quinta-feira, abril 19, 2007

esvaziar de sentido


"A responsabilização do dirigente como gestor de uma dotação orçamental é um mérito em si, pois só dando poder se pode responsabilizar. Mas o director-geral não pode ser apenas o gestor do orçamento, tem de ser também o gestor das pessoas. Porque não se pode ter a autoridade de premiar, promover e contratar e demitir-se de motivar, orientar, potenciar equipas e melhorar a produtividade. .”

Estas foram palavras escritas por Pedro S. Guerreiro no Jornal dos Negócios e que transcrevi aqui no Raio em “o gestor de pessoas onde está?”, em Março deste ano.


Referia-me à necessidade de informação e dialogo que deveria existir, por parte do indigitado e posteriormente empossado CA do CHAA, no pressuposto de que o potenciar de recursos e a melhoria da produtividade do Centro Hospitalar que à data se tinha constituído, passaria pela motivação dos profissionais de ambas as Unidades integradas no Centro Hospitalar (os Hospitais da Senhora da Oliveira e de S.José de Fafe)

Nada disto até aquela data tinha acontecido já que o “sigilo” era a palavra de ordem.
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Passaram entretanto 7 semanas e que foi feito?
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A primeira preocupação de membros do CA ou de seus “delegados responsáveis” foi, no que à Unidade de Fafe diz respeito, o esvaziamento de serviços com a transferência “abusiva” de material de escritório e a mobilização “compulsiva” de funcionários administrativos para a Unidade de Guimarães.
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Como dum parente pobre se estivesse a tratar, mostra o CA a intenção de eliminar ou reduzir ao mínimo a prestação de Serviços Complementares da actividade assistencial (Central de Esterilização, Laboratório de Patologia Clínica, para já) colocando em risco uma actuação segura e com qualidade da mesma actividade assistencial.

E quem dá estes pareceres, fá-lo sem consultar os ainda responsáveis dos serviços da Unidade de Fafe.

Falam, sem qualquer estudo prévio, em controlo de custos, mas esquecem a qualidade e a segurança dos serviços a prestar.

E quem assim decide são os profissionais a quem foi delegada pelo CA do CHAA as funções de coordenação, profissionais estes já a exercer funções no “irmão mais rico”- o ex Hospital da Senhora da Oliveira.

Acenando com a “acreditação total do CHAA” impossível de ser atingida com a anexação do “irmão pobre e velho” Hospital de S.José de Fafe, desinveste-se na Unidade, desmotivam-se os profissionais ao mesmo tempo que se aponta e retoma como solução a promessa de construção dum novo Hospital em Fafe, com 30 camas (contra as 98 actualmente existentes) que reunindo as condições para acreditação, possa contribuir para uma pretensa melhoria dos serviços prestados pela Unidade de Fafe.

Assim os autarcas ficarão contentes.

Esquece-se assim o excelente nível de qualidade assistencial, de rentabilização de recursos humanos e de gestão praticados nos mais de 17 anos de actividade do Hospital de S.José de Fafe tentando desta maneira retirar-lhe a razão da sua existência como Hospital.

Nem com o pedido expresso do corpo clínico da Unidade de Fafe, este método de trabalho incorrecto e desmotivador, prepotente e não dignificante dos profissionais da Unidade de Fafe, foi alterado.

Extracto de documento, aprovado pelos DS da Unidade de Fafe, apresentado ao DC do CHAA a 5 de Abril de 2007:

“(…)foi manifestada pelos Directores de Serviço, preocupação e reparo sobre a metodologia que foi adoptada para a integração da Unidade de Fafe no Centro Hospitalar, no que aos Sectores Administrativos, de apoio aos Serviços Clínicos e de Serviços de Instalação e Equipamento diz respeito.
Compreendendo a dificuldade e complexidade que representa a criação do Centro Hospitalar vêm de extrema importância que, neste período transitório, seja dada particular atenção a uma informação atempada, por parte dos órgãos decisórios, para uma correcta integração dos profissionais nas novas estruturas organizativas do Centro Hospitalar, enquanto o seu Regulamento Interno não for elaborado e aprovado superiormente.

(…) Qualquer proposta de alteração a ser introduzida seja dada a conhecer previamente ao Gestor do Centro de Responsabilidade da Unidade de Fafe que deverá notificar os adjuntos do Director Clínico e de Enfermagem desta Unidade, e deles recolher opinião quando interferirem directa ou indirectamente com as áreas de acção médica e de enfermagem da Unidade.

(…) Vêm como de importância relevante a elaboração dum projecto de Regulamento Interno do CHAA e a sua análise participativa por parte dos sectores profissionais, através das suas Direcções representativas, por forma a ser submetido dentro do prazo legal à aprovação superior e assim contribuir para uma estabilização organizativa interna do Centro Hospitalar. 5 de Abril de 2007".


A prepotência do “mais forte” subsiste.
O método mantém-se.
Guimarães pensa.
Guimarães decide.

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Como alguém em tempos disse:
“a memória da instituição, tantas vezes coincidente com a memória das pessoas que fizeram a instituição, tem, indiscutívelmente de ser, o menos beliscada possível”.

Assim também acho dever ser, mas nem sempre podemos exigir que a memória dos novos/antigos dirigentes, seja igual à dos elefantes.

Como também disse António Lobo Antunes:
"Os leitores são umas putas, amam-nos e depois deixam-nos."



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2 comentários:

Anónimo disse...

Não senti o peso da governação de Salazar porque era muito criança. Mas atrevo-me a pensar que estou de momento a viver numa sociedade com vários Salazares sedentos do PODER.
Pelo menos Salazar morreu pobre e estes, como morreram eles?!((((:

lisboa dakar disse...

Sou o presidente da junta, logo...