quarta-feira, novembro 07, 2007

o Serviço de Urgência em Fafe


Tem sido assim a política de saúde do nosso Governo….

Primeiro definem-se objectivos.
Depois solicitam-se estudos que fundamentem os objectivos.
A seguir, definem-se prazos para serem cumpridos os objectivos, agora já bem fundamentados nos estudos.

Mas…
Perante as realidades objectivas e/ou as pressões de interesses instalados, avança ou recua nas decisões, sem nunca pôr em causa os pareceres técnicos, que por serem "cientificamente correctos" estão imunes à crítica.

O que se passou então em Fafe?

Após o estudo da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação de Urgências, o SU do então Hospital S.José de Fafe era para ser extinto, por razões bem explícitas no relatório final da Comissão.

Através de demonstrações públicas várias (movimentos cívicos, Conselho Consultivo e médicos do Hospital), denunciadoras dos pressupostos errados que conduziram a tal decisão, posteriormente, com base nos famigerados “protocolos” com as autarquias, um destes também assinado pelo Presidente da Autarquia de Fafe, considera o MS e a ARS do Norte haver lugar, não ao encerramento do SU, mas à sua reconversão em Serviço de Urgência Básico, a ser inaugurado no dia 25 de Abril de 2007, com uma ambulância SIV, 2 médicos e dois enfermeiros, RX e química seca, tal como “protocolarmente” assim ficou definido:

“a partir do próximo dia 25 de Abril, o Hospital de S.José de Fafe assegurará um Serviço de Urgência Básico, cujos recursos deverão ser adequados à procura de cuidados, sem recorrer ao tempo normal dos médicos de família com vinculação aos centros de saúde da região e sem comprometer a sua prestação de serviço nos centros de saúde. Esta situação será reapreciada no contexto do futuro Centro Hospitalar Guimarães-Fafe.”

Constitui-se em 1 de Março de 2007, o Centro Hospitalar do Alto Ave, EPE (CHAA) que aglutina os Hospitais Senhora da Oliveira, EPE e S.José de Fafe, SPA, como Unidades Hospitalares deste Centro.

Preocupações demonstraram os profissionais da agora Unidade de Fafe, pela “decisão” adoptada. Mas com ela terá ficado “satisfeito” o Presidente da Câmara e alguns dos seus autarcas, na convicção de que os serviços clínicos assistenciais iriam melhorar, como o prometia a ARS do Norte, “deliciados” que ficaram também, com a promessa da construção dum novo Hospital na sua cidade.

Os meses foram passando mas tudo ficou na mesma…

O Serviço de Urgência Básico não foi “inaugurado” no dia 25 de Abril nem tão pouco, ao longo destes mais de seis meses, o CA do Centro Hospitalar, o Presidente da Câmara de Fafe e a ARS do Norte se preocuparam em fazer cumprir o protocolo assinado.
Mas o novo Hospital esse é quase (para alguns) uma certeza…

Mas há que repensar. Voltar ao assunto.
Particularmente pela mão da ARS do Norte que a tal direito assiste.
Mas primeiro há que reduzir substancialmente a afluência diária de doentes, ao ainda Serviço de Urgência de Fafe, que atinge uma média de 150.

Mas, nem com reuniões com responsáveis do CS e USF locais, para alertar da necessidade dos Cuidados Primários colaborarem nessa redução, nem com um apelo à autarquia para melhorar a sinalética na cidade referenciando melhor esses locais de atendimento, nem (pasme-se) com uma deliberação do CA do CHAA (só para a Unidade de Fafe) que “impede” que os doentes classificados como “azuis”, pela triagem de Manchester, possam ser atendidos no SU, a afluência diminuiu, mantendo-se nos mesmos níveis “preocupantes”, assim como preocupantes são, os níveis existentes no SU da Unidade de Guimarães.

E então o que se espera?

Depois da desmotivação criada nos profissionais da Unidade de Fafe com a actuação autista do CA do CHAA, parecem agora a ARS do Norte e o CA do CHAA querer que continue tudo na mesma, pedindo aos profissionais médicos da Unidade de Fafe que continuem com o seu voluntarismo, a sua dedicação e o seu esforço para garantir que tudo fique na mesma, até ver…

Será assim?
Ou será que tudo na mesma, não irá ficar?

É que a Unidade de Fafe, há já muitos anos, escandalosamente deficitária em profissionais médicos, vê-se agora ser despojada de alguns desses profissionais para exercerem actividade no SU, com autorizações concedidas pelo CA do CHAA de pedidos de transferência para outras instituições de saúde, com a oferta de contratos administrativos de provimento de miséria que afasta quem iria valorizar (pelo seu profissionalismo) a instituição (mesmo contra o parecer dos Directores de Serviço em causa) e ainda pelo pedido de dispensa de realizar essa actividade no SU, por já terem, alguns deles, atingido os 55 anos de idade.

Assim sendo, difícil será ficar tudo na mesma.

É isto que a ARS do Norte não iria ter, tivesse ela feito bem “as contas”.
Ou terão sido estas “as contas” que a ARS fez, para alcançar o que não queria ter?
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