A notícia foi dada ontem.
"Modelo brasileira morre em consequencia de magreza"
Quem ouviu ficou chocado.
Não se admite o "culto da magreza" na moda!
Madrid até há semanas atrás proibiu modelos "tão magras" de desfilar!
Anorexia nervosa é uma doença!
Esta modelo deveria ter sido tratada!
A magreza desta modelo falecida (e de muitas outras não falecidas), também deve ser considerada como uma doença!
Trata-se duma doença provocada pela nossa sociedade!
Tudo se disse em relação a esta "morte" relacionada com a "magreza".
Mas ninguém se lembrou de falar sobre a mesma "doença", também causada pela nossa sociedade, bem mais chocante e preocupante, que provoca diáriamente a morte de milhares de homens, mulheres e crianças em África, Ásia e América Latina" e às vezes também neste cantinho da Europa.
Não é "alimentada" por interesses instalados no mundo da moda mas por políticas sociais e económicas hipócritas que da mesma forma são perpetuadas por interesses bem claros e bem mais preocupantes.
A notícia foi dada, sim.
Foi dada para "chocar" a humanidade.
4 comentários:
Penso que não está aqui em causa o que choca mais ou menos. A morte evitável de alguém é e será sempre chocante. E se a notícia foi dada com esse propósito acho bem que assim seja, pelo menos faz algumas pessoas abrirem os olhos em relação ao assunto.
Para mim a fome no Mundo é o maior flagelo que existe nos dias de hoje. Não é alimentada por esses interesses mas é por outros de um tipo muito semelhante. Talvez ambas choquem as pessoas, cada qual da sua maneira (não se compare o que não é comparável). Mas acho que é mais fácil ao cidadão comum ajudar a prevenir e a educar para a saúde os jovens com problemas de distúrbios alimentares (falo em médicos, professores, pais) do que acabar com a fome no mundo.
E de mim não falo pois o meu maior sonho era ir para África pela AMI e fazer alguma diferença justamente a esse nível por isso sinto-me à vontade para falar nisto*
O traço comum é o efeito: morte.
A convergência para a produção desse efeito encontra-se no mesmo denominador: o homem.
O carácter deste denominador surge na sequência de uma crescente indiferença pela dignidade da pessoa humana e pelo movimento em crescendo da ambição desmedida pelo poder.
A ambição e a luxúria estão presentes e procam efeitos "secundários", para além do efeito-limite - morte - em ambas as situações.
A primeira situação só ocorre num mundo dito civilizado, de excessos.
A segunda situação ocorre num palco em que não há Moda de Outono … só pragas de gafanhotos e uma seca que desnutre qualquer alma que por lá passe.
Seria possível dar-me o seu contacto (mail)para combinarmos a articulação dos blogues da Frente.
O problema "su" não está no chocar mais ou menos porque ambas as situações, chocam.
O que está em causa é o mediatismo que se dá a uma situação de "morte" única (talvez não o tenha sido)e os minutos que a imprensa "gastou" com ela.Falou-se de tudo. De Madrid, de anorexia nervosa, de estilistas, de conceitos de beleza feminina, de tratamentos psiquiátricos, etc,etc e até se chamou ao sentimento das pessoas com o choro da mãe da modelo...
A morte desta modelo foi alimentada (passo o contra-senso)por interesses na moda, assim como a morte dos sub-nutridos é permitida também por interesses perversos, de políticas económicas e sociais estranhas ao bem estar dos mais desprotegidos.
É mais fácil tratar a "magreza da modelo" porque a outra não é com o fornecimento de alimentos, com tratamento médico ou psiquiátrico que se corrige. É com vontade política, e esta só se consegue com a vontade do Homem.
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