sábado, dezembro 23, 2006

Segundo o Primeiro de Janeiro, “a Clínica Saúde Atlântica - Estádio do Dragão vai oferecer cuidados médicos gratuitos à população mais necessitada da cidade do Porto” estando já convencionada com o SNS e com agencias seguradoras no âmbito de seguros de saúde.

Que estudos terão feito a Sonae Capital e Espregueira Mendes para se dedicarem a tanta benevolência?

Há um ditado popular que diz:
“Se queres bom alhal, semeia-o pelo Natal”
É a altura. Não a do Natal mas a desta Legislatura.

Sabemos que algo está a mudar para que a despesa em saúde suportada pela iniciativa privada esteja a aumentar, neste caso também em despesas não reembolsáveis.

É estranho.
Também sabemos que é competência do Estado, “Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina, articulando-as com o serviço nacional de saúde, por forma a assegurar, nas instituições de saúde públicas e privadas, adequados padrões de eficiência e de qualidade”.(Artigo 64.º- 3.d - CRP)

Será que estão a ser previstas as contrapartidas futuras que a sociedade portuguesa possa vir a ter quando as despesas da iniciativa privada, começarem a ser selectivas?

Que papel ficará destinado ao SNS que progressivamente se vai afastando de responder, através do SNS “universal e geral” e ”tendencialmente gratuito “, por forma a assegurar o direito à saúde dos cidadãos?

Sim.
Há que semear para colher!
Há que dar e dar, para em troca receber!

De “cabazes e sopas de Natal a consultas e tratamentos gratuitos” já ouvi falar há muitos anos atrás e não creio que a fome, as dificuldades económicas e as doenças dos mais pobres tenham desaparecido, antes pelo contrario.

E falamos nós de uma “unidade médica de referência em Portugal que pretende constituir um contributo significativo para a consolidação da aposta da Câmara Municipal na afirmação do Porto como Cidade da Ciência”

Que raio de Ciência a nossa!
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