dos protocolos, elaborados na tentativa louvável de resolução dos conflitos entre o MS e as populações e alguns autarcas das regiões afectadas com os encerramentos propostos dos Serviços de Urgência e SAPs locais.
Apesar de considerar no seu discurso não se tratar “apenas de identificar os atributos de cada localização e aplicar uma tipologia”, com excepção do concelho de Macedo de Cavaleiros, em que o SUB é introduzido com carácter mais definitivo na rede de SU (até melhoria das acessibilidades locais), a metodologia adoptada é semelhante em todos os outros concelhos:
- a manutenção dum SUB em Fafe, Santo Tirso e Montijo, (a rever no contexto dos respectivos Centros Hospitalares a institucionalizar);
a criação duma “Unidade Móvel de Saúde” de apoio às populações mais distantes (Cantanhede);
- o alargamento do horário de atendimento nos Centros de saúde (consultas não-programadas que substituem os actuais SAPs ou similares);
- a disponibilização de meios de transporte de doentes sedeados bem perto das unidades de saúde (VMER ou SIV - suporte imediato de vida).
Regista-se no entanto, o elogio feito por CC às pequenas unidades de saúde e aos profissionais que até à data têm desenvolvido a sua actividade, “abandonados há muitos anos do ponto de vista conceptual, apesar de dotados de muitos e dispersos meios, foram sobrevivendo sem dimensão nem escala, para garantir a excelência, a qualidade, a segurança exigíveis no século XXI”.
Assim como também se regista, embora tardiamente e já em desespero, que declare:
“todas as propostas de reorganização da rede de serviços de urgência que a Comissão Técnica Nacional respectiva elaborou com tão elevada capacidade e rigoroso sentido de dever estão em análise. Desde sempre afirmámos que as orientações foram essenciais, indispensáveis. Naturalmente passível dos ajustamentos que a realidade dos factos políticos irrefutáveis nos venham a aconselhar. A inteligência humana não é mais do que a capacidade de contínua adaptação às novas circunstâncias. Daí, que nada do que vier a ser adoptado seja absolutamente imutável. Mudem os meios viários, as tecnologias, a natureza da demanda, e a disponibilidade de meios humanos e aí teremos nós bons motivos para o aperfeiçoamento. Mudar por mudar não nos seduz. Mudar por razões sólidas de mudança não é inconstância, é perseverança”.
Mas não chega dizer que “o nosso SNS está melhor e pode ainda melhorar mais”, que a mortalidade infantil diminuiu, assim como as listas de espera para cirurgia, a incidência da tuberculose, as mortes na estrada, a transmissão vertical pelo HIV; que aumentou o número de intervenções cirúrgicas, o número de consultas hospitalares de cuidados primários e de planeamento familiar.
É necessário tudo fazer para manter esta qualidade, aperfeiçoar e dotar de meios técnicos e humanos as instituições de saúde, incentivar os profissionais no objectivo de a manter e simultaneamente preparar as estruturas existentes para as modificações necessárias para a melhorar ainda mais, sim.
Mesmo que, através de pareceres elaborados por “técnicos com elevada capacidade e rigoroso sentido de dever”, se demonstre que modificações num sector como o da “emergência e urgência” sejam imprescindíveis para se conseguir melhorar ainda mais o nosso SNS, a aplicação de medidas (sejam elas quais forem) não deverão pôr em risco a qualidade até agora alcançada noutros sectores mesmo que à custa “ de uma porta aberta, a que chamam urgência, sem o ser, que atende diariamente por vezes mais de uma centena de doentes” sem justificação técnica sim, mas não sem justificação social.
Se não era esta a intenção do Ministro da Saúde, era este o caminho que estava a ser traçado.
Considerando ou não considerando ter havido “recuo”, o que interessa é que alguma coisa aparentemente terá mudado.
Mas…
Será que ainda vai a tempo?
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3 comentários:
Caro Jyromino
O protocolo assinado reza asim:
"Este horário é proposto pelo Director do Centro de saúde e aprovado pela Administração Regional de Saúde do Norte" (...)
A julgar pela seriedade deste e de todos os outros protocolos assinados, sou do parecer que o Director do Centro de Saúde terá auscultado os seus colaboradores e em conformidade assim terá proposto...
Na dúvida, só o Director do Centro de Saúde de Fafe o poderá esclarecer... :)
JF: dei-me ao trabalho de comparar as recomendações do relatório final da rede de urgências com os protocolos assinados. Felizmente estão a ser seguidas as orientações dadas no relatório, com os necessários reajustes que devem ser feitos, tendo-se decidido politicamente baseado num parecer técnico, o que sempre foi afirmado pelo ministro. É certo que não o fez da melhor forma, muito pelo contrário fê-lo sempre da pior forma, mas todo o folclore que se montou à volta da assinatura dos protocolos foi apenas isso: folclore. A quem interessa?
Aos políticos de pacotilha.
Nomeadamente José Sócrates com a cruz do altar e os autarcas a carregar o andor.
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