quinta-feira, janeiro 04, 2007

"guerras para proveito dos que se conhecem"


O Presidente da Mesa da Assembleia Regional do Norte da Ordem dos Médicos, médico, Miguel Leão contra o Presidente do CA da ULS de Matosinhos, médico, Nuno Morujão. RTP

"O presidente da Mesa da Assembleia Regional da Ordem dos Médicos/Norte, Miguel Leão, anunciou que vai propor a condenação pública do médico Nuno Morujão por ter impedido o acesso da OM/Norte ao Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos."

Esta condenação pública decorrerá numa Assembleia Regional da OM/Norte e será feita "junto dos órgãos de comunicação social e dos médicos portugueses".

E porquê?

Porque a Delegação Norte da Ordem dos Médicos (OM/Norte) foi impedida, a 28 de Dezembro, pelo Conselho de Administração presidido por Nuno Morujão, de usar as instalações do Hospital de Matosinhos, para debater com os clínicos daquela unidade de saúde a introdução de um controlo de assiduidade por impressão digital, a coberto duma "legitimidade jurídico-formal".

Segundo Miguel Leão:

"Esta atitude é estranha e susceptível de várias interpretações, dado o facto do bastonário da Ordem dos Médicos ter sido autorizado a realizar uma reunião naquele hospital sobre o mesmo tema um dia depois de ter sido recusado o acesso ao Conselho Regional do Norte"
"Esta atitude de Nuno Morujão é censurável por si e pela dualidade de critérios que evidencia" além de pôr em causa o "bom-nome e o prestígio" da secção regional do Norte da OM.
"Que a comparência, na passada terça-feira, do ministro da Saúde no Hospital Pedro Hispano revela a magnitude dos problemas da instituição"

Na moção que vai apresentar na assembleia regional da OM/Norte, Miguel Leão afirma ainda que Nuno Morujão teve a conivência do Director Clínico, médico Joaquim Pinheiro já que este terá declarado que:

"Não podemos dispensar profissionais em dois dias consecutivos, numa altura de grande pressão para o serviço hospitalar, para debater o mesmo assunto com duas estruturas da mesma organização".

E como a OM/Norte critica a medida de controlo de assiduidade por considerar que reduz a actividade médica a "um exercício essencialmente burocratizado".

E como a OM/Norte está zangada com o Bastonário da Ordem dos Médicos.

E como os médicos não se entendem nestas "questiúnculas" de protagonismo e de luta pelo "poder".

E porque à Ordem dos Médicos interessa manter estas "questiúnculas" e vá-se lá saber porquê, não interessa o controlo digital de assiduidade para os médicos.

E porque se não és por nós, és contra nós".

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, em Assembleia Geral Extraordinária através do seu Presidente da Mesa, o médico Miguel Leão, vai propor a condenação pública do Médico Nuno Morujão.

Como deve estar contente Correia Campos.... com o médico contra médico!

Senhor Ministro Correia Campos...

Para quê remendos com leis de incompatibilidades restritas?

Para quê proibições restritas a acumulações de funções médicas dentro do SNS?

Para quê pensar em horários médicos de 20 horas semanais?

Para quando a dignificação do acto médico no SNS?

Para quê ameaças de "se não estiverem bem, saiam do SNS"?

Para quando a separação das águas públicas e privadas no SNS?


Coragem, Senhor Ministro Correia Campos.




3 comentários:

Anónimo disse...

Opinião dum Cabaneiro:
Há 28 anos atrás os moleiros ainda usavam jumentos como meio de transporte para si e para suas cargas. A sua clientela foi aumentando e os jumentos sendo substituidos por outros meios de transporte como pequenas carrinhas e já na actualidade grandes camiões.
Ora, o SNS foi criado curiosamente há 28 anos, também ele precisa ir mudando.

Quem não é resistente ás mudanças?
Não terá sido dificil ao moleiro abdicar do seu jumento?

"Se não estiverem bem, saiam do SNS". É evidente.

Senhores funcionários do SNS, sois funcionários, não sois Donos. Sois livres e não prisioneiros.
Prisioneiro era o jumento. Com seu caracter de teimoso e de olhar para os lados espantando-se e desviando-se das suas rotas , impostas pelo moleiro, foram-lhe colocados ANTOLHOS( palas laterais para os impedir de olhar para os lados).
Ao que parece o homem apresenta uma tendência natural de olhar sempre para o mesmo lado. Talvez seja necessário um ANTOLHO como protese de correcção com o objectivo de ir desviando o olhar desse mesmo lado e permitir que ele olhe em outras direcções.

naoseiquenome usar disse...

A guerra entre médicos (à semelhança da guerra - leia-se conflito - entre as demais classes profissionais), nada tem de novo ou extraordinário.
É frequente e recorrente verem-se médicos contra médicos, quando, por ex. as especialidades se tocam (conflito de competências), dentro da mesma especialidade por questões mais relacionais que técnicas e, entre os médicos hospitalares e os médicos de família (cuidados primários).
Portanto, nada disto é novo.
A única "novidade aparente" é que uma classe que em termos de defesa de direitos corporativos sempre passou para a opinião pública a sua coesão (efectiva, real e tantas vezes prepotente) agora, acabe, afinal, ingloriamente e, por questões de lana caprina, a passar a imagem da sua fragilidade, das suas fracturas.
Mas não era sem tempo.
A opinião pública deve formar-se tendo em conta o que efectivamente é e não o que pensa ser.
Foi positivo, por este lado, este conflito mesquinho.
Quanto aos interesses, pois... eles são tantos!!!
Sou defensora acérrima da separação de águas inequívoca que não meramente intencional.
Há contudo hábitos (como se vê) que custam a mudar... e estruturas a criar em termos definitivos. Porque convenhamos, não pode o SNS continuar simplesmente a financiar de borla toda a formação de um médico, para que este passe no SNS uma meia dúzia de horas, nos intervalos da sua actividade privada!
Como última nota:
O doente é a razão de ser da existência do médico. Por favor, não o utilizem como arma de arremesso a favor de interesses sem sentido.

Anónimo disse...

Tenho vindo a defender a total separação entre o sector público e privado desde sempre! Quem trabalha no público deveria fazê-lo a tempo inteiro, quem trabalha no privado deveria fazê-lo a tempo inteiro. Repito: coragem Sr. Ministro Correia de Campos!