Nada a opor ao controlo electrónico regulador efectivo da assiduidade e do absentismo e facilitador da gestão dos recursos humanos, mas não da produtividade.
Fugas ao controlo são sempre possíveis, ou não fossemos nós "portugueses".
E é aqui que se deve centrar o problema colocado em discussão.
O da responsabilidade individual e de grupo.
Não adianta ter o registo de entrada à hora certa quando se passeia pelos corredores, se permanece nos bares das instituições, se depois de um acto médico ou cirúrgico se protela a saída (por não ter nada que fazer na clínica privada ou em casa) e se os responsáveis são coniventes com estas atitudes.
É que penalizado deve ser quem chega tarde, como compensado deve ser o que prolongou o seu horário de trabalho. E se este prolongamento ou o atraso na entrada não tiver a "certificação" dum hierárquico superior responsável, independente, sério e destituído de estigmas corporativistas… não vai ser o controlo electrónico que vai alterar o comportamento efectivo no dia de trabalho do profissional da saúde seja ele médico (o mais afectado, reconheço), técnico superior, enfermeiro, administrativo ou auxiliar.
Palavras como as de Carlos Arroz do SIM "se se souber à partida que uma operação se vai prolongar para além do horário normal de trabalho, esta poderá não começar sequer" são reveladoras da má recepção que esta mediada tem no sector médico e das resistências que alguns a ela vão colocar parecendo à partida delegar no controlo da assiduidade uma previsível baixa (ainda maior) da produtividade.
Será que os Directores de Serviço, os Chefes de Sector ou as Chefias Intermédias e porque não também os Membros dos CA (mesmo sem horário) vão ser sérios, isentos e acima de tudo bons pedagogos?
Assim o espero e esperamos todos.
Fossemos nós todos, Portugueses com letra grande e não seriam necessários os “pontómetros”.
Fossemos nós todos, Portugueses com letra grande e não seriam necessários os “pontómetros”.
11 comentários:
O engraçado é que a frase mais ouvida é: "nada a Opôr", contudo lá vem um chorrilho de senãos.
Meus caros: Se não há nada a Opôr, não há nada a opôr e ponto final.
Quando tudo está mal e se implementam medidas disciplinadoras mínimas e, se afinal, não há nada a opôr porquê tanta contra-argumentação já estafada pré- existente, muito antes da posssiblidade de controlo da assiduidade por via electrónica? ... Não se entende, confesso. Quem cumpre vai cumprir na mesma e tem a sua vida facilitada, já que não necessita de apôr 60 ou mais assinaturas num papel que qualquer sr.ª da limpeza por descuido, pode pôr no lixo. Afinal esta medida incomoda quem? Altera o quê para pior? E para melhor? Vamos lá equacionar os benefícios, sim?
Não sou adepta de nenhum controle para gente cumprida e responsável, cujos resultados demonstrados dão para aquilatar bem do esforço dispendido. ... Porém... a maioria, infelizmente, vive uma cultura de desresponsabilização, de "produzir" (naõ quero empregar outra palavra) apenas para levar uma certa remuneração para casa, que no cxaso, por sinal, face aos demis trabalhadores portugueses, não é desprezível.
Aliás, a cultura da produtividade e da responsabilização está a dar os seus frutos, largamente, com o tele-trabalho.
No caso dos médicos, meus senhores, tele-trabalho, quando dirigido ao acto médico, é impossível (mesmo que se queira considerar a renovação de receituário sem presença do utente como acto médico). A relação de confiança médico-doente é fundamental; as consultas e as cirurgias ainda não se fazem virtualmente, por muito que se evolua para a telemedicina. Exige-se a presença dos intervenientes. Assim sendo, se estão e estão a trabalhar para o bem do doente, das instituições, do público, que diferença lhes faz assinar uma folha avulsa, ou passar por um registo? TEndo, de resto, consciência plena de que tal resulta em grandes benefícios para si próprio, que não tem de andar a preencher papéis a torto e a direito? Mas quer-se acabar com os papéis ou não? ... Ou será que???
Bem, eu até dou mais uma idéia para uma maior produtividade: o aproveitar bem as horas não assistênciais; os domicílios nunca efectuados e,... por aí fora.
...
Julgo que os doentes devem chegar ao hospital e escolher ser atendidos por:
a) médico que é obrigado a cumprir horário
b) médico que olha às causas e pessoas e não às pontualidades.
Aliás: o que diriam os defensores do ponto por ponto se estivessem para ser atendidos e ouvissem dizer:
- acabou o horário do médico. Volte a marcar consulta. Até um dia.
À pois é. O sol quando nasce é para todos, e as regras costumam ser cegas!
Não defendo as baldas.
Raras vezes chego depois da hora ao serviço.
Mas... sejamos lúcidos.
Eu prefiro ser atendido por um médico que olha às causas e pessoas e não às pontualidades.
Quando se mexe com privilégios nunca antes questionados, a resistência é isto. O que o doente quer é ser atendido por alguém que olha às causas e pessoas, claro. Mas já agora se não tiver de faltar toda a manhã ao seu serviço, onde tem de cumprir horário, para ser atendido por um médico ao meio dia, para quem (médico e doente) a consulta havia sido marcada para as 8 h da manhã... tanto melhor.
Bem, não resito :)
Os médicos, enquanto funcionários públicos, têm deveres gerais e deveres especiais a cumprir.
Não querendo dissecar os deveres especiais, e reportando-nos apenas aos deveres gerais, posto que é o que agora está em discussão, temos que:
São deveres gerais:
- o dever de isenção;
-o dever de zelo;
- o dever de obediência;
- o dever de lealdade;
- o dever de sigilo;
- o dever de correcção;
- o dever de assiduidade;
- o dever de pontualidade.
Ah: e o dever de actuar no sentido de criar no público confiança na AP...
bem, ou seja: todos são para cumprir! o dever de assiduidade e de pontualidade é apenas 1 (na verdade são 2) dos deveres decorrentes da função.
Questionando-se tanto eventuais mudanças de método de aferição deste, quer-se com isso de alguma maneira afirmar que quem cumpre o horário, desobriga-se de o fazer com zelo, correcção e lealdade?
Ou só exerce as sauas funções com zelo, correcção, lealdade, etc, quem é incumpridor na assiduidade e pontualidade?
Há aqui qualquer um qualquer discurso subjacente (oculto?) confrangedor.
Oh naoseiquenomeusar!
Se fala nos deveres porque não falar também nos direitos?
Será que não é um direito do médico e do trabalhador em geral da AP a terminar o seu trabalho no horário estipulado para tal?
Quantas vezes chego a uma Repartição pública às 15 h e 59 min e na porta já está colocado o aviso “Horário de funcionamento das tantas às 16 horas”
Parece querer dar razão ao Sr. Dr. Carlos Arroz que prevê o cancelamento duma cirurgia pela previsão de ela poder vir a terminar 1 minuto depois da hora de "picar" o ponto.
Por favor.
Não me diga que o médico nesta situação deve ser "admoestado" com a tabela dos deveres de "zelo, correcção, lealdade, etc," e ultrapassar largamente o seu horário por a tal ser obrigado.
Deve existir maleabilidade e compreensão no tratamento desta questão do controlo, mas às vezes paga o justo pelo pecador o que é uma inevitabilidade, não é?
Caro J.F, assim é na verdade.
Se tudo rolasse na prefeição sem necessidade de regras, como seria maravilhoso!
Mas não, desde que o homem é homem e pretende viver em sociedade organizada, que houve necessidade de serem criadas regras, Estados,( felizmente o nosso ainda é um Estado de Direito).
Claro que há sempre maneira de as contornar.De aproveitar as lacunas.
Daí que, concomitantemente, haja necessidade de as rever, de as aperfeiçoar, de as ajustar, de lhes dar cada vez maior capacidade de eficácia tendo em vista o objectivo a atingir, o qual, deve, por sua vez, ser necessário e justo.
Quanto aos diretos:
isso é que foi um drible, hein?
:) Este post é sobre os deveres e por isso falava dos ditos. Claro que cada dever tem por corolário um ou vários direitos.
Mas J.F. parece-lhe que os médicos não conhecem suficientemente bem os seus direitos? ... Diga lá.
O caso da cirurgia que se pode prolongar para além do horário: nada mais que uma falsa questão. Aliás pretende-se falar de uma cirurgia que se inicia pouco antes do términos do horário, não é? ... Mas quantas cirurgias iniciadas por ex. às 14h para um horário de saída às 20h e programadas para durarem apenas 1/4 de hora, por vezes não se estendem, por intercorrências muito para lá das 20h? ... E já agora, com este sistema o médico apenas tem de passar o cartão, o dedo,ofixar o olhar, ou outra coisa qualquer e está justificado o prolongamento do horário. Dúvidas? Consulta-se o processo Clínico. Pois é, pois é, a chatice é que em tais circunstâncias em que se sente que já se devia ter saído (é que a carolice e amor à camisola á apanágio de poucos)os registos ficam quase sempre por fazer (... olhe lá outro dever, que caramba!:)).
Como sabe até os doentes têm deveres.
E é disso que se fala aqui.
Mas eu lembro que têm o direito ao trabalho (não falo de emprego!) em condições de dignidade e respeito e à respectiva remuneração. Mas também à participação em projectos que lhes digam respeito, por isso a discussão, como agora estamos a fazer, é saudável e um direito :)
Aguente-se, aguente-se :), :).
A resistencia à mudança ...
...a provocação foi lançada.
Como resposta à resposta, os meus aplausos.
Posso dizer que a classificava, vá lá com 17 valores como raramente o "professor" classifica.
Desculpe Dr. mas preciso fazer um grande, grande brinde á Srª nãoseiquenome usar.
Srª. nãoseiquenome usar é com enorme prazer que a tenho vindo a ler aqui e e por consequencia no seu sitio.
A admiração tem sido crescente e sinto-me na obrigação de a informar que sou a terra no seu blog e ...:) aqui, por graça.
daí eu dizer que a conheço por portas travessas.:)
Um grande grande bem haja para si.
A si,sr. Dr.J F, sabe muito bem o que penso. Um grande grande abraço.
Com ponto ou sem ele, quem vai cantando e rindo é o bando de uns 600 administradores que parasitam os nossos hospitais.
Mesmo com motoristas e carros topo de gama, qual assiduidade qual quê?
Para esses tudo vai de vento em popa.
:)
BEmmm ... "Terra"/"...:)" sejais quem fores, Muito Obrigada! ... Não sei mais o que dizer... olhe, continue, s.f.f e dê sempre a sua opinião. EStou convicta que alguma vez a "desiludirei" com algum comentário que possa fazer, mas ninguém é perfeito, não é assim?
E se o Dr. JF sabe muito bem o que pensa e se a "Terra" me acompanha no raciocínio, fico ainda mais contente. Até apetece dizer um chavão que não é para ser mal-interpretado o quando dá jeito e que é : "a união faz a força".:)
Então Boa noite!
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