terça-feira, janeiro 02, 2007

puxão de orelhas


Duma maneira imprevista, logo no primeiro dia útil do ano de 2007, Correia Campos desloca-se ao Hospital Pedro Hispano para ter uma reunião com o CA da ULS de Matosinhos e com os Directores de Serviço demissionários daquele Hospital.

Em causa estaria a tomada de posição dos médicos face ao controlo de assiduidade através de impressão digital, posição esta dada a conhecer precisamente no último dia útil do ano de 2006.

Que puxão de orelhas terá dado Correia Campos aos membros da ARS do Norte que o acompanharam nesta visita?

Desconheço se o terá dado ou não, mas lá que mereciam, mereciam.

Não é admissível que um Ministro da Saúde se tenha que deslocar a mais de 300 Km do seu Ministério, para em pouco mais de uma hora, aparentemente resolver um problema que à ARS competiria resolver.

E como diz ter resolvido?

Reconhecendo haver por parte dos profissionais um desconhecimento das implicações técnicas do sistema tendo o próprio CC esclarecido “todas as dúvidas duma forma muito prática”.
Falando em horários flexíveis e em gestão mais aperfeiçoada e mais justa dos recursos humanos.
Alargando também o período experimental até fins de Fevereiro.
E alertando que o sistema é para ser aplicado a todas as instituições públicas da saúde.
Assim...

Pedagogia, diálogo e motivação seria o pretendido por CC.
Será que o conseguiu depois da ARS do Norte e o CA da ULS ter deixado extremar tanto as posições?

Talvez Correia Campos não tenha puxado as orelhas aos elementos da ARS do Norte e ao CA da ULS, a julgar pelos sorrisos destes aquando da despedida.

Puxão de orelhas terá dado CC aos médicos da ULS através dos seus Directores de Serviço presentes:
Dizendo desconhecer, qual avestruz, os seus pedidos de demissão.
E que quem não quisesse aceitar este sistema de controlo, tinha as portas abertas para sair do SNS (no caso dos Internos de Especialidade, aconselhando-os a irem realizar a sua aprendizagem noutro país, que não o nosso).
Zangado estava Correia Campos na conferencia de Imprensa…

Será que resolveu o diferendo?
Sinceramente fiquei sem saber.

E pronto de novo regressou a Lisboa.

E lá foi “a correr” para apresentar a “criação dum novo hospital no concelho de Sintra, a ser construído e gerido pelo mesmo grupo privado que for responsável pela direcção da já existente unidade de Amadora/Sintra.”
E nesta altura e neste local ainda teve tempo para comunicar que:
"Tem intenção de alterar este ano o regime de trabalho dos médicos, com retribuição baseada no desempenho.
Segundo o governante, os médicos poderão optar por dois novos regimes de horários de trabalho nos serviços públicos de saúde (40 horas semanais ou 20 horas semanais), e o seu salário vai ser "acrescido de incentivos pelo desempenho realizado".RTP
Que boa altura, sem dúvida...
.

15 comentários:

Anónimo disse...

E a ARS sabia do que sabe o ministro?
Ele não é só segredos?
Ou é ela (ARS) que é só segredos?
Ou, ainda e finalmente:
E a ARS tem capacidade negocial? Tem tempo para isso?

Peliteiro disse...

Também não entendi. Bom, eu, a bem-dizer, entendo poucas coisas...

J.F disse...

Caro "martelinho"
A ARS do Norte sabe, mas como eu também já sei, ela não quer que os principais interessados saibam...
para relemrar aconselho ir até:
http://queraiodesaudeanossa.blogspot.com/2006/11/prendinha-de-ano-novo-para-pequeno.html
e tempo e capacidade negocial, não querem ter ou fingem não ter, porque não interessados nisso.

Caro "MSP"
Eu também não entendi... também estou na mesma... "entendo poucas coisas"....
Entendo uma coisa... CC mudou a sua atitude política.
"Acção na proximidade" deslocando-se em Alfa (TGV no futuro) ou de avião para em pouco tempo nos deixar na mesma, sem entendermos.

AisseTie disse...

Fiquei sem entender se é contra ou a favor do controlo de assiduidade. Eu sou a favor. Em qualquer profissão em que se acorda contratualmente um horário semanal de trabalho esse controlo deve ser feito para que seja cumprido o estipulado. Quem trabalhe mais que seja remunerado em horas extraordinárias, quem não cumprir, pois que seja penalizado. E a reacção dos médicos é um argumento à privatização de serviços de saúde.

J.F disse...

meu caro "aissetie"
Claramente que sou a favor do controlo da assiduidade.
O que sou é contra a metodologia que Governo e dirigentes médicos estão a utilizar, com objectivos que aparentemente se complementam (o da desestabilização do SNS)
Remeto-o para o post com a assinatura de "tonitosa" e os comentários que a ele foram feitos em SaudeSA e com os quais, na generalidade estou de acordo e me revejo.

http://saudesa.blogspot.com/2007/01/controlo-de-assiduidade-2.html

Anónimo disse...

Os srs. srs. não são funcionários públicos, que horror! Vejam só quererem saber a que horas entram e saem que horror! Isso só prejudica os doentes, que em vez de serem vistos todos de enfiada das 11,30 às 13, estando lá desde as 8, para que o sr.dr. possa ir à sua vidinha, pois então, podem ser vistos ao longo do dia, de forma programada, que horror! Sinceramente...
Os srs. drs. são como órgãos de soberania!
eheh

naoseiquenome usar disse...

Caro "J.F":
Permita-me que lhe solicite qual o sentido e alcance da afirmação: "O que sou é contra a metodologia que Governo e dirigentes médicos estão a utilizar, com objectivos que aparentemente se complementam (o da desestabilização do SNS)". Pode ser?
Onde é que está a convergência e qual?
E já agora, para que não existisse a tal convergência, o que sugeriria? Que não se tomasse a medida do controle? Que se adiasse ad aeternum?

Se tiver paciência, muito grata ficarei pelo esclarecimento.
Obrigada.

J.F disse...

prezada “maoseiquenome usar”
Sempre considerei que não basta ao ser humano o atributo de “político” para que o seja. Como dizia Bertold Brecht “o pior analfabeto é o analfabeto político”...
Numa altura em que o actual poder político se volta para um objectivo concreto como o da reforma da Administração Pública, a imagem do “político” ou do “gestor público” deve ser a dum ser humano honesto, realista e independente que perante a opinião pública se mostra merecedor da sua confiança. E esta confiança é fundamentada na exigência que faz do cumprimento das leis (caso concreto da lei de controlo de assiduidade) mas também e acima de tudo na “arte” que tem de persuasão em identificar o cidadão ou um conjunto de cidadãos, abrangidos pelas leis, com a necessidade de elas serem cumpridas.
Cumprido este pressuposto, a maioria dos cidadãos compreenderá e cumprirá a lei e competirá os juízes julgar os não cumpridores.
Não me parece estar a ser esta a metodologia adoptada pela actual equipa ministerial da Saúde bem como de muitos outros sectores do nosso actual governo, conduzindo assim a uma não identificação concretamente do sector médico com a lei (que deve ser aplicada a toda a Administração Publica), originando instabilidade e acima de tudo desmotivação, precisamente na altura em que estabilidade e motivação mais são necessárias para a manutenção dum SNS forte e competitivo.
Será que CC e C.ia não se apercebem disto?
A lei existe há 8 anos. A reafirmação da constatação do incumprimento da lei foi demonstrada pela IGS ao MS em Agosto de 2006, dois hospitais parcial ou totalmente aplicam já o referido controlo de assiduidade sem que se tenha “ouvido publicamente” reacções. A ULS de Matosinhos iniciou-o duma forma experimental a 15 de Dezembro. Em 29 de Dezembro os DS pedem a demissão alegando motivos perfeitamente desmontáveis com o apoio do Bastonário da OM e do SIM.

Pela imprensa diária somos informados que a Secretária de Estado teria notificado os HH no sentido de ser aplicado este sistema de controlo (mas nada ainda terá chegado ao CA do meu hospital). O Ministro CC diz publicamente que todos os HH durante o ano de 2007 terão o sistema instalado. CC duma forma inédita desloca-se a Matosinhos e sai de lá zangado e ameaçador.
Porquê então só depois de declarada a guerra é que CC comunica publicamente as suas intenções?

Com esta situação criada pelo MS se aproveitam os que com um SNS forte, liderante e competitivo muito têm a perder e nada a ganhar.

Melhor seria ter na altura certa determinado CC a aplicação da lei a todos os HH públicos e deixar que cada hospital estudasse a melhor maneira para duma forma consensual e dialogante com as administrações, os médicos e demais profissionais da saúde, adaptassem o sistema de controlo às características específicas de cada instituição ou serviço. Mas com uma determinação forte de que a lei seria para cumprir.
Será que é esta a vontade de CC ao alargar o período experimental na ULS de Matosinhos para mais dois meses?

naoseiquenome usar disse...

Obrigada pela distinção, caro "J:F".
Naturalmente me dispensará de dar aqui qualquer aula de Direito, daquelas que se dão no 1.º ano de qualquer curso e por isso numa cadeira que se chama "Introdução ao Direito".

Fico-me pelo seguinte:
O D.L. 259/98 de 18 de Agosto, que entrou em vigor no dia imediatamente a seguir, conforme dispõe o seu art.º 42.º, tem como objecto e âmbito de aplicação: Todos os serviços da administração pública, incluindo os institutos públicos que revistam natureza de serviços personalizados ou de fundos públicos.
No seu art.º 14.º, n.ºs 2 e 4, define-se como se efectua o cumprimento dos deveres de assiduidade e pontualidade, bem como o período normal de trabalho.

Este D.L, emanado pelo Governo, tem força vinculativa, contém normas gerais e abstractas e é de aplicação directa e abstracta, pois que não há no seu texto nenhuma norma que remeta para a expressão "em termos a regulamentar".

A partir desse momento e independentemente de qualquer conjuntura política, ela tinha de ser aplicada.
E não vale argumentar-se que muitas leis existem que não são cumpridas.

Por outro lado, a Lei Orgânica da IGS, diz, no seu art.º 2.º que esta tem por atribuiçãoes assegurar o cumprimento das leis e regulamentos do sistema de saúde, tendo em vista (...) a salvaguarda do interesse público e a reintegração da legalidade violada.

Anónimo disse...

"Todos os serviços da administração pública, incluindo os institutos públicos que revistam natureza de serviços personalizados ou de fundos públicos." ??????
Mas...mas...
Não foi você, com maus modos e extrema falta de educação, pugnou pela não aplicação do decreto a pelo menos 4 ministérios - Defesa, Finanças, Justiça e Administração Interna?????
Em que ficamos?

naoseiquenome usar disse...

ò meu caro anónimo:

diz que u fui mal educada? E ainda por cima consigo, anónimo?

Gosto dos seus conceitos, deveras.

Ao menos, como se me pode dirigir e eu até lhe dou, enquanto me apetecer, resposta, sempre pode ficar elucidado de que:
- não, não pugnei pela sua não aplicação seja ao que fôr, que esteja no ^`ambito de aplicação da lei;
- Reitero que os casos em questão têm estatutos disciplinares muiro mais apertados que os dos srs. drs. médicos e por isso, a precvaricação é muito mais difícil e a sanção muito mais fácil.
- Depois, deixe-me dizer-lhe, depois... como no caso dos juízes,V.ª Ex.ª Sr. Anónimo, e agora até achando engraçado um outro comentário igualmente anónimo, quer, comparar, os médicos, a órgãos de soberania!

Boa noite!

naoseiquenome usar disse...

Por quem sois, anónimo (por enquanto vai-me apetecendo responder-lhe:)!
acaso sabeis que qualquer um pode pedir uma certidão de nascimento? :)

Ora pois, aí estará a solução para os seus problemas existenciais!

Continuação de boa noite, sim?

Anónimo disse...

Claro que sei, se me quiser menos anonimo, pode pedir a minha.Por mim estou bem assim. Quem se queixou não fui eu, mas VªEXª.:)
Boa noite para si também.

naoseiquenome usar disse...

Graças a deus que sabeis!
reitero os votos de boa noite!

Anónimo disse...

:))))) aqui esta noite não faltaram puxões de orelhas, ora para a direita ora para a esquerda.
Desculpe mas não resisti.:), ainda o vou ver que nem o diabo a fugir em cuecas.

(6,40h e um silencio mortal).