sábado, dezembro 29, 2007

encerramentos de serviços de saúde/maior qualidade?


Perante os encerramentos de Serviços de Urgência (SU) e de Atendimento Permanente (SAP), manifestaram os Bombeiros de Trás-os-Montes preocupação por sentirem não poder dar resposta atempada às solicitações já que grande parte do tempo de serviço irá ser passado na estrada, com o transporte de doentes para locais de atendimento bem mais distantes dos que agora foram ou vão ser encerrados, bem como pelo facto de se verem forçados a cobrar 40 cêntimos por km aos utentes, se as suas ambulâncias não forem activadas pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes…DN

Entretanto, para minimizar estas preocupações dos Bombeiros, terá o Sr. Ministro da Saúde avisado:

"Insistam junto das populações para que liguem para o 112 e não para os bombeiros. Aí serão accionados os cuidados mais adaptados”.JN

Com este aviso reconhece o nosso Ministro o previsível aumento da utilização de ambulâncias da responsabilidade do INEM e em última instância as das corporações de Bombeiros, pelo INEM accionadas.

Assim se perspectiva a necessidade de nos irmos familiarizaando, a pouco e pouco, de Norte a Sul do país, com a existência de muitas ambulâncias a calcorrearem estradas acima e abaixo com as suas sirenes e luzes de emergência sinalizando-nos que algo na saúde ou na doença, dos portugueses, está a mudar.

Isto porque, no entender de Correia de Campos, “a população não quer fazer poucos quilómetros para ser mal atendida”, no pressuposto de que com os encerramentos um melhor atendimento está garantido noutros locais, a muitos quilómetros de distância…

E porque não fala no desconforto sentido por um doente com um longo transporte de ambulância? Nos também já longos tempos de espera para atendimento e tratamento observados nesses novos/antigos locais? Na actual qualidade das instalações e equipamentos em termos de conforto e segurança? Na qualidade das equipes de profissionais em regime de “outsourcing” nelas a trabalhar? Na motivação dos profissionais perante o acréscimo significativo de doentes sem o exigido reforço de meios humanos? Na preocupante desumanização progressiva dos cuidados? Na inexistência ainda das alternativas previstas, com profissionais preparados e equipamentos exigidos?

Ter-se-á apercebido, ontem, de tudo isto o grupo de deputados do PS do distrito de Braga que decidiu tomar o pulso à Saúde durante 24 horas nos concelhos da área de influência do Centro Hospitalar do Alto Ave, quando pelas 23 horas, terminou este périplo com a visita à Unidade de Guimarães e ao seu Serviço de Urgência Médico Cirúrgico.

Terão tido, estes políticos, dificuldades em entender o optimismo permanentemente manifestado pelo seu Ministro da Saúde, se lhes foi dada a oportunidade de presenciarem a qualidade da assistência médica aos doentes no SU daquela Unidade, se receberam informações do elevado número de doentes atendidos no ainda Serviço de Urgência da Unidade de Fafe (que se pretende transformar em SUB), sobre as volumosas listas de espera para Cirurgia e para primeiras Consultas Externas Hospitalares, sobre a falta de profissionais médicos em ambas as Unidades do CHAA, sobre o clima de desmotivação e de diminuição da produtividade que reina entre os profissionais de ambas as Unidades do Centro.

Talvez não se tenham apercebido disto porque nada disto também lhes tenha sido dito.

Mas nada melhor do que ouvir dizer pela voz de António José Seguro, deputado PS pelo círculo de Braga:
"Vamos ver se as coisas podem vir a funcionar melhor. Sabemos os esforços que estão a ser feitos para ser construído um novo hospital em Fafe".
Desejo igualmente formulado pelo Presidente PS da autarquia que até, há já um ano, diz ter o terreno “guardado” para tal construção.

Com estas parcas palavras, de desejos e promessas, alguns fafenses insatisfeitos poder-se-ão calar, enquanto o que de mal vai na saúde da região, na organização, integração e gestão do jovem mas muito enfermo CHAA, com o progressivo esvaziamento de serviços da Unidade de Fafe e o seu também progressivo abandono, em termos de investimento, em profissionais médicos, isso, para o caso pouco interessa, a julgar pelas palavras do Presidente do seu Conselho de Administração que reforça ainda mais a ideia, quando diz que a integração do Hospital de Fafe no Centro Hospitalar "veio viabilizar as instalações por mais algum tempo, porque elas estão em ruptura e já não correspondem à medicina de qualidade que o Ministério pretende".

E o resto?
.
.
.

Sem comentários: