Ontem foi 4ª feira.
Posso dizer que a 4ª feira é o dia da semana mais gratificante para mim que sou um simples "funcionário público", igual a tantos outros.
E digo ser o mais gratificante porque todas as 4ª feiras entro no meu emprego às 9 horas da manhã, como o faço também nos outros dias da semana, regularmente, com excepção dos Sábados e Domingos, mas com uma diferença: é que nesta 4ª feira só termino o meu trabalho à meia-noite!
Gratificante então porquê? Trabalhar 15 horas seguidas é gratificante?
Então não percebem que este período de trabalho de 15 horas representa mais de 1/3 do meu horário semanal?
É verdade sim, significa que se eu trabalhasse 3 dias com este horário, esgotava a carga horária semanal que é de 42 horas e assim ficava com 4 dias de folga no resto da semana.
Mas infelizmente não é assim.
Mas pronto, também é gratificante porque feitas as contas, se eu ontem "atendi" 42 cidadãos que procuraram os serviços desta instituição pública, e se no atendimento de 3 deles gastei em média 60 minutos e nos restantes 39 "utentes", 10 minutos por cada, cheguei à conclusão que na totalidade dispensei 570 minutos a que correspondem 9,5 horas de trabalho efectivo.
As restantes 5,5 horas dividi-as entre o almoço e o jantar, um café de vez em quando, a ver um ou outro programa da televisão, a conversar com os colegas do trabalho, a ler um livro ou um jornal e porque não, ainda tive tempo para escrever aqui um post (perto da meia-noite) e a fumar um cigarrito de vez em quando, junto da janela aberta para o exterior (sim, porque fumar em estabelecimentos públicos e em ambientes fechados é proibido, e acabei mesmo por me constipar tal era o frio e a chuva que por felicidade começaram ontem a aparecer).
Posso sinceramente dizer também (e contra mim falo) que às 3ª e 5ª feiras chego ao cúmulo de juntamente com mais 7 funcionários da instituição, em 6 horas de trabalho, só atender em média 5 cidadãos, mas em contrapartida, às 2ª em 8 horas, tenho que aturar 40 "seres" que só me põem problemas.
Finalmente reservo a 6ª feira para por ordem em tudo o que fiz ao longo da semana, com reuniões e mais "conversa" sem que tenha que dividir por mais uns não sei quantos funcionários, o atendimento de uns 15 a vinte "chatos" que querem sempre resolver, à nossa custa, os seu próprios problemas.
Ah! Esquecia-me… de vez em quando o meu "chefe" obriga-me a trabalhar, pasme-se! aos Sábados e Domingos. Com as mesmas 15 horas seguidas de trabalho e com os mesmos problemas das 4ª feiras. Neste particular acresce o benefício de não ter que aturar os chatos dos familiares, das visitas dos amigos de fim de semana, dos cães ou das galinhas lá de casa também.
Não é bom ser funcionário público assim?
Razão não falta a JS em querer reestruturar a Administração Pública pelo que me coloco à disposição do Sr. Ministro da tutela para rever com ele a minha actividade e a dos meus colegas de trabalho (quem sabe se não me auto-proponha para o quadro dos excedentários).
Assinado por mim "J.F."
9 comentários:
Óh Sr. Dr. Olhe a produtividade marginal!!! :)
Ah, é verdade: acabemos com os fins de semana! Fazem mal aos utentes; ficam para ali sem fazer nada e depois... pois... já se vê... médico atura doente deprimido com sintomas cardiovasculares. Uma chatice. :)
Em abono da verdade diga-se que esses ciclos e fenómenos são mesmo assim. Parece-me que devia ser instituída uma cadeira de frequência obrigatória para todos os potenciais utentes de como e quando usar o SU (ou mesmo SAP, AC ou outra coisa similar).
E mesmno de quando "ir ao médico".
É que a verdade verdadinha, os portugueses são dos que mais vão ao médico e no
entanto não têm melhor saúde!
Boa noite.
eheheh! verdade mesmo. Temos que instruir os utentes (não confundir com doentes)
Contas em feitinhas J.F. sim senhor!
Pensando bem, também tenho que começar a fazer as minhas continhas....
a começar pelas 12h de SU aos sábados (e que melhor dia para se ser funcionário público?)
(não é certamente por aí o caminho - dos fins de semana - há muito boa gente "funcionário público"a trabalhar sábados, domingos, feriados, dias santos de guarda, pontes administrativas, Páscoa, Natal e fim de ano.......... sem qualquer tipo de remuneração, ou até, reconhecinmento)
...
minha cara: é muito "boa gente" mas muito pouca gente. Sois poucos em comparação com forças corporativas. Tudo muito difrente!
Pois é, exemplo disso é o trabalho doméstico, ahahah.
Olá anónima Zazie:). Também é verdade o que diz sim senhora!
Penitencio-me pelas omissões...
Mas as domésticas não são funcionários públicos e estas já vão rareando na nossa sociedade.
Há contudo as "trabalhadoras públicas e por conta de outrem" (não serviço público), que para além do seu trabalho diário, quando chegam a casa já tarde, bem como aos fins de semana e feriados, continuam a trabalhar, ainda por cima não remuneradadamente...
Só hoje 6ª feira pude ler este post - e logo hoje, dia do não fumador,ou antes dia da grande campanha contra o tabaco. E leio que o meu colega de armas, internato, jeeps e outros que tais ainda fuma de vez em quando e de janela aberta!
Ó JF, vamos lá a convencer, a fazer uma de hipnoterapia e... a conseguir um melhor "saldito" do "ordenadito" para essas 42 horas semanais de labuta a aplicar "araldit" a ossos trocados, baralhados, como todos nós, só que, neste caso a cola não dá, a não ser para colar ministros ao tecto.
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